Você sabia que
o Brasil foi um dos primeiros países a reconhecer Bangladesh como um Estado
independente? Curiosamente, não sabemos quase nada sobre esse pequeno país
asiático. Rodeado quase que totalmente pela Índia, Bangladesh faz fronteira a
sudoeste com Myanmar e possui uma saída para o Golfo de Bengala, ao sul. Apesar
de ser um país territorialmente pequeno, sua população conta com 164,7 milhões
de habitantes, uma das maiores aglomerações de pessoas do mundo.
Para entender
melhor sua história, é importante lembrar como Bangladesh surgiu. Índia,
Paquistão e Bangladesh eram um único país, de domínio britânico. Após a dissolução da Índia Britânica em 1947,
dois estados se formaram: a Índia e o Paquistão. De modo incomum e cortado
ao meio pela Índia, o Paquistão era dividido em duas metades: Ocidental e
Oriental. As diferenças entre as duas eram inúmeras; na primeira parte, era
onde estava todo o desenvolvimento, deixando a outra parte com pobreza,
desastres naturais e poucos investimentos.
Em 1970, o
líder do partido oposicionista venceu as primeiras eleições gerais convocadas
no país. No entanto, o ditador do Paquistão não permitiu que o líder Mujibur Rahmanse tornasse
primeiro-ministro do país, e em seguida, o prendeu e mandou as tropas
reprimirem a revolta que eclodiu. No ano seguinte, o substituto de Mujibur, Zia-ur Rahman, proclamou a
independência de Bangladesh.
Sua história é longa e turbulenta,
mas isso não impediu Bangladesh de continuar lutando para ser um país em
ascensão. Para aumentar a interação entre os dois países, o embaixador de
Bangladesh no Brasil fez sua primeira visita ao Paraná na segunda-feira (17). À
noite, Zulfiqar Rahman deu uma palestra para a UNICURITIBA, para contar mais
sobre seu país e explicar o interesse na tecnologia usada na agricultura no
Paraná, que é semelhante com a desenvolvida em Bangladesh, além da troca de
conhecimento e cultura que seria extremamente benéfico para os dois países.
Como o próprio embaixador disse, esse é o século da Ásia e da América, por isso
é muito importante que os dois continentes se apoiem e se promovam, para que o
desenvolvimento seja sempre constante.
Nessa troca de conhecimentos, pudemos aprender muito com
Bangladesh. Um dos aspectos destacado foi a valorização das mulheres: o empoderamento
feminino é uma prioridade no país. Desde 2009, a primeira-ministra Sheikh
Hasina é quem comanda o governo. De acordo com o Global Gender Gap Report (um relatório que mede a igualdade de
gênero), Bangladesh está na 5ª posição de empoderamento político. A título
de comparação, o
Brasil está em 112º lugar.
O embaixador terminou sua palestra
respondendo perguntas dos alunos e professores, sobre corrupção, que é um dos maiores problemas
sociais, juntamente com o terrorismo e o fato de que ainda há muitas meninas
que saem da escola para casar, mesmo não havendo motivos para tal. As mudanças
climáticas e desastres naturais também foram tema de uma pergunta. Bangladesh é um dos
países mais vulneráveis as mudanças climáticas, sofrendo periodicamente com enchentes.
Além
disto, o Embaixador também falou sobre imigração. Sobre este tema em particular,
abordou a crise de refugiados vivenciada atualmente pelo país, que já recebeu
mais de 1 milhão de refugiados rohingyas vindos de Myanmar e também falou
sobre os imigrantes bangaleses que vem ao Brasil para
trabalhar em grandes frigoríficos na produção do frango halal – sendo que
muitos estão em situação de irregularidade administrativa e são vítimas do tráfico
de pessoas.
A importância da aproximação entre
Brasil e Bangladesh ficou clara na fala do embaixador, que mostrou muito
entusiasmo sobre o estreitamento dessa relação. Sem dúvida, ambos os países se
beneficiarão com o intercâmbio de informações, tecnologias e cultura e o
primeiro passo para isso é conhecer mais sobre a incrível e rica em tradições
Bangladesh.
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