quarta-feira, 31 de março de 2021

Por Onde Anda: Bruno Quadros, diplomata na Embaixada em Moscou


Nome Completo: Bruno Quadros e Quadros
Ano de ingresso no curso de Relações Internacionais: 2005
Ano de conclusão do curso de Relações Internacionais: 2008 
Ocupação atual: Diplomata
Cidade em que reside: Moscou, Rússia

Blog Internacionalize-se: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional.
Bruno: Ser diplomata era meu sonho desde os 15 anos, quando li um livrinho chamado “Diplomacia” (coleção Primeiros Passos), do diplomata Sérgio Bath. Fiquei encantado e sabia que era isso o que queria para mim. Tudo o que fiz desde então foi com o objetivo de longo prazo de me preparar para o difícil Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD). Além de ter feito RI no Unicuritiba, estudei alguns anos no curso de História na UFPR, sem, contudo, concluí-lo. Trabalhei como estagiário durante dois anos no departamento de Relações Internacionais da filial de Curitiba da Amcham Brasil. Após graduar-me em RI no Unicuritiba, decidi dedicar-me exclusivamente à preparação para o CACD. Fui aprovado na minha quinta tentativa, em 2012. Olhando em retrospectiva, tudo o que vivenciei foi importante para realizar o meu sonho de me tornar diplomata. Aprovado no CACD, estudei por um ano e meio no Instituto Rio Branco (2012-2013) e, depois disso, trabalhei por quase quatro anos no Departamento da África do Itamaraty (2013-2017), período em que tive a oportunidade de realizar missões transitórias à Líbia (2014), à Guiné Equatorial (2014) e ao Senegal (2015). Em outubro de 2017, fui transferido para a Embaixada em Moscou, onde atualmente trabalho. Além disso, estou concluindo Mestrado em Governança e Assuntos Globais no Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou (MGIMO). 

Blog Internacionalize-se: Como é o dia a dia no seu trabalho, em especial em seu posto atual?
Bruno: Eu trabalho no setor político da Embaixada em Moscou e sou responsável pelos seguintes temas: política interna russa e relações parlamentares e entre as unidades da federação. Cuido, também, das nossas relações com o Uzbequistão, já que não temos Embaixada residente em Tashkent. No meu trabalho, tenho que estar sempre antenado: além de ler as comunicações oficiais que chegam de Brasília, devo acompanhar as declarações das autoridades e da imprensa local, assim como o que dizem pesquisadores, especialistas e colegas de outras Embaixadas estrangeiras em Moscou, com quem ocasionalmente me reúno. Tudo isso visa a construir uma perspectiva mais completa de todos os processos políticos envolvendo a Rússia e relatá-los de forma analítica ao Itamaraty.

Blog Internacionalize-se: Quais as aptidões e conhecimentos desenvolvidos no curso de Relações Internacionais que mais o ajudam na sua carreira atualmente?
Bruno: O nosso curso é, por natureza, multidisciplinar e transdisciplinar. A aptidão que mais me ajuda na carreira é a flexibilidade de transitar entre diferentes áreas do conhecimento, como História, Direito e Economia. Os estudantes de RI somos treinados a ter esse olhar multidisciplinar, o que creio ser uma grande vantagem em um mundo em que as áreas de conhecimento não são mais divididas de forma tão estanque. 

Blog Internacionalize-se: Qual foi a experiência mais desafiadora que já teve profissionalmente?
Bruno: Trabalhar como Encarregado de Negócios (chefe da Embaixada na ausência do Embaixador) na Embaixada do Brasil em Trípoli, em abril de 2014, em meio à guerra civil e a sequestros de diplomatas estrangeiros na Líbia. Minha segurança pessoal foi garantida por um destacamento de fuzileiros navais brasileiros, a quem sou grato até hoje. Os deslocamentos entre a Residência do Embaixador e a sede da Embaixada eram feitos com muito planejamento, sempre com a escolta dos fuzileiros navais. Percebia-se a tensão no ar: o aeroporto internacional de Trípoli era controlado por uma das milícias locais, escutavam-se tiros à noite. Apenas dois meses após a minha partida recomeçaram os combates em larga escala na capital líbia. 

Blog Internacionalize-se: Qual a lembrança mais marcante do período de faculdade?
Bruno: A experiência mais marcante foi, sem dúvida, ter logrado, então como presidente do Centro Acadêmico (CARI), mobilizar a maioria dos alunos na organização da Semana Acadêmica de 2007. Sem a massiva participação dos meus colegas, veteranos e calouros, não teríamos obtido êxito naquele evento. Foi, realmente, um aprendizado sobre como trabalhar sob intensa pressão.

Blog Internacionalize-se: Qual conselho deixaria para os nossos alunos, em especial para aqueles que ainda estão em dúvida quanto ao futuro profissional?
Bruno: Busquem ter o máximo de experiências. Estágios, monitorias, pesquisas, eventos acadêmico-profissionais, cursos de extensão e viagens podem ajudar aqueles com dúvidas quanto ao futuro profissional sobre qual caminho seguir. Mas se, mesmo assim, não houver definição, não tem problema. A sociedade espera que o egresso da faculdade já saiba o que vai fazer depois de formado. Acho isso prejudicial, porque só gera ansiedade e preocupação. Mais importante do que saber o que você quer, é saber o que você não quer. Cada um tem seu ritmo na descoberta do sentido das coisas. Além disso, hoje em dia há maior flexibilidade quanto à mudança de carreira do que antes, quando a escolha do curso de graduação meio que determinava o seu futuro profissional.

Blog Internacionalize-se: Gostaria de acrescentar mais alguma informação?
Bruno: Sim. Nunca deixem de estudar! Estudem não só aquilo que vai ajudar na carreira, como línguas e competências adicionais, mas também conteúdos que tragam satisfação pessoal para vocês. Isso enriquece a alma e os tornaseres humanos mais completos. Afinal, o aspecto pessoal do que fazemos tem sempre que prevalecer sobre o aspecto profissional.
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segunda-feira, 29 de março de 2021

Volta ao Mundo em 7 Dias - Notícias de 22/03 a 28/03


  • Myanmar 

    Desde que o governo de Myanmar foi tomado por um golpe de Estado e instaurou-se um regime militar, diversas manifestações vem ocorrendo ao longo do país. Durante essa semana, a reação do regime militar contra os protestos pela democracia foi a mais violenta até o momento. Pelo menos 114 pessoas foram mortas nas 44 cidades em que registraram protestos. Os abusos da cúpula militar de Myanmar agravam ainda mais a situação do país perante a comunidade internacional. A Comissão da ONU contra o Genocídio e o Alto Comissariado das Nações Unidas emitiram um comunicado conjunto condenando os atos praticados no país e solicitando que imediatamente que cessassem os atos violentos contra os manifestantes pacíficos. Mesmo frente às mortes causadas pela cúpula militar no sábado, os manifestantes que foram as ruas no dia seguinte foram alvos de novas investidas do regime. A situação em Myanmar escala cada vez mais e levou o Banco Mundial e o Banco de Desenvolvimento Asiático a congelarem os fundos enviados ao país, em uma tentativa de frear que alguns atos sejam tomados pelo regime.


  • Egito

    O Egito de certo parou as notícias mundiais, bem como alguns tráfegos do comércio durante a semana. Desta vez, o motivo não foi nenhuma crise política e sim, o encalhamento de um navio cargueiro que atravessava o Canal de Suez. Ainda não se sabe ao certo qual o motivo que levou o navio Ever Given a ficar encalhado, mas até sexta feira, 237 outras embarcações aguardavam passagem nas proximidades do Canal de Suez que é uma das principais rotas de passagem de mercadorias entre Ásia e Europa e movimenta 12% do comércio mundial. Estima-se que um equivalente à US$ 9,6 bilhões em mercadorias estejam tendo sua passagem barrada por dia. A operação de resgate do cargueiro, que pode durar até semanas, ainda está acontecendo e muito já se fala em eventuais ações de responsabilização à empresa dona da embarcação, por conta das perdas comerciais e econômicas sofridas por outras empresas. Ainda nesta segunda-feira (29/03) pela manhã, as Autoridades do Canal de Suez afirmaram que a liberação da passagem pode estar próxima, já que o navio foi reflutuado e reorientado à uma posição para a direção correta de navegação. De fato, não tardou para que ainda no mesmo dia (29/03) a embarcação fosse desencalhada com a utilização de escavadoras, dragas e rebocadores e o comércio internacional regressasse ao seu fluxo normal. 


  • Indonésia

    Na Indonésia, o domingo foi marcado por um atentado suicida à uma Igreja do país. O ataque aconteceu quando um casal utilizou de bombas para se auto detonar dentro de uma catedral na cidade de Makassar. De acordo com apurações preliminares da polícia indonésia, ao que tudo indica o homem e a mulher que realizaram o ataque pertenciam ao grupo extremista Jamaah Ansharut Daulah (JAD). Ainda, foi apontado que a missão suicida é mais um dos ataques realizados por grupos extremistas contra Igrejas de matriz católica no país. 

  • Israel

    Passando por sua quarta eleição para escolher um Primeiro-Ministro, Israel pode ter uma mudança à vista em seu cenário político. Isto porque, os resultado preliminares da quarta eleição apontam uma desvantagem significante ao atual Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu. A desvantagem do PM decorre da nova composição do parlamento e da maior coalisão realizada por seus oponentes de governo. Ainda, subsiste a possibilidade de uma quinta eleição, ainda neste ano no país. Os críticos do atual ministro apontam a incoerência de uma nova candidatura por parte do político, enquanto ele atualmente encontra-se sendo julgado por diversas acusações de corrupção. Enquanto são diversos os opositores e partidos contra o governo de Netanyahu, a grande problemática é que este grupo opositor é formado por partidos muito diversos e que por vezes não possuem os mesmos ideais, o que pode complicar a formação de um governo. 


  • Venezuela

    Figura constante nas manchetes internacionais, a Venezuela gerou novas notícias- à lá presidente brasileiro - quando a conta do Facebook do líder totalitário Nicolás Maduro foi bloqueada. O bloqueio ocorreu após a divulgação de informações falsas sobre a Pandemia de COVID-19 no perfil do Presidente e, curiosamente, agora o governo venezuelano denuncia o Facebook pelo que chamou de “totalitarismo digital”. O governo venezuelano afirma que isto seria mais uma forma de empresas multinacionais fazerem valer suas normas nos países. A restrição social veio por conta de um vídeo divulgado em janeiro, no qual se assegurou que um suposto remédio chamado Carvativir seria eficaz no combate ao vírus. Novamente espelhando o cenário brasileiro, o presidente venezuelano continua defendendo uma medicação que não possui comprovação científica e já teve seu uso frequentemente alertado, justamente por conta da falta de estudos, por parte da Academia Nacional de Medicina do país. 


  • Nova Zelândia e Austrália

    Nem só de notícias ruins viveu o mundo esta semana. Austrália e Nova Zelândia, países que viraram o destino de residência dos sonhos de tantas pessoas nos últimos tempos, demonstram mais uma vez a eficiência de seus governos e surpreenderam nas manchetes mundiais. A Austrália, após não possuir registro de mortes por Covid desde dezembro, passou a autorizar a realização de diversos jogos esportivos e shows abertos ao público. As fronteiras do país estão sob rígidas normas de entradas há algum tempo e, desde então, foram menos de 30 mil os casos registrados. Por esta razão, algumas regiões do país possibilitaram a realização de show e eventos com um total de até 70% da capacidade normal. A liberação de aglomerações parece fake News em tempos em que o Brasil registra a maior média móvel de mortes por Covid, mas com certeza reflete esperança em uma futura melhora. Já, a Nova Zelândia se torno exemplo mundial de políticas públicas ao aprovar uma licença paga de trabalho para trabalhadoras que tenha sofrido um aborto. De acordo com o Projeto de Lei aprovado, serão concedidos três dias de licença paga às mulheres que tiverem sofrido um aborto. Embora já seja prática no país que as empresas concedam esta licença, a nova Lei firmará este entendimento e consolida ainda mais a posição do país como um dos líderes em políticas públicas femininas. Ainda, a propositora da ação, Ginny Andersen, fez um apelo à outros países do mundo, para que sigam o exemplo da Nova Zelândia e consolidem mais um direito feminino. 

Referências

CANAL de Suez: as impressionantes imagens de satélite do impacto causado por navio encalhado. BBC News. 28 mar. 2021. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-56555845>.

CHALLENGE still ahead to free ship in Suez Canal: Live News. AlJazeera. 29 mar. 2021. Disponivel em <https://www.aljazeera.com/news/2021/3/29/ever-given-turned-80-percent-in-righ t-direction-live-news>.

FACEBOOK bloquea a Maduro por difundir información falsa sobre la Covid-19. El país. 27 mar. 2021. Disponível em <https://elpais.com/internacional/2021-03-27/facebook-bloquea-a-maduro-por-dif undir-informacion-falsa-sobre-la-covid-19.html>.

FERIDOS em atentado suicida a igreja católica na Indonésia. Deutsche Welle. 28 mar. 2021. Disponível em <https://www.dw.com/pt-br/feridos-em-atentado-suicida-a-igreja-católica-na-indon ésia/a-57034189>.

FINAL voting results show major setback for Israel’s Netanyahu. Politico. 25 mar. 2021. Disponível em <https://www.politico.com/news/2021/03/25/israel-netanyahu-election-478082>.

NEW Zealand approves paid leave after miscarriage, and encourages the world to follow. CNN World. 25 mar. 2021. Disponível em <https://edition.cnn.com/2021/03/25/asia/new-zealand-bereavement-leave-misca rriage-scli-intl/index.html>.

SEM mortes por covid desde dezembro, Austrália realiza jogos e shows para dezenas de milhares de pessoas. G1 Mundo. 26 mar. 2021. Disponível em <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/03/26/sem-mortes-por-covid-desde-de zembro-australia-realiza-jogos-e-shows-para-dezenas-milhares-de-pessoas.ght ml>.

UN officials condemn Myanmar junta after 100-plus civilians killed in one day. CNN World. 28 mar. 2021. Disponível em < https://edition.cnn.com/2021/03/28/asia/myanmar-protests-violence-intl-hnk/ind ex.html>.

VENEZUELA denounces “digital totalitarism” of Facebook for blocking Nicolás Maduro. The Rio Times. 28 mar. 2021. Disponível em <https://riotimesonline.com/brazil-news/mercosur/venezuela/venezuela-denounc es-digital-totalitarianism-of-facebook-for-blocking-nicolas-maduro/#>.

WORLD Bank, Asian Development Bank Freeze Funds to Myanmar to Shun Junta. VOA News. 28 mar. 2021.Disponível em <https://www.voanews.com/east-asia-pacific/world-bank-asian-development-ban k-freeze-funds-myanmar-shun-junta>.


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domingo, 28 de março de 2021

Como agiram os países que estão livres do Covid-19 e onde o Brasil errou?

Festival anual de cerveja em Qingdao, China, onde o uso de máscara é opcional
Por Pedro Oliveira

    Nas últimas semanas, vi repercutir nas redes sociais vídeos de pessoas formando multidões em shows, praças e restaurantes. Mas ao contrário de um #tbt, tão usado por nós durante a quarentena para lembrar dias de aglomeração sem culpa, as imagens são de 2021! Nova Zelândia, Austrália, Singapura, Vietnam, são alguns dos lugares onde a pandemia começa a virar passado, e a vida volta a ser semelhante ao que já foi antes do vírus.
    Já nós, brasileiros, vivemos a pior fase da pandemia desde seu começo em meados de 2020. A sensação - ao ver pessoas livres do medo do Covid enquanto enfrentamos mais um lockdown - é a mesma da criança que olha o colega se deliciando com um doce, e do prisioneiro que sonha com o dia da liberdade. A pergunta é: quais atitudes foram tomadas pelas nações que superaram o Covid e por que o Brasil não conseguiu chegar nem perto deste feito?


    Os países que foram vitoriosos no combate ao Coronavírus apostaram em uma estratégia: agilidade! Na Nova Zelândia, a primeira-ministra Jacinda Ardern declarou fechamento das fronteiras para estrangeiros em menos de 10 dias após a confirmação do status de pandemia global pela Organização Mundial da Saúde (OMS), anunciada em 11 de março de 2020.
    Poucos dias depois, em 23 de março, o governo neozelandês dava início a um lockdown severo em todo o país. “Agir cedo e com apenas alguns milhares de casos globalmente permitiu à Nova Zelândia zerar novos casos e parar a transmissão entre a comunidade”, comenta Martin Berka, professor da Universidade de Massey, em entrevista à BBC (tradução livre). Os esforços do governo neozelandês no combate à pandemia resultaram em um pouco mais de 2 mil casos confirmados e apenas 26 mortes. (Dados até 25/03/2021 – covid19.who.int/region/wpro/country/nz).
    Na Austrália, país que tem viralizado nas redes sociais com vídeos que mostram a volta da rotina livre do Covid, o plano, igual ao da vizinha Nova Zelândia, não focava em manter baixos os índices de contaminação, mas tinha como objetivo erradicar o vírus em seu território. Após vitória no enfrentamento da primeira onda do coronavírus, em julho de 2020, novos casos surgiram no país dos australianos. Para um novo desafio, novas medidas: trancamento de ruas, proibição da abertura de qualquer estabelecimento que não fosse mercado ou hospital, toque de recolher, em alguns lugares era proibido até mesmo ir além de 5 quilômetros de sua residência. A multa por descumprimento das regras? Mil e trezentos dólares!
    Na Ásia, a tecnologia tem se aliado às medidas preventivas para controlar a disseminação do vírus. Em Wuhan, primeiro epicentro do Covid-19, aplicativos com “QR Codes” e um sistema de cores são informados sobre o histórico de viagens e sintomas recentes de cada usuário, regulando o acesso dos cidadãos aos estabelecimentos. Um código de barras deve ser escaneado pela câmera do celular antes de entrar em estações de metrô, lojas, restaurantes e escritórios. Se o aplicativo indica a cor verde, pode seguir, se a cor vermelha aparece, não é seguro que este indivíduo circule naquele ambiente. Wuhan, depois de ter se recuperado dos efeitos da pandemia, hoje ostenta bares e festas lotados, onde é celebrado um futuro pós-vírus.
    Sabemos que ações como comunicação transparente com a população sobre a importância do seguimento das medidas preventivas, rápida criação de plano de ação, testes em massa para a detecção do vírus e o fechamento imediato das fronteiras foram essenciais para superar a pandemia em diversos países. Mas e o Brasil, o que fez para piorar ao invés de superar o Coronavírus?
    Logo no início, não houve um plano de ação, considerado indispensável pela OMS para o controle da pandemia e fundamental para organizar medidas preventivas em âmbito nacional. O Centro de Estudos Estratégicos do Exército Brasileiro até elaborou uma série de estratégias para o enfrentamento do Covid-19, contudo o governo brasileiro não implementou o estudo a um plano de ação. Além disso, arquivou tal documento que valorizava dados científicos e conselhos da OMS.
    O governo pecou em minimizar a gravidade da pandemia e utilizar do negacionismo. O Presidente Jair Bolsonaro se referiu ao Coronavírus como uma “gripezinha” e “resfriadinho”, criticando uma suposta preocupação excessiva com a doença, quando sua função seria de conscientizar a nação sobre os perigos da contaminação pelo vírus.
    O isolamento social não suficiente é também um dos motivos da atual situação do Covid no Brasil. Essa medida não foi respeitada – o quanto deveria - pela população, grande parte pela falta de uma conscientização que precisaria vir, primeiramente, do governo. É evidente que o isolamento exige comunicação e engajamento para que funcione e apresente resultados.
    Outro equívoco é a falta de embasamento e responsabilidade nas informações passadas pelo governante do país: críticas ao isolamento social, apoio às passeatas adversas ao fechamento do comércio, promoção de medicamentos e tratamentos precoces sem confirmação de eficácia contra o Coronavírus, propagação de Fake News e politização da pandemia. São essas algumas medidas que ,de fato, o Presidente do Brasil colocou em prática.
    Podemos concluir que o principal erro, de onde os outros derivam, é a falta de uma liderança estável que guiasse uma gestão preparada para combater a crise sanitária e econômica que ainda assola o Brasil. De um lado, a demora na tomada de atitudes para combater os efeitos do avanço do Covid-19, e do outro, 12 meses de pandemia e mais de 300 mil mortes. Enquanto esperamos as resoluções do Brasil para acabar com a pandemia, assistimos países como a Nova Zelândia e Austrália lotarem bares e restaurantes livres de Covid, com a esperança de que, um dia, seja a nossa vez.

Referências

HOW did New Zealand become Covid-19 free? BBC News. 10 jul. 2020. Disponível em: www.bbc.com/news/world-asia-53274085.
ATUALIZAÇÃO de casos na Nova Zelândia, tempo real. World Health Organization. Disponível em: https://covid19.who.int/.
HOW Digital Contact Tracing Slowed Covid-19 in East Asia. BBC News. 15 abr. 2020. Disponível: em: www.hbr.org/2020/04/how-digital-contact-tracing-slowed-covid-19-in-east-asia.
CORONAVÍRUS: 9 erros que levaram às 100 mil mortes no Brasil. BBC News Brasil. 8 ago. 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53703044.
THE Countries Who've Handled Coronavirus the Best – and Worst. MoveHub. 2 mar. 2021. Disponível em: https://www.movehub.com/blog/best-and-worst-covid-responses/.
AUSTRALIA has almost eliminated the coronavirus — by putting faith in science. Washington Post. 5 nov. 2021. Disponível em: https://www.washingtonpost.com/world/asia_pacific/australia-coronavirus-cases-melbo urne-lockdown/2020/11/05/96c198b2-1cb7-11eb-ad53-4c1fda49907d_story.html.
HOW Australia succeeded in lowering COVID-19 cases to near-zero. CBC. 25 nov. 2021. Disponível em: https://www.cbc.ca/news/world/australia-covid-19-pandemic-lockdown-1.5813280.
IN China, Where the Pandemic Began, Life Is Starting to Look ... Normal. New York Times. 23 ago. 2020. Disponível em: https://www.nytimes.com/2020/08/23/world/asia/china-coronavirus-normal-life.html.
PANDEMIA: estranho sumiço do plano do Exército. Outras Mídias. 24 mar. 2021. Disponível em: https://outraspalavras.net/outrasmidias/pandemia-estranho-sumico-do-plano-do-exercito /.
  
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quinta-feira, 25 de março de 2021

30 anos de Assunção: O Processo de Integração do Mercosul

Por Yuri Oliveira*

    Em 26 de março de 1991, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram o Tratado de Assunção, colocando-se dispostos a criar um Mercado Comum na região, o Mercosul. Assim, estavam decididos a atuarem em prol da coordenação de políticas macroeconômicas, endereçados ao cenário internacional e regional, marcado pela evolução e avanço dos grandes espaços econômicos. O tratado entrou em vigor dia 29 de novembro do mesmo ano. 
    O Mercosul chega aos seus 30 anos, em meio a uma situação diferente da imaginada pelos Estados-partes quando assinaram o acordo. Com isso, é preciso entender em que ponto esse acordo está, e o que dinamiza essa estrutura, ou no caso não. Onde está sua gênese? E o que aconteceu? 
    Primeiramente, o fator essencial para a coordenação de políticas é o entendimento entre os membros. A progressão ou a paralisação de um processo de integração é consequência desta relação. Sendo assim, dentro das formulações teóricas acerca do Mercosul, considerasse o protagonismo das relações bilaterais entre Brasil e Argentina, atores que, no entendimento das relações em eixo, tiveram semelhante atuação quando comparado a relação entre França e Alemanha dentro do processo de integração na Europa (PATRICIO, 2007). As potências regionais, nestes dois casos, interferiram de modo decisivo. 
    Em 1991, o sistema internacional passa por mudanças, a caracterização da economia decorre principalmente do cenário que se põe com o colapso da União Soviética. A queda do Muro de Berlim marca a inclinação para cooperação, propício para formação dos blocos (GUIMARÃES, 2017). Em analogia ao que está acontecendo com os Estados nesta situação, tanto na Europa como na América do Sul passam superar atritos, no caso europeu bem mais que isso, para então avançar em direção aos acordos.



    No continente sul-americano, o fim da Guerra do Paraguai marca o começo de rivalidades entre Brasil e Argentina. Ainda, os regimes militares nos dois Estados geraram em parte acanhamento nas relações, característica do momento, receios das intenções de cada Estado na região. Já na década de 80, o cenário econômico tornou-se determinante para a construção de um caminho que se voltava à cooperação. Em 1988, Alfonsín, o presidente argentino, e Sarney assinaram atos bilaterais de caráter econômico, entre eles o Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento, em que concordaram com a supressão gradual das barreiras à livre circulação de bens (PATRICIO, 2007). O impulso pela revisão da convergência decorre da democratização; essa convergência é econômica e política. As expansões dos mecanismos bilaterais conduziram ao processo de integração, transbordando as fronteiras do Brasil e Argentina, chegando e suscitando as reações no Paraguai e Uruguai. A política externa dos membros foi se consolidando e assumindo certo papel de destaque em matéria comercial. Em 1994 foi instituído o Protocolo de Ouro Preto, caracterizando a União Aduaneira na região, dando personalidade jurídica ao bloco.
    Neste período de 30 anos, Bolívia, Peru, Colômbia, Chile, Equador, Guiana e Suriname aderiram como membros associados, e a Venezuela como membro pleno. O Estado da Venezuela passou a ser membro pleno em 2012, e encontra-se suspenso desde 2017, em razão do descumprimento do Protocolo de Ushuaia sobre o Compromisso Democrático do Mercosul.



    No primeiro momento, o acordo bilateral teve caráter desenvolvimentista, enquanto no Mercosul é claro o caráter comercialista (CAMARGO, 2006). O bloco expandiu-se em certos momentos e recuou em outros. Na década de 90 houve avanços com o impulso da abertura de mercados. Em 1999 a desvalorização do Real o mergulhou em uma situação difícil, seguido pela crise na Argentina. 

A Integração. Onde Estamos?

    A estrutura institucional veio com o Tratado de Ouro Preto em 1994. Trazendo o alinhamento das políticas de comércio entre os membros, previsto pela Tarifa Externa Comum (TEC), tornando viável cobrar uma mesma alíquota sobre operações de comércio com base na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Na etapa intermediária desse processo, os Estados concordaram em criar a União Aduaneira. Isso implica internamente na eliminação de restrições aduaneiras, ou medidas equivalentes e, externamente, na relação e atuação comunitária com a criação da TEC. A TEC possui função de uniformizar questões de alfândega, como uma etapa seguinte no modelo integracionista, indo em direção a um Mercado Comum. Contudo, a TEC no Mercosul é imperfeita, ou seja, existem exceções e não é totalmente aplicada, com vista a proteger determinados produtos e setores dos membros do bloco (MARTINS, 2002).
    Cada país tem uma quantidade específica para tornar exceções às regras, permitindo o tratamento diferenciado dos produtos no comércio no bloco. Os membros possuem margem para restringir e dessa forma protegem estrategicamente os setores. Desse modo, a lista de exceções à TEC funciona freando o movimento de progressão do Mercosul, pois, desde 1991 o que foi entendido é que o bloco iria construindo gradativamente a integração até chegar a sua finalidade. Porém, esse modo de tratamento é prorrogado continuadamente, num movimento em que a proposta de União Aduaneira de 1994, estágio intermediário e atual da integração, funcione ainda como uma Zona de Livre Comércio (GUIMARÃES & SIQUEIRA, 2011, pag. 406). 
    As assimetrias se tornam evidentes na relação competitiva do quarteto. As desproporções entre e dentro de cada Estado travam o movimento de intensificação. Mesmo com as assimetrias, o comércio e os investimentos mostram-se com um fluxo relevante. Existem claras desigualdades entre os Estados-partes e, tomando consciência disso, foi criado em 2004 o Fundo para Convergência Estrutural do Mercosul, um mecanismo próprio de financiamento para diminuí-las. Aqui, países que têm mais, pagam mais e recebem menos. Países que têm menos, recebem mais e pagam menos. 
    A TEC em muito evidencia como a política adotada pelo bloco enreda os traços de desconcertos. Com isso, a implicação imposta ao Mercosul, da coordenação das políticas macroeconômicas na sua criação se realizou de modo parcial.

Edifício Mercosul em Montevidéo, Uruguai.

O Brasil

    Na atualidade, a atuação brasileira com a abdicação de sua liderança frente a esse processo já deixa marcas. O movimento insuficiente da maior potência do bloco deixa aberturas a outros atores influírem na região. É claro que estamos falando da China, pois os movimentos já sinalizam o avanço nas relações bilaterais com a Argentina. Ineditamente, nos saldos de comércio exterior, a China já desbancou o Brasil como maior parceiro comercial da Argentina. Vale ressaltar que essa aproximação vai além do comércio.

Base espacial chinesa em Neuquén, Argentina

E agora?

    Existem muitas exceções à TEC, fazendo com que os países tomem decisões unilaterais. Ainda, as crises enfrentadas pelos Estados-membros trouxeram mais desconcertos para estruturação e institucionalidade do Mercosul. Com isso, a falta de instituições densas entre os Estados, logo se colocaram como dificuldades. Também fica a indagação quanto ao processo de integração buscado, espelhado e parametrizado pelo velho mundo.
    Briceño Ruiz (2018) interpreta que a experiência europeia de regionalismo não deve ser entendida como universalista. Assim, valoriza a práxis e características do sul global. O regionalismo ganhou uma dimensão totalmente europeia, mas ele aponta para as múltiplas manifestações dos movimentos de integração no globo. Ter a Europa como referência não é um problema, mas ele surge quando adquire caráter exclusivo, de via única, prescritivo e normativo, exportando aquilo que acontece em muitas outras situações. O eurocentrismo no entendimento das outras iniciativas de integração regional. Portanto, é preciso considerar que existem contradições nas formulações das políticas de integração quando aplicadas às realidades sul-americanas.
    Os frágeis mecanismos e instituições da comunidade intensificam os embaraços no processo de integração. Desde a primeira década, o Mercosul mostra bastante dificuldade ao avanço para se converter no que foi proposto em 1991. A institucionalidade, na situação atual, é muitas vezes questionada considerando a quase absoluta dimensão comercial adotada, isso se mostrou incapaz de desfazer as distorções. Assim, no cenário proposto existe um jogo que em muitos momentos revela interesses antagônicos dos aliados. Neste jogo, movimentos independentes modificam as regras, somando-se ao caráter da instável política da América do Sul.

*Yuri Oliveira é estudante do quarto período do curso de Relações Internacionais no Unicuritiba.

Referências

PATRÍCIO, Raquel Cristina de Carla. As relações em eixo franco-alemãs e as relações em eixo argentino-brasileiras: gênese dos processos de integração. Lisboa: ISCSP, 2007.
COSTA Vaz, Alcides. Cooperação, integração e processo negociador: a construção do Mercosul. Brasília: Funag, 2002.
BRICEÑO RUIZ, José. Las teorías de la integración regional: más allá del eurocentrismo. Bogotá: Universidad Cooperativa de Colombia: Centro de Pensamiento Global, 2018.
MARTINS, Ives Gandra (Coord.). Tributação no MERCOSUL. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
GUIMARÃES, A. C., & SIQUEIRA, R. B. Tarifa externa comum (TEC): Universitas Relações Internacionais, p. 406, 2011. 
GUIMARÃES, L. R. Trajetória do Mercosul e União Europeia: reflexo das crises. Instituto de Relações Internacionais, Universidade de Brasília, 2017.
CAMARGO, S. Mercosul: crise de crescimento ou crise terminal? Lua Nova: Revista de Cultura e Política, 2006.
MARCIA, C. (2020). 'ArgenChina': por que a China desbancou o Brasil como maior parceiro comercial da Argentina. BBC News Brasil. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53862542.

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terça-feira, 23 de março de 2021

Volta ao Mundo em 7 Dias - Notícias de 15/03 a 21/03

  • Estados Unidos
      - EUA X CHINA 

    Nesta quinta-feira, dia 18 de março, o alto escalão do governo estadunidense e chinês se reuniu no Alasca em uma conferência para uma tentativa de reaver as relações entre as duas potências após o governo Donald Trump, na era Biden. No entanto, o que se viu foi uma troca de farpas e muita tensão com apelo midiático, uma oportunidade que ambas as partes utilizaram para expor discordâncias. No encontro, estiveram presentes o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken e o conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan; o diplomata Chinês, Yang Jiechi, e o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi. 

    Antony Blinken criticou a China relativamente a questões de Direitos Humanos com relação a Hong Kong, Taiwan e a minoria uigur em Xinjiang, além de apontar ataques cibernéticos contra os Estados Unidos e coerção econômica. Segundo o secretário, as atitudes chinesas ameaçam o sistema e normas internacionais que garantem uma certa estabilidade global. 

    Os representantes do Estado Chinês refutaram alegando que a China respeita os princípios da ONU e reforçaram suas conquistas em reduzir a pobreza e no combate ao coronavírus. Além disso, apontaram “arrogância” por parte do governo norte americano, que segundo eles, além de não representar a opinião pública internacional, deveria se voltar a seus problemas internos como as de cunho racial ao invés de criticar a China. Essa dinâmica de hostilidade continuou por algumas horas durante o debate e não se sabe o teor das conversas que foram feitas a portas fechadas. 


     - Terrorismo e xenofobia contra asiáticos

    Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris se reuniram com representantes da comunidade asiática e das ilhas do Pacífico para tratar a respeito da xenofobia, intolerância e ódio aos quais estas comunidades vêm sofrendo. O encontro ocorreu na sexta-feira (19) e foi motivado pelo ataque terrorista que aconteceu na terça-feira (16). Três casas de massagem na região metropolitana de Atlanta, Geórgia, sofreram ataques que resultaram na morte de 8 pessoas, 6 delas mulheres asiáticas. Embora as motivações do autor do crime ainda estejam sob investigação, o ataque acontece em meio à uma onda de xenofobia que se tornou cada vez mais evidente durante a pandemia e que foi endossada durante o período do governo de Donald Trump e seus discursos a respeito do que ele chamava de “vírus chinês”. 


  • União Europeia: Passaporte de vacinação

    Apesar de as fronteiras mundiais provavelmente permanecerem chadas por mais algum tempo durante a pandemia, a União Europeia lançou nesta semana (quarta-feira, 17) uma espécie de “Passaporte de vacinação”. O Digital Green Certificate é um documento que, se aprovado como planejado, permitirá que cidadãos europeus que já receberam a primeira e a segunda dose da vacina contra o coronavírus ou que tenham tido contato com o vírus e apresentam anticorpos transitem pelas fronteiras da UE. 

    A ideia seria “salvar o verão” e reativar a indústria do turismo que tem estado estagnada desde o início da pandemia, prejudicando alguns países que dependem muito desse setor como Portugal, Espanha e Grécia. O passaporte não é obrigatório e o direito à livre circulação será mantido, no entanto, aqueles que não estiverem vacinados deverão obedecer às restrições eventualmente exigidas para conter o vírus. 

    A ideia, no entanto, gerou controvérsias com o fato de que muitos cidadãos ficariam na margem do retorno para a normalidade; apenas pessoas maiores de 50 anos vão ter tomado as doses da vacina até o verão; espera-se que o certificado de vacinação também seja válido fora da UE e apenas um número seleto de pessoas que tiverem acesso à vacina terão esse privilégio. 


  • Japão

    A Corte Distrital de Sapporo, no Japão, decidiu na quarta-feira (17) que banir o casamento entre homossexuais é inconstitucional e viola o Art. 14 da constituição que determina que “todos os cidadãos são iguais perante a lei''. A decisão foi um grande passo na luta pelos direitos da comunidade LGBTQ+ e um passo em direção à igualdade no matrimônio. O parecer também abre precedente para decisões parecidas nas séries de ações em andamento abertas por casais homoafetivos sobre o mesmo tema que correm na Justiça contra o Estado japonês. 


  • Tanzânia

    O presidente da Tanzânia, John Magufuli, faleceu aos 61 anos de idade por complicações cardíacas das quais sofria há 10 anos. Sua morte foi anunciada nesta quarta-feira (17), após aproximadamente três semanas em que Magufuli não aparecia em público, abrindo rumores sobre o seu desaparecimento. A vice-presidente Samia Suluhu Hassan declarou 14 dias de luto. O falecimento de Magufuli causou reações controversas por se tratar de um líder de Estado amado, odiado e temido. A vice-presidente Samia Suluhu Hassan assumiu o seu cargo. Hassan já havia feito história como primeira vice-presidente mulher do país e agora mais uma vez como primeira presidente mulher do país do leste da África. 

Referências

O perigo de reduzir-se a relação EUA-China apenas ao rótulo de "Guerra Fria". BBC. 20 mar. 2021. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-56441250>.

EUA e China entram em choque em seu primeiro encontro sob Biden e fazem recriminações mútuas. El País. 19 mar. 2021.Disponível em <https://brasil.elpais.com/internacional/2021-03-19/eua-e-china-entram-em-choque-e m-seu-primeiro-encontro-sob-biden-e-fazem-recriminacoes-mutuas.html>.

ATAQUES a asiático nos Estados Unidos aumentaram 150% durante a pandemia. CNN Brasil. 19 mar. 2021. Disponível em <https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2021/03/19/ataques-a-asiaticos-nos-est ados-unidos-aumentaram-150-durante-a-pandemia>.

BIDEN e Kamala vão a Atlanta par conter crimes de ódio contra asiáticos nos EUA. Dom Total. 19 mar. 2021. Disponível em <https://domtotal.com/noticia/1505980/2021/03/biden-e-kamala-vao-a-atlanta-para-conter-cri mes-de-odio-contra-asiaticos-nos-eua/>.

ATLANTA spa attacks shine a light on anti-Asian hate crimes arount the world. CNN. 22 mar. de 2021. Disponível em<https://edition.cnn.com/2021/03/21/world/anti-asian-hate-crime-intl/index.html>.

VACCINE passports may save Europe's summer, but only for the lucky ones. CNN. 21 mar. 2021. Disponível <https://edition.cnn.com/travel/article/eu-vaccination-passports-summer/index.html>.JAPAN court rules same-sex marriage ban 'unconstitucional'. Aljazeera. 17 mar. 2021. Disponível em <https://www.aljazeera.com/news/2021/3/17/japan-court-makes-landmark-ruling-on-same-se x-marriage>.

TANZANIAN Presidente John Magufuli dies at 61. Aljazeera. 17 mar. 2021. Disponível em <https://www.aljazeera.com/news/2021/3/17/tanzanian-president-john-magufuli-is-dead-vp>.PROFILE: Samia Suluhu Hassan, Tanzania's new president. Aljazeera. 19 mar. 2021. Disponível em <https://www.aljazeera.com/news/2021/3/19/tanzanias-hassan-quiet-achiever-who-wants-to- get-things-done>.

DEATH of Tanzania President John Magufuli draws mixed reactions. Aljazeera. 18 mar. 2021. Disponível em <https://www.aljazeera.com/news/2021/3/18/mixed-reaction-over-magufulis-death>.


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segunda-feira, 22 de março de 2021

Por Onde Anda: Luan Jofre, Sales Executive na BO Paper

        


Nome Completo: Luan Jofre
Ano de ingresso no curso de Relações Internacionais: 2008
Ano de conclusão do curso de Relações Internacionais: 2013 
Ocupação atual: Sales Executive na BO Paper 
Cidade em que reside: Curitiba, Paraná

Blog Internacionalize-se: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional. 
Luan: Entrei na faculdade em 2008 e para ajudar nos custos trabalhava como auxiliar administrativo em um despachante veicular, emprego que não tinha nada a ver com Relações Internacionais, porém era importante pela necessidade. A partir do momento que comecei a me aprofundar no curso percebi que precisava de algum trabalho que minimamente me desse oportunidade de seguir a carreira em RI pós formado. Iniciei a busca por estágios sem muito critério, me recordo que fiz entrevistas para estágio em embaixadas, grandes empresas e, claro, também fui para o caminho de comércio exterior buscando agentes de carga. Após algumas entrevistas fui chamado para estagiar em um pequeno agente de cargas, o grande problema é que o salário era a metade que eu ganhava como auxiliar administrativos e os auxílios também não chegavam nem perto, foi uma decisão difícil no momento já que o salário contava muito na época, porém com o apoio da família pensei no futuro e fui para o novo desafio. Iniciei como estagiário cuidando de alguns embarques marítimos e aéreos, mas com mais enfoque em ajudas administrativas do escritório, me esforcei bastante e com 3 meses de empresa fui contratado como Auxiliar de Analista de Comex e com mais 3 meses me tornei Analista Jr. Aprendi todas as rotinas de embarque de todos os modais, particularidades e impostos. Ainda na faculdade e com a experiência no agente de cargas fui convidado a assumir a posição de analista pleno na Ingersoll Rand, multinacional americana com representatividade no mundo todo. Trabalhei por 5 anos, comecei em importação até que assumi a exportação da fábrica do Brasil e assim consegui me desenvolver muito, tanto em negociação e reuniões com os clientes pelo mundo como nas línguas, essa experiência agregou muito na minha carreira e abriu as portas da BO Paper. A BO Paper sempre foi uma empresa muito focada no mercado interno e com o declínio da demanda de papel iniciou a busca pela internacionalização. Foi aí que eu entrei abrindo o setor de exportação e estruturando todos os processos necessários para uma operação eficiente e rentável, tive muito apoio e subsídio da empresa, graças a isso a implementação foi um sucesso e até hoje a operação funciona muito bem. Com 9 meses de empresa e a operação já rodando bem, meu diretor na época me chamou e me ofereceu uma posição completamente diferente de tudo que eu já havia feito, ele viu em mim um perfil comercial e ofereceu a posição de Executivo de Vendas, no primeiro momento cuidando de contas nacionais para no futuro fazer a transição para as contas de exportação. Foi uma decisão desafiadora, sair de uma área que já dominava e estava consolidado, para aprender algo novo. Sempre gostei da área de Comércio Exterior, mas achava monótona, todo dia a mesma coisa, os mesmos procedimentos, mesmos documentos, essa vontade de mudar e ter uma carreira e um dia a dia mais agitado me fez aceitar sem pensar muito.

Blog Internacionalize-se: Como é o dia a dia do trabalho na BO Paper? Que atividades desempenha?
Luan: As atividades mudaram muito por conta da pandemia, mas em geral é o atendimento a clientes do Brasil todo. Antes eu tinha uma rotina de viagem de terça a quinta todas as semanas do ano em um lugar diferente. No começo a rotina de viagens é interessante, mas com o passar do tempo a falta de rotina incomoda e é preciso se adequar. Agora trabalhamos remoto por telefone e reuniões por videoconferência, tem funcionado bem, mas após um ano sem viagens já sinto muita falta. Como não faço a venda para o cliente final acabo tendo que lidar com as dores do distribuidor e trabalhar para viabilizar a venda dele, apenas dessa forma eu vou conseguir aumentar a minha venda. A BO Paper é uma empresa muito boa de se trabalhar, temos uma gestão humana que não busca apenas o resultado, dessa forma conseguimos ter um dia a dia confortável, sendo mais fácil atingir o resultado.

Blog Internacionalize-se: Quais as aptidões e conhecimentos desenvolvidos no curso de Relações Internacionais que mais o ajudam na sua carreira atualmente?
Luan: Creio que a aptidão de debate e negociação é o que eu mais levo nesse momento da minha carreira, mas tenho certeza que no futuro quando realmente entrar na parte de negociação internacional os aprendizados do curso vão aflorar ainda mais.

Blog Internacionalize-se: Qual foi a experiência mais desafiadora que já teve profissionalmente?
Luan: Creio que posso destacar duas experiências. A primeira foi sair de uma empresa que estava estável para outra com um negócio totalmente diferente para iniciar o setor de exportação quase que do zero, parceiros, controles, relatórios, custos. Tudo isso foi muito trabalhoso, mas é muito gratificante olhar e ver que o que você idealizou hoje funciona muito bem e traz um grande lucro para a empresa. A segunda é a abertura do canal de distribuição na empresa, coisa que não existia e eu, auxiliando meu gerente, conseguimos buscar e implementar uma nova forma de venda e negócio que a empresa não tinha. Nunca é fácil sair da zona de conforto e, mais difícil que isso, é tirar uma fábrica inteira da zona de conforto e fazer acreditar no seu projeto. Hoje temos um negócio estruturado e já buscamos novos desafios para maximizar ainda mais os lucros da companhia.

Blog Internacionalize-se: Qual a lembrança mais marcante do período de faculdade?
Luan: Nunca fui um aluno exemplar e dei algumas escapadas durante o período da faculdade, acredito que um fato que me traz lembranças boas foi quando eu por descuido ou preguiça acabei pegando DP em economia com a Patricia. Bem, sabendo que a dependência não tinha sido fruto de falta de capacidade, lá fui eu fazer novamente a matéria junto com uma turma de administração, que eu não conhecia ninguém (talvez isso tenha me ajudado a manter o foco), estudei bastante e acabei sendo a melhor nota da matéria com aquela turma e até hoje eu e a Patrícia brincamos que eu sou/fui o melhor aluno dela. E claro que outra lembrança boa foram as amizades boas e verdadeiras que eu fiz na faculdade e que perduram até hoje, cada um seguiu seu caminho, mas a amizade se mantém igual à quando ainda estávamos na Unicuritiba.

Blog Internacionalize-se: Qual conselho deixaria para os nossos alunos, em especial para aqueles que ainda estão em dúvida quanto ao futuro profissional?
Luan: Creio que um ponto muito importante que eu vejo hoje na formação profissional é de procurar o mercado de trabalho durante a faculdade, buscar um estágio, alguma coisa que se aproxime do que você busca para sua carreira. Entendo que também é importante se qualificar, fazer línguas, entretanto sair da formatura sem nenhuma experiência profissional dificulta muito a entrada no mercado de trabalho. Claro que tudo depende de qual área você quer seguir, mas se for na área de business, esse é meu conselho: as empresas hoje levam muito mais em consideração o que você tem de experiência e vivência profissional do que os diplomas que você tem.

Blog Internacionalize-se: Gostaria de acrescentar mais alguma informação?
Luan: Hoje recebi uma lembrança do Facebook dos 7 anos da minha formatura, para mim é muito gratificante poder contar um pouco da minha curta história profissional nesse blog que eu sempre acompanhei, agradeço muito aos professores pelas vivências, aprendizados e puxões de orelhas, sem isso com certeza eu não seria o profissional que sou hoje. Obrigado. 

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