terça-feira, 22 de junho de 2021

Volta ao Mundo em 7 Dias - Notícias de 14/06 a 21/06

  • EUA e Rússia
    Os presidentes Joe Biden e Vladimir Putin se encontraram pela primeira vez nesta quarta-feira (16), em Genebra, onde realizaram uma reunião de portas fechadas por quatro horas e abordaram amplos temas como armamento nuclear, direitos humanos (envolvendo Ucrânia e o caso do ativista russo Alexei Navalny) e ciberataques. Ambos os executivos elogiaram a cordialidade do encontro e consideraram a conversa construtiva, porém deixaram claro que retaliações entre os Estados não estão descartadas se necessário, evidenciando o afastamento ainda existente nas relações entre a Casa Branca e o Kremlin. Apesar disso, foi definido que os diplomatas de ambos os países voltarão para seus postos de trabalho, decisão importante para o aumento da aproximação entre Estados Unidos e Rússia.

  • Oriente Médio
    A semana começou com clima tenso novamente entre Israel e Palestina após novos ataques do Hamas com balões incendiários no território israelense que acarretaram um soar de sirenes na região sul do país. Essa medida palestina foi tomada como resposta à realização de uma marcha de tropas em Jerusalém Oriental, estopim do confronto mais recente entre os Estados menos de um mês atrás, o que foi classificado pelas autoridades palestinas como uma provocação. 
    Dessa forma, Israel retaliou com bombardeios aéreos visando complexos militares e locais de lançamento de foguetes do Hamas na Faixa de Gaza, marcando a inauguração do governo de Naftali Bennett no comando de Israel e evidenciando que o recente cessar-fogo não diminuiu a efervescência das relações entre os países.

Foto: Mohammed Saber / EFE

    No sábado (19), o ultraconservador Ebahim Raisi, chefe do Poder Judiciário iraniano e próximo ao aiatolá Ali Khamenei, confirmou seu favoritismo e com mais de 62% dos votos foi eleito presidente do Irã em uma eleição marcada por descontentamento e abstenções de aproximadamente 49% da população, a maior de todos os tempos para uma eleição presidencial no país.
    É importante lembrar que mais de 600 iranianos se candidataram para concorrer à presidência, porém apenas sete pessoas foram aceitas. Foram afastados da disputa eleitoral importantes nomes para a política iraniana como o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, abrindo caminho para uma eleição tranquila para os ultraconservadores.
    A eleição de Raisi dividiu muitos iranianos nas redes sociais e enfrentou críticas de veículos de imprensa sauditas e israelenses e da chefe da Anistia Internacional, Agnès Callamard, que descreveram o novo mandatário como um violador dos direitos humanos que deveria ser investigado por crimes contra a humanidade por conta de sua atuação como promotor em tribunais conhecidos como "Comissões da Morte" na década de 1980, após a Revolução Iraniana.

  • África
    Kenneth Kaunda, primeiro presidente da Zâmbia independente, faleceu nessa quinta-feira (17) aos 97 anos de idade vítima de pneumonia. Kaunda comandou a independência da chamada Rodésia do Norte, em 1964, de maneira pacífica e sem derramamento de sangue, episódio que aliado à sua política e ativismos não-violentos tornaram o ex-presidente conhecido como “Gandhi africano”. 
    Considerado um verdadeiro ícone africano, Kaunda governou o país por 27 anos e atuou vigorosamente enquanto chefe de Estado em sua política externa, apoiando países africanos que estavam lutando pela sua liberdade e contra o colonialismo, além de buscar mediar conflitos e promover a cooperação entre os Estados na África.


    No estado de Kebbi, no noroeste da Nigéria, homens armados mataram um policial e sequestraram pelo menos 80 alunos, em sua maioria meninas, além de cinco professores de uma escola em Birnin Yauri na quinta-feira (17).
    É o terceiro ataque na região com esse caráter de sequestro, o que acaba ressaltando um problema que parece enraizado na sociedade nigeriana: os criminosos que visam pagamentos por resgates já sequestraram mais de 800 estudantes nigerianos de suas escolas desde dezembro.
  • Peru
    Apesar de todos os votos terem sido computados nessa terça-feira (15), as eleições peruanas ainda não se encerraram por conta de mais um episódio de contestação do resultado final e de recontagem de votos, práticas que estão se tornando cada vez mais evidentes em diferentes regiões e zonas eleitorais do mundo. 
    Segundo os resultados do Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE), o candidato de esquerda Pedro Castillo obteve 50,125% dos votos, enquanto Keiko Fujimori, de direita, atingiu 49,875%, a qual alega fraude eleitoral e entrou com recursos para anular a votação que conteve aproximadamente 44 mil votos de diferença entre os candidatos. Castillo, após o último resultado, declarou sua confiança nos órgãos eleitorais do país e ressaltou que o momento difícil que o país está passando exige maiores esforços para melhorar a união entre os peruanos.

  • Coréia do Norte
    O ditador norte-coreano Kim Jong Un, em importante reunião com líderes do partido, assumiu que o país está enfrentando uma grave crise no abastecimento de alimentos e que a situação alimentar da população está em níveis críticos. O líder atribuiu a escassez à pandemia de coronavírus que elevou substancialmente o preço dos mantimentos e aos tufões e inundações subsequentes que atingiram diversas regiões agrícolas no ano passado. Os moradores norte-coreanos estão presenciando um aumento significativo nos produtos básicos importados, como por exemplo um pacote de café que está custando cerca de 100 dólares a unidade e um quilo de banana aproximadamente 45 dólares.


Referências
AFP. Morre o primeiro presidente da Zâmbia, Kenneth Kaunda. G1. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/06/17/morre-o-primeiro-presidente-da-zam bia-kenneth-kaunda.ghtml>.
BBC. Eleição no Peru: por que mesmo com 100% dos votos apurados, disputa entre Pedro Castillo e Keiko Fujimori segue sem vencedor. BBC News. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-57495466>. 
BBC. Fome na Coreia do Norte: a rara admissão do líder Kim Jong-un sobre 'situação tensa' no país. G1. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/06/17/fome-na-coreia-do-norte-a-rara-adm issao-do-lider-kim-jong-un-sobre-situacao-tensa-no-pais.ghtml>. 
BBC. Quem é Ebrahim Raisi, chefe do Judiciário linha-dura eleito presidente do Irã. BBC News. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-57539204>.
FOLHA. Israel volta a atacar Gaza em resposta a balões incendiários. Folha de S.Paulo. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/06/israel-volta-a-atacar-gaza-em-respos ta-a-baloes-incendiarios.shtml>.
G1. Biden e Putin discutiram sobre armas nucleares, ciberataques e futuro das relações entre EUA e Rússia. G1. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/06/16/biden-e-putin-apos-reuniao-em-gen ebra.ghtml>.REUTERS. Mais de 80 alunos são sequestrados em ataque a escola na Nigéria. CNN BrasilDisponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2021/06/18/mais-de-80-alunos-sao-sequ estrados-em-ataque-a-escola-na-nigeria>.
RFI. Ultraconservador Ebrahim Raisi vence eleições presidenciais no Irã. G1. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/06/19/ultraconservador-ebrahim-raisi-venc e-eleicoes-presidenciais-no-ira.ghtml>.
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domingo, 20 de junho de 2021

Lançamento de Cartilha sobre o Direito dos Venezuelanos marca o Dia Mundial dos Refugiados

Por Cátedra Sérgio Vieira de Mello - UniCuritiba

    A Cátedra Sergio Vieira de Mello do UNICURITIBA lançou - em comemoração ao Dia Mundial do Refugiado que se celebra neste domingo, dia 20 de junho de 2021  - uma cartilha bilíngue sobre o direito de Venezuelanos no Brasil. O material foi produzido em português e espanhol, por alunos voluntários da Cátedra e estudantes do terceiro período de Relações Internacionais, sob a supervisão da professora de Direito Internacional Público e coordenadora da Cátedra, Michele Hastreiter.
    O material contém informações sobre a situação de entrada no Brasil durante a pandemia, possibilidades para os venezuelanos de regularização documental e detalha alguns direitos básicos, dentre outras informações. Para acessar o material, clique aqui.

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segunda-feira, 14 de junho de 2021

Volta ao Mundo em 7 Dias - Notícias de 07/06 a 13/06

  • Israel

    Talvez uma das notícias de maior destaque esta semana tenha sido a queda do governo Netanyahu em Israel. Após 12 anos de comando do cargo de Primeiro Ministro, Netanyahu teve seu reinado posto ao fim por uma nova coalisão liderada pelo líder da ala de direita nacionalista, Naftali Bennet. Para conseguir a renovação de governo, a coalisão precisou abarcar diversas representatividades do país, que vão desde alas de extrema esquerda à alas de extrema direita, além de representantes da população palestina em Israel. A princípio, o foco principal que se espera da nova coalisão é em questões econômicas e sociais. Não obstante, tanto líderes palestinos como o Ministro Palestino de Relações Exteriores acreditam que a nova coalisão em pouco se diferenciará do antigo governo de Netanyahu, e preveem a persecução de pautas da agenda de direita. De fato, o novo primeiro ministro, além de ser líder de um partido ultranacionalista, serviu em cargos no governo Netanyahu e inclusive atuou como Ministro da Defesa. Dentre as pautas defendidas por Bennet, estão a repressão à independência Palestina, suporte à assentamentos ilegais e ocupação de Jerusalém Leste. 


  • Nicarágua
    A América Latina também enfrenta problemas governamentais, desta vez, na Nicarágua. Faltando cinco meses para o início das eleições presidenciais no país, o atual líder do regime, Daniel Ortega, mina seus opositores políticos, até mesmo pré-candidatos, e os detém. Os constantes ataques à opositores capturou a atenção de diversos líderes da comunidade internacional, e representantes dos governos da Espanha e dos Estados Unidos já emitiram comunicados criticando a atual forma de conduta do governante da Nicarágua. Com a mais recente prisão de 5 opositores, dissidentes de movimentos sandinistas, a polícia justificou seus atos afirmando que os detidos são investigados pela prática de atos que atentam contra a independência, a soberania e a autodeterminação, além de incitarem a ingerência estrangeira sobre assuntos internos. As detenções tem fulcro na polemica lei nicaraguense sancionada no ano passado, a “Lei de Defesa dos Direitos do Povo à Independência, Soberania e Autodeterminação para a Paz”, vez que o dispositivo legal autoriza a prisão de pessoas consideradas como “promotores de intervenção estrangeira”. Até o momento, foram detidos 4 pré-candidatos presidenciais. A postura de Ortega constitui-se como mais um precedente de ditatura implícita na América Latina, através da detenção de qualquer que ouse à candidatar-se como opositor aos ideais do governo, em uma escancarada violação democrática. Resta lutar para que o precedente não infiltre ainda mais países na América Latina, em especial a potencia verde e amarela.
  • Japão
    Prestes a receber as Olímpiadas, adiadas desde o ano passado, o Japão decretou estado de emergência em decorrência da pandemia de Covid-19. Apesar de uma queda no número de infecções, os hospitais japoneses ainda encontram-se com taxas de ocupação elevadas, o que levou às medidas restritivas. A previsão de término das restrições é dia 20 de junho, e só então o governo japonês decidirá se o público local poderá assistir aos jogos, já que a entrada de estrangeiros já havia sido previamente barrada. Em mais tentativas de melhorar a experiência com as Olimpíadas, o governo do Japão realizou tentativas de acelerar seu programa de vacinação, num esforço de obter a presença do público local. Novamente, a população japonesa e os profissionais de saúde expressou seu descontento com a situação, já que as taxas de contágio no país ainda encontram-se altas. Soma-se à este cenário a campanha de vacinação do Japão, que até o momento é considerada insatisfatória, já que até o momento das Olímpiadas, somente pessoas até 65 anos terão recebido as duas doses da vacina.
  • Myanmar
    Myanmar ainda passa pelos efeitos do golpe militar ocorrido no início deste ano. Teve início nesta segunda feira (14/06) o julgamento da antiga líder, legitimamente eleita, Aung San Suu Kyi. Apesar de ser formalmente acusada de possuir walkie-talkies para comunicação ilegais e violar restrições contra Covid, o foco do julgamento será as acusações de corrupção e quebra de segredos oficiais. O julgamento vem sendo visto de forma geral como uma forma manipulativa para que a representante política fique impedida de concorrer a eventuais futuras eleições. Desde o dia 1 de fevereiro, início do golpe de Estado no país, a líder política vem sendo mantida em prisão domiciliar. Além dos julgamentos antidemocráticos, as escolas de Myanmar vem sendo alvos do regime militar. Aproximadamente 103 escolas e instalações de educação foram atacadas em maio por operações em que utilizaram-se dispositivos explosivos e granadas. O movimento Save the Children foi o responsável por dar início às apurações de denúncias dos ataques em escolas e busca provas formais acerca dos responsáveis, apesar de fortes indícios levarem ao atual regime. Muitas das escolas ainda atuando no país tiveram de enfrentar baixas de frequência de seus alunos, já que a presença constante de militares em parâmetros escolares intimida e assusta os alunos.

  • G7
    Ocorreu nesta última semana a reunião do G7 global, as sete nações mais ricas do mundo. A reunião teve como anfitrião o Primeiro Ministro britânico, Boris Johnson e contou com diversos anúncios considerados polêmicos- no bom e no mau sentido. O foco principal da reunião foi assegurar que o G7 poderia equivaler-se ao poder de ascensão chinês e minar a influencia da China na política e comércio internacional. Ademais, os “deuses do Olimpo” internacionais publicamente comprometeram-se à doar 1 bilhão de doses de vacina contra o coronavírus à nações em desenvolvimento, dentre as quais, 500 milhões de dose seriam fornecidas pela farmacêutica Pfizer. A promessa foi feita para ultrapassar a influencia geopolítica iniciada pela China, que já realizou o envio de mais de 260 milhões de doses à outras nações. Compromissos comerciais também foram firmados, e incluem o estabelecimento de uma taxa mínima global de 15% de impostos, para evitar que as grandes empresas envolvam-se em uma corrida desregulamentadora de impostos (race to the tax-burden bottom). Por fim, foram estabelecidos pactos de realização de uma Reunião para discutir as mudanças climáticas e objetivos de redução de emissão de gases de efeito estufa (principalmente, redução do uso de carvão). A China veementemente condenou as declarações conjuntas emitidas pelos líderes do G7 e alegou que diversas informações anunciadas ao público foram distorcidas. A declaração chinesa enfatizou que os problemas internos do país não devem ser objeto de intervenções internacionais e que a reputação chinesa não poderia ser posta em xeque como fora. 

  • América Central
    Os efeitos da pandemia nas mulheres continuam fortes e presentes. Mais que isso, eles não se concentram somente em um país, mas atinge proporções globais. O jornal norte-americano The Washington Post fez uma matéria expondo e denunciando as migrações forçadas de mulheres da América Central para os Estados Unidos. O motivo? A fuga da violência doméstica intensificada com a pandemia. Mas estas mulheres ainda precisam enfrentar problemas quando chegam à fronteira com os Estados Unidos, já que muitas vezes encontram-se em um limbo jurídico e precisam recorrer à abrigos de imigrantes. Por conta da alta extrema nas migrações motivadas por fugas de violência doméstica, grupos de ativista e Direitos Humanos vem formando coalizões nos Estados Unidos, para tornar possível que diversas mulheres entrem legalmente no país. 

Referências

WHO’S who in Israel’s new patchwork coalition government. AlJazeera. 14 jun 2021. Disponível em: https://www.aljazeera.com/news/2021/6/14/whos-who-in-israels-new-patchwork-coalition-government.

WHAT will change under Israel’s new government? Take a look at what to expect. Financial Express. 11 jun 2021. Disponível em: https://www.financialexpress.com/world-news/what-will-change-under-israels-new-government-take-a-look-at-what-to-expect/2269540/.

COVID-19: Japan extends state of emergency just before Olympics. BBC News. Disponível em: https://www.bbc.com/news/world-asia-57277344.

ANATOMY of Japan’s joyless Olympics: A hyper-cautious bureaucracy and slow vaccine rollout. The Washington Post. 12 jun 2021. Disponível em: https://www.washingtonpost.com/world/asia_pacific/japan-olympics-pandemic-vaccines/2021/06/10/97bdbbda-c84f-11eb-8708-64991f2acf28_story.html.

AUNG San Suu Kyi: Trial of ousted Myanmar leader begins. BBC News. 14 jun 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/news/world-asia-57449884.

SCHOOLS occupied, attacked amid turmoil of post-coup Myanmar. AlJazeera. 14 jun 2021. Disponível em: https://www.aljazeera.com/news/2021/6/14/schools-occupied-attacked-amid-turmoil-of-post-coup-myanmar.

NICARÁGUA detém mais 5 opositores ao regime de Daniel Ortega. G1. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/06/14/nicaragua-detem-mais-5-opositores-ao-regime-de-daniel-ortega.ghtml.

ORTEGA desata uma feroz persecución política em Nicaragua para mantenerse en el poder. El País. 13 jun 2021. Disponível em: https://elpais.com/internacional/2021-06-13/ortega-se-aferra-a-la-represion-y-la-persecucion-politica-en-nicaragua.html.

CAMERAS off: G7 Summit heralds the returno of in-person diplomacy. The New York Times. 11 jun 2021. Disponível em: https://www.nytimes.com/2021/06/11/world/europe/G7-summit-biden-diplomacy.html.

WHAT is the G7 and what power does it hold? Paul LeBlanc. CNN Politics. 11 jun 2021. Disponível em: https://edition.cnn.com/2021/06/11/politics/g7-summit-explainer/index.html.

CHINA denounces G7 statemente, says US has ‘sinister intentions’. AlJazeera. Disponível em: https://www.aljazeera.com/news/2021/6/14/china-denounces-g7-statement-says-us-has-sinister-intentions.

CENTRAL American womem fleeing domestic violence face uphill battle to gain asylum in US. Paulina Villegas. The Washington Post. 13 jun 2021. Disponível em: https://www.washingtonpost.com/nation/2021/06/13/central-america-women-domestic-violence/.

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quinta-feira, 10 de junho de 2021

Copa América no Brasil é mata-mata


    Há 50 anos a Confederação Brasileira de Desportos (atual CBF) anunciava a criação do Campeonato Nacional de Clubes, o popular Brasileirão. Não é como se antes, nos áureos anos 50 e 60 do futebol brasileiro, não houvesse time campeão nacional. Na prática, e numa explicação bastante simplória, em 1971 unificou-se as competições do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o “Robertão”, e da Taça de Prata.
    A seleção canarinha acabara de ser tricampeã mundial no México. Enquanto o capitão Carlos Alberto Torres levantava a Jules Rimet no Estádio Azteca, o General Médici redigia o Plano de Integração Nacional em Brasília. O Decreto-Lei do regime militar cunhou o lema “integrar para não entregar”, em referência ao plano de ocupação e colonização dos estados do centro-oeste da e Amazônia. O principal vetor desta integração proposta pela ditadura era a construção da Rodovia Transamazônica. Remota, inóspita, destrutiva e inacabada, os mais de quatro mil quilômetros da BR-230 não lograram os objetivos do presidente, que viu nas quatro linhas do estádio um aglutinador nacional mais relevante que as retas da estrada. 
    Médici, além de ditador, foi um interventor atuante no futebol brasileiro. Quando assumiu a presidência em 1969, o treinador da seleção brasileira era o famoso comunista João Saldanha. Demitido menos de 2 meses antes da vitoriosa Copa de 70, Saldanha denunciou perseguição política e até interferência da ditadura nas convocações e escalações do escrete brasileiro. Boicotado e cobrado pela escalação de Dadá Maravilha, o técnico professou uma das frases mais icônicas do nosso futebol: “Quando Médici formou o Ministério não me pediu opinião. Por isso não quero a opinião dele para formar o meu time”.
    O esquadrão de 70 foi recebido com pompa no Planalto. Mas contar com uma vitória nacional a cada Mundial, de quatro em quatro anos, não era instrumento suficiente para a Ditadura.
    Com a unificação do Campeonato Brasileiro, federações de estados pouco relevantes para o futebol ganharam espaço na competição, cada vez mais inchada. À época, virou ditado popular dizer que “onde a Arena vai mal, mais um time no nacional”, em referência a popularidade do partido do regime militar. 
    O atual presidente Jair Bolsonaro, seguindo a linha de 1964, consegue se apropriar razoavelmente bem do futebol. É desafiador achar uma camisa de qualquer clube que Bolsonaro ainda não tenha fardado. Tem preferências óbvias por times de massa recentemente vencedores, como Flamengo e Palmeiras – aparecendo inclusive em cerimônias de títulos –, mas não se envergonha em virar a casaca como quem troca de cueca. 
    Não podendo aparecer no Estádio Nacional Mané Garrincha vestido de azul num domingo e de amarelo no outro devido à pandemia, Bolsonaro viu na Copa América um subterfúgio. Na falta de um Plano Nacional de Imunização, o presidente tenta ressuscitar um Plano de Integração Nacional vetorizado pelas camisas amarelas da seleção.
    A Colômbia desistiu de sediar a já marcada Copa América em seu território por enfrentar uma crise política e social. Já a Argentina, que também receberia metade dos jogos, se recusou a receber as delegações devido ao avanço da pandemia no país. A Confederação Sul-americana de Futebol, depois das negativas de Chile e Estados Unidos, decidiu, portanto, levar a competição para um país que atravessa as três crises - política, social e sanitária - ao mesmo tempo.
    O presidente da CBF Rogério Caboclo viu no aceite à CONMEBOL e no bom trânsito com o governo federal uma moeda de troca para aliviar suas possíveis condenações na justiça desportiva. Não adiantou. Afastado por denúncias de assédio moral e sexual, a saída de Caboclo amenizou o clima de boicote a Copa América que pairava sobre os jogadores e a comissão técnica brasileiros. Davam a entender – muito nas entrelinhas – que estavam insatisfeitos com a realização de última hora da competição num país que sofre mais de milhar de vidas perdidas pela covid-19 diariamente.
    Como Saldanha por Médici, a cabeça do técnico Tite chegou a ser oferecida por Caboclo a pedido de Bolsonaro caso a amarelinha não entrasse em campo. O Zagallo, substituto da vez, seria o bolsonarista Renato Gaúcho.
    Instaurou-se uma aura de motim, rebelião. Enfim o futebol, tão maltratado e mal interpretado como ópio do povo, daria um recado firme aos poderosos e aos donos do dinheiro. Os que sentem falta de abraçar um desconhecido na arquibancada na hora do gol quase comemoraram o oposto: não teria jogo nenhum. Nos acréscimos do segundo tempo, gol de mão de Bolsonaro impedido. Na cabine VAR, a regra é clara: as instituições brasileiras estão funcionando.
    Os grandes clubes brasileiros, de uns 5 anos pra cá, são altivos em campanhas contra o racismo, o machismo, a misoginia e a homofobia quando convém nas mídias sociais. Mas na semana em que são revelados áudios canalhas do presidente da instituição mãe do futebol brasileiro abusando de uma funcionária, não há sequer um asterisco numa nota de repúdio de qualquer time. Os jogadores da seleção, que pareciam tão preocupados com a saúde do brasileiro, mais se importam com as próprias férias e com a pré-temporada no calendário europeu do esporte.
    Essa será a quarta Copa América em seis anos. Necessidade esportiva não há. Mas é relevantíssima se observada pela ótica da geopolítica. Sem Donald Trump nos EUA e com Benjamin Netanyahu na corda bamba em Israel, a política externa brasileira se vê cada vez mais isolada. Fujimori perdeu para a esquerda no Peru e o Chile vai superando a constituição de Pinochet. Prova de sua fraqueza no continente é a discreta visita de Bolsonaro – surpreendentemente mascarado - à posse do presidente equatoriano Guillermo Lasso.
    O esforço de sediar às pressas uma fúnebre Copa América em estádios que há meses serviam de hospital de campanha é uma costura política. Demonstrar clima de hospitalidade e normalidade no país sul-americano mais afetado pela pandemia. E, considerando o histórico da relação entre futebol e política no Brasil, de fato, está tudo normal.
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terça-feira, 8 de junho de 2021

Volta ao Mundo em 7 Dias - Notícias de 31/05 a 06/06

  • EUA
    No anúncio feito na última quinta-feira (3), os Estados Unidos da América apresentaram uma lista com aproximadamente 40 nações, incluindo o Brasil, que receberão doações de vacinas. Até o final de julho serão distribuídas 80 milhões de doses de vacinas Pfizer, Johnson & Johnson, Moderna e AstraZeneca. 
    O primeiro lote entregará 25 milhões de doses, dessas, 19 milhões serão gerenciadas pela aliança Covax da Organização Mundial da Saúde (OMS) e destinadas para a América do Sul e Central (6 milhões); Ásia (7 milhões); e África (5 milhões). 
    As outras 6 milhões de doses do primeiro lote serão distribuídas entre o México, Canadá e a Coreia do Sul, parceiros regionais dos americanos, juntamente de regiões com situações graves da doença, como a Cisjordânia, Gaza, Ucrânia, Kosovo, Haiti, Geórgia, Egito, Jordânia, Iraque e Iêmen. Os trabalhadores da linha de frente das Nações Unidas também receberão parte do primeiro lote.
    Os EUA estão avançados no processo de vacinação de sua população, com isso, o presidente Joe Biden tem sido pressionado pela OMS e por diversas nações para compartilhar da tecnologia imunizante estocada pelos americanos.

Reprodução: Getty Images. 

  • Japão
Com menos de 50 dias para a abertura dos Jogos Olímpicos, o diretor-geral da Tóquio-2020, Toshiro Muto, informou que cerca de 12,5% (10 mil de 80 mil) dos voluntários previstos para a olimpíada desistiram de trabalhar no evento nos últimos meses. 
    Segundo Toshiro Muto, os motivos que envolvem a desistência dos voluntários incluem preocupações com o coronavírus, mudança do calendário, já que os Jogos foram adiados por um ano, e protestos contra comentários sexistas de Yoshiro Mori, ex-presidente do evento, que após renunciar foi substituído por Seiko Hashimoto. 
    O governo japonês tem sofrido grande oposição da população em relação à realização dos Jogos, de acordo com pesquisas realizadas no país, aproximadamente 80% dos japoneses não concordam ou não acham ideal a realização do evento. 
    Os Jogos Olímpicos, recebidos pelo Brasil em 2016, estão previstas para 23 de julho a 8 de agosto de 2021. O Japão, país reconhecido por sua organização e funcionalidade, vive uma fase crítica na luta contra o Covid-19 em meio às preparações para receber a Olimpíada. 

Reprodução: B9. 

  • China
    Na segunda-feira (31), a China divulgou que uma atualização na lei do “filho-único” agora permitirá até três filhos por casal. A mudança, ainda sem data de início, reflete as quedas nas taxas anuais de natalidade na China, os dados indicam baixa desde 2017. Segundo o noticiário Xinhua, a decisão foi aprovada em meio à uma reunião com o presidente Xi Jinping. 
    A famosa regra do filho único tem origem na década de 1970, quando a China adotou a restrição de uma criança por casal visando controlar a alta taxa de natalidade do país na época. Contudo, em 2016, o governo chinês alterou essa política, permitindo aos casais terem dois filhos. A decisão não foi eficaz para elevar de maneira expressiva os índices de nascimentos. 
    Nos últimos anos, a população chinesa teve o menor crescimento em décadas. Logo o país deve ser superado pela Índia em número de habitantes. A China prevê que em 2027 a Índia deverá se tornar o país mais populoso do mundo, justo quando curva de crescimento populacional chinesa atingirá o pico. 

Reprodução: BBC. 

  • América do Sul
    Na segunda-feira (31) a Conmebol, federação Sul-Americana de Futebol, divulgou que a Copa América de 2021 será no Brasil, a competição reúne seleções de 10 países da América do Sul e tem início no dia 13 de junho. 
    O Brasil receberá o evento devido à desistência da Argentina e Colômbia, que seriam as sedes originais do torneio. A Argentina alega preocupação com os números de casos da Covid-19, segundo o presidente Alberto Fernández, o país vive o pior momento da pandemia. A desistência argentina também foi influenciada por pressão das críticas internas, a população e líderes políticos foram contra a realização da competição em seu território. 
    A Colômbia recusou a proposta da Conmebol, pois além de sofrer com altos índices do Coronavírus também vem lidando com protestos da população contra o presidente Iván Duque Márquez, as manifestações já resultaram em mais de 60 mortos (até 06/06) em confrontos com a polícia. 
    A América do Sul é uma das regiões mais afetadas com o avanço da pandemia, e possui os maiores índices de mortes proporcionais por Covid-19 do mundo desde março. O presidente Jair Bolsonaro confirmou que o Brasil será sede da Copa América 2021, o país vive mais uma onda de Covid-19, contabilizando 473.495 mortes e 16.946.100 no total de casos. 

Reprodução: AFP. 


Referências
EUA incluem Brasil em lista de países que vão receber doação de vacina. G1. 03 jun. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noticia/2021/06/03/eua-incluem-brasil-em -lista-de-paises-que-vao-receber-doacao-de-vacina.ghtml.
DEZ mil voluntários desistem de trabalhar nos Jogos Olímpicos de Tóquio. G1. 03 jun. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/06/03/dez-mil-voluntarios-desistem-de -trabalhar-nos-jogos-olimpicos-de-toquio.ghtml.
JAPÃO vive situação crítica da pandemia do coronavírus. G1. 03 fev. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/02/03/japao-vive-situacao-critica-da-p andemia-do-coronavirus.ghtml.
CHINA diz que vai permitir que cada casal tenha até três filhos. G1. 03 jun. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/05/31/china-diz-que-vai-permitir-que-c ada-casal-tenha-ate-tres-filhos.ghtml.
IMPRENSA internacional repercute mudança de sede da Copa América para o Brasil. G1. 31 maio 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/05/31/imprensa-internacional-repercut e-mudanca-de-sede-da-copa-america-para-o-brasil.ghtml. 
COPA América: os argumentos da Argentina para recusar a competição no país. G1. 31 maio 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/05/31/copa-america-os-argumentos-d a-argentina-para-recusar-a-competicao-no-pais.ghtml.
BRASIL registra média móvel de 1.629 mortes por Covid na última semana; total passa de 473,4 mil. G1. 06 jun. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2021/06/06/brasil-registra-me dia-movel-de-1629-mortes-por-covid-na-ultima-semana-total-passa-de-4734-mil.ghtml.
APÓS mais de 60 mortos em protestos, Colômbia anuncia modernização da polícia. Folha de S.Paulo. 06 jun. 2021. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/06/apos-mais-de-60-mortos-em-prot estos-colombia-anuncia-modernizacao-da-policia.shtml. 
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