segunda-feira, 31 de maio de 2021

Volta ao Mundo em 7 Dias - 24/05 a 30/05

  • Peru
    Dias antes do segundo turno da eleição presidencial entre Pedro Castillo e Keiko Fujimori, que ocorrerá em 06 de Junho, o Peru sofreu um ataque armado, atribuído ao grupo guerrilheiro Sendero Luminoso, que deixou 14 pessoas mortas na noite de domingo (23).
    As 14 pessoas foram assassinadas em um bar no centro do País na região do Vale dos Rios Apurímac, Ene e Mantaro (Vraem), onde há focos de operação do Sendero Luminoso. Junto aos corpos foram encontrados panfletos do grupo guerrilheiro incentivando o boicote às eleições presidenciais. O atual presidente Francisco Sagasti publicamente condenou as mortes e ordenou a mobilização da polícia Peruana e das forças armadas na região para que a ação terrorista não fique impune.

  • Malí
    Nesta segunda-feira (24) no Mali, o presidente Bah Ndaw e o primeiro-ministro Moctar Ouaneque, que lideravam um governo de transição encarregado de neutralizar a ameaça de sanções internacionais e devolver o poder aos civis em 2022, foram detidos por militares Malineses e levados para um acampamento militar fora da capital.
    Na sexta-feira (28), o coronel Assimi Goïta, vice-presidente da transição, assumiu a presidência após a segunda deposição em um período de 9 meses. A Corte Constitucional chegou a esta decisão após o “Vácuo na presidência” devido a deposição de Bah Ndaw, que foi apresentada como demissão mesmo sem provas de voluntariedade. Em 2020, Goïta e outros coronéis haviam deposto também o então presidente eleito Ibrahim Boubacar Keita.

Coronel Assimi Goita, atual presidente interino de Malí
  • Equador
    No Equador, Guillermo Lasso, ex-banqueiro de centro-direita, derrotou nas urnas o candidato apoiado pelo Correismo Andrés Arauz, e nesta segunda-feira (24) foi empossado como presidente em Quito. Lasso em seu discurso de posse criticou a corrupção no país e também citou a desigualdade de gênero, meio ambiente e a pandemia. O presidente eleito tem grandes desafios pela frente, como a crise econômica e os efeitos da pandemia da covid-19 no País. Vale destacar a presença do presidente brasileiro Jair Bolsonaro na posse de Guillermo, em sua primeira viagem internacional desde março de 2020.

  • Alemanha
    Nesta sexta-feira (28), a Alemanha reconheceu oficialmente o genocídio praticado na Namíbia durante a era colonial. A Namíbia foi ocupada pelos Alemães entre 1884 a 1915, e o genocídio ocorreu entre 1904 e 1908, período em que milhares de nativos do povo Herero e Namaqua foram sujeitos à exploração sexual, trabalho forçado, experimentos médicos, fome, doenças e assassinados por colonizadores alemães.
    Foi anunciada pelo governo alemão uma ajuda financeira de 1.1 bilhão de euros, que deverão ser pagos durante um período de 30 anos e destinados à infraestrutura e saúde nas comunidades afetadas. De acordo com o porta-voz do presidente da Namíbia, Alfredo Hengari, o reconhecimento é um primeiro passo na “direção correta”.

Foto: Divulgação/Arquivos nacionais da Namíbia / AFP
  • Síria
    Na quarta-feira (26), houve a divulgação dos resultados da eleição presidencialista na Síria, e com 95.1% dos votos Bashar Al-Assad firmou sua reeleição vencendo os concorrentes Abdallah Saloum Abdallah, ex-vice-ministro de gabinete, e Mahmoud Ahmed Marei, chefe de um pequeno partido de oposição. 
    A eleição foi boicotada pelas forças lideradas pelos curdos e considerada ilegítima por Estados ocidentais como França, EUA, Alemanha, Itália e Grã-Bretanha e também por opositores como a Turquia. A votação ocorreu apesar do projeto de paz das Nações Unidas no Estado, que exigia votações sob supervisão internacional em busca de abrir caminhos para uma nova constituição e um acordo político.
    Bashar Al-Assad segue para seu 4° mandato, após substituir seu pai Hafez em 2000. O governo de Assad, em defesa das eleições, afirma que é um sinal de bom funcionamento do País apesar do conflito que durou uma década e matou centenas de milhares de pessoas.


Referências
“Na reta final das eleições para presidente, Peru prolonga estado de emergência”. G1, https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/05/27/na-reta-final-das-eleicoes-para-presidente-peru-prolonga-estado-de-emergencia.ghtml. Acessado 30 de maio de 2021. 
“Ataque armado a bares no Peru deixa mortos; Forças Armadas atribuem autoria à guerrilha Sendero Luminoso”. G1, https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/05/24/ataque-armado-a-bares-no-peru-deixa-mortos-forcas-armadas-atribuem-autoria-a-guerrilha-sendero-luminoso.ghtml. Acessado 30 de maio de 2021.
“Militares detêm presidente e primeiro-ministro de transição no Mali”. G1, https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/05/24/militares-detem-presidente-e-primeiro-ministro-de-transicao-no-mali.ghtml. Acessado 30 de maio de 2021.
“Coronel assume presidência do Mali após dois golpes em nove meses”. G1, https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/05/28/coronel-assume-presidencia-do-mali-apos-dois-golpes-em-nove-meses.ghtml. Acessado 30 de maio de 2021.
“Guillermo Lasso toma posse como novo presidente do Equador; saiba quem é e quais desafios herda”. G1, https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/05/24/guillermo-lasso-novo-presidente-do-equador-toma-posse-saiba-quem-e-e-quais-desafios-herdara.ghtml. Acessado 30 de maio de 2021.
“Germany Officially Recognises Colonial-Era Namibia Genocide”. BBC News, 28 de maio de 2021. www.bbc.com, https://www.bbc.com/news/world-europe-57279008. 
“Bashar Al-Assad é reeleito presidente da Síria com 95% dos votos; eleições foram marcadas por boicotes”. G1, https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/05/27/bashar-al-assad-e-reeleito-presidente-da-siria-para-um-4o-mandato-eleicoes-foram-marcadas-por-boicotes.ghtml. Acessado 30 de maio de 2021.
“Síria: Bashar al-Assad é reeleito para o seu quarto mandato com 95,1% dos votos”. CNN Brasil, https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2021/05/28/bashar-al-assad-e-reeleito-pa ra-quarto-mandato-na-siria. Acessado 30 de maio de 2021. 



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quinta-feira, 27 de maio de 2021

Me Indica um Filme: A Incrível História da Ilha das Rosas


    A máxima “O Estado sou eu” de Henrique VIII nunca foi tão verdadeira em tempos modernos quanto na criação da chamada Ilha das Rosas, na década de 60, pelo engenheiro italiano Giorgio Rosa. O filme “A incrível história da Ilha das Rosas” retrata justamente a história do engenheiro e sua empreitada para construir seu próprio país.
    Seguindo sua ambição de obter maiores liberdades e se ver livre das regras do Estado italiano, Giorgio, juntamente com outro colega engenheiro, inicia a construção de uma espécie de uma ilha – em realidade, uma plataforma. De modo a de fato constituir uma nação independente, a construção foi realizada há alguns metros do mar territorial da Itália, já em águas internacionais.
    Assim, com a construção de seu Estado finalizada, Giorgio começa a receber os primeiros moradores do país, um apátrida e um naufrago, que juntamente à ele próprio, seu colega engenheiro e uma jovem italiana, constituem a população do país. Não só isso, o quinteto divide entre eles as atribuições de cargos estatais, como por exemplo, Ministérios de Turismo e Economia. Não surpreendentemente, Giorgio assume a Chefia do Executivo, tornando-se o Presidente da Ilha das Rosas.
    Mas a Ilha não cumpriu exclusivamente ao propósito de servir de residência à seus ilustres moradores. Figurando como destino e local inusitado, logo o país começou a receber visitantes e a arrecadar lucros com o turismo. Por se tratar, a princípio, de uma nação independente, a Ilha recebia seus lucros sem realizar o pagamento de impostos a qualquer governo. Da mesma forma, a inexistência de leis e burocracia foi fator de atração para que diversas pessoas ingressassem com pedidos formais de cidadania. O crescimento do país e os constantes atritos com a Itália, sua vizinha de fronteira marítima, fez com que o novo Presidente, Giorgio, buscasse o reconhecimento oficial da ONU.
    Em suma, o que Giorgio buscava era a criação de um país que seguisse seus moldes. Levando em consideração os requisitos básicos para a constituição de um Estado -povo, território e governo-, há de se afirmar que, de fato, a Ilha das Rosas deveria ser enquadrada como nação soberana. Afinal, a Ilha contava com povo, mesmo que formado por 5 pessoas, território e com o governo do engenheiro que a construiu. Para além, até mesmo foram emitidos passaportes, criado um hino nacional e estabelecido um idioma oficial, o esperanto.
    Não obstante, estes fatores não foram suficientes para que a Ilha fosse reconhecida por outros países como Estado soberano, já que haviam quesitos políticos e diplomáticos intrínsecos a este reconhecimento. Além da existência de um Estado -com o devido cumprimento dos requisitos formais- não constituir automaticamente seu reconhecimento pela comunidade internacional, no caso específico da Ilha das Rosas, o reconhecimento como nação implicaria a abertura de precedente jurídico internacional para que outras pessoas seguissem o exemplo de Giorgio. Assim, fosse permitida a existência de um Estado da Ilha das Rosas, estariam sendo permitidas explorações e usos das águas internacionais para criação de Estados com o objetivo de ignorar leis nacionais. Mais que isso, seria certa a instauração de diversos conflitos diplomáticos entre as nações.
    De fato, a ambição de Giorgio, embora visionária à época, suscita diversas questões ainda não pacificadas em matéria de Direito Internacional e o filme é claro ao mostrar os problemas que existiram, e os que ainda poderiam advir, com a construção da Ilha. Contudo, vale destacar que muito embora seja baseado majoritariamente em eventos verídicos, a liberdade criativa cinemática romantizou muitos dos detalhes intrínsecos ao desenvolvimento do projeto de Rosa. A construção da estrutura da Ilha, por exemplo, diferentemente do que se retrata, demorou 10 anos para ser totalmente construída. Além disso, não tardou para que o eminente fim da “nova” nação fosse alcançado, já que foi durante o processo de construção que tiveram início os conflitos com a Itália.
    A história de Giorgio Rosa e seu projeto de Estado ilustram muito bem a importância de normas consolidadas de Direito Internacional que evitem disrupturas jurisprudenciais e entre as nações, além de destacar a necessidade de parâmetros jurídicos para a definição de um Estado.

Referências
Filme – A Incrível História da Ilha das Rosas
SOUZA, Jorge. O que há de real na história do homem que construiu uma ilha e virou filme. Histórias do Mar. 19 dez. 2020. Disponível em: < https://historiasdomar.blogosfera.uol.com.br/2020/12/19/o-que-ha-de-real-na-historia-do-homem-que-construiu-uma-ilha-e-virou-filme/



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quarta-feira, 26 de maio de 2021

O Unicuritiba agora faz parte da Cátedra Sérgio Vieira de Melo!

Por Maria Eduarda Bortoni*

    O Núcleo de Migrações está de cara nova!
    Nesta quarta-feira (26/05), o Unicuritiba firmou um acordo de cooperaçãocom o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) para a implementação da Cátedra  Sérgio Vieira de Mello (CSVM). O acordo visa promover atividades de ensino, pesquisa e extensão acadêmica sobre assuntos relacionados ao refúgio. 
    A CSVM surgiu em 2003 como forma de homenagear o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, que durante 34 anos representou o país e integrou o ACNUR. Sérgio realizou diversas missões de repatriamento e operações de paz, tornando-se um símbolo internacional no âmbito das relações diplomáticas. Foi o primeiro brasileiro a atingir o alto escalão da ONU e era cotado para ser substituto de Kofi Annan, Secretário Geral das Nações Unidas na época. Em 2003, teve sua carreira e vida interrompidas pelo fatídico atentado a bomba à sede da ONU em Bagdá, capital do Iraque, local em que atuava como Representante Especial do Secretário Geral das Nações Unidas. A organização terrorista Al Qaeda assumiu autoria do ataque e afirmou que o alvo do mesmo era o diplomata.
    Desde seu início até a presente data, no Brasil existem 27 universidades que integram a iniciativa de difundir o ensino universitário sobre temas relacionados ao refúgio, e a partir de hoje, o Unicuritiba se torna a 28a instituição. Mas muito mais do que apenas promover a formação sobre o tema, a Cátedra também prioriza o trabalho direto com os refugiados em projetos comunitários, como por exemplo o programa de aulas de português para imigrantes e refugiados, que vem sendo realizado desde Julho de 2019. A cada semestre que passa, a equipe do núcleo vem se superando nos desafios frente à pandemia, que inicialmente inviabilizou os atendimentos presenciais, mas possibilitou a criação de 2 cartilhas sobre os direitos do imigrantes e refugiados durante a pandemia do covid 19 e a criação de aulas online gratuitas que já atenderam quase 150 pessoas.
    O Internacionalize-se conversou com a professora Michele Hastreiter, idealizadora e coordenadora do projeto, que nos contou um pouco sobre a parceria com o ACNUR. “A Cátedra Sérgio Vieira de Mello é um sonho antigo para todos no Curso de Relações Internacionais. Era algo que nos parecia muito distante. Quando começamos nossas ações com o Núcleo de Migrações, no Laboratório de Relações Internacionais, iniciamos um verdadeiro trabalho de formiguinha, com um grupo muito unido, persistente e comprometido. Tivemos algumas dificuldades, especialmente com a pandemia, que demandou uma reorganização completa de nossas atividades. Mesmo assim, o grupo se manteve unido e só cresceu. Receber a Cátedra é um reconhecimento para todos que participaram do Núcleo, mostra como conseguimos fazer a diferença trabalhando juntos com seriedade e dedicação. Agora, o Núcleo entra em uma nova fase e a visibilidade que a Cátedra poderá trazer às nossas ações só aumenta a responsabilidade e nossa vontade de continuar fazendo um trabalho sério e dedicado na instituição, para contribuir com o que estiver ao nosso alcance para melhorar a vida dos imigrantes e refugiados no Brasil.”
    A comunidade acadêmica do Unicuritiba tem muito do que se orgulhar dessa conquista, além de ser uma oportunidade de aprender na prática, o projeto coloca o curso de Relações Internacionais da instituição como um dos pólos de atuação de uma importante organização internacional, a ONU, levando sempre em frente o lema “um novo espaço, para um novo mundo” do LABRI.

Referências
CÁTEDRA Sérgio Vieira de Mello. ACNUR Brasil. Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/catedra-sergio-vieira-de-mello/.
SÉRGIO Vieira de Mello. ebiografias. Disponível em: https://www.ebiografia.com/sergio_vieira_mello/. 

*Maria Eduarda Bortoni é acadêmica do curso de Relações Internacionais e integrante do Núcleo de Migrações - Cátedra Sérgio Vieria de Mello. 

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terça-feira, 25 de maio de 2021

A contínua segregação racial na África do Sul

Na placa: A nação preta e branca; A fala: ...então um dia tudo voltou ao que era antes e percebemos que a nação arco-íris era apenas uma ilusão temporária.

    No dia 10 de maio de 1994, tomava posse democraticamente na República da África do Sul o advogado Nelson Mandela, renomado e aclamado por ser o principal ativista africano pelos direitos da população negra durante o apartheid, sistema segregacionista no qual uma minoria branca europeia decidia onde e como os habitantes negros nativos poderiam viver. Esse regime de raízes coloniais acabou perdurando por 43 anos no país, dos quais 27 Mandela passou atrás das grades.
    Primeiro presidente negro a assumir a presidência de sua nação e vencedor do Nobel da Paz, Mandela atrelou sua imagem a um símbolo de resistência por todo o mundo graças à sua luta pela igualdade racial e liberdade no continente africano.
    O discurso revigorado do novo presidente buscava assegurar a igualdade de direitos àqueles que eram desfavorecidos, através de um planejamento urbano pensado para garantir melhores oportunidades para seus habitantes, o que angariou diversos votantes nativos que se sentiram representados e motivados a lutar contra as desigualdades na época.
    Contudo, é importante questionar se o cenário do país foi alterado e melhorou as condições de vida dos sul-africanos, principalmente a população negra. Como está a Nação Arco-Íris hoje, pós-Mandela?
    As tentativas do ex-presidente de garantir uma maior igualdade entre a população revelaram problemas estruturais profundos que estão ancorados historicamente no período colonial, quando os britânicos passaram a explorar diamantes e outros minerais no norte da região por volta de 1870.
    A nova descoberta tornou a África do Sul uma das principais e mais rentáveis colônias para os britânicos na época, que iniciaram construções de longas ferrovias que se espalharam pelo território sul-africano, cortando a região de norte a sul para cidades portuárias como a Cidade do Cabo com o objetivo de escoar a produção.
    Dessa forma, a concentração de riquezas começou a se manifestar progressivamente em torno das ferrovias, que se tornaram polos econômicos e comerciais localizados em áreas majoritariamente brancas, totalmente afastadas dos locais onde habitava a maioria da população negra da colônia.
    Para consolidar o ordenamento do território da maneira como estava encaminhado, o governo colonial instaurou a Lei de Terras Nativas em 1913, mantendo o povo nativo negro que constituía dois terços da população em regiões longe dos polos econômicos que correspondiam a apenas 8% do território do país.
    Além disso, as novas normas restringiam a maioria negra de adquirir porções de terra em qualquer outro local, forçando migrações para os arredores das grandes cidades que se desenvolviam cada vez mais.
    A partir do ano de 1949, o governo inteiramente branco minoritário aprovou 148 leis que solidificaram ainda mais a segregação racial no país como a Lei de Registro da População de 1950, que dividiu e designou a população em diferentes grupos, entre eles brancos, negros (nativos) e pessoas “de cor”, como indianos e asiáticos.
    Além disso, determinaram que os nativos deveriam morar em regiões denominadas Bantustões, áreas rurais subdesenvolvidas que se assemelhavam às terras nativas instituídas em 1913.
    Com a extinção do apartheid décadas depois, somente no ano de 1994, o Congresso Nacional Africano, partido de Mandela que governa o país desde então, construiu diversos assentamentos para os sul-africanos negros que migraram para as grandes cidades em altos contingentes em busca de melhores condições de vida.
    Esse cenário acabou concentrando muitos habitantes em regiões periféricas das metrópoles, reforçando as restrições geográficas do apartheid e promovendo claras paisagens de segmentação social que refletem a desigualdade no país atualmente, como por exemplo subúrbios desenvolvidos e assentamentos de nativos separados por uma estreita estrada ou por uma porção de terra.

Cape Town: bairro de Strand à esquerda; distrito de Nomzamo à direita

Johanesburgo: subúrbio Bloubosrand à esquerda; assentamento Kya Sands à direita

    Dessa forma, após 27 anos da chegada à presidência de Nelson Mandela é notável que apesar da liberdade política conquistada pela população negra ao longo do processo, a distinção entre pretos e brancos é traduzida em termos econômicos e geográficos nas principais cidades do país de maneira avassaladora.
    A África do Sul é reconhecida pelo Banco Mundial como o país mais desigual do mundo, ou seja, a diferença econômica entre a população é maior na nação sul-africana do que em qualquer outro lugar no mundo.
    Essas circunstâncias acabaram revoltando a população negra que depositou suas esperanças em Mandela e seu discurso sobre um futuro ideal e mais igualitário, resultando em um fenômeno de abdicação de votos da população negra sul-africana especialmente por parte do eleitorado jovem, chamados de geração “Born Free”, isto é, que nasceram após o apartheid. 
    Entretanto, o especialista em finanças públicas da ONG sul-africana Oxfam, Thembinkosi Dlamini, aponta que apesar da África do Sul estar praticamente recomeçando do zero, existem pessoas no governo se esforçando para enfrentar os desafios vividos pelo país hoje começando pela corrupção, citando o atual presidente Cyril Ramaphosa como exemplo.
    As urnas, entretanto, mostraram uma realidade desanimadora para o país. Os 57,5% dos votos válidos representaram o pior resultado do partido Congresso Nacional Africano dos últimos anos, refletindo a insatisfação da população e uma desconfiança com o CNA. Vale lembrar que Ramaphosa, que era líder do partido, assumiu a presidência da África do Sul após a renúncia de Jacob Zuma em 2018, acusado de uma série de escândalos de corrupção.
    Dessa forma, é possível perceber que a realidade dos sul-africanos ainda é muito distante da prometida por Nelson Mandela mesmo depois de aproximadamente três décadas do fim do apartheid e do início de um governo democrático. Aquela que já foi imaginada como uma Nação Arco-Íris, um país que seria símbolo de diversidade étnica e cultural, ainda precisará de muito tempo para superar os obstáculos do passado e as manchas do presente para tentar colorir sua bandeira mais uma vez.

Referências
ALLIE, M. As categorias raciais do apartheid que ainda são usadas oficialmente na África do Sul. BBC News, 2021. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55975204#:~:text=A%20Lei%20de%20Registro%20da,a%20pol%C3%ADtica%20de%20segrega%C3%A7%C3%A3o%20racial.>. Acesso em: 12 Maio 2021.
FRÖHLICH, S. Nação Arco-Íris ainda é sonho distante na África do Sul. DW, 2019. Disponível em: <https://www.dw.com/pt-br/na%C3%A7%C3%A3o-arco-%C3%ADris-ainda-%C3%A9-sonho-distante-na-%C3%A1frica-do-sul/a-48499271>. Acesso em: 12 Maio 2021.
GOODMAN, P. S. End of Apartheid in South Africa? Not in Economic Terms. The New York Times, 2017. Disponível em: <https://www.nytimes.com/2017/10/24/business/south-africa-economy-apartheid.html >. Acesso em: 12 Maio 2021.
MALALA, J. Why are South African cities still so segregated 25 years after apartheid? The Guardian, 2019. Disponível em: <https://www.theguardian.com/cities/2019/oct/21/why-are-south-african-cities-still-seg regated-after-apartheid>. Acesso em: 13 Maio 2021.
REDAÇÃO, D. Partido de Mandela vence eleições na África do Sul com pior resultado em 25 anos. Brasil de Fato, 2019. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2019/05/13/partido-de-mandela-vence-eleicoes-na- africa-do-sul-com-pior-resultado-em-25-anos>. Acesso em: 24 Maio 2021.
SCOTT, K. South Africa is the world's most unequal country. 25 years of freedom have failed to bridge the divide. CNN, 2019. Disponível em: <https://edition.cnn.com/2019/05/07/africa/south-africa-elections-inequality-intl/index. html>. Acesso em: 13 Maio 2021.
VOX. Why South Africa is still so segregated. Vox, 2021. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NVH7JewfgJg>. Acesso em: 20 Abril 2021.
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segunda-feira, 24 de maio de 2021

Volta ao Mundo em 7 Dias - Notícias de 17/05 a 23/05

  • Palestina e Israel
    Foi declarado cessar-fogo no conflito que vem tomando as notícias internacionais há mais de uma semana. Mesmo assim, palestinos e policiais israelenses entraram em confronto, na cidade velha de Jerusalém. Mediado pelo Egito, o cessar-fogo foi considerado uma vitória pelos palestinos, que já perderam mais de 100 pessoas para o conflito, e também pelos israelenses, que consideram o cessar-fogo "um golpe severo contra as organizações terroristas". Apesar disso, a trégua não estabeleceu condições para suspender os combates ou um plano para reconstrução. 
    No domingo (23), a Organização das Nações Unidas pediu uma reconstrução duradoura da Faixa de Gaza. Solucionar as causas profundas do conflito, devolver a esperança e evitar mais destruição foram algumas das demandas da Organização.

  • Ceuta
    Mais de 8.000 refugiados marroquinos chegaram ao litoral de Ceuta, um enclave espanhol no norte da África, desde segunda-feira (17). Os soldados espanhóis que foram designados para conter a chegada dos imigrantes não foram suficientes para ajudar todos marroquinos que chegavam em sérias condições de saúde na praia de El Tarajal. 
    Os imigrantes tentam chegar até a Espanha através da praia de Ceuta, mas o país fechou a fronteira com a cidade independente na segunda-feira. Procurando uma saída da situação econômica de seu país, marroquinos e subsaarianos arriscam a própria vida atravessando o mar a nado. Espanha e Marrocos vivem uma crise diplomática por conta das duas cidades, Ceuta e Melilla, que estão geograficamente no território de Marrocos, mas pertencem à Espanha. 

  • Belarus
    No último domingo (23), um avião que ia em direção à Lituânia foi desviado para Belarus. A aeronave deveria pousar na cidade de Vilnius, vindo da Grécia, mas foi instruída a pousar em Minsk, sob o argumento de que havia uma suspeita de ameaça à segurança no avião. Após inspeção, não foram encontrados dispositivos a bordo. A motivação para o desvio era um passageiro: o jornalista dissidente Roman Protasevich, que foi preso em Minsk. A agência estatal da Belarus, Belta, afirmou que o presidente Lukashenko - que está no poder desde 1994 - deu a ordem para desviar o avião pessoalmente. 

  • França
    A França passou por um dos períodos mais longos de lockdown desde o início da pandemia. Depois de sete meses com bares, cinemas, museus e teatros fechados, o país começou a reabrir os serviços gradualmente, ainda com uma série de restrições. As empresas e estabelecimentos culturais conseguiram sobreviver ao lockdown através de uma ajuda governamental, como pagamento de salários e um "fundo de solidariedade" para empresas e autônomos que ficaram impedidos de funcionar. Apesar da economia francesa sofrer com essas medidas, o governo acredita que é a solução para que as contas do país voltem a crescer. A reabertura econômica e a retomada da vacinação no país são bons indícios de um crescimento econômico neste ano. 

  • República Democrática do Congo
    A cidade congolesa de Goma sofreu pela segunda vez com a erupção de um vulcão no monte Nyiragongo. Em 2002, centenas morreram pelo desastre e mais de 100 mil ficaram desabrigadas. Neste ano, mais de 30 mil pessoas foram obrigadas a fugir da área afetada; 500 casas foram destruídas pela lava. Apesar de não ter sido atingido, o ar no centro da cidade foi afetado pelas cinzas, dificultando a respiração. Muitas pessoas cruzaram a fronteira com Ruanda, que também foi atingida pela erupção. Quinze pessoas já faleceram em decorrência da erupção e mais de 170 crianças estão desaparecidas.


Referências
ONU pede soluções das 'causas profundas' do conflito Israel-palestinos. Estado de Minas. 23 mai. 2021. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2021/05/23/interna_internacional,1269385/onu-pede-solucao-das-causas-profundas-do-conflito-israel-palestinos.shtml
CONFLITO entre Israel e palestino: como os 2 lados reivindicam vitória após cessar-fogo. BBC News. 21 mai. 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-57202019.
PEREGRINAÇÃO às cegas até as portas de Ceuta. El País. 18 mai. 2021. Disponível em: https://brasil.elpais.com/internacional/2021-05-18/peregrinacao-as-cegas-ate-as-portas-de-ceuta.html.
ENTENDA as circunstâncias em que ocorreram a avalanche de refugiados nos enclaves espanhóis de Ceuta e Melilla. G1. 19 mai. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/blog/sandra-cohen/post/2021/05/19/entenda-as-circunstancias-em-que-ocorreram-a-avalanche-de-refugiados-nos-enclaves-espanhois-de-ceuta-e-melilla.ghtml.
O dramático resgate de imigrantes que chegam exaustos a Ceuta: "Coloque-os virados para cima". El País. 18 mai. 2021. Disponível em: https://brasil.elpais.com/internacional/2021-05-19/o-dramatico-resgate-de-imigrantes-que-chegam-exaustos-a-a-ceuta-coloque-os-virados-para-cima.html.
CRISE migratória na Espanha: "É a 'marcha negra', viemos de todo o Marrocos. El País. 19 mai. 2021. Disponível em: https://brasil.elpais.com/internacional/2021-05-19/crise-migratoria-na-espanha-e-a-marcha-negra-viemos-de-todo-marrocos.html.
BELARUS recebe críticas por desviar avião para prender jornalistas. BBC News. 23 mai. 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-57223822.
COVID-19: como França vai reabrir bares e cinemas depois de 3 lockdowns. BBC News. 19 mai. 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-57168556.
ERUPÇÃO na República Democrática do Congo deixa mortos e desabrigados; lava do vulcão chegou a vilarejos. G1. 23 mai. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/05/23/erupcao-na-republica-democratica-do-congo-deixa-mortos-e-desabrigados-lava-do-vulcao-chegou-a-vilarejos.ghtml?utm_source=push&utm_medium=app&utm_campaign=pushg1
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quarta-feira, 19 de maio de 2021

Israel e Palestina: entenda o conflito que persiste há 100 anos


    Mísseis. Atentados. Mortes. Inocentes. Religião. Território. Jerusalém. Gaza. Judeus. Árabes. Israel. Palestina. São estas algumas das palavras que tomaram os noticiários nas últimas semanas. O conflito entre Israel e Palestina tem protagonizado confrontos violentos que foram agravados no começo do Ramadan, período de jejum sagrado árabe. O combate tem chamado atenção devido à resposta agressiva da força militar israelense contra protestantes palestinos. A luta é em parte motivada pela disputa por Jerusalém, cidade considerada, pelos israelenses e pelos palestinos, a capital de seus respectivos Estados. Entretanto, o que vemos em 2021 é resultado dos mesmos fatores nascidos há mais de 100 anos. Então quando, e como, tudo isso começou?
    Após a queda do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial, a Grã-Bretanha deteve o controle da região da Palestina. Tensões começaram a surgir quando os britânicos propuseram um “Lar Nacional” para a comunidade judaica no território da Palestina. A carta que estabelecia a terra para o povo judeu tinha 67 palavras e foi assinada em de 2 de novembro de 1917. Chamada de “Declaração Balfour”, é o ponto inicial do conflito israelense-palestino. 
    Antes da declaração, a Palestina possuía maioria árabe, e apenas 15% da população era judaica. Após a implementação do novo território, entre 1920 e 1940, milhares de judeus migraram para a Palestina escapando das perseguições e atrocidades do Holocausto, e a violência entre árabes, judeus e contra os britânicos aumentou expressivamente. Em resposta, A Organização das Nações Unidas, em 1947, votou pela divisão da Palestina em Estado Judeu e Estado Árabe, mas Jerusalém, sagrada para ambos, recebeu o título de cidade internacional.

Divisão da Palestina votada pela ONU. Reprodução: BBC 


    A divisão proposta pela ONU foi bem aceita pelos líderes judaicos, mas não satisfez os palestinos. Em 14 de maio de 1948, após a saída dos britânicos da Palestina, os judeus declararam a criação do Estado de Israel. Por consequência, Israel foi invadida por forças árabes, que incluíam a Jordânia e o Egito, o que culminou na Primeira Guerra Árabe-Israelense (1948-1949). A guerra foi devastadora para os palestinos. Jerusalém foi dividida em parte ocidental pertencente a Israel, e a oriental, a Jordânia. A faixa de Gaza foi ocupada pelo Egito.

Divisão após a Guerra. Reprodução: BBC 


    Os conflitos continuariam por décadas. Em 5 de junho de 1967 começava a Guerra dos Seis Dias, que após seu término, favoreceu Israel na conquista de territórios e redesenhou o mapa do Oriente Médio. Agora, Gaza e Cisjordânia (no mapa como “West Bank”) foram ocupadas por Israel. O desenho de 67 é similar ao atual, com mudanças geradas por tratados de paz de Israel com países vizinhos e o aumento da influência israelense nos territórios palestinos, através da instalação de assentamentos, o que é ilegal perante o direito internacional.


Divisão de 1967 e divisão atual. Reprodução: BBC 

    Voltando para o presente, vamos recapitular Jerusalém, cidade dividida durante as guerras árabe-israelenses, com israelitas no Oeste e palestinos ao Leste. Para Israel, a cidade proclamada capital é patrimônio religioso por ser a “terra prometida” dada por Deus à Abraão. Para os Palestinos, Jerusalém é sua herança histórica e capital da nação que desejam formar. Diversas tentativas de instaurar a paz aconteceram, algumas propunham a solução de dois estados, ou “estado duplo”.
    A chamada solução de dois estados foi a fórmula consagrada na Resolução 181 para a partilha da Palestina entre um estado judeu e um árabe. Na verdade, nenhum dos dois povos queria a partilha. Os judeus consideravam a chamada Terra Prometida como sua, desde a Antiguidade com base na Torá e os palestinos por sua vez, que já habitavam a região há 1400 anos, não compreendiam por que tinham que dividir a terra onde viviam há tanto tempo com grupos de alemães, russos, poloneses e outros povos europeus por causa de uma perseguição (o Holocausto) com a qual eles não tinham relação alguma. Ocorre, no entanto, que o movimento sionista se organizou e se preparou muito melhor do que os árabes, angariando votos para a aprovação da Resolução 181 na Assembleia Geral, enquanto os árabes aparentemente não acreditavam que a mesma passaria ou que seria efetivada (lembremos que a ONU era uma Organização recém-criada e sua antecessora a Liga das Nações ficou célebre pela não efetividade de suas resoluções).” – Comenta o Professor Andrew Traumann.
    Atualmente presenciamos um dos momentos mais críticos da batalha herdada de décadas de guerras por território. As áreas de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém são focos da tensão entre palestinos e israelenses. A faixa de Gaza é comandada pelo grupo militar chamado “Hamas”, que desde 2007, ano de sua criação, tem enfrentado Israel. Israel e Egito controlam severamente as fronteiras que dividem com Gaza para impedir a entrega de armas para o Hamas.
    O conflito que vemos hoje agravou-se com a expulsão de famílias palestinas da região leste de Jerusalém, e com a proibição imposta aos árabes de celebrarem o Ramadan no tradicional Mosque Al-Aqsa. Os palestinos em Gaza e Cisjordânia dizem sofrer pelas restrições de Israel, este que justifica suas ações como um modo de proteção contra a violência palestina. Israel tem sido alvo de críticas por usar de sua avançada força militar para bombardear as áreas ocupadas por palestinos, como Gaza, que não possuem condição de retaliação no mesmo nível. 
    Até o dia de hoje, aproximadamente 200 pessoas, maioria palestinos, morreram nos confrontos. A situação deixa uma série de questões sem concordância entre os dois lados: para onde irão os refugiados palestinos, se os judeus instalados em territórios palestinos devem ser removidos, se Jerusalém deve ser dividida e se o Estado da Palestina deve ser criado.
    Acho muito difícil uma vez que desde 1967 Israel vem construindo assentamentos ilegais nos territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias. Segundo a Resolução 242 esses territórios capturados juridicamente encontram-se sob disputa e oficialmente não pertencem a ninguém. Por isso Israel é acusado de ocupar a Cisjordânia com judeus para criar o que chamamos nas Relações Internacionais de fait accompli, ou seja, um fato consumado e alegar que não pode retirar aquelas famílias que já moram na região há muitos anos. Não creio que ocorra uma mudança muito grande fora dessa dinâmica de conflitos esporádicos que tem sido a tônica nos últimos anos. Não há vontade política na opinião pública israelense, no Mundo Árabe e tampouco da comunidade internacional para que vejamos mudanças significativas a curto prazo.” – Andrew Traumann.
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terça-feira, 18 de maio de 2021

Volta ao Mundo em 7 Dias - Notícias de 11/05 a 17/05

  • Rússia
    Na cidade de Kazan, um atirador de 19 anos abriu fogo em uma escola matando pelo menos nove pessoas, entre elas sete crianças, além de ferir mais de 20 na manhã de terça-feira (11). O indivíduo identificado como Ilnaz Galyaviyev foi preso e tinha posse da arma registrada em seu nome, o que motivou o Kremlin a anunciar no mesmo dia urgentemente uma revisão sobre as leis de controle de armas no país.
    Os cidadãos russos com mais de 18 anos de idade com residência permanente registrada podem obter uma licença de uso de armas de fogo para fins de autodefesa, caça e atividades esportivas, tendo que passar por avaliações psicológicas e de antecedentes criminais.


  • Colômbia
    Na terça-feira (11), Claudia Blum, ministra das Relações Exteriores da Colômbia, pediu demissão do cargo após denúncias da ONU e de Estados soberanos contra o governo de Iván Duque e o uso excessivo de força cometido pela polícia colombiana contra os manifestantes, episódios que já mataram cerca de 42 pessoas inocentes.
    Blum é a segunda ministra a cair no governo Duque, que perdeu o ministro do Tesouro Alberto Carrasquilla depois de suas medidas de aumento de impostos em meio à crise econômica e sanitária no país.


    Na quinta-feira (13), reflexos das manifestações foram sentidas em um jogo de futebol disputado entre América de Cali e Atlético Mineiro pela Taça Libertadores da América na cidade de Barranquilla, no norte do país. 
    O jogo foi interrompido cinco vezes durante todos os 90 minutos, devido aos efeitos de gás lacrimogêneo que dificultaram muito os jogadores de seguirem em campo. Porém, mesmo ao som de diversas explosões de bombas de efeito moral do lado de fora do estádio, a Conmebol, entidade responsável pela competição, decidiu dar prosseguimento para a partida, deixando muitos torcedores furiosos nas redes sociais.
    Vale lembrar que a partida não ocorreu em Cali, cidade do time colombiano que é considerada o epicentro das manifestações, onde bloqueios nas principais estradas obstruíram a chegada de suprimentos e deixaram a cidade com falta de combustível desde o início da semana.


  • Estados Unidos
    Após dias da obstrução do fluxo de combustível em diversos estados norte-americanos, a reativação da rede de oleodutos da empresa Colonial Pipeline resultou em filas quilométricas de automóveis em postos de gasolina na porção leste dos Estados Unidos nessa quarta-feira (12).
    Esse episódio ocorreu após um grupo de hackers russos conhecido como DarkSide ter atacado o sistema do maior oleoduto do país, que tem aproximadamente 9000km e passa por dez estados, representando quase 50% de toda a demanda de gasolina, óleo diesel e querosene de avião do país.
    Entretanto, a chegada do combustível aos postos de gasolina somente se deu após a Colonial Pipeline ter aceitado efetivar o pagamento para os hackers em um valor especulado de cinco milhões de dólares pelo resgate dos dados do oleoduto, o que teria sido uma decisão do setor privado.


  • Israel e Palestina
    As notícias dessa semana foram tomadas pela escalada de tensões que começou semana passada em Jerusalém, conflitos que ainda não apresentam sinais de conclusão entre palestinos e as forças de segurança israelenses. 
    Na terça-feira (11), o grupo terrorista Hamas que comanda a Faixa de Gaza lançou cerca de 130 mísseis contra o Estado judeu, depois de Israel ter realizado seu maior bombardeio aéreo visto em anos no local, afetando principalmente as redes de túneis utilizados pelos extremistas palestinos, além de ter bombardeado o prédio que comporta veículos de imprensa internacionais em Gaza.
    Apesar do conflito já ter matado cerca de 145 palestinos (incluindo mais de 40 crianças) e dez israelenses, o premiê de Israel Benjamin Netanyahu afirmou que a ação militar “ainda não acabou” e garantiu “grande força”.
    Do outro lado, o Hamas prometeu um ataque massivo de foguetes contra Tel Aviv e seus subúrbios”, o que se traduziu em uma resposta do exército israelense avançando suas tropas por terra desde sábado (15), levando a mais dias trágicos para os civis no mês sagrado do Ramadã para os muçulmanos.


Referências
AFP. Ministra de Relações Exteriores da Colômbia deixa o cargo após condenação internacional por repressão em protestos. G1, 2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/05/13/ministra-de-relacoes-exteriores-da-colombia-deixa-o-cargo-apos-condenacao-internacional-por-repressao-em-protestos.ghtml>.
BBC. Ataque na Rússia: o que se sabe sobre tiroteio que matou crianças em escola. BBC News, 2021. Disponivel em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-57071484>.
BBC. Crise em Jerusalém: Violência entre israelenses e palestinos deixa dezenas de mortos; entenda motivos da recente escalada. BBC News, 2021. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-57069211>.
COLOMBO, S. Epicentro dos protestos na Colômbia, Cali vê embates entre classe média e indígenas. Folha de S.Paulo, 2021. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/05/cali-epicentro-dos-protestos-na-colo mbia-ve-eclodir-embates-entre-classe-media-e-indigenas.shtml>.
G1. Tropas israelenses na fronteira com a Faixa de Gaza bombardeiam palestinos; número de mortos sobe. G1, 2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/05/14/tropas-israelenses-na-fronteira-com-a-faixa-de-gaza-bombardeiam-palestinos-numero-de-mortos-sobe.ghtml>.
GE, R. D. América de Cali x Atlético-MG, em Barranquilla, é paralisado em função de protestos nos arredores do estádio. ge, 2021. Disponível em: <https://globoesporte.globo.com/mg/futebol/libertadores/noticia/america-de-cali-x-atletico-mg-em-barranquilla-e-paralisado-em-funcao-de-protestos-nos-arredores-do-estadio.ghtml>.
GOULART, J. Empresa dona do maior oleoduto americano cede e paga resgate a hackers. VEJA, 2021. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/blog/radar-economico/empresa-dona-do-maior-oleoduto-americano-cede-e-paga-resgate-a-hackers/>.
REDAÇÃO, O. E. D. S. P. Motoristas inundam postos nos EUA após reativação de rede de oleodutos atacada por hackers. Estadão, 2021. Disponível em: <https://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,motoristas-inundam-postos-nos-eua-apos-reativacao-de-rede-de-oleodutos-atacada-por-hackers,70003713421>.
ROUDIK, P. Firearms-Control Legislation and Policy: Russian Federation. Library of Congress, 2013. Disponível em: <https://www.loc.gov/law/help/firearms-control/russia.php#:~:text=Individuals%20are%20not%20allowed%20to,than%20a%20ten%2Dcartridge%20capacity.>.
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