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segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Volta ao Mundo em 7 Dias - Notícias de 23/08 a 29/08

  • Peru
    Na manhã deste domingo (29), duas embarcações colidiram no rio Huallaga, em Muyuana, localizado na Amazônia peruana. De acordo com o Instituto Nacional de Defesa Civil, há 11 mortos e uma quantidade indeterminada de desaparecidos, até o momento. Uma das embarcações carregava mercadorias, enquanto a outra transportava passageiros de uma comunidade religiosa que voltava à cidade de Yurimaguas, após uma vigília. 
  • Estados Unidos da América
    Exatamente 16 anos depois do Furacão Katrina, que deixou atrás de si um rastro de destruição pela costa sul dos Estados Unidos, os moradores da região temem um arrasamento ainda maior com a chegada do Furacão Ida. Uma intensa evacuação em Nova Orleans e cidades próximas para a procura de abrigo causou congestionamento nas saídas para as estradas, além de lotar aeroportos com a grande procura de voos para locais mais seguros. Infelizmente, a intensidade do furacão impediu que muitas pessoas evacuassem da região, que foram recomendadas a procurar abrigo. 
    De acordo com o Centro Nacional de Furacão dos Estados Unidos, o Ida trará consigo ondas de tempestades "extremamente ameaçadoras para a vida". Na manhã de domingo (29), já haviam sido reportadas algumas áreas sem eletricidade. O alerta é de que o fornecimento de energia elétrica pode ser interrompido por conta dos fortes ventos. 
  • Israel e América Latina
    Apesar dos pedidos da Organização Mundial da Saúde de interromper a aplicação da terceira dose do imunizante contra a Covid-19, Israel e alguns países da América Latina já iniciaram a campanha para a dose de reforço. A preocupação da OMS em relação ao assunto é resultado do fato de que ainda há uma grande disparidade na distribuição de vacinas entre países mais ricos e os menos desenvolvidos. A aplicação da terceira dose significa que países mais pobres não tenham a chance de progredir na imunização da própria população. De acordo com "Our World in Data", Haiti, República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Iêmen, Chade, Guiné-Bissau, Mali e Tanzânia não chegam nem a 0,5% da população totalmente vacinada, enquanto Israel possui 62,2%. 
  • Itália
    A pandemia intensificou a procura de abrigo em outros países. No sábado (28), uma embarcação com 539 passageiros foi encontrada à deriva na costa da Itália. Os passageiros do barco são de origem libanesa e procuram refúgio na Europa. Alida Srrachieri, médica da organização Médico Sem Fronteiras, afirmou que vários resgatados pareciam ter sido agredidos em seu país. 
    A Ilha de Lampedusa, um dos principais pontos de acesso para a Europa, possui um acampamento de refugiados e migrantes, com ocupação para 300 pessoas. Atualmente, esse número quintuplicou, forçando os refugiados a acampar na beira de estradas, correndo o risco de sofrer com a deportação. 
  • Alemanha
    Uma manifestação contra as restrições por conta da pandemia aconteceu em Berlim, no sábado (28). Alguns dos manifestantes tentaram transpor as barricadas que protegiam o distrito governamental ao redor do parlamento Reichstag, o que causou o conflito entre a polícia e os manifestantes. De acordo com a força, 50 pessoas foram detidas, algumas por agredir os agentes. 
    Os protestantes carregavam cartazes com frases como "eu tenho minha própria opinião" e "covid-84", como uma referência ao livro 1984. Poucos manifestantes fazia uso da máscara, tão importante para impedir a propagação do coronavírus. A eleição federal, que acontece no mês que vem, traz candidatos com promessas de que lockdowns rígidos não acontecerão mais.

Referências
COLISÃO entre embarcações deixa ao menos 11 mortos no Peru. G1. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/08/29/colisao-entre-embarcacoes-deixa-ao -menos-11-mortos-no-peru.ghtml.
FURACÃO Ida chega a Louisiana na costa dos EUA e desperta os temores provocados pelo Katrina. El País. Disponível em: https://brasil.elpais.com/internacional/2021-08-29/furacao-ida-chega-a-louisiana-na-c osta-dos-eua-e-desperta-os-temores-provocados-pelo-katrina.html.
NA América Latina, países aplicam a 3 dose enquanto outros dependem de doações. UOL. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2021/08/29/atrasos-falta-de- vacina-e-3-dose-expoem-desigualdades-na-america-latina.htm.
OMS pede interrupção de aplicação de doses de reforço de vacina contra covid-19. G1. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/08/04/oms-pede-interrupcao-de-aplicacao- de-doses-de-reforco-de-vacina-contra-covid-19.ghtml.
Israel começa a aplicar a 3a dose da vacina contra a covid-19 em todos os maiores de 12 anos. G1. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/08/29/israel-comeca-a-aplicar-a-3a-dose-d a-vacina-contra-a-covid-19-em-todos-os-maiores-de-12-anos.ghtml.
A impactante imagem de 500 migrantes transbordando de barco perto da Itália. G1. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/08/29/a-impactante-imagem-de-500-migran tes-transbordando-de-barco-encontrado-perto-da-italia.ghtml.
Polícia e manifestantes entram em conflito em marcha contra restrições de covid em Berlim. UOL. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2021/08/28/policia-e-manifestante s-entram-em-conflito-em-marcha-contra-restricoes-de-covid-em-berlim.htm
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segunda-feira, 11 de maio de 2020

Redação Internacional: especial América Latina na semana de 03/05 a 10/05





          Na medida em que o Brasil escala em número de casos e de mortes pela covid-19, raramente o nome do país repercute na mídia internacional que não seja versando das políticas públicas atrapalhadas e das crises institucionais. São 10 mil brasileiros mortos e incontáveis desordens no poder. Nos últimos dois meses, esta coluna trouxe semanalmente as manchetes de dezenas de jornais pelo mundo afora. Com línguas e vertentes ideológicas distintas, não parece haver voz dissonante que ainda veja o governo brasileiro com bons olhos na imprensa estrangeira. O maior país da América Latina é, também, o que mais se afeta pela pandemia no continente. O Brasil só não faz fronteira terrestre com Chile e Equador na América do Sul e, doente, preocupa seus vizinhos. Por suas dimensões continentais e por sua economia mais robusta que a média latina, o país está no pódio dos parceiros comerciais dos demais estados americanos. A situação moribunda do Brasil, portanto, arregala os olhos dos nossos povos irmãos. O que foi notícia na América Latina foge da monotonia das manchetes sobre o Brasil.
            Na Argentina, que contabiliza um total 300 mortos (metade do que o Brasil enterra por dia), o El Clarínclassificou a marca das três centenas como a “transposição de uma nova barreira”. Enquanto a pandemia se interioriza e avança nas classes pobre pelo Brasil, 40% dos argentinos mortos residiam na província de Buenos Aires. Segundo o jornal, a Argentina chegou a 100 mortos em 38 dias, mas levou apenas 25 dias para atingir os 300, o que indica um aumento no ritmo da epidemia. O argentino mais jovem a morrer tinha 33 anos e a média etária de fatalidades é de 73 anos, considerada relativamente alta. Em comparação com o Brasil, os hermanosostentam números de razoável sucesso na contenção da covid-19. Em outra matéria, o Clarínalerta, contudo, que as vitórias do isolamento social faz com que alguns cidadãos o diminuam. Com o tempo, é cada vez mais difícil que a população “renove o pacto social” de permanecer em quarentena. 

        No Uruguai, cientistas da Universidad de la República e do Instituto Pasteur trabalham para facilitar a testagem para o novo coronavírus. Como reportou o El País, os estudiosos pretendem desenvolver um teste rápido feito através da coleta de sangue que consiga distinguir com clareza os diferentes anticorpos contra distintas partes do coronavírus presentes no organismo. Dependendo do resultado, o teste pode ajudar a identificar quais pacientes assintomáticos que portaram o vírus e apontar o motivo da falta dos sintomas. 

     O presidente norte-americano, Donald Trump, telefonou nesta semana ao colega chileno Sebastián Piñera para oferecer ajuda na luta contra o novo coronavírus.  A Casa Branca tem elogiado a postura “proativa” do governo andino tanto na saúde quanto na economia. Piñera, que viu sua popularidade despencar nos protestos do ano passado, vem gozando de crescente apreço dos chilenos. O presidente afirmou que, uma vez havendo a vacina, o Chile estará na “pole posicion”, isto é, na vanguarda mundial. O Palácio de la Moneda contabiliza cerca de 300 mortos pela covid-19. Enquanto Washington manifesta solidariedade a Santiago, mercenários estadunidenses foram presos na costa da Venezuela. As informações são de que os ex-militares foram pagos para capturar o presidente Nicolás Maduro, num conluio entre a oposição venezuelana e forças dos EUA (https://internacionalizese.blogspot.com/2020/05/opiniao-mercenaria-politica-externa.html). 
     O presidente paraguaio Mario Abdo Benítez afirmou que o Brasil é “uma grande ameaça” à segurança sanitária de Assunção. Os países fazem fronteira por mais de 700 quilômetros, fechada desde março. Com “apenas” 10 mortes pelo coronavírus, os paraguaios podem comemorar projeções otimistas de crescimento econômico mesmo com a pandemia. Detido no começo de março ao tentar entrar no país com documentos falsos, Ronaldinho Gaúcho é o menor dos problemas que o Paraguai tem com o Brasil. No entanto, reportagem do Jornal de Brasília trouxe novos desdobramentos ao caso. A suspeita de que Ronaldinho e Assis, seu irmão, estariam envolvidos em jogos ilegais de cassinos fez com que o Ministério Público do Paraguai entrasse em contato com as autoridades brasileiras para obter mais informações sobre os novos fatos. 

     País gravemente impactado pela epidemia, o Equador vê sua capital econômica, Guayaquil, com um terço dos 2,7 milhões de habitantes contaminados pela covid-19. Afundado na crise sanitária, o país também tem de se preocupar com a crise financeira que há de vir. Segundo a agência francesa RFI, a economia equatoriana depende fortemente da exportação de petróleo, que está em enorme baixa. O PIB deve recuar 4% neste ano, mesmo com as ajudas emergenciais liberadas pelo FMI a Quito. 
            A notícia inusitada que vem do Equador é a de um golpe de estado. Não na política formal, mas na Federação Equatoriana de Futebol. O presidente Francisco Egas foi tirado à força do cargo por má-gestão de recursos. O cartola contratou o brasileiro Marcos Motta, advogado de Neymar, para defendê-lo junto a Conmebol e a FIFA.
        O futebol segue parado no mundo todo. Mesmo com a disputa de bastidores no Equador, a bola não rola em campo. Em contra-ataque sobre o bom-senso, o campeonato nicaraguense continuou suas atividades. Em plena pandemia de um vírus espalhado pela respiração e pelos fluídos, Managua e Real Estelí disputaram o título do Nicaraguão e se enfrentaram na sexta-feira (09/05). Depois de empatarem em 1x1 no jogo de ida, o Estelí foi até a capital e aplicou 3x1 sobre os mandantes, sagrando-se campeão.

          Em Cuba, que registrou menor número de novos casos de covid-19 desde 26 de março,  o escritor Leonardo Padura disse que “o Homem é o coronavírus do mundo”. Autor do sucesso de vendas “O Homem que Amava os Cachorros”, o cubano anticastrista deu entrevista (07/05), a agência de notícias francesa AFP, em que alerta para a falta de comida que espreita a ilha. 
            Já a mídia oficial insular denunciou as agressões sofridas pela embaixada de Cuba em Washington. O chanceler cubano, Bruno Parilla, denunciou a gravidade dos fatos ocorridos no fim de abril. Classificando como um ato de terrorismo, o ministro pediu investigações por parte das autoridades estadunidenses sobre os disparos de fuzil contra o edifício da missão diplomática.

          O Brasil tem pior taxa de crescimento da letalidade por covid-19 da América do Sul e está longe de conter a dimensão do desastre. A inércia e a passividade nas quais o país se encontra podem, muito brevemente, transbordar para a vizinhança. O entendimento da conjuntura continental tem a mesma importância que o da nacional para a superação harmoniosa da crise sanitária.


Referências:

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terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Podcast Hora do Intervalo: América Latina em Ebulição








Tem novidade no ar!!!

Os Blogs Internacionalize-se e Unicuritiba Fala Direito se  uniram para produzir conteúdo em um novo formato: juntos, criaram o Podcast "Hora do Intervalo". São 20 minutinhos de áudio - perfeito para você ouvir durante o intervalo das aulas - em que nossos alunos e professores comentam temas atuais das Relações Internacionais e do Direito.

O primeiro episódio comenta os recentes acontecimentos políticos na América Latina. Quem conduz o debate é o acadêmico de Direito Felipe Ribeiro. No estúdio, participaram também a acadêmica de Relações Internacionais Ligia Penia e a Professora de Direito e de Relações Internacionais, Michele Hastreiter.

Os professores de Relações Internacionais e Direito Andrew Traumman, Carlos Magno Vasconcelos e Eduardo Teixeira de Carvalho Jr. também participaram, respondendo a perguntas sobre as eleições na Argentina, os Protestos no Chile e a situação política da Bolívia.

Não perca! Para acessar o podcast no Soundcloud, clique aqui.

Você também poderá encontrar o podcast no Canal do UNICURITIBA no Spotify.
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segunda-feira, 13 de maio de 2019

Atualidades: Venezuela e a maior crise dos ùltimos tempos











 Por Manuela Paola*

A crise na Venezuela toma proporções catastróficas. Todos os dias, milhares de venezuelanos procuram abrigo nos países vizinhos, fugindo da fome - que fez 64% dos venezuelanos perderem 11 kg em um ano - e das condições precárias de vida que se instalaram no país.
Três milhões de pessoas já deixaram a Venezuela, de acordo com a ACNUR. O desemprego atingiu a marca de 38% e a porcentagem de trabalhadores que recebem menos de US$3,10 por dia é de 15,9%. O Fundo Monetário Internacional previu uma inflação de 10.000.000% em 2019. Os números nos ajudam a entender a realidade, apesar de serem assustadores. 

Mas como e por que a Venezuela vive uma das maiores crises da história?

O governo venezuelano acostumou-se a ver no seu petróleo (a maior reserva do mundo) sua principal fonte econômica. Desde de que Juan Vicente Goméz, que governou de 1908 a 1935, começou a explorar as reservas de petróleo, a economia da Venezuela passou a depender quase que exclusivamente desse material. Durante o governo de Carlos Andrés Perez(1974-1989), isso foi muito positivo. Com a Crise do Petróleo de 1970 e o aumento no preço dos barris, a economia venezuelana prosperou. No entanto, no segundo mandato de Perez, aconteceram novas crises, que diminuíram o preço dos barris, prejudicando o país. O então presidente tomou uma série de medidas de caráter liberal, que acabou por desagradar o povo. Aconteceu, então, o Caracazo: uma série de manifestações contra o governo, que se tornaram violentas.

Hugo Chávez encontrou na situação sua chance de dar um golpe de Estado e tomar o poder. Nessa tentativa, Chávez foi preso; quando solto, concorreu às eleições e venceu. A dependência do petróleo não se modificou: a economia não se diversificou para dar espaço a outros tipos de exportação. Enquanto o preço dos barris estava em alta, isso não foi um problema. O país continuava lucrando com a exportação. Porém, nessa época a crise política que se predomina até hoje começou a tomar forma. Em 2002, o presidente Chávez sofreu uma tentativa de golpe. Um dos motivos para essa tentativa foi a criação da Lei Habilitante, que concedia poderes extraordinários ao presidente, ou seja, ele poderia legislar sem precisar da aprovação do próprio Poder Legislativo. A partir disso, a oposição fez diversas tentativas de tomar o poder novamente, mas sem sucesso. Em 2006, Chávez foi reeleito, porém houveram denúncias de que a eleição tinha sido fraudulenta. A oposição começa a se fortalecer e fazer barulho contra o governo vigente.

Apesar disso, Chávez conseguiu cumprir algumas de suas promessas de campanha: reduziu a pobreza e realizou a distribuição de renda. Porém, para conseguir cumprir tais promessas, a moeda teve de ser desvalorizada, o que causou dificuldades na compra de produtos para necessidades básicas. Em 2012, o presidente Chávez foi reeleito, mas com seu falecimento em 2013, Nicolás Maduro, vice-presidente, assumiu o poder de um governo já fragilizado e em crise econômica e política.
           
Em 2014, o preço do barril de petróleo caiu novamente. Por esse motivo, a Venezuela passou a produzir menos dessa commodity: consequentemente, a receita do país diminuiu, por conta da sua grande dependência do petróleo. Assim, a inflação passou a ser controlada artificialmente para que o povo pudesse comprar, e somada com a desvalorização da moeda, esta decisão apenas prejudicou o povo venezuelano, impedindo-os de comprar produtos importados para necessidades básicas. Uma dívida externa começa a se formar; a inflação cresce em disparada; a liberdade de expressão é limitada; há desabastecimentos dos mercados, que forçam o aparecimento de mercados negros. A crise, definitivamente, se instala. Em 2017, Maduro convocou eleições para uma Assembleia Constituinte, responsável por elaborar uma nova Constituição para o país. Essa convocação não agradou à oposição, que decidiu fazer um plebiscito para saber a opinião do povo. No entanto, Maduro não recuou e a eleição aconteceu normalmente, levando a crítica de que muitos dos eleitos eram apoiadores de Maduro.
           
As eleições de 2018, que elegeram novamente Maduro, foram consideradas por muitos Estados, inclusive o Brasil, como fraudulentas. A posse de Nicolás Maduro no começo de 2019 esfriou consideravelmente as relações com diversos países, como Estados Unidos, que até então era seu maior comprador de petróleo, mas a partir de 2013 começou a impor sanções econômicas ao país.

Outro fator que catalisou a ruptura das relações entre determinados países, como o Brasil e diversos países da Europa, foi a auto-proclamação de Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, que até então era presidente da Assembleia Nacional, o único órgão controlado pela oposição. Estados Unidos, Brasil, Canadá e mais outros 21 países reconhecem Guaidó como presidente interino do país. Do outro lado, países como Rússia, China e Cuba reconhecem Maduro como legítimo presidente.

Na última semana de abril, Juan Guaidó tentou um levante contra Nicolás Maduro. O autoproclamado presidente teve o apoio de um grupo de militares e libertou de sua prisão domiciliar Leopoldo Lopéz, também da oposição. Mas sem apoio militar suficiente e com a grande parte do exército do lado de Maduro, a tentativa falhou. Maduro, para mostrar quem estava do seu lado, fez uma marcha por Caracas ao lado do exército.

O QUE DIZEM NOSSOS PROFESSORES:

A cada dia que passa, as tensões na Venezuela aumentam, assim como na esfera internacional. É complexo prever qual o passo seguinte dos dois líderes do país. Qual seria a melhor opção para a Venezuela, tendo em vista as cartas que estão na mesa?

A professora de Teoria das Relações Internacionais do UNICURITIBA, Janiffer Zapelon, respondeu à essa pergunta: “Não existe solução ou opção fácil para resolver problemas de instabilidade política, de crise econômica e/ou de crise humanitária. No entanto, não acho que os problemas no país serão resolvidos retirando Maduro do poder da forma como se tem proposto. Vivemos numa realidade bastante difícil, diferente do que vimos na América Latina no início do século XXI em que se defendia a priorização da Cooperação Sul-Sul. Assim, umas das opções seria que os países da América do Sul, visando a estabilidade e o fortalecimento da união e integração da região, auxiliassem a Venezuela buscando negociar de forma pacífica um auxílio econômico, político e principalmente humanitário. No entanto, o que nós vemos hoje na região é a desintegração e a forte interferência dos Estados Unidos que busca retomar seu poder e liderança com os países da América Latina. Defendo também que seria importante a redução das medidas autoritárias no país e o aprofundamento democrático, mas sem interferência dos Estados Unidos, algo bastante difícil no momento”.
Sobre os impactos políticos em relação à continuação de Maduro no poder, a
professora ressaltou o fato da economia venezuelana depender fortemente do seu petróleo, que, por sua vez, depende do preço dos barris. “Quando o preço do petróleo baixou, passou a ocorrer uma crise econômica no país. Com o aumento das críticas ao governo Maduro, as tensões políticas se agravam. Verificamos que quando um governo vai reduzindo sua legitimidade política, que representa sua soberania doméstica segundo Stephen Krasner, este passa a adotar medidas cada vez mais autoritárias a fim de se sustentar no poder. Assim, devido ao debate interno no país, a tendência é que Maduro não flexibilize suas decisões políticas.”

Sendo o Brasil parte do BRICS, o professor de História Econômica Carlos Magno foi perguntado se há impacto no agrupamento econômico com o apoio do Brasil a Guaídó. “Talvez. Rússia, Índia, China e África do Sul têm se mostrado solidários ao Governo de Maduro. O Brasil quebraria a unanimidade política do BRICS em relação à Venezuela. O país começaria a parecer o patinho feio do grupo. Politicamente, isso não é bom. Principalmente porque o Brasil estaria dando demonstração de seu alinhamento com os Estados Unidos. Uma consequência possível seria o esfriamento dos diálogos e, consequentemente, das relações econômicas (leia-se investimentos) dos demais membros do BRICS em relação ao Brasil. No contexto atual do capitalismo mundial, penso que o impacto do apoio do Brasil à Guaidó pode ser negativo para nosso país”.

Andrew Traumann, professor de História do curso de Relações Internacionais no UNICURITIBA, conseguiu em poucas palavras, descrever a situação da Venezuela: “Quanto à Venezuela, o que aconteceu foi que durante o boom das commodities em meados dos anos 2000 com o barril do petróleo atingindo 130 dólares, o presidente Hugo Chávez aumentou e muito os gastos públicos como se aquele patamar de preços fosse se manter daquela forma por tempo indeterminado. Porém, com a retração chinesa e o aumento da produção pela Arábia Saudita o barril despencou para 30 dólares. Some-se a isso a desastrosa política econômica de Maduro com controle artificial da inflação, priorizar o pagamento da dívida externa com China e Rússia, o aparelhamento das Forças Armadas, a repressão a opositores e as sanções econômicas impostas pelos EUA desde o governo Obama e temos a receita da situação atual”.

Uma das muitas palavras que pode definir a Venezuela neste delicado momento é imprevisível. Hipóteses sobre a direção que o país seguirá são formuladas todos os dias por historiadores, cientistas políticos e economistas, mas a história provou que podemos sempre ser surpreendidos pelas decisões dos governantes. Nos solidarizar, tanto humana como politicamente, com nossos vizinhos é essencial para ajudar nessa crise econômica, social e política. 


REFERÊNCIAS:



 

** Manuela Paola é acadêmica do terceiro período de Relações Internacionais do UNICURITIBA e integra a equipe editorial do Blog Internacionalize-se, Projeto de Extensão coordenado pela Profa. Michele Hastreiter.
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