segunda-feira, 31 de outubro de 2011

América Latina: integrar ou entregar?




Por Camila Hoshino e Larissa Mehl*

Soy... soy lo que dejaron
Soy toda la sobra de lo que se robaron
Un pueblo escondido en la cima
Mi piel es de cuero, por eso aguanta cualquier clima
Soy una fábrica de humo
Mano de obra campesina para tu consumo
frente de frío en el medio del verano […]
Soy lo que me enseñó mi padre
El que no quiere a su patría, no quiere a su madre
Soy américa Latina, un pueblo sin piernas, pero que camina 

  Simon Bolívar, José Martí, Bernardo O’higgins, José de San Martín, Ernesto Che Guevara e Augusto C. Sandino: o sonho da integração latino-americana é acompanhado por uma genealogia extensa. Mas esta seria a integração de quem exatamente? Dos colonizados pelos espanhóis e portugueses? Dos povos da América do Sul? Ou seria dos povos da América Central? O México estaria incluído nessa “Pátria Grande”? E os imigrantes puros, também? Todos estes questionamentos para sanar uma única dúvida: existe mesmo um “povo latino”?

  A verdade é que mais teríamos motivos para acreditar na ficção de tal termo do que em sua existência de fato. Isto, graças ao tipo de colonização que tivemos e a mentalidade que construímos, ou melhor, que nos foi imposta. Mas, se por um lado, parecemos um bando de identidades dispersas em um território heterogêneo e nossas diferenças nos afastam cada vez mais a ponto de não podermos nos denominar um “povo”, por outro, razões ocultadas na nossa história dependente nos mostram o contrário. Portanto, o que esses chamados libertadores da América, citados no começo do artigo, reivindicavam é algo exposto para as pessoas que estão abertas a enxergar a riqueza e as similaridades existentes entre as diversas comunidades étnicas latinoamericanas, desde as que sobreviveram e trouxeram seus descendentes até as que foram covardemente exterminadas.

A América Latina surge principalmente a partir do sangue mestiço. Para explicar esta afirmação, podemos começar com a população nativa, uma vez que havia muitas tribos diferentes desde a gélida ilha da Terra do Fogo até as Pirâmides Astecas do México. Todas elas com traços indígenas típicos de sua região. Algumas etnias e suas respectivas religiões são bem conhecidas como, por exemplo, os Incas e o culto ao Deus Sol. Já outras, como os Selknam, da Terra do fogo, tiveram sua cultura inteiramente destruída. A chegada dos ibéricos- portugueses e espanhóis- trouxe consigo um grande fator de diferenciação para os habitantes do Novo Mundo. Mesmo com idiomas diferentes e disputas de terras entre eles, a colonização por parte destes europeus surgiu de maneira violenta, exploratória e pré-moldada. Fomos misturados com esta gente, criando uma nova raça. Fomos obrigados a esquecer nossos moldes culturais e criados para trabalhar sem receber muito ou até mesmo nada em troca, já que também éramos fonte de trabalho forçado. Mas éramos, sobretudo, diferentes. Tanto, que as próprias doenças trazidas pelos estrangeiros acabaram dizimando a população indígena da região, o que resultou em falta de mão de obra necessária para garantir os interesses dos colonizadores.

O contrabando de escravos trazidos da África havia se tornado um negócio muito lucrativo, portanto, logo os africanos chegaram ao continente para cobrir esse déficit de mão-de-obra.  Este povo foi oprimido mesmo antes de sair de sua terra. Aqui, se tornaram força de trabalho ainda mais explorado. Na América do Sul, principalmente na Colômbia e no Brasil, o contingente de mulheres negras que vieram para a região foi muito menor se comparado ao de homens. Sabe-se que foram muitos os casos de senhores – muitos deles já com traços mestiços - que tiveram relações sexuais, forçadas ou não, com suas escravas, dando origem a uma população mulata. E o fato de os negros também serem obrigados a falar o idioma de seus senhores ou patrões foi importante para o estabelecimento do português e do espanhol como idiomas predominantes.

Por último, temos mais uma massa de imigrantes: os novos europeus. Pobres e infelizes nos seus países de origem, esses brancos vieram para cá com a esperança de trabalhar com a terra e enriquecer. Acabaram sendo essenciais para dois fatores: a modernização da América Latina e a branquização de nossos mestiços. Ambos impulsionadores da desigualdade em vários âmbitos que se faz presente até os dias de hoje. O Etnocentrismo – que insiste em apagar a nossa história ao trazer a perspectiva dos “vencedores”- fez com que muito crioulo se orgulhasse de suas matrizes européias, tentando estabelecer uma superioridade perante o resto do povo negro e índio explorado. Esse ainda parece ser um ideal dominante que segue nos dividindo e criando, em muitos ignorantes, uma sensação de superioridade que assolam os continentes de racismo. Posteriormente, a vinda dos árabes e asiáticos também contribuiu para o enriquecimento da nossa mestiçagem.

  Tanto os colonizados pelos espanhóis como os colonizados pelos portugueses tiveram o mesmo tipo de colonização exploratória. Dessa forma, nos tornamos, etnicamente, diferentes dos americanos do norte, que transladaram suas populações e não se misturaram significantemente com outras raças. Sempre fomos dependentes dos povos que nos colonizaram, mas ao mesmo tempo, alheios. Somos neolatinos.  São essas duas características principalmente – mestiçagem e exploração- que são responsáveis por agrupar países como Brasil e México, Cuba e Chile, por exemplo, dentro do que entendemos por América Latina.

  Sempre vivemos para as vontades e interesses externos. Depois da colonização, nos curvamos às multinacionais e aos norte-americanos, simplesmente porque nossa mentalidade nos levou a isso. Muitos podem usar este argumento para desclassificar a credibilidade e a possível integração de nosso povo. Mas podemos ver de outra maneira, como o antropólogo Darcy Ribeiro em seu artigo “Consciência Alienada”. Ele diz: (...) eu prefiro nossa pobreza inaugural à sua opulência terminal, de quem já acabou de fazer o que tinha a fazer no mundo e agora, usufrui do criado. Nós temos um mundo a refazer.

Atualmente, o maior desafio de nosso povo é alcançar a própria emancipação, é construir uma América latina forte e, acima de tudo, independente. Temos que exorcizar nossos fantasmas exploradores e criar nossa nova auto-estima, de um povo não superior aos outros, porém mais humano, justamente por trazermos no sangue a herança de quase todas as raças possíveis (asiática, africana, européia e indígena). Trazemos na nossa história a marca da mais nobre resistência, da mais singela força – que inclusive nos caracterizou como um povo que não desiste nunca - e das mais diversas culturas deixadas por nossos ancestrais. Isso faz com que a América Latina integrada seja um sonho ainda vivo. No entanto, essa integração não deve estar voltada essencialmente à eliminação das barreiras do livre comércio, tampouco ao capital especulativo. Esse modelo de integração deve se firmar por meio das raízes da soberania popular, visando primordialmente a eliminação das barreiras sociais existentes.

  A definição trazida pelo escritor e jornalista uruguaio, Eduardo Galeano (1976), no livro “As veias abertas da América Latina”, é bem crítica em relação a essa integração: “’Nossa’ união faz a ‘sua’ força, na medida em que os países, ao não romperem previamente com os moldes do subdesenvolvimento e da dependência, integram suas respectivas servidões.” (grifos do autor)

  Ou seja, priorizando apenas o incremento do comércio por meio da troca de benefícios entre os países da região, só estaremos reproduzindo as mesmas relações de desigualdade que têm nos acompanhado por séculos. Não estamos integrando, mas entregando. A libertação econômica, social e cultural, junto com o reconhecimento das raízes identitárias locais, é que pode alavancar o velho sonho de união. Mas para isso, para que possamos escrever nossa própria história, também precisamos valorizar nossa mestiçagem e ter orgulho do que somos para destruir de uma vez por todas essa imagem de inferioridade e dependência.

Referências Bibliográficas:
1- GALEANO, Eduardo. As veias Abertas da América Latina.Tradução de Galeano de Freitas.Edição nº 45.(2005) Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976
2- RIBEIRO,Darcy. A América Latina existe?.1ª Edição. Brasília: Editora Unb, 2010
3 - PÉREZ, Rene; MARTÍNEZ, Eduardo. América Latina. Puerto Rico: Sony Latina, 2010

*Camila Hoshino e Larissa Mehl são estudantes do quarto período do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.
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Resenha do filme Cisne Negro


Cisne Negro - “Black Swan”, de Darren Aranofsky, estrelado por Natalie Portman e Winona Ryder, EUA, 2010.

Por Luiz Otávio Ribas*

Nina Sayers (Natalie Portman) é uma dedicada bailarina em Nova Iorque. Mora com sua mãe, Erica (Barbara Hershey), bailarina aposentada desde a gravidez. O diretor da companhia de balé, Thomaz Leroy (Vincent Cassel), decide substituir a bailarina principal, Beth MacIntyre (Winona Ryder), por Nina para a abertura da temporada com uma releitura do espetáculo “O lago dos cisnes”, de Tchaikovsky. Mas o papel não está garantido, pois ela tem dificuldades em representar o cisne negro, que é melhor interpretado por sua principal concorrente e amiga, a bailarina Lily (Mila Kunis). Enquanto o papel do cisne branco requer inocência e graça – características naturais em Nina -, o cisne negro requer malícia e sensualidade – características naturais em Lily -, mas ambos devem ser assumidos pela mesma bailarina.
A atriz Natalie Portman está em grande atuação e declarou que este papel mexeu com ela. Foi premiada como melhor atriz nos principais concursos de 2011, por exemplo, Globo de Ouro e Oscar.
Este belíssimo filme é exceção na indústria cultural de massas de Hollywood, acostumada a produzir enlatados que tomam conta das salas de cinema, das vídeolocadoras e das reproduções nos canais de televisão dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento – como o Brasil. Se temos muitos filmes sendo produzidos no nosso país, ainda possuem pouco espaço comparado àquele conferido aos estadounidenses.
A obra é uma oportunidade de repensar a tragédia como catarse. Ou seja, a representação teatral de uma certa realidade – mesmo que filmada – pode despertar nos espectadores a catarse/libertação como uma idéia de não repetição. É como se ao vermos a representação desta realidade passada e compreendendo a tragédia envolvida, tivéssemos as mesmas conclusões de que não podemos mais repetir esta experiência na realidade futura. Mas qual seria a tragédia envolvida no filme “O cisne negro”, de Darren Aronofsky?
A bailarina Nina está envolvida num trajeto de autolibertação. Sua atuação como protagonista do espetáculo representa, além de uma  realização pessoal, a superação da opressão que sofre de sua mãe – que projeta nela todas suas frustrações por ter se aposentado quando engravidou dela -, também do diretor – que cobra dela um desempenho que a transforma como pessoa -, e da plateia – que representaria toda a sociedade, no melhor modelo de auditório.
Uma das mensagens possíveis do filme é a comparação das relações entre os personagens e nossa sociedade atual. Pode-se encarar como crítica ao discurso da dominação pela competência e eficiência. Nina é levada aos seus limites do corpo para representar seu papel. A bailarina entra em surto psicótico, não conseguindo mais distinguir o que é real e o que é alucinação, esta é a sua tragédia. Nina se machuca de propósito, os limites do seu corpo são levados até a fronteira. Ela tem momentos de puro delírio – como quando tem falsas idéias sobre a relação sexual com Lily – e de alucinação – como quando tem percepções fantasiosas de que feriu Lily e se autoferiu.
O que a leva a estas situações extremas é a exigência de que incorpore os personagens do cisne branco e o negro. Ambos possuem características de bem e de mal, razão e emoção, são distinguidos no filme em diversos momentos, muitos deles estereotipados.  O cisne branco representa a perfeição, disciplina, técnica e precisão na expressão da bailarina. Nina teria facilidade de sê-lo por sua frigidez, por ser fraca, covarde e ter dificuldade de seduzir – espaço do estereótipo. O cisne negro representa a ousadia, surpresa. Lily teria facilidade de sê-lo por sua malícia, por ser sensual e agressiva, ter pouca precisão, mas fazer os movimentos sem esforço, sem fingimento. O espaço no estereótipo está na sexualização da personagem que se envolve, mesmo que em fantasia, com vários outros personagens, sempre com uma linguagem sexualizada, beirando o vulgar. O sexo é um elemento essencial no filme. Ele representa o desejo de libertação de Nina, quando fantasia a relação com Lily é quando se transmuta em cisne negro. Representa também a opressão da relação sexual que a gerou e aposentou sua mãe – trazendo o risco da repetição e a conseqüente frigidez de Nina. Representa, por fim, a opressão de um diretor que a assedia e molesta sem pudores. A opressão generalizada coloca a personagem numa encruzilhada, em que “a única pessoa no seu caminho é ela mesma”, conforme a fala do diretor. Para encontrar o amor do público, do diretor e da mãe ela está disposta a morrer. Tal qual na obra original de “O lago dos cisnes”, o cisne “mata a si mesmo e encontra a liberdade”.
O final do filme não deixa claro o destino de Nina, mas sinaliza para uma morte gloriosa, já que ela confessa: “eu senti, perfeito”. A protagonista alcança seu objetivo negando a tod@s, num individualismo e alucinação exacerbados, próprios do imperativo de nossa sociedade atual. Vejo o caminho trágico da bailarina como tragédia, o qual não devemos repetir, pois é o caminho da autodestruição e do totalitarismo. Para ser o que todos esperam que ela seja, Nina precisa se autodestruir, corporalmente e psicologicamente. Ser uma bailarina dedicada, expressiva, brilhante na sua doçura, não era suficiente. Ela deveria ser perfeita e imprecisa ao mesmo tempo, ser disciplinada e se deixar levar. Foram exigidos dela comportamentos antagônicos, inconciliáveis, que a levaram a beira da loucura e a transformar-se no próprio cisne negro, que provocou sua morte, em vida, como cisne branco – exigências como esta sintetizam um ideal totalitário. Mas há espaço para um elogio a estética do filme, pois em diferentes atos, a personagem é tudo isto, brilhantemente.
Por fim, deixo uma menção a dois poemas musicados por seus autores, que podem dialogar com - “O cisne negro” e sua mensagem da autodestruição pelo caminho do individualismo e da competência absoluta – uma das muitas interpretações possíveis desta obra. Os cariocas Marcelo Camelo e Marcelo Amarante dizem em “O vencedor”:

olha lá, quem vem do lado oposto/ vem sem gosto de viver/ olha lá, que os bravos são escravos sãos e salvos de sofrer/ olha lá, quem acha que perder é ser menor na vida/ olha lá, quem sempre quer vitória e perde a glória de chorar”.

Por fim, a mensagem do pernambucano Belchior em “Alucinação”:

Eu não estou interessado em nenhuma teoria/ em nenhuma fantasia nem no algo mais/ [...] A minha alucinação é suportar o dia-a-dia/ e meu delírio é a experiência com coisas reais/ [...] Amar e mudar as coisas/ me interessa mais”.

Luiz Otávio Ribas é professor no Curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.
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domingo, 30 de outubro de 2011

MERCOSUL: uma crítica construtiva.

Por Carlos-Magno Esteves Vasconcellos

A integração econômica, política, social e cultural dos países latinoamericanos é uma necessidade incontornável para o desenvolvimento dos países da região. A integração a que me refiro tem de se realizar como um processo agregador, incorporador, solidário. Nessa perspectiva, a integração deve ser construída a partir de consensos regionais, nascidos e costurados pela grande massa das populações e trabalhadores dos países nela envolvidos.  A integração dos países latinoamericanos deve, também, servir para fortalecer e efetivar o potencial criativo dos homens e mulheres que aí vivem, assim como fomentar o seu desenvolvimento sócio-econômico e cultural. Unidos e solidários talvez consigamos realizar o sonho de prosperidade social que acalentamos desde nossa “independência política” e que até hoje não alcançamos pelo caminho do individualismo.
Mas essa não é a integração que está em curso no momento. A integração atual, lançada por iniciativa dos presidentes Sarney (Brasil) e Alfonsín (Argentina) nos anos de 1985 e 1986, e selada com a assinatura do Tratado de Assunção de 1991, nasceu – assim como as demais experiências frustradas do passado – como um projeto das elites econômicas e políticas carcomidas de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Além disso, como o próprio nome indica (MERCOSUL – Mercado Comum do Sul), trata-se de uma iniciativa meramente econômica, cujo objetivo principal é arrancar as economias da região de uma crise estrutural de grandes proporções que as persegue desde o início da década de 1980. As populações dos países envolvidos estão completamente marginalizadas do “processo integracionista”.
O Brasil, com a maior e mais sofisticada economia da região, é o país mais interessado no avanço e sucesso do processo integracionista tal como vem sendo conduzido há pouco mais de vinte anos. O país vem empenhando grandes esforços financeiros e políticos para sustentar o processo. É, de longe, o país mais ativo e propositivo na construção do Mercosul. Mas as elites econômicas dos demais países integrantes desse projeto também estão engajadas em sua construção, porque é um projeto conservador, e não transformador. Vinte e poucos anos após seus primeiros passos, a integração latinoamericana não conseguiu modificar em nada a posição dos países da região na divisão internacional capitalista do trabalho.
As avaliações sobre a integração latinoamericana são meramente quantitativas. Fala-se muito do aumento do comércio e dos investimentos intra-regionais. O planos e realizações de alargamento e melhoria das infra-estruturas econômicas, principalmente dos sistemas de transporte, também são tidos como uma grande conquista da integração. Mas tudo isso é de inspiração burguesa, projetos cujo objetivo é o revigoramento econômico dos países da região. Projetos que visam dar sustentação ao modelo econômico excludente que prevalece desde sempre na região.  
As populações latinoamericanas não se pensam, não se conversam, não dialogam. Por isso, estão marginalizadas do processo de integração ora em andamento. Quem as dirige são as elites econômicas, autóctones e estrangeiras. Mas essas têm um olhar enviesado, de classe, excludente. Os trabalhadores e suas condições de trabalho e de vida, os jovens e seus sonhos de lazer e cultura, os artistas e os intelectuais inundados de criatividade são pouco relevantes em seus planos.
As relações de produção e a superestrutura da sociedade burguesa contemporânea – sobretudo a democracia burguesa tal como a conhecemos – tornaram-se estreitas demais para responderem aos anseios de desenvolvimento das forças produtivas que ajudaram criar. Elas terão de ceder, mas não cederão pela mecânica do acaso. Da mesma forma que um dia foram erigidas, hoje terão de ser desconstruídas pela ação dos homens e mulheres da região. É esse o grande desafio que se apresenta diante dos povos latinoamericanos, e disso dependerá o futuro de sua integração.        

Carlos-Magno Esteves Vasconcellos é doutor em Economia pela Escola Superior de Economia de Varsóvia, Polônia, professor das disciplinas de Economia Política Internacional e Empresas Transnacionais do Curso de Relações Internacionais do UniCuritiba.
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sábado, 29 de outubro de 2011

Entrevista do Prof. Dr. Carlos-Magno Vasconcellos

Os protestos que ora ocorrem nas "cidades globais" (Nova Yorque, Londres, Tóquio etc.) expressam a crescente insatisfação popular com um sistema econômico posto a serviço não do ser humano, mas do lucro pelo lucro. Eis o diagnóstico do Prof. Dr. Carlos-Magno Vasconcellos, em entrevista ao Tela Mundo.


Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=DrShBVFDmZ0
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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

América Latina


Depois de uma década de 90 francamente liberal, a América Latina flertou perigosamente com teses ideológicas na década seguinte. Felizmente, o final da década mostrou que os exemplos deveras à esquerda não se mostraram as melhores opções. Os países que decidiram passar por um caminho de reformas hoje ganham os louros por as ter seguido. Didaticamente, vale separar a América Latina em três conjuntos.
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Biblioteca digital latino-americana


Conheçam a biblioteca digital da filosofia latino-americana, criada pelo grupo de discussão "Filosofia no Brasil".
Contribuam com sugestões de autores e textos para alimentar esta importante ferramenta de consulta.
Os textos estão hospedados no Portal de Filosofia - iPHi.

Contribuição essencial para a história da filosofia de nosso continente. Importante lembrar que existem outros grupos no Brasil preocupados com este tema, entre outros, oInstituto de Estudos Latino-americanos, e o Núcleo de Estudos e Práticas Emancipatórias, ambos da UFSC.

Destaque para os textos de
Simón Bolívar (Doctrina del libertador),
Enrique Dussel (1492 - El encubrimento del otro),
Paulo Freire (Pedagogia do Oprimido),
Roberto Gomes (Crítica da razão Tupiniquim) e
José Martí (Nuestra América).

Imagens: José Martí e Simón Bolívar.
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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Formação social na América Latina e identidades


Nesta semana de debate sobre a integração na América Latina, gostaria de abordar o tema da formação social e a nossa identidade.

Por Luiz Otávio Ribas


Os povos guarani, caygangue, mapuche, quechua, inca, maia, azteca, entre muitos outros, foram os primeiros habitantes deste continente. A experiência colonial marca profundamente a história da América, por suas características de encobrimento e etnocídio. Os povos africanos que foram trazidos para serem escravizados também sofreram com o processo colonial.
Refletir sobre a América Latina (e o Caribe) é uma dificuldade quando estamos diante de tantas diferenças culturais. Antes que José Martí pudesse referir-se a "nuestra América", os povos que aqui vivem já tinham suas próprias denominações. O encontro entre mundos - como os espanhóis e os mapuche, e os portugueses e os guarani, significou um encobrimento. A cultura anterior é encoberta, negada, destruída, por uma outra, a qual a desconsidera - é o colonialismo.
No nosso caso brasileiro, a própria denominação pelos portugueses "Ilha de Vera Cruz", já significou um encobrimento, que insere-se no conceito de etnocídio. Uma vez que um povo é dizimado, corporalmente, fisicamente - pelo enfrentamento armado, doenças ou outras consequências do contato - existe ainda, o "culturicídio" - quando as etnias são desconsideradas para dar origem ao mito fundador da mestiçagem.
Todos os povos desta terra foram desconsiderados para nascer o mestiço - o brasileiro. Neste processo, a língua oficial escolhida foi o português, não o tupi.
O etnocídio existe enquanto experiência histórico antropológica, ainda, no caso dos povos africanos. Diferentemente daqueles que já aqui habitavam antes da chegada dos europeus, os africanos foram trazidos por aqueles para aqui trabalharem como escravos. O encobrimento da cultura negra iniciou desta maneira e seguiu mesmo após a suposta abolição da escravatura.
Hoje, os povos que aqui já estavam - primeiros viventes - e os povos que foram trazidos como escravos - primeiros trabalhadores - enfrentaram inúmeras dificuldades para conviver com os povos que para aqui vieram - primeiros migrantes. Estes diferenciam-se dos anteriores em razão de sua predisposição para aqui viver após uma longa viagem.
É necessário diferenciar, ainda, o migrante português das grandes navegações, do português da política de povoamento. Enquanto que o primeiro estava tomado por sentimentos de conquista, "descobrimento", heroísmo; o segundo por sentimentos de esperança por uma terra em que sua sobrevivência fosse possível.
Este pensamento de conquista vai determinar a histórica da América, conforme Enrique Dussel. O encobrimento do outro será o momento histórico mais importante para nós americanos, e deixará marcar profundas em nossa filosofia.
Por fim, resta manifestar o sentimento de grande respeito e admiração pelos primeiros habitantes de nossa terra - viventes, trabalhadores e migrantes - na utopia de que um dia nossa convivência seja livre.

Referências:

DUSSEL, Enrique Domingo. 1492: o encobrimento do outro. Petrópolis: Vozes, 1993.
FIABANI, Adelmir. Mato, palhoça e pilão: o quilombo, da escravidão as comunidades remanescentes (1532-2004). São Paulo: Expressão Popular, 2005.
FREITAS, Décio. O escravismo brasileiro. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982
KAYSER, Hartmut-Emanuel. Os direitos dos povos indígenas do Brasil: desenvolvimento histórico e estágio atual. Porto Alegre:Sérgio Antonio Fabris, 2010.
MARÉS, Carlos Frederico. O renascer dos povos indígenas para o direito. Curitiba: Juruá, 2009.
MARTÍ, José. Nuestra América. México: UNAM, 2004.


Luiz Otávio Ribas é professor de Direitos Humanos no Curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.
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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O processo de integração na América do Sul: algumas considerações sobre a UNASUL


Carlos Ricardo Becker

O processo de integração sul americana ganhou novo fôlego com a recente criação da UNASUL (União de Nações Sul-Americanas), mas até que ponto esta nova organização será capaz de nos levar? E o que será do MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) e da CAN (Comunidade Andina de Nações), que observam o surgimento de uma nova Organização Internacional na região com os mesmos objetivos que os seus?
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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

América Latina interrompida

 A história da América Latina tem sido marcada por uma série de interrupções. Aquela ideia de progresso contínuo, em que reformas são permanentemente o centro do desenvolvimento econômico, contaminou apenas o Chile ao longo de sua história. Os outros países, inclusive o Brasil, são rajados de lapsos de modernidade que em geral se perdem por políticas mal feitas. Essa percepção de torna ainda mais interessante hoje quando muitos consideram que o Brasil já é um país pronto para o crescimento, que não precisaria mais de grandes reformas. A inatividade dos primeiros seis meses da presidente Dilma sugeriria que não há muito mais o que fazer de reformas institucionais no país.
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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Link interessante: Programa de televisão nos EUA sobre o Brasil

Juliano da Silva Cortinhas

Caros leitores do blog,
Diferentemente de minhas "postagens tradicionais", envio um anexo que considerei bastante interessante. Trata-se de uma edição do tradicional programa "60 Minutes", exibido, nos EUA, no final do ano passado sobre o crescimento brasileiro. Retrata de forma interessante algumas de nossas riquezas e mazelas. Para um programa de 13 minutos, achei que toca em pontos relevantes. Por aqui, há muita curiosidade sobre o Brasil, principalmente entre os níveis mais conscientes e politicamente instruídos da população. Tenho tido alguns debates interessantes. Quanto ao estadunidense médio, a curiosidade é focada na realização da copa. Todos têm vontade de conhecer o Brasil e uma admiração por nossa alegria. Apesar de parecer, isso não é pouco. Já reflete a criação de algum poder brando por nosso país. Enfim, vários passos precisam ser dados, mas acredito que estejamos no rumo certo. Compartilhem o vídeo e opinem, para que possamos trocar ideias a respeito.



Juliano é professor licenciado do UNICURITIBA e professor visitante na University of Delaware.
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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Análise do caso Maria da Penha a partir das Três Responsabilidades da Escola Inglesa



Marina Lombardi

“O direito de toda mulher livre de violência inclui, entre outros: o direito da mulher de ser livre de toda forma de discriminação e, o direito da mulher de ser valorizada, educada livre de padrões estereotipados de comportamento e práticas sociais e culturais baseadas em conceitos de inferioridade ou subordinação.”

(Art. 6 da Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher – Convenção de Belém do Pará – 1994).


Maria da Penha Maia Fernandes, vítima de um disparo de arma de fogo dado pelo seu marido em 1983, Marco Antônio Heredia Viveiros, é conhecida pela Lei criada em 2006 que leva o seu nome e que versa sobre violência doméstica e familiar contra a mulher. Durante os seis anos de casamento foi violentada pelo marido, que a tentou matar duas vezes, a primeira com um tiro nas costas, que a tornou paraplégica, e a segunda por eletrocussão e afogamento. A Constituição Federal garante através do §8º, do artigo 226 “a assistência a família... e mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”. Por quinze anos Maria da Penha aguardou a justiça ser feita pela legislação interna de seu país; sem sucesso, recorreu à esfera internacional.
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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A Invasão Americana ao Afeganistão em 2001 e as três Responsabilidades da Escola Inglesa


Por Gabriela Sueitt Abud


A história do Afeganistão é marcada pela miscigenação e pela influência de diversos povos e civilizações asiáticas. Por conta de sua posição geográfica, o país foi invadido diversas vezes ao longo de sua história, e suas fronteiras e governo têm sido constante alvo de disputas. 
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domingo, 9 de outubro de 2011

Entrevista da Professora Angela Moreira no Tela Mundo



O tema do primeiro Tela Mundo é a Líbia. Os conflitos neste país do norte da África acarretaram em grandes transformações.
A apresentação é de Thomas Mayer e a convidada desta edição é a internacionalista e cientista política Angela Moreira, professora e coordenadora do Curso de Relações Internacionais do UniCuritiba.
Para ver o vídeo que foi gravado em 01 de setembro de 2011, acesse o link:




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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Economia: a ciência sombria

Dias atrás, uma grande amiga minha disse-me que ganhou um livro espírita onde o autor (ou a autora) afirma que a economia é uma profissão “do mal”, e que os economistas vão “arder no inferno” quando morrerem e passarem para o outro lado da vida, diferentemente dos enfermeiros e dos assistentes sociais (o termo não foi esse, mas foi exatamente isso que o escritor(a) quis dizer). Em respeito à minha querida amiga – que é uma economista, mas anda bastante frustrada com a nossa ciência – segurei a gargalhada diante de tamanha criatividade e originalidade do autor para criar estórias cômicas.

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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Viagem de Dilma à Bulgária: busca das raízes

* Etiane Caloy

Na visita de dois dias à Bulgária, a presidente Dilma expressa que: "Essa é uma viagem externa da presidente do Brasil, mas também a viagem da pessoa. E uma parte da minha raiz está na Bulgária".
Pelas ruas, muitas pessoas parecem conhecer a trajetória da presidente, inclusive, do envolvimento do seu pai com o comunismo e o próprio envolvimento de Dilma com a guerrilha no Brasil nos tempos da Ditadura Militar. 
A viagem incluiu, ainda, a visita da presidente à cidade natal do pai, Gabrovo.
Em Gabrovo, cidade de 66 mil habitantes e a 200 quilômetros da capital Sofia, Dilma visitou uma escola e o Museu de História Regional. Elogiou ainda a capacidade do Brasil de receber todas as etnias.



* Etiane Caloy é doutora em História e professora de História do Brasil no UNICURITIBA.
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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Entrevista do Professor George Sturaro no Tela Mundo, em 20 nov. 2011



Na edição do Tela Mundo de 29 de novembro de 2011 o assunto é a 66ª Assembleia Geral da ONU. Thomas Mayer conversa com o internacionalista George Sturaro, professor do Curso de Relações Internacionais do UniCuritiba, sobre as questões que estão em pauta nesse encontro: a crise econômica mundial, os conflitos da primavera árabe e a questão palestina.


Para ver o vídeo na íntegra, acesse o site: 
http://www.youtube.com/watch?v=U7vAjCbVOro
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