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sexta-feira, 12 de agosto de 2022

CÁTEDRA: Direito Internacional à reunião familiar

Por Eduardo Pimentel dos Santos Peres*

    Podemos dizer que as primeiras décadas do século XXI estão sendo marcadas por sucessivas crises migratórias e estas não estão restritas a uma única região. Nas Américas, os principais fluxos migratórios encontram-se na fronteira México/Estados Unidos e na imigração de venezuelanos e haitianos ao Brasil. 
    Já no continente europeu, os fluxos migratórios estão espalhados pelas diversas nações que compõem a Europa, sendo os imigrantes vindos de diversos países, e como principais, advindos da Síria, Afeganistão, dos diversos países africanos e agora também da Ucrânia.
    Pode-se dizer que existe uma causa comum para que estas pessoas saiam de seus países, e em resumo, as crises migratórias são causadas por uma séria crise institucional ou econômica que está ocorrendo no país de origem. Por consequência, aqueles que imigram se deslocam em busca de oportunidades e de condições melhores para suas vidas, ou até mesmo, para permanecerem vivos.
    Infelizmente, nem todos os imigrantes conseguem trazer toda família consigo, sendo um dos objetivos, após se estabelecerem, a busca de meios e capital para trazerem os entes queridos que ficaram para trás.
    Entretanto, além da dificuldade na mudança de paradigmas (por conta da cultura e oportunidades diferentes em relação ao país que tem origem) e no arrecadar do capital necessário para custear a viagem de seus familiares ao novo país, ocorre que as solicitações de refúgio podem, muitas vezes, serem morosas e ou excessivamente complicadas. 
    O direito à reunião familiar, direito considerado fundamental, está previsto no Pacto de San José da Costa Rica em seu Artigo 17, referente à proteção da família, no Artigo 16 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, no Artigo 8 da Convenção Europeia de Direitos Humanos e também no Artigo 18 da Carta de Banjul

Artigo 17 da CADH A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado. 
Artigo 16 da DUDH A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado. 
Artigo 8 da CEDH Qualquer pessoa tem direito ao respeito da sua vida privada e familiar, do seu domicílio e da sua correspondência. 
Artigo 18 da Carta de Banjul A família é o elemento natural e a base da sociedade. Ela tem que ser protegida pelo Estado, que deve zelar pela sua saúde física e moral. 

    Verificado nas normas internacionais supracitadas, o direito de família, e em específico, o direito de reunião familiar é fundamental para a dignidade da pessoa humana, sendo o núcleo da sociedade, e deve ser respeitado pelos Estados, principalmente aqueles que são signatários destes tratados. 
    Isso significa que os Estados que dificultam a reunião familiar por morosidade, complexidade excessiva ou omissão na prestação de serviços relacionados com este direito seriam passíveis de responsabilização internacional.
         No entanto, frequentemente são visíveis desrespeitos ao direito;

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/06/criancas-morrem-no-haiti-enq uanto-esperam-visto-para-morar-com-os-pais-no-brasil.shtml


    No início de 2022, Raynju Riguelme, uma criança de apenas 2 anos acabou morrendo no Haiti enquanto esperava com sua mãe o processo de Reunião Familiar para o Brasil. O pai da criança, Jameson Blanc, mal conheceu seu filho, migrou ao Brasil em 2019 em busca de oportunidades para proporcionar melhores condições de vida para sua esposa e filho, lamentavelmente, este objetivo não poderá ser atingido. 
    A morte da criança não foi causada pela demora no processo, mas poderia ter sido evitada se este fosse célere. O Haiti se encontra em uma crise sócio-política gravíssima e, em razão disso, não possui um sistema de saúde abastado, se a reunião familiar tivesse sido concretizada, Raynju Riguelme, poderia ter tido um destino diferente, uma vez que o Brasil possui um sistema único de saúde, que é gratuito, universal e dispõem de mais recursos para o tratamento de doenças de forma geral, os quais poderiam ter sido usados para salvá-lo. 
    Ainda, segundo a matéria da FOLHA DE SÃO PAULO, a dificuldade para obter um visto no Haiti é crítica, pode levar até 1 ano e meio ou mais para que seja expedido; além da dificuldade em conseguir a documentação necessária, há um problema logístico para viajar do Haiti para o Brasil.
    Inobstante, o Brasil é um dos principais destinos do povo haitiano (a partir de 2010 em decorrência ao terremoto que atingiu o país e mais recentemente em 2021, com assassinato do presidente haitiano Jovenel Moïse) visto os procedimentos de acolhidas brasileiros e o conhecimento geral da crise. Considerando que houve um movimento empático na adoção de medidas para auxiliar a aflição humanitária utilizando de ferramentas específicas de acolhimento e o reconhecimento de longa duração para os processos, é no mínimo questionável que medidas de solução ainda não tenham sido levantadas. 
    No dia 20 de abril de 2022, foi publicado a decisão do Presidente Ministro Humberto Martins, quanto a suspensão da liminar e de sentença ajuizada pela União e Outros contra diversas decisões proferidas pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em que é notório a consciência de dificuldades, como a) há uma crise humanitária, b) as vagas para agendamento para solicitação de visto na Embaixada brasileira em Porto Príncipe estão indisponíveis; c) haveria um esquema de corrupção na embaixada no processo de concessão de vistos; d) e que tentando ingressar no Brasil, os haitianos buscam pela via judicial (ultrapassando a etapa consular), em detrimento à garantia da reunião familiar e à acolhida humanitária, insculpidas nos art. 3º, incisos VI e VIII, da Lei de Migração e que por isso caberia ao Poder Judiciário assegurar o ingresso desses migrantes em território brasileiro. Na decisão em questão, em preservação da soberania e protocolos da União, não foram estendidas as exceções ao povo haitiano. 
    Lastimavelmente, em consideração as exposições, as situações como as ocorridas pela família de Raynju e outras são frequentes, por este e outros motivos é indispensável que seja exigido aos Estados o fornecimento de condições dignas para a realização da Reunião familiar, fazendo o possível para garantir a fruição deste direito humano e possibilitando a conservação da dignidade da pessoa humana. 

*Graduando em Direito pelo Centro Universitário Curitiba

REFERÊNCIAS 
CONSELHO DA EUROPA. Convenção Europeia dos Direitos dos Homens, 1950; 
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS. Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), 1969; 
MANTOVANI, Flávia. Haiti: Crianças morrem esperando vistos para o Brasil. Folha de São Paulo, 26 de junho 2022; 
Assembleia Geral da ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos, (1948); 
CONSELHO DA EUROPA. Recomendação 1686 - Human mobility and the right to family reunion.






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quinta-feira, 2 de junho de 2022

CÁTEDRA: Entre desesperos e esperanças - a atual situação dos refugiados afegãos no Brasil

Afegãos que moram em São Paulo durante protesto na porta do escritório do Itamaraty - Eduardo Anizelli/Folhapress. Disponível aqui.
Por Ana Cristina Cercal dos Santos*

    Em agosto de 2021, o grupo extremista Talibã retornou ao poder no Afeganistão logo após a saída da ocupação estadunidense do território. A potência ocidental havia se instalado lá 20 anos atrás com o propósito de retirar do poder o grupo que havia permitido a ocultação de Osama Bin Laden, responsável pelo ataque terrorista de 11 de setembro de 2001.
    Com a retirada do exército norteamericano, os fundamentalistas viram a oportunidade de recuperar o território afegão. Logo nas primeiras horas após o anúncio da volta do Talibã, muitos tentaram sair do país pelo aeroporto, gerando imagens de desespero que impactaram o mundo todo. Para os que ali estavam, o retorno dos extremistas significou o retorno de restrições e supressões de direitos, além de perseguições contra opositores. 
    Não bastasse essa conjuntura, o povo afegão ainda está pagando por um crime que não cometeu. No ano passado, os Estados Unidos anunciaram o confisco de 7 bilhões de dólares das contas do Afeganistão, alegando que o dinheiro seria redirecionado para compensar as vítimas do ataque de 11 de setembro. Com isso, a crise humanitária afegã aumenta ainda mais, uma vez que esse posicionamento contribui para o declínio econômico do país. Tais fatos combinados com desastres naturais, pobreza e insegurança alimentar ocasionaram a migração de 2,6 milhões de pessoas apenas em 2021. 
    Aqueles que permanecem no território afegão enfrentam agora o resultado de interferências do mundo exterior, além das medidas forçadas pelo Talibã. Dentre as restrições impostas pelo grupo, as mais conhecidas são as direcionadas às mulheres. Em um primeiro momento, os extremistas haviam declarado que não iriam interferir nos seus direitos como antigamente, a fim de tentar amenizar a imagem perante à comunidade internacional. Contudo, recentemente as mulheres foram proibidas de viajar sem a companhia de um homem, e o uso da burca tornou-se mais uma vez obrigatório, inclusive para as apresentadoras de televisão que agora devem cobrir o rosto durante a transmissão do programa. 
    No meio de um conjunto de medidas que vêm para suprimir direitos e liberdade de escolha, a restrição que pode trazer consequências mais duradouras talvez seja a proibição de estudar. Foi nesse contexto que a paquistanesa Malala foi alvo de um atentado quando estava retornando da escola em 2012 e, desde então, tornou-se uma defensora assídua do direito à educação das meninas, tendo demonstrado sua preocupação pela volta do regime ao poder no Afeganistão. Após falsas promessas de que não haveriam restrições nesse sentido, os temores de Malala foram confirmados pela não abertura das escolas de meninas, que deveria ter ocorrido em março deste ano. 
    Diante deste cenário de restrições, ameaças e perseguições, para muitos não há alternativa senão migrar do território afegão. Dada as circunstâncias, o Brasil passou a conceder vistos para acolhida humanitária de afegãos, que é uma das modalidades de visto temporário dirigido aos apátridas ou estrangeiros de países que se encontram em instabilidade institucional, conforme Lei no 13.445/2017, conhecida como Lei de Migrações. O visto humanitário abarca questões de conflito armado, calamidades ambientais, violações de direito humanitário e grave violação de direitos humanos, sendo neste caso um meio para depois requerer o reconhecimento como refugiado. 
    Em dezembro do ano passado, o governo brasileiro concedeu mais de 300 vistos humanitários para a acolhida dos afegãos. Infelizmente, afegãos relatam dificuldades com burocracias inoportunas das embaixadas brasileiras em países próximos ao Afeganistão, o que ocasionou atrasos para a concessão do visto, crítica plausível uma vez que a ideia desse visto é justamente possibilitar a acolhida daqueles que precisam mudar de localização com urgência e que muitas vezes não portam consigo documentos básicos. 
    Além da permissão legal para ingressar no território brasileiro, os refugiados podem encontrar outras barreiras no caminho, como por exemplo o deslocamento por terra e o cuidado que devem ter para não serem abordados pelo Talibã. Para alguns, o trajeto desde a saída do Afeganistão até a chegada no Brasil durou mais de dois meses. Ainda, alguns refugiados relataram dificuldades ao usarem uma rota de passagem pelo Paquistão, onde quase foram deportados ao passarem pela migração do país, circunstância em que seriam enviados de volta ao Afeganistão. 
    Após tantas dificuldades e sofrimentos, a chegada ao Brasil representa um momento de esperança. Em outubro de 2021, um grupo de juízas afegãs e seus familiares foram acolhidos em Brasília, totalizando 27 pessoas. Esse primeiro acolhimento foi realizado com apoio de psicólogos e assistentes sociais do programa de apoio ao migrante do Distrito Federal (Getpam - Programa Pró-Vítima e servidores da Gerência de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Apoio ao Migrante), momento em que foi viabilizado a vacinação contra a Covid-19, a matrícula de crianças em escolas e a emissão de documentos para a regularização dos refugiados em território nacional, conforme esclarecido em contato com a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus/DF). 
    Desde então, vários outros grupos de afegãos chegaram ao Brasil. Depois dos protocolos iniciais mencionados, as famílias de refugiados estão sendo acolhidas por grupos de igrejas que se comprometeram a ajudar com despesas até que eles sejam devidamente inseridos na sociedade e no mercado de trabalho brasileiro. Os refugiados também contam com a ajuda da Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados com parcerias com a sociedade civil, ONGs e centros acadêmicos, como é o caso da Cátedra Sérgio Vieira de Mello do Centro Universitário Curitiba. 
    Não obstante a acolhida pelo governo brasileiro, há ainda o desafio da adaptação em uma nova cultura, do aprendizado do português, da validação de suas profissões, e também, dentre outros, o desafio de superar o que ficou para trás. Nesse contexto, cabe às instituições e à população a contribuição para que a esperança de um futuro melhor e digno se concretize para os refugiados. 

*Ana é advogada, pós-graduanda em direitos humanos e voluntária na Cátedra Sérgio Vieira de Mello - Unicuritiba.

Referências
G1. Afegãos desesperados invadem aeroporto de Cabul e se agarram a avião para fugir do Talibã. 16/08/2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/08/16/afegaos-desesperados-inva dem-aeroporto-de-cabul-e-se-agarram-a-aviao-para-fugir-do-taliba.ghtml>. Acesso em: 24/05/2022.
The Intercept Brasil. EUA cometem equivalente a ‘assassinato em massa’ ao congelar dinheiro do Afeganistão. 18/02/2022. Disponível em: <https://theintercept.com/2022/02/18/eua-bloqueio-dinheiro-afeganistao/>. Acesso em: 25/05/2022.
Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados Brasil. Afeganistão. Disponível em: <https://www.acnur.org/portugues/afeganistao/#:~:text=O%20Afeganist%C3%A3o% 20est%C3%A1%20passando%20por,pobreza%20cr%C3%B4nica%20e%20insegur an%C3%A7a%20alimentar>.
CNN. Taliban decree orders women in Afghanistan to cover their faces. Disponivel em: <https://edition.cnn.com/2022/05/07/asia/afghanistan-taliban-decree-women-intl/inde x.html?utm_source=thenewscc&utm_medium=email&utm_campaign=referral>. Acesso em: 15/05/2022.
G1 Mundo. Talibã ordena que apresentadoras de TV cubram o rosto. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/05/19/taliba-ordena-que-apresentadoras- de-tv-cubram-o-rosto.ghtml>. Acesso em: 19/05/2022.
G1 Mundo. ‘Estou profundamente preocupada com as mulheres afegãs’, diz Malala enquanto o Talibã cerca Cabul. 15/08/2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/08/15/estou-profundamente-preocupada- com-as-mulheres-afegas-diz-malala-enquanto-o-taliba-cerca-cabul.ghtml>. Acesso em: 16/05/2022.
RFI Mundo. Em dia de volta às aulas, Talibã fecha escolas e manda alunas afegãs para casa. Disponível em: <https://www.rfi.fr/br/mundo/20220323-em-dia-de-volta-%C3%A0s-aulas-talib%C3% A3-fecha-escolas-e-manda-alunas-afeg%C3%A3s-para-casa>. Acesso em: 20/05/2022.
BRASIL. Lei 13.445 de 24 de maio de 2017. Lei de Migração. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13445.htm>. Acesso em: 17/05/2022.
Governo Federal. Ministério das Relações Exteriores. Vistos humanitários para afegãos. Nota à imprensa no 164, publicado em 01/12/2021. Disponível em: <https://www.gov.br/mre/pt-br/canais_atendimento/imprensa/notas-a-imprensa/vistos -humanitarios-para-afegaos-1deg-de-dezembro-de-2021>. Acesso em: 15/05/2022. Agência Senado. Em comissão, afegãos se queixam de burocracia excessiva do itamaraty para acolher refugiados. Senado Notícias, 19/11/2021. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/11/19/em-comissao-afegaos-s e-queixam-de-burocracia-excessiva-do-itamaraty-para-acolher-refugiados>. Acesso em: 15/05/2022.
G1 Globonews. Filhos afegãos reencontram pais no Brasil após seis meses de fuga do Talibã. São Paulo, 13/02/2022. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/02/13/filhos-afegaos-reencontram-p ais-no-brasil-apos-seis-meses-de-fuga-do-taliba.ghtml>. Acesso em: 16/05/2022. CNN Brasil. Em fuga do regime Talibã, grupo de afegãos chega ao Brasil. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/em-fuga-do-regime-taliba-grupo-de-afeg aos-chega-ao-brasil/>. Acesso em: 15/05/2022.
G1. Juízas afegãs ameaçadas pelo Talibã e recebidas em Brasília fazem CPF. Distrito Federal, 28/10/2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2021/10/28/juizas-afegas-ameacadas -pelo-taliba-e-recebidas-em-brasilia-fazem-cpf.ghtml>. Acesso em: 18/05/2022.
CNN Brasil. Em fuga do regime Talibã, grupo de afegãos chega ao Brasil. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/em-fuga-do-regime-taliba-grupo-de-afeg aos-chega-ao-brasil/>. Acesso em: 15/05/2022. 
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terça-feira, 9 de novembro de 2021

CÁTEDRA: Fogo no campo de refugiados de Mória completa um ano

Por Amanda Souza*

    Vindos da Europa e do Oriente Médio, é muito comum que os refugiados sonhem e busquem uma vida digna e salubre, porém a maioria passa grande parte do período de pós migração morando nos campos de refugiados, que são lugares construídos por ONGs, Estados ou Organizações Internacionais para acolher essas pessoas até que sejam aceitas por algum país, ou seja, um lugar de passagem. Entretanto, os campos de refugiados acentuam cada vez mais as vulnerabilidades da comunidade refugiada. 
    Os campos de refugiados funcionam como uma verdadeira cidade. Possuem espaço para comércio, escola, enfermaria e um conjunto enorme de cabanas que abrigam seus moradores. Olhando desse modo parece ser um ótimo lugar para se viver, mas a insalubridade presente no local é muito grande. As cabanas não são preparadas para receber famílias tão grandes e se tornam apertadas; há poucos banheiros e não possuem água encanada. Além das condições físicas, muitos dos direitos não são garantidos, como a educação, a liberdade e a proteção. Crianças de vários níveis escolares têm aulas conjuntas - quando possível - pois na maior parte dos campos há falta de professor e material. 
    Os campos de refugiados funcionam como uma verdadeira cidade. Possuem espaço para comércio, escola, enfermaria e um conjunto enorme de cabanas que abrigam seus moradores. Olhando desse modo parece ser um ótimo lugar para se viver, mas a insalubridade presente no local é muito grande. As cabanas não são preparadas para receber famílias tão grandes e se tornam apertadas; há poucos banheiros e não possuem água encanada. Além das condições físicas, muitos dos direitos não são garantidos, como a educação, a liberdade e a proteção. Crianças de vários níveis escolares têm aulas conjuntas - quando possível - pois na maior parte dos campos há falta de professor e material.
    Um dos maiores campos de refugiados do mundo foi o Campo de Mória, que se situava na Ilha de Lesbos, na Grécia. O fato de sua existência está no passado, pois em 2020 houve um incêndio decorrente de uma briga entre os moradores que colocou o campo abaixo e, por isso, o governo teve de construir outro campo para abrigar todos aqueles que perderam o lar temporário. Após o desastre, a Grécia recebeu dinheiro da União Europeia para construir um novo campo, mas o mesmo ainda não foi finalizado. Esse campo promete ser moderno e suprir todas as necessidades dos refugiados, mas já encontra dificuldades em sua construção em relação a luz, água encanada e demais exigências. O atual Mória 2.0 está sendo construído próximo ao mar, o que não é muito vantajoso, visto que é uma região com maré alta e fortes ventos, que em determinadas épocas do ano podem impactar diretamente na construção. Diante disso, muitos dos 17 mil refugiados que viviam em Lesbos antes do incêndio já foram realocados em outros campos, e hoje restam cerca de 3,5 mil refugiados na ilha, segundo a ACNUR. 
    O Campo de Mória foi criado em 2015 para abrigar pessoas que buscavam entrar na Europa continental através da Turquia. O campo foi, então, estabelecido em uma ilha grega, onde estavam sem a permissão de sair até que fossem aceitos na Grécia continental. Entretanto, essa permissão demorou e demora muito tempo para ser efetivada, fazendo com que o acampamento atingisse um limite de moradores além do limite, visto que cada vez mais pessoas eram abrigadas. O acampamento foi projetado para ser um lar temporário de cerca de 2.800 pessoas, mas a população de Mória atingia quase quatro vezes esse número, portanto a comida era racionada, os banheiros eram divididos para cerca de 150 pessoas e os chuveiros para 500. O campo foi considerado o mais insalubre de toda a Europa. Mas, além da insalubridade, é um lugar muito violento, ainda que abrigue muitas crianças, resultando em relatos de menores que não dormem por medo das brigas. A violência tem diversos motivos, um exemplo é a xenofobia entre xiitas, sunitas, árabes, afegãos e curdos. A presença de diversas culturas convivendo diariamente em um lugar sem a garantia de seus direitos não tem sido positiva. Outro exemplo da situação de agravamento dos campos são moradores que desenvolveram doenças relacionadas ao uso do gás lacrimogêneo, pois o artifício é utilizado para dispersar as brigas. 
    A crise de refugiados na Europa perdeu o controle e a ilha de Lesbos se transformou em uma verdadeira prisão para muitas pessoas que buscam se refugiar em algum país europeu visando a proximidade com seu país anterior, mas as exigências e o interesse no fechamento das fronteiras européias dificulta a saída do campo e a busca de uma vida próspera fora de seus países. E infelizmente, os campos de refugiados se tornaram um local de moradia a longo prazo, quando na verdade deveriam ser um local de passagem para uma nova vida. 

*Amanda é estudante do curso de Relações Internacionais do UniCuritiba e faz parte da Cátedra Sérgio Vieira de Mello - UniCuritiba.

Referências
GRÉCIA afirma que novo campo para migrante em Lesbos estará pronto em cinco dias. G1. 13 set. de 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/09/13/grecia-afirma-que-novo-campo-para-migrant es-em-lesbos-estara-pronto-em-cinco-dias.ghtml.
GALERIA de fotos: O antes e o depois do incêndio no campo de refugiados de Mória. El País. 17 set. de 2020. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2020/09/15/album/1600155951_785104.html.
TRAGÉDIA no campo de refugiados em Mória completa um ano com os mesmos problemas. Dom Total. 09 set. de 2021. Disponível em: https://domtotal.com/noticia/1538254/2021/09/tragedia-no-campo-de-refugiados-em-moria-c ompleta-um-ano-com-os-mesmos-problemas/


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terça-feira, 19 de outubro de 2021

CÁTEDRA: Abdulrazak e Mohamad - Conheça Nobel de Literatura 2021 e o sírio que terminou seu mestrado na UFPR

Mohamad e Abdulrazak, nesta ordem.
Por Maria Bortoni*
    As últimas semanas foram de muitas conquistas no âmbito científico mundial. Mais especificamente, no início de Outubro foram anunciados os vencedores do Prêmio Nobel de 2021. Entre eles está o ganhador do Nobel de Literatura, Abdulrazak Gurnah, tanzaniano que foi para a Inglaterra como refugiado na década de 1960. O romancista tanzaniano começou a escrever ainda jovem, suas obras são conhecidas por retratar a realidade dos efeitos do colonialismo na África, em especial a obra “Paradise”, que se passa no período em que a elite árabe governava o sultanato de Zanzibar por mais de 200 anos é derrubado, abrindo espaço para diversos massacres e perseguições. O secretário permanente da Academia Sueca de Letras, Mats Malm, ressalta ainda a presença da temática do refúgio, sempre abordado em conjunto à dualidade entre continentes e culturas nas obras de Gurnah. Essa conquista vai além da representatividade de refugiados em outros cenários que não envolva a narrativa de pena e "empobrecimento" do refugiado - que muitas vezes, apesar do status de refúgio, o mesmo possui alto grau de instrução e formação - mas sim por Gurnah ser o primeiro escritor negro africano à receber o prêmio desde 1986, totalizando o 5o africano a receber o Nobel de Literatura. 
    Para além da pequena ilha que foi palco para a guerra mais rápida da história mundial, podemos celebrar a conquista de Mohamad Feras Al-lahham, um médico sírio que em Setembro deste ano pode terminar e defender sua tese de mestrado pela UFPR, em Curitiba. Em 2013, Mohamad chegou na cidade com sua mãe e mais três irmãos. A guerra cívil na Síria fez com que não apenas ele, mas centenas de outras pessoas abandonassem suas carreiras e vidas em busca de um novo destino. A barreira do idioma é apenas um dos desafios enfrentados por aqueles que buscam a validação do diploma, por isso, inicialmente todos buscam um curso de língua portuguesa que possa ajudar na comunicação e na trajetória de validação da profissão em território brasileiro, e não foi diferente com Mohamad. Além de todas as barreiras burocráticas nacionais, a falta de documentos e altos custos para a tradução dos mesmos, a validação só pode ser feita em universidades públicas, a qual cada curso possui suas particularidades e sobrecarrega o sistema pela alta demanda e falta de agilidade no processo. Em 2017, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) firmou uma parceria com a Compassiva (ONG) para que a isenção das taxas na validação do diploma fosse implementada em alguns estados brasileiros, atuando também com advocacy - ato de defesa e argumentação a favor de uma causa - em conjunto às universidades. Para Mohamad, tanto a UFPR quanto a seu colega de profissão e chefe do serviço de otorrinolaringologista do Completo de Clínicas da universidade, Rogerio Hamerschmidt, que o apoiou, orientou e acolheu durante todo o processo.
    Atualmente o Brasil possui mais de quarenta e três mil refugiados, o número de solicitações aumentou durante a pandemia, mas ao mesmo tempo tivemos um número grande de bloqueios de entradas no território brasileiro. Além de todo o esforço nacional, é necessário o engajamento populacional para que essas pessoas sejam inseridas e reconhecidas na sociedade, seja das pessoas que chegam em Curitiba ou daquelas que saíram da pequena ilha de Zanzibar, porque como bem retratou Gurnah em seus livros e pontuou a Academia Sueca de Letras, é imprescindível a compreensão do “destino dos refugiados no abismo entre culturas e continentes.” 
*Maria é estudante do curso de Relações Internacionais do UniCuritiba e faz parte da Cátedra Sérgio Vieira de Mello - UniCuritiba.

Referências:
QUEM é Abdulrazak Gurnah, Nobel de Literatura 2021. DW Brasil. Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/quem-%C3%A9-abdulrazak-gurnah-nobel-de-literatura-2021/a-594 49481.
MÉDICO sírio que interrompeu estudos para fugir da guerra conclui mestrado na UFPR. Plural Curitiba. 30 set. 2021. Disponível em: https://www.plural.jor.br/noticias/vizinhanca/medico-sirio-que-interrompeu-estudos-para-fugir -da-guerra-conclui-mestrado-na-ufpr/.
COMEMORAÇÃO! 5 anos do projeto de revalidação de diplomas de refugiados no Brasil - Parte 2. Compassiva. 07 abr. 2021. Disponível em: https://compassiva.org.br/comemoracao-5-anos-do-projeto-de-revalidacao-de-diplomas-de-r efugiados-no-brasil-parte-2/.
NÚMERO de refugiados no Brasil aumenta mais de 7 vezes no semestre; maioria é de venezuelanos. G1. 09 jun. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/06/09/numero-de-refugiados-no-brasil-aumenta-ma is-de-7-vezes-no-semestre-maioria-e-de-venezuelanos.ghtml


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sexta-feira, 1 de outubro de 2021

CÁTEDRA: fluxo migratório e a situação afegã e haitiana

Por Maria Bortoni e Amanda Souza*

    No cenário internacional, o mês de Agosto foi marcado por dois eventos que alteraram a seara da migração. Um deles foi a tomada de Cabul pelo Talibã no Afeganistão, e outro, o terremoto no Haiti, que deixou mais de 2000 mil mortos. Esses dois eventos influenciam diretamente em um novo fluxo migratório tanto vindo do Oriente Médio quanto do Haiti.
    No Brasil, foi atribuída a concessão de visto de acolhida humanitária aos migrantes vindos desses dois países. O visto é específico para nacionais e apátridas afetados pela grave situação de instabilidade institucional, violação dos direitos humanos ou de direito internacional, situação vivida por ambos países, visto que o Afeganistão passou pela tomada do governo para um regime que coloca em risco a vida de muitas pessoas, principalmente de mulheres e crianças; e o Haiti, que passou novamente por um fenômeno natural que destruiu o país e dificultou a situação da população que já se encontrava em miséria. 
    Mesmo antes do último terremoto no Haiti, em 19 de agosto de 2021, o fluxo migratório de haitianos para o Brasil já era alto, mesmo passando pelo funil entre a Colômbia e o Panamá. Muitos deles encaram o Brasil como país de passagem, almejando o Hemisfério Norte e, especialmente, os Estados Unidos. Neste trajeto, alguns acabam parando no México, porém, essa é uma rota longa que percorre milhares de quilômetros que passam pelo deserto e o perigo de tráfico de pessoas é alto. 
    Os imigrantes haitianos que optam por migrar para o Sul vem para o Brasil ou Chile. Entretanto, essa é uma das rotas mais perigosas por passar dentro da selva do Darién, a qual é uma das mais perigosas do mundo e o Chile é um país muito burocrático em relação a admissão de visto. Esse grande fluxo migratório crescia mesmo antes do mês de agosto, porque o Haiti é fortemente afetado pela fome e pela miséria, o que consequentemente impacta na insalubridade da vida no local, visto que faltam recursos e a população busca novas oportunidades em outros países, transpassando a barreira da língua, dificuldade de adentrar em novo território e a adaptação. Além disso, o país está situado entre duas placas tectônicas e, por isso, há altas chances de terremotos devastadores, como o de 2010 e o de agora em 2021. 
    Em 2004, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) organizou a Missão das Nações Unidas para a estabilização do Haiti (MINUSTAH), que procurava estabelecer a ordem do país e levar ajuda humanitária com o auxílio dos capacetes azuis, que são soldados da ONU. A MINUSTAH foi comandada pelo Brasil, que cedeu 25,4% das tropas da ONU presentes na missão que durou pouco mais de 13 anos. A missão teve um difícil fim. O país passou por um terremoto (2010) e um furacão (2016), por consequência, ambos funcionaram como adiamento do fim da missão, que só teve seu fim de fato em Abril de 2017. A consolidação do governo haitiano se deu com a eleição de Jovenel Moise, o mesmo que foi assassinado pouco antes do terremoto de Agosto de 2021. O presidente foi torturado e morto em sua casa na capital do país e especula-se que o grupo que o matou, formado por pessoas de outras nacionalidades além da haitiana, pretendia tirá-lo do poder para restabelecer o governo no país. 
    A situação de grupos de revolta se assemelha com o Afeganistão. Voltando para 1996, ano em que a capital do país foi tomada pelo grupo fundamentalista Talibã, o país passou por uma série de restrições e mudanças nas leis. O grupo, que previamente fora financiado pelos Estados Unidos, estava crescendo e controlava mais de 85% do território afegão. Após os ataques do 11 de Setembro, que foram realizados pela Al Qaeda, os EUA enviaram tropas ao Afeganistão a fim de monitorar possíveis ações e bases de treinamento de caráter terrorista. No final de 2001, o país estava livre do controle do grupo extremista e iniciando uma nova caminhada política, ainda que conturbada e marcada por violências. 
    Mesmo com o afastamento do governo, o grupo não deixou de realizar ataques tanto na capital quanto em outras localidades no mundo. A principal motivação era lutar contra o ocidentalismo imposto principalmente pelos Estados Unidos, eles afirmavam. Após muitas negociações, no final de 2019 foi proposto mais um cessar-fogo e retirada das tropas estadunidenses do território afegão. O atual governo de Joe Biden, deu continuidade ao acordo e antecipou a retirada das tropas, que estava prevista para no máximo dia 11 de Setembro de 2021. No dia 15 de Agosto, o presidente Ashraf Ghani deixou a cidade de Cabul. Alguns dias antes, o Talibã já havia dominado outra grande cidade dentro do país, o que resultou, mais uma vez, na tomada do poder por parte do grupo. 
    Entre os anos 1996 e 2001, o grupo impôs 29 proibições ao sexo feminino, dentre elas a obrigatoriedade da burca, o impedimento de frequentar escolas e o apedrejamento caso exista uma acusação de relações sexuais fora do casamento. Apesar de alegarem que não buscavam vingança contra aqueles que trabalhavam ou serviam à administração pública e que tinham intenções de estabelecer um governo e uma sociedade com participação de todos, incluindo mulheres, tais ditos não têm sido cumpridos. Na última segunda feira (27/09), o governo anunciou que apenas pessoas do sexo masculino poderão frequentar as universidades. A principal preocupação no atual cenário é com a chamada população vulnerável, que de acordo com dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), os números passam de 18 milhões de pessoas que necessitam de ajuda humanitária. Na seara da migração, os países ao redor vêm iniciando ações de contenção para evitar a entrada dos migrantes vindos do Afeganistão. O presidente Erdogan, da Turquia, iniciou a construção de um muro de mais de 500 km na fronteira com o Irã. A Grécia também seguiu essa linha, e em sua fronteira com a Turquia está erguendo um muro de 40 km. No Canal da Mancha, foram interceptados em um único dia 828 migrantes fazendo a travessia, número considerado recorde. 
    Apesar de muitos fechamentos e contenções de fronteiras, os afegãos podem contar com pequenos suportes vindo de outros lugares. O Reino Unido, apesar de possuir políticas para conter as travessias, está com o Programa de Realojamento para receber inicialmente cinco mil afegãos. O Brasil abriu a concessão de visto de acolhida humanitária e a possibilidade de residência para aqueles que já estiverem em território brasileiro. O governo do Canadá se disponibilizou a receber até vinte mil migrantes por meio de um programa especial, assim como o México, Chile e os Estados Unidos da América, país que manteve suas tropas em território afegão desde 2001 e tiveram aliados internos trabalhando juntamente às tropas e ao governo. 
    Nesse cenário de aumento da crise migratória somado às problemáticas causadas pela pandemia do COVID-19, os esforços da comunidade internacional são mais do que fundamentais. Seja no Afeganistão, no Haiti ou durante a travessia, a população precisa ter a garantia dos seus direitos. 

*Maria e Amanda são acadêmicas do curso de Relações Internacionais e participam da Cátedra Sérgio Vieira de Mello -  UniCuritiba.

Referências
O êxodo silencioso dos haitianos na América Latina. El País. 10 ago. 2021. Disponível em: https://brasil.elpais.com/internacional/2021-08-10/o-exodo-silencioso-dos-haitianos-na-ameri ca-latina.html.
MINUSTAH: O Brasil na Missão de Paz do Haiti. Politize. 9 out. 2018. Disponível em: https://www.politize.com.br/minustah-missao-de-paz-no-haiti/
JOVENEL Moïse: 4 incógnitas sobre o assassinato do presidente do Haiti. G1. 17 jul. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/07/17/jovenel-moise-4-incognitas-sobre-o-assassin ato-do-presidente-do-haiti.ghtml.
NOVO muro para conter migrantes afegãos surge na Turquia. Estado de Minas. 19 ago. 2021. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2021/08/19/interna_internacional,1297315/n ovo-muro-para-conter-migrantes-afegaos-surge-na-turquia.shtml
GRÉCIA constrói muro de 40km para barrar entrada. G1. 21 ago. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/08/21/grecia-constroi-muro-de-40km-para-barrar-e ntrada-refugiados-afegaos.ghtml
MAIS de 800 migrantes são interceptados no Canal da Mancha em um dia. AgênciaBrasil. 24 ago. 2021. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2021-08/mais-de-800-migrantes-sao-in terceptados-no-canal-da-mancha-em-um-dia
EUA agradecem a outros países por acolherem afegãos. Estado de Minas. 19 ago. 2021. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2021/08/19/interna_internacional,1297659/e ua-agradecem-a-outros-paises-por-acolherem-afegaos.shtml
AFEGANISTÃO: sobre a necessidade de garantia para todos. Bem Paraná. 30 ago. 2021. Disponível em: https://amp-bemparana-com-br.cdn.ampproject.org/c/s/amp.bemparana.com.br/noticia/afega nistao-sobre-a-necessidade-de-garantia-para-todos

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terça-feira, 6 de julho de 2021

Lançamento da Cartilha sobre os Direitos dos Haitianos no Brasil

Por Cátedra Sérgio Vieira de Mello - Unicuritiba

    A Cátedra Sérgio Vieira de Mello, em mais um projeto de auxílio aos imigrantes e refugiados, promoveu um lançamento incrível essa semana: a Cartilha sobre Direitos dos Haitianos no Brasil. O documento tem o objetivo de informar a população haitiana que vive no Brasil sobre o panorama geral da imigração para o Brasil, considerações sobre o visto humanitário e os procedimentos necessárias para alguns tipos de situações, como autorização de residência. 

    O documento foi produzido por voluntários da Cátedra e estudantes do terceiro período de Relações Internacionais, sob a supervisão da professora de Direito Internacional Público e coordenadora da Cátedra, Michele Hastreiter. Para tornar a Cartilha mais acessível, o documentou contou com a tradução para o francês e o criolli, além do próprio português.

Para ler a cartilha nas três línguas, clique aqui.


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domingo, 20 de junho de 2021

Lançamento de Cartilha sobre o Direito dos Venezuelanos marca o Dia Mundial dos Refugiados

Por Cátedra Sérgio Vieira de Mello - UniCuritiba

    A Cátedra Sergio Vieira de Mello do UNICURITIBA lançou - em comemoração ao Dia Mundial do Refugiado que se celebra neste domingo, dia 20 de junho de 2021  - uma cartilha bilíngue sobre o direito de Venezuelanos no Brasil. O material foi produzido em português e espanhol, por alunos voluntários da Cátedra e estudantes do terceiro período de Relações Internacionais, sob a supervisão da professora de Direito Internacional Público e coordenadora da Cátedra, Michele Hastreiter.
    O material contém informações sobre a situação de entrada no Brasil durante a pandemia, possibilidades para os venezuelanos de regularização documental e detalha alguns direitos básicos, dentre outras informações. Para acessar o material, clique aqui.

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quarta-feira, 26 de maio de 2021

O Unicuritiba agora faz parte da Cátedra Sérgio Vieira de Melo!

Por Maria Eduarda Bortoni*

    O Núcleo de Migrações está de cara nova!
    Nesta quarta-feira (26/05), o Unicuritiba firmou um acordo de cooperaçãocom o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) para a implementação da Cátedra  Sérgio Vieira de Mello (CSVM). O acordo visa promover atividades de ensino, pesquisa e extensão acadêmica sobre assuntos relacionados ao refúgio. 
    A CSVM surgiu em 2003 como forma de homenagear o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, que durante 34 anos representou o país e integrou o ACNUR. Sérgio realizou diversas missões de repatriamento e operações de paz, tornando-se um símbolo internacional no âmbito das relações diplomáticas. Foi o primeiro brasileiro a atingir o alto escalão da ONU e era cotado para ser substituto de Kofi Annan, Secretário Geral das Nações Unidas na época. Em 2003, teve sua carreira e vida interrompidas pelo fatídico atentado a bomba à sede da ONU em Bagdá, capital do Iraque, local em que atuava como Representante Especial do Secretário Geral das Nações Unidas. A organização terrorista Al Qaeda assumiu autoria do ataque e afirmou que o alvo do mesmo era o diplomata.
    Desde seu início até a presente data, no Brasil existem 27 universidades que integram a iniciativa de difundir o ensino universitário sobre temas relacionados ao refúgio, e a partir de hoje, o Unicuritiba se torna a 28a instituição. Mas muito mais do que apenas promover a formação sobre o tema, a Cátedra também prioriza o trabalho direto com os refugiados em projetos comunitários, como por exemplo o programa de aulas de português para imigrantes e refugiados, que vem sendo realizado desde Julho de 2019. A cada semestre que passa, a equipe do núcleo vem se superando nos desafios frente à pandemia, que inicialmente inviabilizou os atendimentos presenciais, mas possibilitou a criação de 2 cartilhas sobre os direitos do imigrantes e refugiados durante a pandemia do covid 19 e a criação de aulas online gratuitas que já atenderam quase 150 pessoas.
    O Internacionalize-se conversou com a professora Michele Hastreiter, idealizadora e coordenadora do projeto, que nos contou um pouco sobre a parceria com o ACNUR. “A Cátedra Sérgio Vieira de Mello é um sonho antigo para todos no Curso de Relações Internacionais. Era algo que nos parecia muito distante. Quando começamos nossas ações com o Núcleo de Migrações, no Laboratório de Relações Internacionais, iniciamos um verdadeiro trabalho de formiguinha, com um grupo muito unido, persistente e comprometido. Tivemos algumas dificuldades, especialmente com a pandemia, que demandou uma reorganização completa de nossas atividades. Mesmo assim, o grupo se manteve unido e só cresceu. Receber a Cátedra é um reconhecimento para todos que participaram do Núcleo, mostra como conseguimos fazer a diferença trabalhando juntos com seriedade e dedicação. Agora, o Núcleo entra em uma nova fase e a visibilidade que a Cátedra poderá trazer às nossas ações só aumenta a responsabilidade e nossa vontade de continuar fazendo um trabalho sério e dedicado na instituição, para contribuir com o que estiver ao nosso alcance para melhorar a vida dos imigrantes e refugiados no Brasil.”
    A comunidade acadêmica do Unicuritiba tem muito do que se orgulhar dessa conquista, além de ser uma oportunidade de aprender na prática, o projeto coloca o curso de Relações Internacionais da instituição como um dos pólos de atuação de uma importante organização internacional, a ONU, levando sempre em frente o lema “um novo espaço, para um novo mundo” do LABRI.

Referências
CÁTEDRA Sérgio Vieira de Mello. ACNUR Brasil. Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/catedra-sergio-vieira-de-mello/.
SÉRGIO Vieira de Mello. ebiografias. Disponível em: https://www.ebiografia.com/sergio_vieira_mello/. 

*Maria Eduarda Bortoni é acadêmica do curso de Relações Internacionais e integrante do Núcleo de Migrações - Cátedra Sérgio Vieria de Mello. 

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sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Acontece no UNICURITIBA: Laboratório de Relações Internacionais lança cartilha sobre os Direitos de Imigrantes e Refugiados em 6 idiomas

 



Hoje, dia 18 de dezembro, comemora-se o Dia Internacional do Imigrante. Para celebrar a data, o Núcleo de Migrações do Laboratório de Relações Internacionais lança a segunda edição de sua cartilha informativa sobre os direitos de imigrantes e refugiados durante a pandemia de covid-19. 

A nova edição do material atualiza as informações já contidas na primeira cartilha sobre o funcionamento de serviços emergenciais, de ONGs e da Polícia Federal durante este período de isolamento social, além de trazer informações sobre a abertura e o fechamento de fronteiras durante a pandemia, mecanismos de prevenção e enfrentamento à xenofobia e orientações específicas para facilitar o acesso de imigrantes a serviços bancários. 

O material está disponível em português, inglês, espanhol, francês, árabe e na língua crioula
haitiana, e pode ser encontrado para download aqui. 

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sábado, 12 de setembro de 2020

Acontece no UNICURITIBA: Alunos de Relações Internacionais e Pedagogia oferecem curso de português gratuito para imigrantes e refugiados

 


Os alunos dos Cursos de Relações Internacionais e de Pedagogia do UNICURITIBA estão oferecendo um Curso Online gratuito de Língua Portuguesa para imigrantes e refugiados. A iniciativa é parte do Laboratório de Relações Internacionais da instituição. 

As aulas serão realizadas utilizando o material elaborado pelo ACNUR intitulado "Pode Entrar", especialmente pensado para as necessidades de imigrantes e refugiados que chegam ao Brasil. 

É possível acompanhar as aulas ao vivo ou após a sua realização assistir às aulas gravadas.


Clique aqui e preencha o formulário para receber maiores informações. 


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domingo, 8 de março de 2020

Acontece no UNICURITIBA: LANÇAMENTO DO LABORATÓRIO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS







Aconteceu nesta quinta (05/03) a inauguração do primeiro Laboratório de Relações Internacionais do UniCuritiba, o LABRI. 


       O lançamento do laboratório foi marcado com explicações sobre o seu funcionamento geral, feitas pela Coordenadora Patrícia Tendolini e explicações sobre o trabalho inicial do laboratório - que contará com um Núcleo de Migrações - realizadas pela professora Michele Hastreiter. Além disso, compareceram Ana Bela Batista (Coordenadora do Centro Estadual de Informação do Migrante) e João Guilherme de Mello Simão (Coordenador Estadual de Políticas Públicas para Migrantes, Refugiados e Apátridas do Estado do Paraná). Os dois falaram a respeito da Migração sob o aspecto das políticas públicas e do trabalho do CEIM (Centro de Informação ao Imigrante, Refugiados e Apátridas no Estado do Paraná). 

     O laboratório servirá, de modo geral, para que os alunos do curso possam vivenciar experiências práticas dentro do ambiente das Relações Internacionais. Ao todo, estão programadas quatro áreas de atuação: Migrações, Comércio Exterior, Simulações e Análise de Cenários.

   Neste semestre, começam as atividades do LABRI, com a atuação no setor de Migrações. Para estabelecer a programação e objetivos do LABRI com as migrações, a professora Michele estabeleceu uma parceria com o CEIM e passou por um tempo de experiência na organização. A partir disso, o LabRi atuará em duas esferas: a primeira, com os alunos da Disciplina de Direito Internacional Público desenvolvendo um aplicativo voltado para imigrantes e refugiados; e a segunda, com alunos da faculdade realizando atendimentos a imigrantes e refugiados, para a regularização de sua situação migratória no Brasil.

     Para o atendimento aos refugiados, está aberto um edital (até dia 09/03) para seleção dos alunos. Os interessados deverão seguir as especificações do edital lançado pela coordenação do curso.

      O Laboratório de R.I. ganha, assim, vida para cumprir com seu slogan “um novo espaço, para um novo mundo”.
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