Por Amanda Souza*
Vindos da Europa e do Oriente Médio, é muito comum que os refugiados sonhem e
busquem uma vida digna e salubre, porém a maioria passa grande parte do período de pós
migração morando nos campos de refugiados, que são lugares construídos por ONGs,
Estados ou Organizações Internacionais para acolher essas pessoas até que sejam aceitas
por algum país, ou seja, um lugar de passagem. Entretanto, os campos de refugiados
acentuam cada vez mais as vulnerabilidades da comunidade refugiada.
Os campos de refugiados funcionam como uma verdadeira cidade. Possuem espaço
para comércio, escola, enfermaria e um conjunto enorme de cabanas que abrigam seus
moradores. Olhando desse modo parece ser um ótimo lugar para se viver, mas a
insalubridade presente no local é muito grande. As cabanas não são preparadas para
receber famílias tão grandes e se tornam apertadas; há poucos banheiros e não possuem
água encanada. Além das condições físicas, muitos dos direitos não são garantidos, como a
educação, a liberdade e a proteção. Crianças de vários níveis escolares têm aulas
conjuntas - quando possível - pois na maior parte dos campos há falta de professor e
material.
Os campos de refugiados funcionam como uma verdadeira cidade. Possuem espaço
para comércio, escola, enfermaria e um conjunto enorme de cabanas que abrigam seus
moradores. Olhando desse modo parece ser um ótimo lugar para se viver, mas a
insalubridade presente no local é muito grande. As cabanas não são preparadas para
receber famílias tão grandes e se tornam apertadas; há poucos banheiros e não possuem
água encanada. Além das condições físicas, muitos dos direitos não são garantidos, como a
educação, a liberdade e a proteção. Crianças de vários níveis escolares têm aulas
conjuntas - quando possível - pois na maior parte dos campos há falta de professor e
material.
Um dos maiores campos de refugiados do mundo foi o Campo de Mória, que se situava
na Ilha de Lesbos, na Grécia. O fato de sua existência está no passado, pois em 2020
houve um incêndio decorrente de uma briga entre os moradores que colocou o campo
abaixo e, por isso, o governo teve de construir outro campo para abrigar todos aqueles que
perderam o lar temporário. Após o desastre, a Grécia recebeu dinheiro da União Europeia
para construir um novo campo, mas o mesmo ainda não foi finalizado. Esse campo promete
ser moderno e suprir todas as necessidades dos refugiados, mas já encontra dificuldades
em sua construção em relação a luz, água encanada e demais exigências. O atual Mória
2.0 está sendo construído próximo ao mar, o que não é muito vantajoso, visto que é uma
região com maré alta e fortes ventos, que em determinadas épocas do ano podem impactar
diretamente na construção. Diante disso, muitos dos 17 mil refugiados que viviam em
Lesbos antes do incêndio já foram realocados em outros campos, e hoje restam cerca de
3,5 mil refugiados na ilha, segundo a ACNUR.
O Campo de Mória foi criado em 2015 para abrigar pessoas que buscavam entrar na
Europa continental através da Turquia. O campo foi, então, estabelecido em uma ilha grega,
onde estavam sem a permissão de sair até que fossem aceitos na Grécia continental.
Entretanto, essa permissão demorou e demora muito tempo para ser efetivada, fazendo
com que o acampamento atingisse um limite de moradores além do limite, visto que cada
vez mais pessoas eram abrigadas. O acampamento foi projetado para ser um lar temporário
de cerca de 2.800 pessoas, mas a população de Mória atingia quase quatro vezes esse
número, portanto a comida era racionada, os banheiros eram divididos para cerca de 150
pessoas e os chuveiros para 500. O campo foi considerado o mais insalubre de toda a
Europa. Mas, além da insalubridade, é um lugar muito violento, ainda que abrigue muitas
crianças, resultando em relatos de menores que não dormem por medo das brigas. A violência tem diversos motivos, um exemplo é a xenofobia entre xiitas, sunitas, árabes,
afegãos e curdos. A presença de diversas culturas convivendo diariamente em um lugar
sem a garantia de seus direitos não tem sido positiva. Outro exemplo da situação de
agravamento dos campos são moradores que desenvolveram doenças relacionadas ao uso
do gás lacrimogêneo, pois o artifício é utilizado para dispersar as brigas.
A crise de refugiados na Europa perdeu o controle e a ilha de Lesbos se transformou
em uma verdadeira prisão para muitas pessoas que buscam se refugiar em algum país
europeu visando a proximidade com seu país anterior, mas as exigências e o interesse no
fechamento das fronteiras européias dificulta a saída do campo e a busca de uma vida
próspera fora de seus países. E infelizmente, os campos de refugiados se tornaram um
local de moradia a longo prazo, quando na verdade deveriam ser um local de passagem
para uma nova vida.
*Amanda é estudante do curso de Relações Internacionais do UniCuritiba e faz parte da Cátedra Sérgio Vieira de Mello - UniCuritiba.
Referências
GRÉCIA afirma que novo campo para migrante em Lesbos estará pronto em cinco dias. G1.
13 set. de 2020. Disponível em:
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/09/13/grecia-afirma-que-novo-campo-para-migrant
es-em-lesbos-estara-pronto-em-cinco-dias.ghtml.
GALERIA de fotos: O antes e o depois do incêndio no campo de refugiados de Mória. El
País. 17 set. de 2020. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/brasil/2020/09/15/album/1600155951_785104.html.
TRAGÉDIA no campo de refugiados em Mória completa um ano com os mesmos
problemas. Dom Total. 09 set. de 2021. Disponível em:
https://domtotal.com/noticia/1538254/2021/09/tragedia-no-campo-de-refugiados-em-moria-c
ompleta-um-ano-com-os-mesmos-problemas/.
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