Imagem de André Coelho
A situação recente da Venezuelana tem sido complicada
e mundialmente conhecida. Desde 2013, quando o atual presidente Nicolás Maduro tomou
posse, o país tem enfrentado uma crescente crise econômica, que acarretou decadência
dos serviços básicos, aumento dos casos de violência e grande movimentação
popular nas ruas, em protesto contra a situação política e social.
Com a crise econômica se transformando também em uma alarmante
crise humanitária, muitos venezuelanos optaram por
deixar o país, migrando em busca de ofertas de emprego e principalmente melhores
condições de vida para suas famílias. Contudo, agora os imigrantes
se deparam com um novo contexto mundial: a pandemia do Coronavírus.
O COVID-19 (novo
coronavírus), que teve seus primeiros registros no final de 2019 na China, ganhou
status de pandemia mundial nos primeiros meses de 2020. A doença é de fácil transmissão,
com apresentação de sintomas graves, que podem inclusive levar à morte e que
apresenta riscos ainda maiores para as populações idosas, portadores de doenças
crônicas e de deficiência no sistema imunológico.
Com esse
panorama, chefes de Estado de todo o mundo mobilizaram-se para agir contra o
avanço desta crise sanitária, fechando fronteiras, pedindo isolamento da
população, fechamento de estabelecimentos e proibindo temporariamente voos
internacionais. Os índices de infectados pela doença são assustadores na
Europa, Ásia e na América do Norte.
Em meio à
crise econômica, humanitária e agora sanitária, o Brasil continua sendo um dos
principais destinos dos venezuelanos. O território brasileiro recebeu, segundo
dados da Folha (10/2019), quase 455 mil imigrantes venezuelanos entre 2017 e
2019. Entretanto, diante da pandemia, a situação é mais delicada. O governo
brasileiro publicou no dia 18 de março, através do Diário Oficial da União, a
decisão de fechar parcialmente as fronteiras do Brasil com Venezuela e Guiana.
Encontramos então
algumas questões: A Venezuela está preparada para lidar com uma pandemia? Como
ficam os venezuelanos que já estão em território brasileiro?
De certa forma, a crise econômica vivida na
Venezuela pode afetar as recomendações das autoridades de saúde. Segundo dados
da BBC, existem muitas comunidades sem acesso à água corrente, o que dificulta
a lavagem frequente das mãos. Além disso, muitos venezuelanos não podem comprar
sabão.
Entretanto, a
Venezuela também mostra dados positivos em meio a pandemia: devido ao bom
relacionamento com a China, os venezuelanos recebem carregamentos com itens
hospitalares, como equipamentos e remédios, que são ainda distribuídos para
países vizinhos. Também é a Venezuela a líder latina em números de exames,
conforme dados do RBA, até 11/04 foram feitos mais de 180 mil testes rápidos. O
presidente russo, Vladimir Putin, também garantiu o envio de suplementos à
Venezuela.
Segundo
notícias recentes do portal de notícias do Uol, Juan Guaidó, presidente
autoproclamado, propôs um “governo de emergência” para conter Covid-19 no país.
O plano seria unir todos os setores políticos do país para estudar as
necessidades e agir em prol da população.
Porém, apesar
do reconhecimento de governo por mais 50 países, ainda é Maduro quem está
efetivamente no controle do país. Este, que já ordenou quarentena no Estado,
suspendendo atividades escolares e de trabalho não essenciais, defendeu que
100% dos casos confirmados de COVID-19 devem ser internados. Ele segue dizendo
que contam com mais de 20 mil leitos para o isolamento, mas segundo
especialistas independentes há apenas 206 leitos para cuidados intensivos em
toda a Venezuela.
Já do lado de
cá da fronteira, a Operação Acolhida (apoiada pela Agência da ONU para
Refugiados) continua no trabalho de apoio a refugiados e migrantes. A resposta
para a pandemia foi a construção de um Hospital Temporário (Área de Proteção e
Cuidados) em Boa Vista, com capacidade de 1.200 leitos hospitalares para o
tratamento de infectados e mais 1.000 vagas para observação de casos suspeitos.
Esta obra está trazendo oportunidades para trabalhadores venezuelanos que
aguardavam encaminhamento.
O ACNUR, agência da ONU para refugiados,
também presta papel importante em meio a pandemia, a instituição vem pedindo
aos governos atenção para com as fronteiras, para que as mesmas recebam
restrições, mas que também seja mantido o respeito para com os padrões
internacionais de direitos humanos e proteção de refugiados. A limitação da
circulação, a quarentena, e a promoção de exames de saúdes são medidas
necessárias na recepção dos refugiados.
Diante de tempos difíceis como o que estamos
vivendo, é importante que sejamos cuidadosos: lavar as mãos com frequência,
utilizar álcool gel, evitar aglomerações e respeitar o distanciamento social.
Mas é importante também que lembremos daqueles que não podem seguir essas
recomendações, por não terem uma casa para se isolarem, por não terem acesso à
higiene básica ou por não estarem em seus países e culturas de origem. Também é
pela empatia para com estas pessoas em situação frágil, que devemos ter cuidado
para não sermos um transmissor do vírus. Juntos, podemos vencer o coronavírus.
O ACNUR está
recolhendo doações para enviar insumos de grande importância como remédios,
artigos de higiene, água potável e kits de proteção pessoal para famílias de
refugiados em situação de vulnerabilidade.
Doe através do
link:
Fontes:
NOTÍCIAS UOL - https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2020/03/29/guaido-propoe-governo-de-emergencia-para-conter-a-covid-19-na-venezuela.htm
NOTÍCIAS UOL - https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2020/04/08/maduro-ordena-internacao-de-todos-com-covid-19.htm
NAÇÕES UNIDAS - https://nacoesunidas.org/covid-19-brasileiros-e-venezuelanos-se-unem-para-construir-hospital-temporario-em-boa-vista/
ACNUR
BRASIL 247 - https://www.brasil247.com/mundo/russia-garante-apoio-a-venezuela-na-luta-contra-o-coronavirus
REDE BRASIL ATUAL - https://www.redebrasilatual.com.br/mundo/2020/04/venezuela-cuba-coronavirus/
** Pedro e Maria Emília são alunos do terceiro período de Relações Internacionais e escreveram este texto a convite da Professora Michele Hastreiter, com quem cursam a disciplina de Direito Internacional Público, na qual manifestaram interesse sobre o tema ora analisado.
** Pedro e Maria Emília são alunos do terceiro período de Relações Internacionais e escreveram este texto a convite da Professora Michele Hastreiter, com quem cursam a disciplina de Direito Internacional Público, na qual manifestaram interesse sobre o tema ora analisado.
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