Por Ligia Maffessoni
Professora da UNICURITIBA desde
2012, ficando fora um ano devido ao Doutorado e retornando em 2015, Janiffer
Zarpelon é bacharel em Relações Internacionais, Mestre e Doutora em Sociologia Política. Desde cedo, trilhou uma
carreira longa com diferentes experiências: primeiro trabalhou com projetos
ambientais; depois na área de comércio exterior realizando atividades
relacionadas à exportação; e na área de marketing e negociação internacional. Em todas essas experiências aproveitou para divulgar o campo das Relações Internacionais entre seus empregadores, muitos que não conheciam as vantagens e competências do curso, mas se impressionaram com sua capacidade de negociação internacional, devido à complexidade
interdisciplinar e ampla compreensão acerca do sistema internacional.
Seus esforços começaram cedo:
quando se nasce num contexto de opressão, percebê-lo e querer fazer diferente
pode se tornar um objetivo. No seu caso, esse objetivo foi a independência,
começou a trabalhar com quinze anos em uma loja de roupas. Quando cursou o
curso de Relações Internacionais, seus professores foram na sua maioria homens.
Foi no mestrado que teve maior contato com pesquisadoras, momento em que pode
questionar a realidade sobre a desigualdade de gênero no Brasil e no mundo e
enxergar ainda mais as assimetrias sociais envolvendo as mulheres, motivando a
pesquisa, ainda de forma tímida, sobre as teorias de gênero no campo da
Sociologia e das Relações Internacionais. Sua orientadora, que também era
jovem, foi um exemplo para se identificar profissionalmente.
Seus temas de pesquisa foram: na
graduação, sobre a escassez de água e os problemas transfronteiriços no uso do
Aquífero Guarani ( um dos maiores reservatórios subterrâneos de água doce do
planeta) pelos países do Mercosul, na Especialização pela UFPR, sobre Meio
Ambiente, Educação e Desenvolvimento, quando realizou um estudo sobre a
importância da Educação Ambiental no Aquífero Guarani. No mestrado em
Sociologia Política pela UFSC, realizou um estudo sobre os conflitos e os
impactos socioambientais do uso e gestão da água no Aquífero Karst em Colombo.
Passou a lecionar em 2006, ano em que
tinha apenas 26 anos. Por ser nova, passou pela dificuldade de ser reconhecida
no trabalho, visto que muitos dos seus alunxs eram mais velhos do que ela. Com
objetivo de ganhar experiência e amadurecer em alguns temas, levou 5 anos para
decidir fazer o doutorado. Sua pesquisa no doutorado no programa de Pós
Graduação em Sociologia Política pela UFSC foi sobre a política externa
brasileira e como o Brasil se transformou de um receptor para um doador em
cooperação técnica internacional na área da saúde.
Tem buscado participar em
diversos congressos e seminários a fim de atualizar suas pesquisas e trocar
ideias com outros pesquisadores da área. Recentemente participou do 7º Encontro
da ABRI e do Congresso Latino-americano
de Ciência Política no México. A professora também tem livros publicados, sendo
o mais novo da coleção Os Grandes Julgamentos da História, com o título
“Ruanda, o julgamento de Pauline Nyiramasuhuko”, que que analisa o papel do
Tribunal de Ruanda para julgar os acusados do genocídio de Ruanda e sobre a
primeira mulher julgada pelo crime de genocídio perante uma corte penal
internacional em que relaciona as teorias de gênero a fim de analisar esse
caso.
Quando lá atrás se sentiu inspirada
pela presença feminina na academia, talvez não imaginava que se tornaria
tamanha inspiração. Janiffer já orientou diversas publicações, mas também
orientou diversas pessoas com seu exemplo, inteligência e força. Essa
publicação é também uma comemoração de seu aniversário, e principalmente um
agradecimento, à essa mulher de destaque.
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