Por Ligia Maffessoni Penia
Tudo começa antes do ano de 2015, quando o potencial
nuclear do Irã foi considerado demasiado pelos Estados Unidos, que, então, passou
a aplicar sanções ao país junto com os demais países do grupo denominado P5 + 1
(os cinco do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha). Entretanto, os
países firmaram um pacto que previu o encerramento dessas sanções desde que o
programa nuclear não mais acontecesse.
Quem monitora o pacto é a IAEA- Agência Internacional
de Energia Atômica, que apenas o suspenderia caso o programa nuclear fosse
usado para armas atômicas. As pesquisas e investimentos na área, portanto, poderiam continuar acontecendo para
outros fins, como industriais, por exemplo.
Entretanto, em 2018, Donald Trump decidiu romper com o
acordo nuclear, voltando a sancionar o Irã. Como justificativa, apontou o fato
do país não intervir nas guerras da Síria e do Iêmen e também após movimentação,
pelo Irã, de mísseis balísticos, que mesmo declarados não serem para finalidade
de transporte de ogivas nucleares e nem para ataques a outros países, foram o
necessário para desentendimentos entre ambos os países já no começo do ano de
2017.
A tensão aumentou depois de outros episódios, como a
derrubada de um drone americano: EUA afirma que o drone não estava em
espaço iraniano, o que o Irã nega, enquanto acrescenta ainda ter enviado
advertências antes de derrubá-lo; o episódio quase motivou um ataque militar,
que o presidente Trump descartou poucos minutos antes de acontecer, mas motivou
um ataque cibernético à aparelhagem militar iraniana.
No último mês, os Estados Unidos propuseram uma
aliança contra o Irã e foi por causa dela que o episódio na costa brasileira
aconteceu. Os navios de carga iranianos estavam próximos ao porto de Paranaguá
quando seus estoques de gasolina acabaram. Ao solicitarem um reabastecimento à Petrobrás
foram informados que os navios estavam sob sanção e a Petrobrás não os
reabasteceria, temerosa de acabar sofrendo as mesmas retaliações. O presidente,
Jair Bolsonaro se posicionou contrário ao abastecimento, afirmando que “estamos
alinhados à política de Trump”, e que não desejava criar “rusgas” com os
Estados Unidos.
O caso foi um escândalo, e apenas após 50 dias parados,
os navios foram abastecidos por decisão do Supremo Tribunal Federal.
Foi o presidente do STF, Dias Toffoli, quem determinou
o fornecimento de combustível, alegando que as consequências seriam atenuadas
já que a permissão foi dada por ordem judicial, e que a repercussão política e
econômica do Brasil também deveria ser levada em conta.
O Irã é um dos maiores compradores de milho
brasileiro, sua embarcação “Bavand” vinha com ureia e retorna com milho para o
país e o navio “Termeh” segue antes para Santa Catarina, para de lá, carregado
também de milho, retornar ao Irã.
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