terça-feira, 6 de agosto de 2019

Em pauta: IRÃ, EUA E PARANAGUÁ – entenda o que aconteceu com as embarcações paradas no porto



Por Ligia Maffessoni Penia


Tudo começa antes do ano de 2015, quando o potencial nuclear do Irã foi considerado demasiado pelos Estados Unidos, que, então, passou a aplicar sanções ao país junto com os demais países do grupo denominado P5 + 1 (os cinco do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha). Entretanto, os países firmaram um pacto que previu o encerramento dessas sanções desde que o programa nuclear não mais acontecesse.

Quem monitora o pacto é a IAEA- Agência Internacional de Energia Atômica, que apenas o suspenderia caso o programa nuclear fosse usado para armas atômicas. As pesquisas e investimentos na área,  portanto, poderiam continuar acontecendo para outros fins, como industriais, por exemplo.
Entretanto, em 2018, Donald Trump decidiu romper com o acordo nuclear, voltando a sancionar o Irã. Como justificativa, apontou o fato do país não intervir nas guerras da Síria e do Iêmen e também após movimentação, pelo Irã, de mísseis balísticos, que mesmo declarados não serem para finalidade de transporte de ogivas nucleares e nem para ataques a outros países, foram o necessário para desentendimentos entre ambos os países já no começo do ano de 2017.

A tensão aumentou depois de outros episódios, como a derrubada de um drone americano:  EUA afirma que o drone não estava em espaço iraniano, o que o Irã nega, enquanto acrescenta ainda ter enviado advertências antes de derrubá-lo; o episódio quase motivou um ataque militar, que o presidente Trump descartou poucos minutos antes de acontecer, mas motivou um ataque cibernético à aparelhagem militar iraniana.

No último mês, os Estados Unidos propuseram uma aliança contra o Irã e foi por causa dela que o episódio na costa brasileira aconteceu. Os navios de carga iranianos estavam próximos ao porto de Paranaguá quando seus estoques de gasolina acabaram. Ao solicitarem um reabastecimento à Petrobrás foram informados que os navios estavam sob sanção e a Petrobrás não os reabasteceria, temerosa de acabar sofrendo as mesmas retaliações. O presidente, Jair Bolsonaro se posicionou contrário ao abastecimento, afirmando que “estamos alinhados à política de Trump”, e que não desejava criar “rusgas” com os Estados Unidos.

O caso foi um escândalo, e apenas após 50 dias parados, os navios foram abastecidos por decisão do Supremo Tribunal Federal. 

Foi o presidente do STF, Dias Toffoli, quem determinou o fornecimento de combustível, alegando que as consequências seriam atenuadas já que a permissão foi dada por ordem judicial, e que a repercussão política e econômica do Brasil também deveria ser levada em conta.
O Irã é um dos maiores compradores de milho brasileiro, sua embarcação “Bavand” vinha com ureia e retorna com milho para o país e o navio “Termeh” segue antes para Santa Catarina, para de lá, carregado também de milho, retornar ao Irã.

Nenhum comentário:

Postar um comentário