segunda-feira, 3 de abril de 2017

Por Onde Anda: Patrícia Benthien, egressa de Relações Internacionais do UNICURITIBA, Gerente de Projetos no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).



A seção "Por onde anda" entrevista egressos do Curso de Relações Internacionais do UNICURITIBA sobre experiências acadêmicas, profissionais e de vida concretizadas após o término do curso e é coordenada pela Prof. Michele Hastreiter e pela Prof. Angela Moreira.


Nome Completo: PATRICIA BENTHIEN
Ano de ingresso no curso de Relações Internacionais: Segunda turma - 1999
Ano de conclusão do curso de Relações Internacionais: Julho de 2013
Ocupação atual: Gerente de Projetos no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)

Blog Internacionalize-se: Conte-nos um pouco de sua trajetória profissional após a formatura no curso de Relações Internacionais.

Patrícia: Após me formar em 2003, fui aprovada no processo seletivo para o mestrado em Sociologia na UFPR. Desde a graduação em Relações Internacionais me interessei pela área socioambiental e segui com minhas pesquisas nesta linha. Cursei o mestrado como bolsista. Quando estava prestes a defendê-lo, recebi o convite para trabalhar como professora nas Faculdades Integradas Curitiba (hoje UniCuritiba) e fui também aprovada no processo seletivo para o Doutorado Interdisciplinar em Ambiente e Sociedade da UNICAMP. Assim, após a defesa do mestrado tornei-me doutoranda e professora. Sinto-me extremamente orgulhosa de ter sido a primeira internacionalista, “filha da casa”, a tornar-se professora da Unicuritiba. Um privilégio e um grande voto de confiança que espero ter honrado durante os dois anos e meio em que lá permaneci. Neste período viajei semanalmente a Campinas, para cursar as disciplinas do doutorado. Foi um período intenso e de muito trabalho e “estrada”. Após finalizados os créditos do doutorado me candidatei e fui selecionada para a vaga de Oficial de Programa anunciado pela Embaixada da Noruega em Brasília. Me mudei para Brasília em Agosto de 2008 e trabalhei por quase 8 anos na Embaixada com a gestão do Programa Norueguês de Apoio a Povos indígenas no Brasil (que consiste em um Programa de apoio a organizações Indígenas e Indigenistas com foco em direitos humanos) e também como assessora na área ambiental. A Noruega tornou-se um grande parceiro do governo brasileiro nesta área, já que vem apoiando, desde 2008, o Fundo Amazônia (Fundo criado pelo Governo Brasileiro para o apoio a projetos com foco no combate ao desmatamento). Em 2016 fui aprovada em um processo seletivo para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), onde estou trabalhando atualmente.

Blog Internacionalize-se: Como foi o seu processo de recrutamento na ONU? O que considera ter sido decisivo para ter sido selecionada?
Patrícia: Os processos seletivos para cargos no PNUD são padronizados e acessíveis aos interessados. Termos de Referência para a contratação de pessoal são frequentemente anunciados no site da organização. Não há muito segredo. No meu caso, preenchi o CV no modelo solicitado e candidatei-me à vaga. Fui convocada, entrevistada e selecionada. 

Blog Internacionalize-se: Trabalhar na ONU sempre foi o seu objetivo ao ingressar no Curso de Relações Internacionais?

Patrícia: Sempre busquei trabalhar com o que acredito, mas diferentemente de muitos colegas, não ingressei no curso de relações internacionais com uma determinação clara sobre qual rumo seguir. Sinto-me privilegiada de ter encontrado propósito em todos os locais em que trabalhei até o momento. A decisão de trabalhar nas Nações Unidas partiu de um desejo de desvendar novos mares, após minha experiência junto à uma missão diplomática, e ampliar meus horizontes de trabalho e de mundo.

Blog Internacionalize-se: Qual foi a experiência mais desafiadora que já teve profissionalmente?
Patrícia: O trabalho em prol dos direitos indígenas foi um de meus grandes desafios e do qual sinto mais falta. É um tema lindíssimo, porém marginalizado no Brasil, recheado de preconceitos e discriminações das mais variadas ordens. Entretanto, a temática me fez chegar à conclusão de que “pode-se fazer muito com pouco”, basta se ter força de vontade e brilho nos olhos.  


Blog Internacionalize-se: Quais são as atividades que você realiza ou já realizou na ONU?

Patrícia: Trabalho com a implementação direta de projetos pelo PNUD, que recebem recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). Tratam-se de projetos socioambientais de grande complexidade, em diversos biomas brasileiros (Caatinga, Cerrado e Amazônia) e com propósitos bastante distintos. Os principais escopos de atuação dos projetos que gerencio são: combate à desertificação no semiárido brasileiro (com especial foco no Estado de Sergipe), mudanças climáticas (por meio do apoio ao desenvolvimento de tecnologias inovadoras para a produção de carvão vegetal sustentável para a indústria siderúrgica) e conservação e uso sustentável da biodiversidade.

Blog Internacionalize-se: Como é o dia a dia no PNUD?

Patrícia: Bastante intenso. Os processos de tomada de decisão estratégica em relação aos projetos que gerencio atualmente dependem de uma intrincada rede de comunicação e de contatos que exigem perseverança e criatividade. Reuniões e viagens são frequentes.

Blog Internacionalize-se: Quais as aptidões e conhecimentos desenvolvidos no curso de Relações Internacionais que mais o ajudam na sua profissão atual.

Patrícia: Seguramente o senso analítico e a visão de “thinking outside the box”.

Blog Internacionalize-se: Qual a lembrança mais marcante do período de faculdade?

Patrícia: Relações Internacionais era um curso recente em Curitiba quando iniciei a faculdade. Fomos desbravadores, os alunos e os professores. Tenho lembranças memoráveis desta época, desde as inspiradoras aulas dos Professores Carlos-Magno Vasconcellos (meu queridíssimo orientador de graduação) e Luiz Fernando Lopes Pereira, que inclusive, me influenciaram a seguir um mestrado na sociologia. Fiz também grandes amigos, aqueles para a vida toda.

Blog Internacionalize-se: Que conselhos daria para nossos alunos que sonham trabalhar na ONU?

Patrícia: O universo das relações internacionais é um campo ora frutífero, ora minado. Um elemento é necessário no perfil dos profissionais: há que se ter coragem, senso crítico e asas. Aos que ainda não se formaram e cujo sonho é trabalhar nas Nações Unidas, sugiro que se candidatem aos frequentes editais de seleção para estagiários. É uma oportunidade muito interessante para entender as dinâmicas internas desse sistema de organizações tão dinâmico e complexo. Aos formados, sugiro que investiguem as áreas de trabalho das diversas agências que têm escritório no Brasil e monitorem os processos seletivos para staff e consultorias anunciados nos sites. 

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