A seção "Por onde anda" entrevista egressos do Curso de Relações Internacionais do UNICURITIBA sobre experiências acadêmicas, profissionais e de vida concretizadas após o término do curso e é coordenada pela Prof. Michele Hastreiter e pela Prof. Angela Moreira.
Nome Completo: PATRICIA
BENTHIEN
Ano de ingresso no
curso de Relações Internacionais: Segunda turma - 1999
Ano de conclusão do
curso de Relações Internacionais: Julho de 2013
Ocupação atual: Gerente
de Projetos no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
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Internacionalize-se: Conte-nos um pouco de sua trajetória profissional após a
formatura no curso de Relações Internacionais.
Patrícia: Após me
formar em 2003, fui aprovada no processo seletivo para o mestrado em Sociologia
na UFPR. Desde a graduação em Relações Internacionais me interessei pela área
socioambiental e segui com minhas pesquisas nesta linha. Cursei o mestrado como
bolsista. Quando estava prestes a defendê-lo, recebi o convite para trabalhar como
professora nas Faculdades Integradas Curitiba (hoje UniCuritiba) e fui também
aprovada no processo seletivo para o Doutorado Interdisciplinar em Ambiente e
Sociedade da UNICAMP. Assim, após a defesa do mestrado tornei-me doutoranda e
professora. Sinto-me extremamente orgulhosa de ter sido a primeira
internacionalista, “filha da casa”, a tornar-se professora da Unicuritiba. Um
privilégio e um grande voto de confiança que espero ter honrado durante os dois
anos e meio em que lá permaneci. Neste período viajei semanalmente a Campinas,
para cursar as disciplinas do doutorado. Foi um período intenso e de muito
trabalho e “estrada”. Após finalizados os créditos do doutorado me candidatei e
fui selecionada para a vaga de Oficial de Programa anunciado pela Embaixada da
Noruega em Brasília. Me mudei para Brasília em Agosto de 2008 e trabalhei por
quase 8 anos na Embaixada com a gestão do Programa Norueguês de Apoio a Povos
indígenas no Brasil (que consiste em um Programa de apoio a organizações
Indígenas e Indigenistas com foco em direitos humanos) e também como assessora
na área ambiental. A Noruega tornou-se um grande parceiro do governo brasileiro
nesta área, já que vem apoiando, desde 2008, o Fundo Amazônia (Fundo criado
pelo Governo Brasileiro para o apoio a projetos com foco no combate ao
desmatamento). Em 2016 fui aprovada em um processo seletivo para o Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), onde estou trabalhando atualmente.
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Internacionalize-se: Como foi o seu processo de recrutamento na ONU? O que
considera ter sido decisivo para ter sido selecionada?
Patrícia: Os
processos seletivos para cargos no PNUD são padronizados e acessíveis aos
interessados. Termos de Referência para a contratação de pessoal são
frequentemente anunciados no site da organização. Não há muito segredo. No meu
caso, preenchi o CV no modelo solicitado e candidatei-me à vaga. Fui convocada,
entrevistada e selecionada.
Blog
Internacionalize-se: Trabalhar na ONU sempre foi o seu objetivo ao ingressar no
Curso de Relações Internacionais?
Patrícia: Sempre
busquei trabalhar com o que acredito, mas diferentemente de muitos colegas, não
ingressei no curso de relações internacionais com uma determinação clara sobre
qual rumo seguir. Sinto-me privilegiada de ter encontrado propósito em todos os
locais em que trabalhei até o momento. A decisão de trabalhar nas Nações Unidas
partiu de um desejo de desvendar novos mares, após minha experiência junto à
uma missão diplomática, e ampliar meus horizontes de trabalho e de mundo.
Blog
Internacionalize-se: Qual foi a experiência mais desafiadora que já teve
profissionalmente?
Patrícia: O
trabalho em prol dos direitos indígenas foi um de meus grandes desafios e do
qual sinto mais falta. É um tema lindíssimo, porém marginalizado no Brasil,
recheado de preconceitos e discriminações das mais variadas ordens. Entretanto,
a temática me fez chegar à conclusão de que “pode-se fazer muito com pouco”,
basta se ter força de vontade e brilho nos olhos.
Blog
Internacionalize-se: Quais são as atividades que você realiza ou já realizou na
ONU?
Patrícia: Trabalho
com a implementação direta de projetos pelo PNUD, que recebem recursos do Fundo
Global para o Meio Ambiente (GEF). Tratam-se de projetos socioambientais de
grande complexidade, em diversos biomas brasileiros (Caatinga, Cerrado e
Amazônia) e com propósitos bastante distintos. Os principais escopos de atuação
dos projetos que gerencio são: combate à desertificação no semiárido brasileiro
(com especial foco no Estado de Sergipe), mudanças climáticas (por meio do
apoio ao desenvolvimento de tecnologias inovadoras para a produção de carvão
vegetal sustentável para a indústria siderúrgica) e conservação e uso
sustentável da biodiversidade.
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Internacionalize-se: Como é o dia a dia no PNUD?
Patrícia: Bastante
intenso. Os processos de tomada de decisão estratégica em relação aos projetos
que gerencio atualmente dependem de uma intrincada rede de comunicação e de
contatos que exigem perseverança e criatividade. Reuniões e viagens são
frequentes.
Blog
Internacionalize-se: Quais as aptidões e conhecimentos desenvolvidos no curso
de Relações Internacionais que mais o ajudam na sua profissão atual.
Patrícia: Seguramente
o senso analítico e a visão de “thinking outside the box”.
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Internacionalize-se: Qual a lembrança mais marcante do período de faculdade?
Patrícia: Relações
Internacionais era um curso recente em Curitiba quando iniciei a faculdade.
Fomos desbravadores, os alunos e os professores. Tenho lembranças memoráveis
desta época, desde as inspiradoras aulas dos Professores Carlos-Magno Vasconcellos
(meu queridíssimo orientador de graduação) e Luiz Fernando Lopes Pereira, que
inclusive, me influenciaram a seguir um mestrado na sociologia. Fiz também
grandes amigos, aqueles para a vida toda.
Blog
Internacionalize-se: Que conselhos daria para nossos alunos que sonham
trabalhar na ONU?
Patrícia: O
universo das relações internacionais é um campo ora frutífero, ora minado. Um
elemento é necessário no perfil dos profissionais: há que se ter coragem, senso
crítico e asas. Aos que ainda não se formaram e cujo sonho é trabalhar nas
Nações Unidas, sugiro que se candidatem aos frequentes editais de seleção para
estagiários. É uma oportunidade muito interessante para entender as dinâmicas
internas desse sistema de organizações tão dinâmico e complexo. Aos formados,
sugiro que investiguem as áreas de trabalho das diversas agências que têm
escritório no Brasil e monitorem os processos seletivos para staff e consultorias anunciados nos
sites.
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