No dia 03/04/2017, o UNICURITIBA recebeu o encarregado de negócios da Embaixada Britânica, senhor Wasim Mir, para a aluna inaugural do curso de Relações Internacionais, que versou sobre o BREXIT.
A aluna do primeiro período Alice Giulia Springer compartilhou com o Blog Internacionalize-se suas anotações feitas durante a palestra. Confira.
Relatório da visita do Encarregado de negócios da Embaixada Britânica,
Sir Wasim Mir, à Unicuritiba dia 03/04/2017, curso de Relações Internacionais:
Wasim Mir iniciou sua palestra
falando sobre o Reino Unido como um todo. Frisou sobretudo a importância deste
ser um conjunto de ilhas, separado do resto da Europa pelo canal inglês ou da
mancha (manga) por mais de 200.000 anos.
As ilhas do arquipéago britânico
são:
- · Grã-bretanha
- · Irlanda
- · Shetland
- · Órcadas
- · Ilha de Man
- · Ilha de Wight
- · Ilhas do canal (Jersey, Guernsey e outras)
A população do Reino Unido é hoje
de 65.110.000 (conforme dados do censo de 2016). É composto pelas seguintes
nações:
·
Escócia
·
Inglaterra
·
Irlanda do norte
·
País de Gales
Reino
Unido e União Europeia:
Antecedentes Históricos:
Henrique
VIII rompeu com a igreja Católica há cerca de 500 anos, fundando a igreja
Anglicana, o que teve uma repercussão muito importante na Inglaterra, sendo
seus primeiros passos para se tornar independente, preparando o terreno para
seu desenvolvimento econômico, que fez do país uma potência.
A
França, um antigo rival, foi sua aliada nas duas grandes guerras mundiais. Em
especial a segunda guerra teve profundas repercussões no continente. Após a
segunda guerra era necessária a reconstrução das economias, infraestrutura e
também surgiu a necessidade de segurança na época da guerra fria. Entretanto, o
mercado comum europeu só seria uma realidade na década de 90.
O palestrante destacou os
seguintes marcos históricos:
·
1957: criação da Comunidade Econômica Europeia
·
1963: rejeição de De Gaulle à entrada do Reino
Unido à CCE
·
1975: 1º referendo no RU; maioria do povo (70%)
decide ser parte da CEE
·
1992: assinado o tratado de Maastricht, Países
Baixos, criando a União Europeia, que passou a vigorar em novembro de 1993
·
2016: referendo do Reino Unido, decidindo historicamente
com 51,9% dos votos, pela saída do RU do bloco (Brexit)
Nos anos 90 houve, com o fim da guerra fria, a expansão da União
Europeia. Pelo menos mais 10 países aderiram ao bloco, e logo, países da Europa
oriental também o fizeram. Houve um aumento da complexidade, a ponto de hoje a
EU ser o bloco com laços de união mais complexos do globo: política, segurança,
fronteiras, leis, economia. O RU, porém, nunca, de fato, aderiu integralmente
ao bloco como outras nações – manteve moeda própria (não usa o Euro, mas a
Libra Esterlina, o Pound) e não adeririu
ao espaço Schengen, mantendo o controle em suas fronteiras. Por outro lado,
recebeu cidadãos de todas as outras nações européias. De fato, a popularidade
da EU oscilou muito no RU após 1975, culminando com a decisão pelo Brexit após
o referendo de 2016, mesmo sem ter o RU tradição em plebiscitos, como, por
exemplo, tem a Suíça.
A xenofobia e a ascensão da direita são questões pontuais que também
podem ter interferido, disse o representante britânico quando questionado, mas
a vontade de ser independente e ter sua soberania respeitada foram os
principais fatores que fizeram a saída da União Europeia ser desejada pela
maioria da população. Querem se auto-governar. Somente na região de Londres e
na Escócia o Brexit não “ganhou”. Aliás, em 2017, ano de eleições na França e
na Alemanha, a estabilidade da EU corre mais riscos do que nunca. Resta ao
mundo esperar pelos resultados dessas eleições.
Ainda assim, a saída do RU da EU deverá ser lenta, dados os mais de 40
anos de ligação com o resto do continente, e com resultados imprevisíveis para
sua economia, bem como para as economias da EU e do resto do mundo globalizado.
O artigo 50 do tratado de Lisboa foi acionado em 29/03/2017, com a
entrega da carta da primeira ministra britânica Theresa May à sede da EU em
Bruxelas. Inicia-se um processo longo, estimado em pelo menos 18 meses para
total separação. Serão cerca de 12000 leis e mais de 90000 páginas de acordos
internacionais com o bloco a serem examinados. Decisões importantes incluem
negócios, mas também pessoas.
O
que esperar do Reino Unido daqui para a frente?
·
Principal intenção do atual governo é de
restabelecer o controle de suas leis
·
Fortalecer a união das 4 nações do Reino
·
Restabelecer controle imigratório
·
Garantir direitos de cidadãos europeus no RU e
de cidadãos do RU na Europa
·
Buscar um ambicioso acordo de livre comércio com
a EU e novos acordos com países de fora do grupo
·
RU e Brasil – empresas do Reino Unido têm
investido em vários setores no Brasil e a tendência é de que os laços se
estreitem. Entre esses investimentos estão programas de bolsas como a
Chevening, o investimento em alimentos e agrotecnologia, além de política
externa e interna. Só em 2015, o RU exportou para Brasil mais de 3,68 bilhões
de Libras em bens e serviços e importou do Brasil o equivalente a 2,3 bilhões,
representando 1,5% da exportação total brasileira
·
50 bilhões de Euros de dívida com o bloco
europeu: não se iniciaram ainda negociações de pagamento. Devem ser iniciadas
no fim do mês de maio
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