Artigo apresentado na disciplina de Análise em Relações Internacionais e Política Externa, ministrado pela Profa Dra Janiffer Zarpelon, do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.
* João Victor Coutinho de Carvalho
No discurso do presidente
chinês para a 70ª Assembleia Geral da ONU, é possível notar vários pensamentos
e até imaginar algumas peculiaridades características do senso comum do povo
chinês.
Na abertura do discurso, o
chefe de estado chinês relembra os 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial,
celebrando a vitória dos Aliados sobre o fascismo, e também a criação da
Organização das Nações Unidas. No entanto, o que mais chama a atenção é a sua
fala na qual celebra a vitória do "bravo povo chinês" sobre os
japoneses, pondo um fim à invasão japonesa na China, no âmbito da Segunda
Grande Guerra. Essa fala reflete um aspecto da sociedade chinesa, que é o ódio
aos japoneses devido aos ressentimentos que sentem pelos seus vizinhos pelas
atrocidades cometidas por estes contra o povo chinês durante a invasão.
Em outra parte de seu
discurso, Xi Jimping fala da necessidade de se respeitar as políticas internas
de cada estado, o que pode ser compreendido como um certo aborrecimento do
governo chinês com as pressões que tem sofrido de outros países em relação às suas
políticas de sustentabilidade e de respeito aos direitos humanos. Fala ainda
sobre o fim de medidas militares, fim da intervenção em assuntos internos e o
fim do unilateralismo subentendendo-se uma crítica às políticas
norte-americanas, a atual hegemonia militar e política do planeta e rival
econômico dos chineses.
Nota-se alguns resquícios
do pensamento vigente na época da Guerra Fria, na qual a China, antes de romper
com a União Soviética, era uma voz ativa do bloco comunista. Ainda neste ponto,
Xi Jimping clama por um novo modelo de cooperação, que beneficie a todos e não
só as grandes potências, o que é o caso da China.
O presidente fala, em seu
discurso, em promover o desenvolvimento econômico pautado no liberalismo
regulado pelas mãos "visível e invisível", em suas palavras. Pode-se
entender que a China busca liberalizar o comércio internacional, mas sem abrir
mão de intervir em sua economia, como o faz internamente.
Notam-se os novos modelos
econômicos seguidos pela China com a criação das ZEE's (Zonas Econômicas
Especiais), criadas durante o governo de Deng Xiaoping e ainda, quando fala da
"mão visível", da centralização de poderes no Partido Comunista, no
governo chinês, que exige que toda empresa em território chinês seja, ao menos
parcialmente, chinesa, por exemplo.
No fim do discurso nota-se
uma tentativa da China em ser aceita internacionalmente também no âmbito
cultural, no "soft power", quando diz que a China cumprirá todas as
suas obrigações em relação às mudanças climáticas e que espera que outras
potências também o façam, e que, juntamente com os Estados Unidos, dará ajuda
financeira à União Africana. Fala ainda sobre a necessidade de respeito
às diferenças entre os povos e a necessidade de diálogo entre as civilizações,
em uma tentativa de fazer com que a comunidade internacional aceite os costumes
chineses.
Referências:
FAIRBANK, John King; GOLDMAN, Merle.
China: uma nova história. 3ª ed. Porto Alegre: L&PM, 2008. 520 p.
*João Victor Coutinho de Carvalho é estudante do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário