terça-feira, 28 de março de 2017

Análise em Política Externa e Relações Internacionais: Análise do discurso e conteúdo dos discursos de Barack Obama e Justin Trudeau at the White House.

Análise de discurso apresentada na disciplina de Análise em Política Externa e Relações Internacionais do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba, orientado pela Profa Dra Janiffer Zarpelon.



*Camila Ersina



Os discursos analisados se deram em Washington e foi a primeira vez em 20 anos que um Primeiro Ministro canadense fez uma visita oficial aos Estados Unidos.
A visita foi feita pelo Primeiro Ministro Justin Trudeau, sua esposa Sophie Grégoire-Trudeau, seus três filhos e todo o restante da delegação canadense que os acompanhava. O discurso em si, de duração equivalente a quinze minutos, foi dividido entre Obama e Trudeau, ambos posicionaram-se de maneira similar, buscaram passar sua mensagem com um tom de leveza, amizade e esperanças de um futuro próspero e compartilhado pelas duas nações.
É sabido que os dois países são os maiores parceiros econômicos em escala mundial, e é também entre eles que existe a fronteira que possui menos conflitos por um maior tempo de duração, ambos dependem muito economicamente um do outro, sendo o Canadá um país exportador (especialmente de petróleo), há diversos acordos de tarifas alfandegárias entre Canadá e os Estados Unidos. Com essa visita, ambos os chefes de Estado reforçaram em seus discursos a necessidade de manter esses laços econômicos e de aprimorá-los cada vez mais, para que ambas as economias cresçam, assim como Barack Obama confirmou dizendo ao fim de sua fala que "...Os países podem se unir para realizar ainda mais parcerias e trocas comerciais, gerando mais trabalhos para as populações de ambos os países e manter a segurança com a qual suas populações contam, para que vivam seguras em liberdade...". E Justin Trudeau também passa uma mensagem coordenando e alinhando-se à mensagem de Obama através do seguinte trecho de seu discurso "...Possuímos também preocupações em relação a tornar o mundo um lugar mais seguro, e sobre questões comerciais, o Canadá possui um plano de continuar expandindo a economia em favor da classe média e para isso temos investido em novas tecnologias, indústrias emergentes e criando novos empregos para aumentar a competitividade mundial, tudo isso para revitalizar a economia...".
Pode-se notar nossas duas falas que há um posicionamento comum e alinhado entre os dois países, mas não é apenas nesse sentido que suas ideologias convergem, na realidade a proximidade dos dois países vai muito além da longa fronteira que eles compartilham, há uma relação amigável entre eles de mais de sois séculos, e durante todo esse período houve apenas algumas divergências, como por exemplo a disputa nas regiões do Canadá no Mar do Norte e pelo direito de navegação no mar, o qual os Estados Unidos alegavam ser uma região de águas internacionais, enquanto o Canadá dizia ser uma região de mar interno. Todavia divergências como essa foram mínimas perto da história que esses países tem no sentido de serem aliados e de compartilharem valores, os quais ficam evidentes nas seguintes falas do discurso de Obama e Trudeau respectivamente "...Somos dois povos que nos identificamos e somos guiados pelos mesmos valores, incluindo o valor dado para a liberdade, cooperação entre os países ao lutarem lado a lado no Afeganistão, a condenação do terrorismo e por fim por acreditar nos direitos dos povos de se autodeterminarem..." e "...Como os Estados Unidos são nossos maiores parceiros comerciais e aliados mais próximos, o relacionamento entre os países sempre foi vital, nos mantendo parceiros, mas principalmente amigos. Apesar da história ser complexa, não há nenhum relacionamento no mundo inteiro como a amizade entre os dois países...".
Durante o discurso, é apresentado um plano comum à eles em relação ao combate às mudanças climáticas, as quais eles pontuam ter grande relevância e preocupação, como apresentado nas falas, novamente de Obama e Trudeau respectivamente "...Como companheiros, líderes e países representantes da ONU, lutamos pelos direitos humanos, pela paz e segurança. Anunciamos um projeto conjunto, discutido em Paris, sobre a mudança climática e o seu combate.." E "...É uma grande honra estar em Washington para discutir questões de relevância para os dois países como por exemplo a mudança climática para que as próximas gerações tenham um planeta mais limpo e saudável...".
As mensagens esperançosas e de certa forma audaciosas e ousadas são, no entanto incoerentes, dado que os dois países não seguem o preceitos do protocolo de Kyoto, diferentemente dos Estados Unidos, o Canadá até chegou a ratificar o protocolo, mas devido a questões internas governamentais, não o coloca em prática, sendo extremamente criticado pela opinião pública internacional.

Após essa análise contextual histórica e econômica, nota-se também que o conteúdo do discurso, como um todo, procura passar uma mensagem marcada pelo otimismo, leveza, descontração e esperança, evidenciado pelo tom de amizade, cordialidade, as piadas sobre o estereótipo canadense (vide a pergunta de Obama "Quem é melhor no hockey?"), o apelo feito pela busca de um mundo melhor e por fim a invocação, para que construam um futuro compartilhado. Nota-se também que os discursos não estavam alinhados apenas em conteúdo e ideologias, mas estavam também em sintonia em sua estrutura, isto é, no modo como foram elaborados, isso fica perceptível quando analisa-se as piadas feitas ao longo do discurso estrategicamente posicionadas para descontrair a população e o estratagema e a sutileza com a qual os representantes ornamentaram suas falas.

* Camila Ersina: estudante do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.

Nenhum comentário:

Postar um comentário