No dia 24 de outubro de 2016, teve início a Semana Acadêmica do Curso de Relações Internacionais. Em celebração ao Dia das Nações Unidas, o UNICURITIBA recebeu o Major Flávio Henrique Pinheiro da Costa - chefe da Seção de Planejamento e Gestão do Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB).
Em palestra realizada no Grande Auditório do UNICURITIBA, o Major falou aos alunos sobre a participação de tropas brasileiras no Haiti, Congo e Líbano - além de outras missões para as quais o país envia soldados. Ao final, o Major concedeu a seguinte entrevista à Prof. Michele Hastreiter, para o Blog Internacionalize-se.
Entrevista com o Major Flávio Henrique Pinheiro da Costa, Chefe da Seção de Planejamento e Gestão do CCOPAB
Blog Internacionalize-se: Como acontece a
decisão do exército brasileiro de participar de uma missão de paz?
Major Flávio Henrique Pinheiro da Costa: O governo brasileiro diz para
a ONU que tem um número "X" de militares para ser enviado em missões de paz, e
a ONU deixa este número em stand by. Então,
o Brasil comunica a ONU – por exemplo – de que pode enviar 850 militares para
uma missão e aí na hora que tem um movimento de tropas – vamos dizer que algum
país precisa sair de uma missão da ONU por questões diversas, por exemplo – a ONU
pergunta ao Brasil, através da uma missão permanente do Brasil na ONU - que é como se fosse
uma embaixada do Brasil na ONU em Nova York - se o Brasil se voluntaria para enviar uma tropa com um
efetivo “tal” para "tal" missão. E depois o Congresso Nacional autoriza
o envio das tropas.
Blog Internacionalize-se: E quais são as
diretrizes para a decisão do Congresso Nacional? Existe algum tipo de balizador
– por exemplo a adequação disto perante
os princípios constitucionais que regem o Brasil nas suas Relações
Internacionais, como a não intervenção e a primazia dos direitos humanos?
Major Flávio: Este estudo é feito de modo
aprofundado pelo Itamaraty, que vai passar ao Presidente e ao Congresso as
razões para o Brasil se desdobrar em missões neste ou naquele país. É o
Itamaraty que analisa as possibilidades de inserção brasileira, a gente só
recebe a decisão de ir para um país e envia as tropas.
Blog Internacionalize-se: Como é o
relacionamento do exército brasileiro com as missões de outros países?
Major Flávio: É muito bom. Tanto na parte
de comando – por exemplo, no Haiti, o comandante do braço militar é um General
Brasileiro e nós temos tropas de diversos países compondo a MINUSTAH (a missão
da ONU no Haiti). O relacionamento do exército brasileiro é muito bom – o militar brasileiro é tido como competente e
agregador. Ele tem um bom desempenho, mesmo se comparado com exércitos de
primeiro mundo. A nossa instrução, postura e disciplina é considerada "TOP" lá fora, mesmo quando comparado com exércitos que tem materiais mais avançados. O
militar brasileiro é tido como destaque, tanto no relacionamento interpessoal,
como no desempenho.
Blog Internacionalize-se: Então, no Haiti, o Brasil ocupa uma posição de
liderança. Como é a participação do Brasil nas outras missões de paz da ONU?
Major Flávio: Na missão do Líbano o Brasil
também ocupa uma posição de liderança na Força Marítima, comandada por um
Almirante Brasileiro. Não é uma chefia de toda a missão, mas do seu braço marítimo.
O Brasil também já liderou a missão do Congo. Atualmente, a nossa liderança
maior é no Haiti e no Líbano. Nas outras missões, enviamos indivíduos, como
observadores militares.
Blog Internacionalize-se: Existem vagas de
atuação para civis nas Operações de Paz?
Blog Internacionalize-se: Como é o
treinamento realizado pelo CCOPAB para que um soldado seja enviado para uma
missão de paz?
Major Flávio: Se for enviado um contingente,
no Haiti por exemplo, o ciclo de treinamento dura quatro meses e meio. Neste
período, recebemos os Oficiais de Estado Maior, damos instrução, depois
recebemos os Comandantes de Subunidade de Pelotão para passar as instruções. Eles vão voltar para os
quartéis que comandam e dar as instruções que nós demos para os sargentos e soldados,
porque nós não temos condição de receber todos os soldados para dar o
treinamento e instrução diretamente. Além disto, temos alguns cursos específicos, antes
da missão sair que também são feitos pelo CCOPAB. Por exemplo, para quem será
intérprete na missão, nós temos um curso expedito de técnica de interpretação e
tradução. Então o sujeito que fala inglês e francês vai ao CCOPAB para receber
a instrução de como atuar. Depois, faltando duas semanas para o embarque, nosso
pessoal do CCOPAB vai ao local de preparo para dar o exercício final,
certificando o batalhão que está indo.
Blog Internacionalize-se: Existem cursos do
CCOPAB abertos à civis?
Major Flávio: Sim. O Curso de Proteção de Civis, o Curso de
Coordenação Civil e Militar, os nossos Workshops Internacionais nos quais
participam pessoas da área acadêmica ligada a Peace keeping, e o curso para
jornalista e assessores de imprensa em áreas de conflito. (Nota do Blog Internacionalize-se: as vagas para os cursos são abertas para as Instituições parceiras do CCOPAB, que elegem os participantes. O UNICURITIBA firmou recentemente parceria com o CCOPAB).
Blog Internacionalize-se: Onde nossos
alunos podem acompanhar as atividades do CCOPAB?
Major Flávio: O site do CCOPAB (http://www.ccopab.eb.mil.br/pt/) é atualizado
permanentemente, dentro dele há o Material Básico das Nações Unidas de
treinamento, links interessantes e informações sobre os cursos.
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