Artigo apresentado na disciplina de Teoria das Relações Internacionais I, do Curso de Relações Internacionais do Unicuritiba, ministrado pela Profa Dra Janiffer Zarpelon. As opiniões expressas no artigo não representam a visão da instituiição, mas dos seus autores.
* LOUISE
MAGRON
É notável a presença da
guerra quando analisamos a história mundial, onde em muitos momentos o uso de
armas e coerção foram meios para conseguir realizar determinado objetivo. O
poder que usa de estratégias bélicas, diplomacia coercitiva e guerras, é definido
por Joseph Nye como hard power, uma
dominação já conhecida pelo mundo. Os
Estados Unidos tem sido um exemplo clássico de hard power, no ano de 2014 seu orçamento militar foi de 600 bilhões
de dólares, além da invasão no Iraque feita pelo país norte americano no ano de 2003.
Nye, em sua obra, “Soft Power: The Means To Success In
World Politics” apresenta o conceito
de uma habilidade utilizada por um Estado de influenciar o comportamento ou
interesses de outros atores internacionais através de sua cultura, educação,
língua, diplomacia, estabilidade econômica e governo. Esse significado de poder
é definido pelo termo soft power.
O soft power já se fazia presente nas políticas dos governos de
diversos países antes mesmo da existência do termo propriamente dito. Foi usado
pelo ex-presidente do Brasil, Getúlio Vargas, que propagou o futebol brasileiro
internacionalmente mostrando uma imagem de um país onde o preconceito não era
uma realidade vivida por seu povo, o mesmo exemplo pode ser usado pela
divulgação do carnaval brasileiro.
Além disso, políticas do
mesmo estilo foram feitas pela Alemanha pós Segunda Guerra Mundial onde, aos
olhos do mundo, era um país nazista, território no qual grandes atrocidades e
crimes contra a humanidade ocorreram. O Estado investiu em políticas de
expandir para o mundo suas tecnologias e também sua qualidade na educação,
tentando assim, mudar sua “imagem”.
Atualmente, vemos a Coréia
do Sul sendo uma grande produtora de conteúdo, propagando cada vez mais a sua
cultura para o Ocidente. O governo tem adotado uma estratégia de políticas de soft power desde o final da década de
1990. K-pop (Korean pop), estilo musical da Coréia do Sul, é composto por
videoclipes superproduzidos e coreografias impecáveis, essa produção musical
foi disseminada através dos meios de comunicação na internet e é definida como
“hallyu” pela imprensa asiática.
Este fenômeno é explicado
pela pesquisadora da Universidade da California, Suk-Young Kim, onde dados
apontam que a Industria Coreana enfrentava uma queda nas vendas de discos e
precisava de inovações para atingir não somente o mercado nacional, mas também
o internacional. O grande objetivo das empresas é passar para o mundo um
“estilo de vida” sul coreano no qual as pessoas são bem vestidas e usam de
vários cosméticos, fazendo com que a venda desses produtos aumentem. Além desses benefícios, o K-pop tem feito com
que a Coreia do Sul se torne cada vez mais um foco para viagens turísticas.
Não somente em música o
governo sul coreano procurou investir, mas também nos cosméticos K-Beauty. As
marcas coreanas tem se destacado internacionalmente por seu custo-benefício e
principalmente em inovação. Procuram testar diferentes ingredientes, investem
em embalagens mais atrativas e focam na necessidade do consumidor. Os
cosméticos tem se tornado febre em diversos países asiáticos e desemprenham um
papel de destaque na disputa geopolítica na Ásia oriental.
A arte marcial milenar sul-coreana, difundida
mundialmente, o Taekwondo, também pode ser citada como uma ação baseada no soft
power. O esporte tem sido utilizado como ferramenta do governo nas relações
internacionais, promovendo não somente relações amigáveis com outras Nações,
mas a cultura e língua sul-coreana. A “Taekwondo Peace Corps” visa atividades
relacionadas ao taekwondo que colaborem com a problemática do desemprego entre
os jovens coreanos, para uma boa construção da comunidade global, além da paz
mundial.
São notáveis não somente
as políticas de soft power estabelecidas pela Coréia do Sul, mas também de
muitos outros Estados, que procuram tornar seu país o mais “atrativo” possível
do que os demais para adquirir mais poder e influencia internacionalmente pois,
se a imagem do Estado é mais positiva, ela gera um reflexo benéfico na
qualidade de vida de sua população, em sua renda e até mesmo em seu IDH. O resultado
atingido é de atrair direta e
indiretamente ações favoráveis, com consequências na economia do país.
Concluímos que grandes são
os benefícios que o soft power pode
trazer para os países que procuram investir nessas politicas públicas. O poder através
da atração. Não se pode negar que a mídia Hollywoodiana tem um poder de persuadir
seus telespectadores sobre diversos temas, até mesmo os próprios cientistas
políticos que estudam o soft power. A
partir do século 21 vemos que ser amado é mais eficaz do que temido no cenário
internacional e os Estados estão cientes disso.
REFERÊNCIAS
NYE, Joseph. The Changing Nature of Power – The Means to Success in World Politics. New York : Public Affairs, 2004.
NYE, Joseph. The Changing Nature of Power – The Means to Success in World Politics. New York : Public Affairs, 2004.
Referências eletrônicas:
* * LOUISE MAGRON é estudante do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.
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