Por Manuela Paola
O
fogo não queima apenas no Brasil. A Bolívia, além de outros 8 países, tem sua
fauna e flora afetadas pelas queimadas. Assim como aqui, muitas das queimadas
foram intencionais. O presidente Evo Morales defendeu os “chaqueos” - prática
usada pelos agricultores para queimar áreas de bosque para aumentar o espaço de
cultivo. "O controle do 'chaqueo' é importante, mas também quero que
saibam: de que vão viver as pequenas famílias, os pequenos produtores sem
'chaqueo'? É para o milho, meio hectare, é a situação do pequeno produtor, no
máximo um hectare de arroz para sobreviver", afirma o presidente
boliviano. No entanto, em julho deste ano, Morales aumentou a área de queimadas
controladas de 5 hectares para 20.
Diferente
do presidente Jair Bolsonaro, em agosto, o líder da Bolívia aceitou ajuda
internacional do G7, o grupo das sete maiores economias do mundo - o que a
oposição achou muito controverso, levando em conta as ações anteriores de Evo
Morales. Acontece que as eleições para presidente na Bolívia acontecem ainda
este ano, no dia 20 de outubro. Por causa das pressões internas - autoridades
das províncias e líderes dos vilarejos pediram que se aceitasse a ajuda - , o
governo recuou e aceitou auxílio internacional, como aeronaves para despejar
água sobre as queimadas. Mas, pela negligência do presidente ao lidar com as
queimadas, na última sexta-feira (4), milhares de manifestantes tomaram as ruas
de Santa Cruz, a maior cidade da Bolívia e palco de intrigas políticas, para
protestar contra Morales. O rival do atual presidente, Carlos Mesa, o criticou
por sua demora em agir. "O
governo reagiu tarde e mal, levou quase duas semanas e eles não tinham um plano
estratégico. Evo Morales colocou sua campanha em primeiro lugar, em vez de
governar a Bolívia”, afirmou o candidato à presidência. Os manifestantes de
sexta-feira afirmaram que vão usar o “voto de protesto” - medida utilizada
durante uma disputa eleitoral, onde os eleitores decidem anular o voto ou votar
em figuras excêntricas para representar sua desaprovação em relação ao
candidato.
Evo conseguiu
controlar o fogo, mas ao mesmo tempo, diminuiu sua popularidade. Se conseguir driblar esta dificuldade e vencer as eleições, o presidente
boliviano cumprirá o seu quarto mandato comandando um dos países mais pobres da
América do Sul. Mesmo tendo conseguido mais simpatizantes na província que
abrigou as manifestações na sexta-feira com os planos de triplicar as áreas
agrícolas até 2025, Santa Cruz de la Sierra tem uma tradição opositora a
Morales - já chegou até mesmo a se declarar uma província independente de seu
governo - e todas estas conjecturas somadas tornam difícil acreditar que ele irá ganhar as eleições.
Referências
*As opiniões contidas neste texto pertencem ao autor e não refletem, necessariamente, o posicionamento do UNICURITIBA.
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