Vinícius Canabrava
Entre as 19:00
do dia 25 de outubro
e as 12:00 do dia 26,
os alunos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Design Gráfico e Relações
Internacionais, do Unicuritiba, passaram por um grande desafio: criar um projeto de aplicativo para
ajudar os refugiados e imigrantes que chegam no Brasil e, principalmente, em
Curitiba.
A ideia de
desenvolver este aplicativo no UNICURITIBA surgiu no Grupo de Pesquisa “Direito
Migratório em Curitiba, no Brasil e no Mundo”, coordenado pela Professora
Michele Hastreiter. Em um dos encontros, o tema debatido era o papel das novas
tecnologias na migração – e os pesquisadores conheceram aplicativos existentes
em outros países com propósitos semelhantes. Então, a Professora Michele levou
a ideia à Coordenação do Curso de Relações Internacionais. Na sequência, se
envolveram também os Cursos de Design e Análise de Desenvolvimento de Sistemas
e o projeto começou a caminhar.
O evento
começou com uma breve explanação da Professora Michele e dos egressos Thais
Soares e Matheus Felipe da Silva, todos membros do Grupo de Pesquisa onde tudo
começou. Nesta palestra,
explicou-se o que é
o refúgio - uma
migração forçada devido a um grande medo - diferenciando-o de uma migração tradicional, em que
se há a opção de retornar ao país. Além disso, a professora também explicou
sobre os direitos dos refugiados e imigrantes no Brasil, que são os mesmo de um
nacional já que a Constituição de 1988 veda qualquer tipo discriminação. Sendo
assim, o imigrante, o refugiado e o solicitante de refúgio têm direito a um CPF, a utilizar o
Sistema Universal de Saúde e fazer uma Carteira de Trabalho, a abrir uma conta bancária, entre outros.
Na
sequência, os alunos
dos 3 cursos presenciaram um momento emocionante, ouvindo o depoimento de migrantes
e refugiados. Primeiramente, o egresso Matheus Felipe da Silva lançou, ao lado do
acadêmico de Publicidade e Propaganda, Caio Alves Brito Siqueira, o episódio
piloto de uma série documental, que narra a história de “peregrinos” –
terminologia escolhida pelos autores para fugir dos estigmas envolvidos nas
expressões imigrantes e refugiados. Neste episódio inaugural, Dave Decius,
imigrante haitiano, contou sua história de luta para chegar ao Brasil e dos problemas que passou quando chegou aqui, como racismo, xenofobia, desrespeito e descaso
dos órgãos públicos.
Após, os
alunos tiveram a oportunidade de ouvir pessoalmente o depoimento de Natasha Lima,
imigrante venezuelana, e Yara Mohamed Hamandosh, refugiada síria. Apesar de virem
de países bem distantes e diferentes entre si, ambas têm em comum a realidade
de uma mulher obrigada a imigrar diante das condições de vida em seu país. Além
dos desafios enfrentados por Dave, também tiveram de vencer o machismo que se
fez presente em diversos momentos do processo migratório. No relato de Natasha,
destacou-se a radical mudança em suas condições de vida nos últimos anos, em
razão da crise econômica que assola o país. Por outro lado, Yara deu um testemunho
sobre os horrores da guerra que levou boa parte do auditório às lágrimas. Os
depoimentos serviram para sensibilizar os alunos quanto a importância da tarefa
a ser desenvolvida.
Com isto dito ficou estabelecido o
principal objetivo da aplicação que foi criada naquela noite,fazer uma
ferramenta de fácil utilização, informando quais os procedimentos para pedir o
refúgio e conseguir outros documentos essenciais para a vida no Brasil. Além
disso, outra função do app é informar os Direitos Fundamentais da pessoa, assim
como onde reclamá-los
e como exercê-los, caso haja algum problema.
Levando em conta tudo isso, ficou
clara a função de cada curso. Quem estuda Análise e Desenvolvimento de
Sistemas, ficou encarregado por concretizar e programar o aplicativo mobile, já
os estudantes de Design Gráfico ficaram responsáveis por ilustrar o aplicativo,
tornando-o intuitivo e, por fim, os estudantes de Relações Internacionais,
fizeram a pesquisa do conteúdo que preencheria o app. Para fazer tudo isso, os
3 cursos foram divididos em equipes, com pelo menos 3 alunos de cada área, que
tiveram que trabalhar juntos, para ganhar a competição e ter o seu projeto
escolhido para ser efetivamente desenvolvido.
Nas palavras da aluna de Relações
Internacionais, Luíza Saddi, “O Hackathon foi uma das melhores experiências
que eu já tive na faculdade. Colocar realmente em prática muito do que já
aprendemos com a missão engrandecedora que é ajudar os refugiados no país foi
incrível. Também gostei muito da integração que aconteceu entre os 3 cursos,
que normalmente não se conversam, e da aproximação que nós alunos tivemos com
os professores, afinal, passar a noite toda juntos trabalhando não é pra
qualquer um. Gostei do formato de maratona porque nos permitiu explorar todo
nosso potencial produtivo e criativo juntos, além de termos nos divertido muito
em grupos. Tudo isso foi baseado nos relatos impressionantes e importantíssimos
da Natasha e da Yara, que nos aproximou muito do tema e da urgência em
resolvê-lo. O melhor de tudo, para mim, é que nosso trabalho irá além dessa
maratona, já que a intenção é realmente desenvolver e colocar em uso o
aplicativo para os refugiados em Curitiba.”
Com esta missão, as 4 equipes, Amarelo,
Azul, Rosa e Vermelho, ficaram a madrugada inteira criando uma marca, com
conceito e conteúdo, para as 9:00 da manhã do dia 26 apresentarem a uma banca
que julgou os trabalhos e selecionou a equipe vencedora, que foi a Rosa, com um
aplicativo chamado “Ali”, inspirado na história da Alice no País das
Maravilhas, que se viu perdida em um mundo mágico.
Cabe,
aqui, destacar o empenho de todas as equipes, que trabalharam sem esmorecer ao
longo das horas. Além disto, destaca-se também o empenho dos professores que se
voluntariaram para passar a madrugada auxiliando os alunos no desenvolvimento
do Projeto. No curso de RI, a Professora Patrícia Tendolini e a Professora
Ângela Moreira estiveram o tempo todo ao lado dos alunos. A Professora Michele
Hastreiter esteve presente durante toda a noite, saindo no início da madrugada
e retornando já nas primeiras horas da manhã. Os Professores Isaak Soares e Carlos
Magno Vasconcellos ajudaram a dar o ânimo necessário ao desempenho da atividade
nas primeiras horas. O Professor Rafael Gallo deu ótimos conselhos de projetos
no turno da madrugada e a Professora Janiffer Zarpelon e o Professor Marlus Forigo
chegaram cedinho pela manhã e ajudaram na conclusão dos trabalhos e na
avaliação da apresentação feitas pelas equipes. Além deles, os egressos Thais e Matheus continuaram
auxiliando os alunos por toda a noite, assim como os membros do centro
acadêmico, Fernanda Tapada e Eduardo Mazzafera. A união de todos os citados por
um objetivo comum foi importante, também, para integração entre os membros do
curso.
Este evento foi de grande
importância para a comunidade acadêmica do Unicuritiba, pois mostrou o que é
trabalhar em equipe e quão grande é o potencial dos alunos da faculdade. Mostrou
também a capacidade de engajamento dos alunos e dos professores em torno de uma
causa social de elevado relevo.
Confira reportagem da Rede Globo feita sobre o Hackathon!
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