Por Maria Letícia Cornassini
*O texto foi produzido a
partir de entrevista realizada com a professora.
Se
cada um nascesse predestinado a ser algo ou a seguir alguma carreira na vida, a
professora Violeta Caldeira com certeza seria da área de Ciências Sociais, em
especial o da Ciência Política. Filha de pais que também são bacharéis em
Ciências Sociais, ela conta que desde muito cedo acompanhava os pais em
manifestações, inclusive nos tempos do “Diretas Já”. Mas, como não nascemos
predestinados, a escolha pelo curso de Ciências Sociais foi, além de herança
dos pais, motivada pela percepção de Violeta -em uma viagem realizada quando
ela tinha 18 anos- de seu fascínio por observar os aspectos e relações sociais
da sociedade. Afinal, tinha também, em si, o gene das ciências sociais.
Sua
iniciação neste mundo de política e movimentos sociais começou cedo. Quando
ainda estava no ensino fundamental, Violeta era monitora em aulas de dança para
crianças de rua e deficientes físicos. Deste projeto, tirou novas visões de
realidades diferentes e respeito ao próximo. No ensino médio, além de compor os
grêmios estudantis, fez parte de um projeto chamado “Solidária Idade”, que
fazia um intercambio cultural entre colégios da periferia e de classe média. Na
faculdade, continuou a atuar no centro acadêmico.
Conta
que no início da faculdade tinha horror em pensar em ser professora. A mudança de
pensamento aconteceu por conta de um trabalho de iniciação cientifica. Durante
seu estágio como pesquisadora na OIT, ela foi incentivada por seu chefe a
migrar para o mundo de produção acadêmica e, sob orientação de Rogério Arantes,
passou a estudar mais a fundo a área do Direito dentro das Ciências Sociais
–tema que também foi o objeto de estudo de seu mestrado e doutorado. Com isso,
ela tomou gosto por olhar o Direito a partir da perspectiva sociológica.
Sua
trajetória no UNICURITIBA começou quando foi convidada a participar do processo
de seleção para docência. Foi aprovada e mudou-se para cá, com seu carro e suas
coisas, sem conhecer a cidade. Já no início de sua carreira na instituição, em
2010, foi coordenadora do Projeto Rondon. Depois, percebeu que não era preciso
viajar tamanha distância para estar diante de uma realidade social diferente e
desenvolveu e coordena o projeto “UniCuritiba Sem Muros”, que realiza atendimentos
jurídicos na comunidade. Após uma década de docência, conta que o que mais
gosta ainda é estar em sala, ministrando aulas e vendo a curiosidade dos
alunos. Sobre sua experiência sendo professora, Violeta afirma ter percebido
que, por estar em um papel de influência à diversos jovens, não poderia
divergir no que transmite para os alunos e o que faz na prática.
Durante
sua carreira, foi muitas vezes vinculada a seus pais, que possuem grande
reconhecimento na área de Humanas, mas que isso foi diminuindo cada vez mais
conforme ela ia criando sua própria identidade dentro da área. Também, nota que
o mundo das ciências políticas é muito masculino, e que, mais especificamente
no Direito, muitas vezes as vozes femininas não são ouvidas. Quanto a seu futuro
a professora conta que espera, após sua licença maternidade, embarcar em uma
nova área de estudo.
Mas,
afinal de contas, o que faz, realmente, um político?
É
difícil chegar à uma conclusão objetiva. O que se pode concluir com certeza, é
que uma mulher que acredita firmemente não ser possível ter noção de uma
realidade social sem ter contato com ela, que vive todos os valores que prega,
que ama o que faz e gosta de conviver com o outro, definitivamente pode ser
considerada como uma. Uma mulher que, com pequenas e grandes ações busca
transformar e melhorar o mundo em que vive, sem se esquecer do mundo em que
vivem outras pessoas. Uma grande mulher.
Uma
mulher como Violeta Caldeira.
Que delícia essa homenagem a quem é uma inspiração tanto profissional quanto pessoalmente. Desejo que sua trajetória seja seguida por muitas e muitas outras mulheres, numa demonstração de que podemos transformar nossa realidade. Parabéns pelo texto Maria Letícia, a Violeta, assim como todas as grandes mulheres, merece iniciativas como essa.
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