A situação referente ao COVID-19 vem se agravando em todo o mundo. Hoje (21) são mais de 2,5 milhões de casos, e como consequência do surto os sistemas de saúde, inclusive os mais sofisticados, estão cada vez mais pressionados e colapsando, inclusive. É nesse cenário de alta disseminação da doença que as organizações se mostram preocupadas com a situação da África e seu futuro pós-pandemia.
O primeiro caso na África aconteceu em 14 de fevereiro no Egito. Hoje, a doença já atingiu mais de 19 mil pessoas, em 52 dos 54 países, tendo mais de 1000 mortes, assim como constatado pela diretora da OMS na África, Matshidiso Moeti, em conferência. A UNECA, Comissão das Nações Unidas para a África, afirma que as consequências humanitárias e econômicas da pandemia serão profundas no continente, especulando até 300 mil mortos e 29 milhões de pessoas em condição de extrema pobreza. No âmbito econômico é previsto uma baixa de 2,6% de seu PIB, tendo uma baixa em suas exportações com o fechamento das fronteiras.
Não é à toa a grande preocupação internacional quanto a África, já que o continente é berço de um quadro catastrófico de outras doenças, como AIDS, sarampo, malária e ebola, e também da desnutrição. Apesar de sua população ser relativamente jovem, com 60% das pessoas abaixo dos 25 anos, essas encontram-se em situações precárias de vida, vivendo em lugares superlotados e sem saneamento básico, o que dificulta os países africanos de acatarem as medidas básicas recomendadas pela OMS, Organização Mundial da Saúde, para o controle da disseminação.
Além disto, a África possui um sistema de saúde muito precário, sem estrutura e profissionais qualificados. Para tentar reduzir esta dificuldade, o continente conta diariamente com a ajuda de muitas Organizações Internacionais e de equipamentos doados, além de importar 94% de seus produtos farmacêuticos. No entanto, a atuação filantrópica bem como as importações foram limitadas pelas medidas de fechamento de fronteiras adotadas em todo o mundo, o que gera consequências diretas aos países africanos.Os conflitos vivenciados no continente sobrecarregam mais ainda a situação dos centros de saúde, como medida para o combate a esse problema, o Secretário Geral da ONU pediu cessar-fogo dessas batalhas e o foco na “verdadeira luta”, que todos estão enfrentando, no entanto não obteve ainda muitos resultados.
O grande número de doenças na África acaba dificultando a diferenciação no diagnóstico do COVID-19, razão pela qual a OMS distribuirá testes aos países africanos e assim espera-se um aumento nos números da doença, que pode estar sendo subestimado pela falta de testes. No entanto, o foco no combate do covid-19 não permite que sejam deixadas de lado ou negligenciados os outros surtos epidêmicos enfrentados pelos africanos.
Se por um lado, mostra-se necessário e urgente tomar medidas para o desaceleramento e equilíbrio dos casos nessa região, a experiência da África no gerenciamento de outras emergências de saúde pode ser compreendida como um aspecto positivo e promissor, pela utilização e inovação dos métodos já utilizados para conter outros surtos.
No combate ao Covid-19, muitos países do continente africano já adotaram o distanciamento social, fechamento de escolas e outros ambientes públicos, controle maior das fronteiras, e determinação de toques de recolher. As principais metas dos países são: manter a segurança e saúde dos profissionais, evitar carregamento dos centros de tratamento, evitar o pânico e garantir que todos recebam instruções e informações verídicas sobre a pandemia.
Nesse momento a “solidariedade e ação coletiva” são fundamentais, como afirmado pela diretora regional da OMS. Assim, o papel das organizações internacionais é cada vez mais importante nos países africanos. Toda ajuda possível é necessária para manter o funcionamento da rede de saúde já que sozinha a África não tem estrutura para a pandemia, com a mobilização de fundos e mobilização de voluntários para atuar na linha de frente do continente.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial estimaram 114 bilhões de dólares necessários para ajudar na contenção do vírus na África, no entanto ainda faltam 44 bilhões para atingir essa meta. Outras organizações também estão tomando medidas que possam influenciar positivamente nos efeitos causados pela pandemia à África, como por exemplo o G20 que suspendeu o pagamento das dívidas por um ano e a ACNUR, Agência da ONU para refugiados, que intensificou seus esforços nas áreas de conflito. Para evitar uma catástrofe maior e diminuir os danos, é preciso agir em conjunto, já que este é um problema que toda a humanidade está enfrentando lado a lado.
Referências
Ao menos 300 mil pessoas podem morrer de Covid-19 na África. Agência Brasil. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2020-04/ao-menos-300-mil-pessoas-podem-morrer-de-covid-19-na-africa>.
Como está o continente africano nesta pandemia do Covid-19? Instituto D'or: pesquisa e ensino. Disponível em: <https://www.rededorsaoluiz.com.br/instituto/idor/novidades/como-esta-o-continente-africano-nesta-pandemia-da-covid-19>.
COVID-19 na África Ocidental: foco nos mais vulneráveis e aprendizados do passado. Médico Sem Fronteiras. Disponível em: <https://www.msf.org.br/noticias/covid-19-na-africa-ocidental-foco-nos-mais-vulneraveis-e-aprendizados-do-passado>.
Mortes por Covid-19 na África crescem 60% em uma semana, diz OMS. G1. Disponível em: <https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/04/16/mortes-por-covid-19-na-africa-crescem-60percent-em-uma-semana-diz-oms.ghtml>.
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