Por Maria Letícia Cornassini.
Há
anos que a clássica imagem de mafioso permeando o imaginário das pessoas é
aquela retratada pelo filme “O Poderoso Chefão”. Don Corleone sentado em uma
poltrona imponente, sendo chamado de padrinho e prestando serviços não tão em
conformidade com as leis. Mas se por um lado o clássico da cinedramaturgia
retrata Don Corleone de modo ligeiramente dramatizado, retrata também com
extrema clareza e detalhes- que até fazem o telespectador cogitar sua
veracidade- o poder exercido pela Máfia.
Poucos
sabem, mas os renomados grupos de crime organizado, as máfias, não possuem
origens certas e definidas. A teoria mais aceita é a de que os rituais e regras
seguidos pelas organizações remontam dos tempos dos Cavaleiros Templários, que
ocuparam a Sicília e outros lugares na costa italiana do Mediterrâneo. Já, a
formação dos primeiros grupos, data dos primórdios do século XIX, quando a
dinastia Bourbon promovia e financiava bandidos para realizarem serviços
“oficiais”. Com o tempo, os contratados pelos Bourbons se reuniram em grupos e escalaram
seus serviços, passando a desenvolver esquemas de proteção, monopólios e a
explorarem o poder dentro de um governo corrupto.
Mas
não só na Itália moram os poderosos chefões. As famosas organizações criminosas
existem ao redor do mundo inteiro, e em cada lugar, suas origens são as mais
diversas.
Nos
Estados Unidos, a máfia Cosa Nostra- aquela que inspirou a trilogia do Poderoso
Chefão - surge com a grande imigração italiana do final do século XIX e início
do XX e com o decreto da Lei Seca. No Japão, a Yakuza, que atualmente é a maior
organização criminosa mundial, surge quando, no século XVII, samurais que
ficaram sem mestres passaram a ser contratados por aldeões para defender as
pequenas cidades que eram atacadas por outros samurais sem mestres. Na Rússia,
o termo Organizatsiya passou a ser usado nos tempos de União Soviética para
categorizar todas as redes de crime organizado que existiam dentro do
território, desde a Bratva ucraniana até a Mafiya
chechena.
Por
serem instituições enraizadas nas sociedades mundiais a tanto tempo, estas
organizações criminosas exercem, atualmente, um enorme controle em seus países,
até mesmo dentro das decisões políticas. Com uma estimativa baixa, as máfias
mundiais movimentam hoje cerca de 1 trilhão de dólares. Todas elas também
convergem pelo fato de fazerem uso de decisões governamentais para aumentar
seus rendimentos. Quando os impostos sob cigarros e álcool são mais altos, elas
fazem o contrabando destas mercadorias.
Obviamente,
suas atividades vão além. Em julho deste ano, a Polícia Federal brasileira prendeu
dois italianos parte da máfia italiana da região da Calábria, a Ndrangheta, que
controla cerca de 40% do tráfico global de cocaína. Além disso, as máfias
comandam os maiores esquemas de prostituição, contrabando de armas, tráfico
humano e narcotráfico do mundo. De modo geral, em nenhuma delas será entoada a
famosa frase difundida no filme “O Poderoso Chefão”, “deixe a arma, traga os cannoli”. Mas, assim como no filme, em todas
elas o poder que elas possuem ultrapassa as barreiras nacionais e os limites
que poderiam ter sido impostos pelo Governo. Os “padrinhos” exercem poder de
Estado e propagam suas próprias leis para que a “família”- modo carinhoso usado
pelos membros para designar o grupo- sobreviva a qualquer custo, até mesmo ao
custo de outras famílias reais.
Fontes:
Livro
“A História do Crime Organizado” – David Southwell
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