Por Maria Letícia Cornassini
Há quase quatro anos, o curso de Relações
Internacionais do UNICURITIBA é coordenado pela economista de formação Patrícia
Tendolini. Na verdade, ela quase não foi economista. Acontece que na época em
que foi realizar a escolha por qual curso seguir, e já sabendo que gostava
tanto do universo de humanas quanto do de exatas, Patrícia iria optar por
administração. A escolha por economia foi motivada pela vontade de fazer algo
diferente do irmão, mas que ainda mantivesse seus dois gostos unidos.
Já na
faculdade ingressou em um estágio na ExxonMobil e permaneceu na empresa até a época
em que passou a realizar um trabalho mais efetivo na economia, já em um banco.
Conta que uma de suas memórias mais marcantes na faculdade são justamente
aquelas que conta em sala de aula: as experiências com os professores, em
especial seu professor de macroeconomia, John Sayad.
No banco,
ingressou como analista de investimentos júnior, no que pensava ser seu emprego
dos sonhos. Pensava. A realidade foi que apesar de ter a oportunidade de viajar
por muitos lugares, o ambiente de trabalho era muito tóxico e machista, com um
nível de pressão muito alto. A mudança para Curitiba veio junto com sua
aceitação no programa de mestrado da UFPR.
Anos depois, a lei da oferta e da demanda
realmente se fez presente na vida da professora. Quando estava cursando seu
mestrado na UFPR, viu nos horários flexíveis da docência uma chance de aliar um
emprego e aumentar a renda ao mesmo tempo em que dava continuidade ao mestrado.
Mal sabia ela que o emprego que encontrou assim, meio que por acaso, seria
aquele pelo qual ela se apaixonaria e de fato pensasse “encontrei meu trabalho
dos sonhos”. Aqui no UniCuritiba começou em 2001, no curso de Administração. A
entrada no meio das Relações Internacionais aconteceu um pouco depois, em uma
disciplina. Agora, quase 20 anos após iniciar na docência, é a coordenadora do
curso.
Ela conta que, além dos anos dando aula, o que
foi levado em conta para que assumisse a coordenação foi o seu perfil pessoal.
Tinha-se a necessidade de alguém que se desse bem tanto com alunos como com os
professores. Para ela, os maiores desafios da coordenação são a cobrança que
recebe de ambos os lados e as situações que fogem de seu alcance. Diz que sua
equipe de professores é ótima e que teve a chance de contar com alunos
compreensivos. Mas apesar de tantos anos de experiência lecionando, ela afirma
que provavelmente nunca teria aceitado o cargo, não fosse pela experiência de
mudança profunda - que, segundo ela, alterou até mesmo a forma com que ela se
relaciona com as pessoas: o falecimento de seu filho.
Quem vê a professora Patrícia andando pelos
corredores esbanjando calma e confiança e dando aula com tanta certeza e gosto
nunca iria imaginar que, na verdade, uma de suas maiores dificuldades é falar
em público. A professora conta que cada vez que precisa falar em público precisa
se planejar.
Ela conta que sua mãe sempre a criou de modo
igual a seus irmãos, e que por isso, sempre foi independente e nunca ligou nem
reparou em comentários, mas que hoje, após olhar toda sua trajetória, percebe
que muitas vezes os comentários e brincadeiras que presenciou eram sim,
machistas. Conta também que, apesar de ter tantas áreas em sua vida- mãe,
professora, coordenadora-, consegue equilibrar todas elas mantendo o equilíbrio
mental. Diz que não costuma pensar muito no futuro, a não ser com seus filhos.
Ela crê que não existe progressão maior que a carreira de professora.
Com uma vida permeada de acasos, Patrícia não
imaginava que um dia assumiria o posto de inspiradora de outros alunos, assim
como seus professores um dia foram para ela.
A realidade é que poucas vezes paramos para
pensar que, para gerir tantas grandes mulheres, e tantas outras que buscam se
tornar grandes, é preciso de uma grande mulher de destaque. Uma mulher que seja
resiliente, que esboce plenitude para os alunos e professores e que realmente
vista uma capa e se transforme em uma heroína.
É exatamente isto o que faz a economista que nos
gerencia.
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