A egressa Ana Caroline Moreno - que já foi entrevistada pelo Blog Internacionalize-se - acaba de concluir seu Mestrado em estudos feministas, na Universidade da Califórnia.
Para obtenção do título de Mestre, a pesquisadora apresentou o trabalho entitulado "Political Gender-Based Violence and the Struggle for Women’s Political Empowerment in Brazil", o qual divide-se em três capítulos fundamentais.
Confira um breve resumo do trabalho, produzido pela própria autora, para o Blog Internacionalize-se
"No primeiro capítulo, disserto sobre o contexto da região, do porquê em escolher a América
Latina para se falar de violência de gênero; há uma segunda explicação
para justificar o Brasil como recorte espacial. Também apresento os
conceitos de violência de gênero na política (political gender-based violence), e a diferença entre femicídio
e feminicídio (que inclui a responsabilidade direta/accountability
do Estado). Também menciono avanços contra a violência de gênero, como a
Lei Maria da Penha e a constituição boliviana (que trata violência de
gênero na política de forma separada e destacada),
mas também dos retrocessos como o impeachment da única presidenta
brasileira, do contexto político atual e da morte da Marielle Franco
como gancho para o segundo capítulo
Os
capítulos 2 e 3 são sobre os estudos de caso. O segundo resume a
história de Zuzu, Dorothy, Patricia e Marielle, além do trabalho que
elas lideravam. O terceiro capítulo,
por sua vez, traz o contexto histórico de cada caso (já que o recorte
temporal é dos anos 1970 à 2018) e a resposta - ou falta de resposta -
social, política e jurídica que se seguiu a cada crime.
No
fim do capítulo 3, quando falando da resposta à morte da Marielle,
entro brevemente no assunto do Carnaval como forma de expressão
política, mencionando alguns dos protestos
vistos nos blocos de carnaval este ano e o desfile vencedor da
Mangueira.
Realizei também uma pesquisa de campo com as ONGs Geledés de São Paulo e o Coletivo
Filhas do Boto Nunca Mais de Porto Velho. Apresento o contexto delas e o
fato de que uma está perdendo
espaço (Geledés) enquanto outra avança em passos largos (Coletivo).
Por fim, a conclusão é que de fato há padrões de violência cometidos ou consentidos pelo Estado há
mais de 40 anos contra mulheres em posição de liderança. Discuto
que a violência de gênero na política só pode ser tratada em uma
perspectiva holística contra a violência, mas também atuando de formas
mais específicas. Sobre o "big picture", destaco o combate à
desigualdade, que alivia pressões em relação à insegurança
e problemas de urbanização, os motores atrás da violência brasileira.
De forma mais específica à violência de gênero, menciono a importância
da sociedade civil, pressionando e tomando vantagem de um timing
positivo oferecido por movimentos como o Ninguna A
Menos, Time's Up, Me Too, etc., propício à desconstrução da
masculinidade tóxica e do machismo. Também entram como sugestões
educar meninos e meninas feministas, praticar a sororidade, a luta por
direitos reprodutivos, etc.
Duas
das minhas frases favoritas que me deparei durante essa pesquisa
resumem bem o meu trabalho. A primeira foi escrita pela jornalista
Gabriela Roza, em um artigo sobre
a morte de Marielle: "Dói saber que somos assassinadas quando
[finalmente] chegamos lá". A segunda é da ex-senadora Vanessa
Grazziotin, uma das pioneiras do assunto: a violência de gênero na
política é ruim para as mulheres, mas muito pior para a democracia",
no sentido de ser um desperdício de vozes, talentos e ideias de metade
da população."
Se quiser saber mais sobre a pesquisa, entre em contato com a Ana!
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