quinta-feira, 11 de julho de 2019

Por Onde Anda: A egressa Ana Caroline Moreno defendeu sua dissertação de mestrado na University of California, Santa Barbara






A egressa Ana Caroline Moreno - que já foi entrevistada pelo Blog Internacionalize-se - acaba de concluir seu Mestrado em estudos feministas, na Universidade da Califórnia. 
Para obtenção do título de Mestre, a pesquisadora apresentou o trabalho entitulado "Political Gender-Based Violence and the Struggle for Women’s Political Empowerment in Brazil", o qual divide-se em três capítulos fundamentais. 
Confira um breve resumo do trabalho, produzido pela própria autora, para o Blog Internacionalize-se
"No primeiro capítulo, disserto sobre o contexto da região, do porquê em escolher a América Latina para se falar de violência de gênero; há uma segunda explicação para justificar o Brasil como recorte espacial. Também apresento os conceitos de violência de gênero na política (political gender-based violence), e a diferença entre femicídio e feminicídio (que inclui a responsabilidade direta/accountability do Estado). Também menciono avanços contra a violência de gênero, como a Lei Maria da Penha e a constituição boliviana (que trata violência de gênero na política de forma separada e destacada), mas também dos retrocessos como o impeachment da única presidenta brasileira, do contexto político atual e da morte da Marielle Franco como gancho para o segundo capítulo


Os capítulos 2 e 3 são sobre os estudos de caso. O segundo resume a história de Zuzu, Dorothy, Patricia e Marielle, além do trabalho que elas lideravam. O terceiro capítulo, por sua vez, traz o contexto histórico de cada caso (já que o recorte temporal é dos anos 1970 à 2018) e a resposta - ou falta de resposta - social, política e jurídica que se seguiu a cada crime.

 No fim do capítulo 3, quando falando da resposta à morte da Marielle, entro brevemente no assunto do Carnaval como forma de expressão política, mencionando alguns dos protestos vistos nos blocos de carnaval este ano e o desfile vencedor da Mangueira.

  Realizei também uma pesquisa de campo com as ONGs Geledés de São Paulo e o Coletivo Filhas do Boto Nunca Mais de Porto Velho. Apresento o contexto delas e o fato de que uma está perdendo espaço (Geledés) enquanto outra avança em passos largos (Coletivo).
      Por fim, a conclusão é que de fato há padrões de violência cometidos ou consentidos pelo Estado há mais de 40 anos contra mulheres em posição de liderança. Discuto que a violência de gênero na política só pode ser tratada em uma perspectiva holística contra a violência, mas também atuando de formas mais específicas. Sobre o "big picture", destaco o combate à desigualdade, que alivia pressões em relação à insegurança e problemas de urbanização, os motores atrás da violência brasileira. De forma mais específica à violência de gênero, menciono a importância da sociedade civil, pressionando e tomando vantagem de um timing positivo oferecido por movimentos como o Ninguna A Menos, Time's Up, Me Too, etc., propício à desconstrução da masculinidade tóxica e do machismo. Também entram como sugestões educar meninos e meninas feministas, praticar a sororidade, a luta por direitos reprodutivos, etc.

 Duas das minhas frases favoritas que me deparei durante essa pesquisa resumem bem o meu trabalho. A primeira foi escrita pela jornalista Gabriela Roza, em um artigo sobre a morte de Marielle: "Dói saber que somos assassinadas quando [finalmente] chegamos lá". A segunda é da ex-senadora Vanessa Grazziotin, uma das pioneiras do assunto: a violência de gênero na política é ruim para as mulheres, mas muito pior para a democracia", no sentido de ser um desperdício de vozes, talentos e ideias de metade da população."

Se quiser saber mais sobre a pesquisa, entre em contato com a Ana

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