Por Manuela Paola
Mack McAsh
pode viver em 1766, mas seu desejo por melhores condições de vida e de um
trabalho digno perduram até os dias de hoje. Trabalhando como um escravo nas
minas de carvão da fria e chuvosa Escócia, ele é um dos líderes da aldeia de
Heugh que conseguiu escrever a um advogado londrino para saber das leis
trabalhistas.
Mack, então, descobriu que não precisava viver
como um escravo pelo resto da sua vida: ele podia se livrar das amarras
invisíveis que o prendiam à mina de carvão e à família Jamisson, que era dona
das terras onde Mack trabalhava. O trabalho degradante que afetava a vida de
mulheres, crianças e homens enfurecia o jovem trabalhador, mas não parecia
causar sentimento algum aos aristocratas, que açoitavam sem
dó seus trabalhadores que tentavam fugir - literalmente seus, já que eram vistos como
propriedades da elite.
À frente do seu tempo, o trabalhador das minas
ansiava por viajar para um lugar onde pudesse ser livre e trabalhar de uma
maneira humana. Para tal, ele precisava fugir da aldeia de Heigh e chegar à
Londres, onde se tornou influente e conhecido, à ponto de provocar greves que
mobilizaram inúmeros trabalhadores que não tinham a força para lutar por si
mesmos. No entanto, numa armação provocada por quem o odiava, Mack acaba sendo
preso injustamente e condenado à forca. Com
a influência de quem se importava com ele, a justiça reverteu a condenação e decidiu por mandá-lo como escravo para a
América. Novamente, Mack se encontrou preso e ainda mais longe da tão sonhada
liberdade.
Do
outro lado do espectro, temos Lizzie Hallim, uma aristocrata que não tinha mais
um xelim para gastar - culpa de seu falecido pai - e ainda assim, nunca perdeu
a compostura. Lizzie era desinibida e não entendia as regras sociais que a
forçavam a se comportar como uma respeitável
senhora. Ela desejava cavalgar com as uma
perna de cada lado do cavalo, gostava de falar sobre política e adorava
praguejar. Mas independente de sua classe social, ela foi obrigada a fazer um
sacrifício para salvar a si e sua mãe de uma vida que nenhuma delas iria aguentar:
uma vida sem luxos. O casamento arranjado com um filho dos Jamisson foi a
perfeita solução para os problemas de Lizzie. No entanto, ela ainda não estava
satisfeita: seu maior desejo era sair da Escócia e conhecer o mundo. Assim,
como presente de casamento, o casal recebeu uma fazenda de tabaco na Virgínia,
que se encontrava na distante América.
Por
obra do destino ou no quer que você acredite, Mack McAsh foi parar na fazenda
de tabaco do casal Jamisson, onde seus laços com Lizzie, criados quando ainda
eram pequenos, começaram a se estreitar. Juntos, eles percebem que devem fugir
se quiserem ser livres como sempre sonharam.
Ken
Follet nos coloca dentro das minas de carvão, narrando com realismo o
sofrimento dos trabalhadores, assim como o dos escravos nas fazendas de tabaco
na América. É preciso prestar atenção a miséria pela qual essas pessoas
passaram - e que algumas continuam passando - para que o futuro possa ser
diferente do passado vivido por Mack McAsh. O autor também engloba temas
atuais, como greves e direitos trabalhistas, misturando-os com história, quando
as colônias inglesas começaram a pensar sobre sua independência da colônia
britânica e a conquista do Oeste americano.
Apesar de
pecar um pouco quando narra as partes de Lizzie - lágrimas em excesso para o
gosto desta autora -, a busca dos personagens por liberdade envolve o leitor e
nos deixa pensando se somos realmente livres - seja de costumes sociais,
casamentos ou até mesmo de nossas próprias famílias. A história de Mack e
Lizzie é inspiradora, como você descobrirá no final do livro, e deixa com um
gostinho de quero mais livros como esse! Se você gostar de Um lugar chamado liberdade, esta autora recomenda fortemente outras
obras de Follet, como a trilogia O Século
e O Buraco da Agulha. Boa
leitura!
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