Ruth
Bader Ginsburg, ou RBG como ficou conhecida, é uma das maiores juristas e um
dos ícones feministas de maior destaque atualmente. O início de carreira da
atual juíza da Suprema Corte estadunidense foi retratado no filme “Suprema (On
the basis of sex)”.
Nele,
conhecemos –claro que de um modo ligeiramente dramatizado- a vida de Ruth em
seu início acadêmico. Começamos com seu período de início na Harvard Law
School, já casada e com uma filha de poucos meses. Seu marido também era
estudante de Direito em Harvard, apesar de estar um ano a frente em seus
estudos. Já de início, sendo uma das 9 mulheres permitidas a estudar Direito em
Harvard, numa turma de 500 alunos, foi convidada junto de suas colegas a
comparecer a um jantar na casa do Reitor e justificar o porquê de estar
“tomando” um lugar que poderia perfeitamente ter sido direcionado a um homem.
Conforme
vamos conhecendo os passos trilhados por RBG, outras dificuldades enfrentadas
por ela vão sendo expostas: ela dificilmente tinha voz dentro das salas de aula
e, além de precisar estudar, cuidava da filha. No ano em que iria se formar,
mudou-se para Nova York devido ao trabalho que o marido havia conseguido e
estudou seu último ano na Columbia Law School. Foi a primeira mulher a integrar
tanto o Harvard Law Review quanto o Columbia Law Review. A partir deste
ponto surge outro empecilho: ela possui diploma das mais renomadas faculdades
do mundo, mas não conseguia trabalho –e não, não foi devido a saturação do
mercado por advogados. Ruth chegou a dizer que estava claro que um escritório
de advocacia não a contrataria, afinal, ela era judia, mulher e mãe.
O
filme segue avançando alguns anos e mostra a trajetória de Ruth como professora
na Universidade de Rutgers - neste meio tempo, ela foi para a Suécia como
integrante de uma pesquisa de procedimento internacional da Universidade de
Columbia e estudou o processo civil sueco -, onde começou seu estudo sobre
casos que discriminavam baseados no gênero. Estes casos eram usados de
jurisprudência nos EUA, em seu sistema de common law, para desmantelar qualquer
demanda que tentasse fazer jus à prerrogativa constitucional de igualdade e
equiparasse os direitos das mulheres.
Foi
só a partir de um caso em que a discriminação baseada no gênero ocorria com um
homem que Ruth teve realmente uma chance para mudar o sistema, e finalmente, de
fato, advogar. Ela então usou casos previamente usados para consolidar uma
jurisprudência misógina em seu próprio favor, e argumentou que a discriminação
de gênero atingia homens e mulheres, em um caso em que o discriminado era um
homem. Tendo ganho seu caso, Ruth havia conseguido criar uma distinção na
interpretação jurisprudencial, que agora passava a reconhecer a existência da
discriminação de gênero, e a usou para sedimentar a luta pela concessão de
direitos às mulheres. RBG foi eliminando, caso por caso, as barreiras jurídicas
que impediam a equidade de gênero.
Em
suma, o filme “Suprema” é não só uma opção de entretenimento, e sim, uma
experiência. Lágrimas irão escorrer e a revolta irá aflorar, mas no final do
filme, o sentimento restante é de gratidão. Gratidão por uma mulher tão grande
ter tido coragem de lutar e de fato, mudado o futuro de gerações e toda uma
cultura. Não só isso, a trajetória de Ruth Bader Ginsburg fica de exemplo, e de
máxima inspiração, de que mulheres podem sim, de fato, fazer qualquer coisa.
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