Artigo apresentado na disciplina de Teoria das Relaçoes Internacionais I, do curso de Relações Internacionais, ministrado pela Profa Dra Janiffer Zarpelon. As ideias apresentadas no artigo não representam as visões da instituição, mas dos seus autores.
* Dominique Cubis
O poder é descrito por Joseph Nye como a habilidade de influenciar o comportamento
de outros para obter os resultados desejados, por consequência, Soft Power é
colocado como a habilidade para chegar aos resultados pretendidos por meio da
cooptação, ou seja, atraindo e moldando o comportamento de outros atores através
de políticas governamentais, mudanças na agenda internacional, entre outros. Ele é
apresentado como uma medida oposta ao Hard Power, o qual usufrui da força
militar e da coerção para alcançar seus objetivos. Ademais, o termo Soft Power foi
cunhado por Joseph Nye, cientista político e co-fundador da teoria da
interdependência, no anos 1980.
Esses dois poderes estão intimamente ligados a legitimidade, pois quanto menor
grau de legitimidade mais é usado o Hard Power, como em Estados autoritários,
sendo exemplo a Coréia do Norte, em que seu ditador Kim Jong Un declarou que há
“um botão nuclear em sua mesa” e que todo os Estados Unidos estavam em seu
alcance, além disso, o líder norte coreano ainda proclamou que eles já estão com
forças nucleares “ completas”.
Já quanto maior o grau de legitimidade mais usufrui-se do soft power, comumente
aplicado por Estados democráticos como um método para fazer outros realizarem o
que se deseja, é uma combinação de indução e atração que é associada com
cultura, valores políticos, instituições, assim como ocorreu nas Olimpíadas de 1988,
sediada em Seul, ocasião que foi aproveitada pelo governo Sul Coreano, o qual
recém havia saído de uma ditadura militar, para se aproximar do bloco democrático
do Ocidente, facilitando a transição democrática do país e ainda mostrando ao
mundo o rápido desenvolvimento da nação.
Porém, mesmo uma democracia que tem seu alicerce no Soft Power dispõe do
Hard Power, no entanto, como um modo de coibir ações de outros atores contra ele,
e não para alcançar um objetivo, assim, a Coréia do Sul mesmo tendo sua atuação
em grande parte com o soft power é considerada o 7° Estado com maior potência
na área militar.
Contudo Soft Power não é a mesma coisa que influência, pois influência também
existe no Hard power, mas ele é uma combinação de persuasão e atração, e é
sobre esta característica que pode-se definir os recursos deste tipo de poder, pois
seus recursos são os que causam a atração à outro ator. Outra característica
importante é que o Soft Power gera uma influência geral, ou seja, não é específica
para uma área ou para algum ator internacional.
Nas relações internacionais é classificado como um Estado poderoso o qual tem
uma grande população, território, recursos naturais, força militar, e isso porque
assim o poder aparenta ser mais concreto e previsível, entretanto, essa
classificação encontra-se em contradição quando nem sempre os atores que têm essas características conseguem os resultados pretendidos, como foi o caso em
que a Coréia do Norte declarou que iria parar com seus investimentos em armas
nucleares, contanto que a Coreia do Sul cancelasse o treinamento de seu exército,
este que ocorre anualmente, porém o governo sul coreano anunciou que não iria
cancelá-lo. Logo, é importante saber quais recursos devem ser usados em
determinado momento.
Pode-se chegar aos resultados por meio de ameaças, sanções econômicas,
suborno; ou pode-se empregar um senso de atração e valores compartilhados como
de justiça, portanto, o soft power para alcançar a cooperação utiliza de métodos
intangíveis, em que Joseph Nye compara com a mão invisível de Adam Smith, uma
atração intangível que persuade a colaborar com outros sem nenhuma ameaça ou
troca explícita.
Soft e Hard Power estão relacionados, pois os dois tratam de como chegar a certo
objetivo afetando as ações e comportamentos de outrem, e estas ações podem
mudar por meio da coerção ou da indução. Soft Power é associado a cooptação
ligada a cultura e/ou políticas governamentais, já o hard power é associado a
coerção por meio de chantagem, barganhas econômicas. Contudo esta relação não
é perfeita pois um Estado pode ser atraído por outro pelo poder militar que este
mostra exercer, e por outro lado, um poder coercitivo pode criar instituições que se
tornarão legítimas.
Com as mudanças tecnológicas os métodos de propagar o Soft Power, mesmo
através das fronteiras nacionais, tornou-se mais fácil e rápido. Com isso, há a
entrada de atores não estatais como influências do Soft Power dos países, em que
muitas vezes independe dos interesses do governo e este não consegue controlá-lo.
A onda ‘Hallyu’ é o novo foco da Coréia do Sul, e que vem conquistando milhares de
seguidores pelo mundo, ela caracteriza-se pela difusão cultural por meio da música
popular coreana “K-Pop” e suas novelas “Dramas” - ambos gerenciados por
empresas privadas-, além das comidas típicas como o Kimchi, com isso, as
exportações coreanas alcançaram um novo patamar, e esse capital pretende ser
usado para a diplomacia sul coreana nos próximos anos. Ademais, o número de
turistas tem aumentado significativamente trazendo mais visibilidade ao país.
Contudo, as mudanças tecnológicas e a inclusão de atores não estatais tornaram
maior e mais audacioso um antigo problema enfrentado pelos Estados, o terrorismo,
que diferente dos séculos passados não é conflito entre Estados ou regiões, mas
sim, entre extremistas que usam de violência para forçar suas visões de trabalho,
educação, dignidade além de acreditarem que essa é uma missão que lhes é dada
por um ser superior, e que com a revolução tecnológica transpuseram barreiras
nacionais usando de artifícios do soft power, como propagandas dos grupos, que
muitas vezes encontram jovens de bairros periférico e que são atingidos por
preconceitos daquela sociedade.
Um século atrás era possível fazer guerra e usar de seu hard power para conseguir
seus objetivos e ainda assim o Estado não sofreria de pressões populares ou de outros atores internacionais, mas este cenário mudou e cada vez mais governos
levam em conta a visão que outros terão de seus atos, preferindo usar do Soft Power
para chegar aos resultados pretendidos, assim como ambicionam torna-se um líder
à ser reproduzido em áreas que transformam-se progressivamente em estratégicas.
BIBLIOGRAFIA:
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The Diplomat. K-Culture Diplomacy: From São Paulo to Tehran. Disponível em:
https://thediplomat.com/2016/05/k-culture-diplomacy-from-sao-paulo-to-tehran / . Acesso em: 27/05/2018
* Dominique Cubis é estudante do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.
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