terça-feira, 31 de julho de 2018

Teoria das Relações Internacionais em destaque: O uso do Soft e Hard Power por parte da Coreia do Sul e do Norte.

Artigo apresentado na disciplina de Teoria das Relaçoes Internacionais I, do curso de Relações Internacionais, ministrado pela Profa Dra Janiffer Zarpelon. As ideias apresentadas no artigo não representam as visões da instituição, mas dos seus autores. 

Dominique Cubis
 
O poder é descrito por Joseph Nye como a habilidade de influenciar o comportamento de outros para obter os resultados desejados, por consequência, Soft Power é colocado como a habilidade para chegar aos resultados pretendidos por meio da cooptação, ou seja, atraindo e moldando o comportamento de outros atores através de políticas governamentais, mudanças na agenda internacional, entre outros. Ele é apresentado como uma medida oposta ao Hard Power, o qual usufrui da força militar e da coerção para alcançar seus objetivos. Ademais, o termo Soft Power foi cunhado por Joseph Nye, cientista político e co-fundador da teoria da interdependência, no anos 1980.

Esses dois poderes estão intimamente ligados a legitimidade, pois quanto menor grau de legitimidade mais é usado o Hard Power, como em Estados autoritários, sendo exemplo a Coréia do Norte, em que seu ditador Kim Jong Un declarou que há “um botão nuclear em sua mesa” e que todo os Estados Unidos estavam em seu alcance, além disso, o líder norte coreano ainda proclamou que eles já estão com forças nucleares “ completas”.

Já quanto maior o grau de legitimidade mais usufrui-se do soft power, comumente aplicado por Estados democráticos como um método para fazer outros realizarem o que se deseja, é uma combinação de indução e atração que é associada com cultura, valores políticos, instituições, assim como ocorreu nas Olimpíadas de 1988, sediada em Seul, ocasião que foi aproveitada pelo governo Sul Coreano, o qual recém havia saído de uma ditadura militar, para se aproximar do bloco democrático do Ocidente, facilitando a transição democrática do país e ainda mostrando ao mundo o rápido desenvolvimento da nação.

Porém, mesmo uma democracia que tem seu alicerce no Soft Power dispõe do Hard Power, no entanto, como um modo de coibir ações de outros atores contra ele, e não para alcançar um objetivo, assim, a Coréia do Sul mesmo tendo sua atuação em grande parte com o soft power é considerada o 7° Estado com maior potência na área militar.

Contudo Soft Power não é a mesma coisa que influência, pois influência também existe no Hard power, mas ele é uma combinação de persuasão e atração, e é sobre esta característica que pode-se definir os recursos deste tipo de poder, pois seus recursos são os que causam a atração à outro ator. Outra característica importante é que o Soft Power gera uma influência geral, ou seja, não é específica para uma área ou para algum ator internacional.

Nas relações internacionais é classificado como um Estado poderoso o qual tem uma grande população, território, recursos naturais, força militar, e isso porque assim o poder aparenta ser mais concreto e previsível, entretanto, essa classificação encontra-se em contradição quando nem sempre os atores que têm essas características conseguem os resultados pretendidos, como foi o caso em que a Coréia do Norte declarou que iria parar com seus investimentos em armas nucleares, contanto que a Coreia do Sul cancelasse o treinamento de seu exército, este que ocorre anualmente, porém o governo sul coreano anunciou que não iria cancelá-lo. Logo, é importante saber quais recursos devem ser usados em determinado momento.

Pode-se chegar aos resultados por meio de ameaças, sanções econômicas, suborno; ou pode-se empregar um senso de atração e valores compartilhados como de justiça, portanto, o soft power para alcançar a cooperação utiliza de métodos intangíveis, em que Joseph Nye compara com a mão invisível de Adam Smith, uma atração intangível que persuade a colaborar com outros sem nenhuma ameaça ou troca explícita.

Soft e Hard Power estão relacionados, pois os dois tratam de como chegar a certo objetivo afetando as ações e comportamentos de outrem, e estas ações podem mudar por meio da coerção ou da indução. Soft Power é associado a cooptação ligada a cultura e/ou políticas governamentais, já o hard power é associado a coerção por meio de chantagem, barganhas econômicas. Contudo esta relação não é perfeita pois um Estado pode ser atraído por outro pelo poder militar que este mostra exercer, e por outro lado, um poder coercitivo pode criar instituições que se tornarão legítimas.

Com as mudanças tecnológicas os métodos de propagar o Soft Power, mesmo através das fronteiras nacionais, tornou-se mais fácil e rápido. Com isso, há a entrada de atores não estatais como influências do Soft Power dos países, em que muitas vezes independe dos interesses do governo e este não consegue controlá-lo. A onda ‘Hallyu’ é o novo foco da Coréia do Sul, e que vem conquistando milhares de seguidores pelo mundo, ela caracteriza-se pela difusão cultural por meio da música popular coreana “K-Pop” e suas novelas “Dramas” - ambos gerenciados por empresas privadas-, além das comidas típicas como o Kimchi, com isso, as exportações coreanas alcançaram um novo patamar, e esse capital pretende ser usado para a diplomacia sul coreana nos próximos anos. Ademais, o número de turistas tem aumentado significativamente trazendo mais visibilidade ao país.
Contudo, as mudanças tecnológicas e a inclusão de atores não estatais tornaram maior e mais audacioso um antigo problema enfrentado pelos Estados, o terrorismo, que diferente dos séculos passados não é conflito entre Estados ou regiões, mas sim, entre extremistas que usam de violência para forçar suas visões de trabalho, educação, dignidade além de acreditarem que essa é uma missão que lhes é dada por um ser superior, e que com a revolução tecnológica transpuseram barreiras nacionais usando de artifícios do soft power, como propagandas dos grupos, que muitas vezes encontram jovens de bairros periférico e que são atingidos por preconceitos daquela sociedade.
Um século atrás era possível fazer guerra e usar de seu hard power para conseguir seus objetivos e ainda assim o Estado não sofreria de pressões populares ou de outros atores internacionais, mas este cenário mudou e cada vez mais governos levam em conta a visão que outros terão de seus atos, preferindo usar do Soft Power para chegar aos resultados pretendidos, assim como ambicionam torna-se um líder à ser reproduzido em áreas que transformam-se progressivamente em estratégicas.

BIBLIOGRAFIA:

NYE, Joseph. Soft Power: The Means To Success In World Politics. 1° Edição, Public Affairs, 2004.

Análise Global. Soft Power- Definição. Disponível em: https://analiseglobal.wordpress.com/2011/07/26/soft-power-definicao/ . Acesso em: 20/05/2011.

NYE JR. Joseph S. The Benefits of soft power. Disponível em: https://hbswk.hbs.edu/archive/the-benefits-of-soft-power . Acesso em: 20/05/2018

NYE, Joseph. Soft Power and the struggle against terrorism. Disponível em: https://www.project-syndicate.org/commentary/soft-power-and-the-struggle-against-terrorism. Acesso em: 23/05/2018.

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The Diplomat. K-Culture Diplomacy: From São Paulo to Tehran. Disponível em:
https://thediplomat.com/2016/05/k-culture-diplomacy-from-sao-paulo-to-tehran /. Acesso em: 27/05/2018

Dominique Cubis é estudante do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.

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