domingo, 10 de abril de 2011

O primeiro trimestre do Governo Dilma e os desafios para a economia brasileira

Ana Beatriz Braga Trajano Borges


Herança do mandato do ex-presidente Lula, mais precisamente a partir das medidas fiscais expansionistas adotadas com a crise financeira de 2008, a crescente expansão do consumo e alta no nível do emprego impulsionam o PIB para este primeiro trimestre do governo de Dilma Rousseff, estimado em 0,7% a 1,2%, segundo dados do Estado de São Paulo[1]. Indicadores da demanda doméstica, como mercado de trabalho, crédito e confiança do consumidor, impulsionaram o brasileiro às compras, muito embora as medidas da equipe de Mantega em relação ao crédito sejam contracionistas.

Adicionado a isto, nesta última terça, 04 de abril de 2011, a agência Fitch Ratings elevou a classificação de risco de crédito do chamado IDR (Probabilidade de Inadimplência do Emissor) do Brasil em moeda estrangeira e moeda local de BBB- para BBB, o que significa maior atração de investimentos[2]. Ambos - ministro da Fazenda e presidente do Banco Central - afirmaram a grande influência que esta melhora na pontuação pela Fitch acarretará nos investimentos.


Apesar de o mercado interno continuar aquecido e da melhor classificação do Brasil pela Fitch, agregando reconhecimento de que a economia brasileira está mais sólida e estável, o saldo em conta corrente do balanço de pagamentos segue deficitário para este primeiro bimestre do ano, em seu maior nível desde o início da série histórica, em 1947, em R$8,8 bilhões[3]. Talvez este reconhecimento não seja tão comemorado, uma vez que a entrada vultosa de dólares no mercado interno já é grande, e justamente por isso seguimos em déficit em conta corrente.


De acordo com as autoridades econômicas brasileiras, a maior atratividade do capital estrangeiro no Brasil faz com que o volume de dólares seja muito grande, apreciando o real frente à moeda americana, prejudicando nossas exportações e abrindo mais espaço para as importações. Sendo um componente do balanço de pagamentos, o balanço de transações correntes é diretamente influenciado por essa entrada vultosa de dólares, por incluir em sua conta a balança comercial, a balança de serviços e transações unilaterais.

Apesar de a balança comercial para este primeiro bimestre de 2011 ser superavitária, a de serviços e rendas contabilizou um déficit de US$ 5,073 bilhões. Quando um país encontra-se com déficit em conta corrente, as exportações líquidas são o principal instrumento para quitar os juros do passivo acumulado.

O problema aqui é: estamos importando capital, financiando este déficit no balanço de pagamentos (serviços e renda) através de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) e Investimentos Estrangeiros em Ações (IEC). Exatamente o oposto do que está na pauta da equipe econômica da presidente Dilma: austeridade fiscal e redução nos gastos. Este discurso do rigor no controle dos gastos governamentais pauta os objetivos de Dilma para a economia brasileira desde sua campanha eleitoral, em função da alta dívida pública (correspondente a aproximadamente 40% do PIB) e da apreciação da moeda brasileira frente ao dólar.



Ana Beatriz Braga Trajano Borges é Bacharel em Relações Internacionais pelo Centro Universitário Curitiba - UNICURITIBA (2010).






[1]LANDIM, Raquel. “PIB mostra aceleração no 1º trimestre”. O Estado de São Paulo online. Disponível em: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,pib-mostra-aceleracao-no-1o-trimestre,not_61221,0.htm


[2] ROCHA, Silvana. “Dólar cai a R$1,609 com elevação de nota brasileira pela Fitch”. O Estado de São Paulo online. Disponível em: http://economia.estadao.com.br/noticias/ae-mercados+geral,dolar-cai-a-r-1-609-com-elevacao-de-nota-da-fitch,not_61370,0.htm


[3] FERNANDES, Adriana; GRABER, Fábio. “Déficit em conta corrente no bimestre é o mais alto para o período da série”. O Estado de São Paulo online. Disponível em: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+brasil,deficit-em-conta-corrente-foi-de-us-3-4-bi-em-fevereiro--diz-bc,not_60066,0.htm

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