sábado, 2 de abril de 2011

Deputado brasileiro é militarista e intolerante

Por Luiz Otávio Ribas

No terceiro capítulo da minha saga para chegar a ser tão popular quanto Alborghetti, Ratinho pai e filho, abordo novamente o tema dos direitos humanos na mídia. Minha indignação brotou quando assisti a mais um depoimento do Deputado Federal Jair Bolsonaro - PP-RJ. Legítimo representante da "rapa do tacho" da ditadura brasileira, seria um personagem tragi-cômico, se não houvesse no Brasil tantos seguidores desta linha ideológica militarista e intolerante, com a respectiva representação partidária.
No programa Custe o que Custar - CQC, da TV Bandeirantes, desta última segunda-feira, o deputado foi entrevistado por populares no quadro "O povo quer saber".




Os quatro minutos de entrevista foram suficientes para demonstrar que trata-se de alguém bem preparado para ser o "galo de rinha" da linha dura no Planalto, mas que na televisão é desastrado e impaciente.
Quando perguntado sobre a possibilidade de o Brasil ter uma bomba atômica ele responde afirmativamente, e que "só é respeitado quem tem o poder de intimidar". Aqui está o ato falho que revela os "recôncavos" do seu "eu". Esta estratégia é levada ao pé da letra por alguém que busca intimidar com sua fala mansa e ensaiada.
Mas a frase que alcançou maior repercussão foi a resposta à seguinte pergunta da cantora Preta Gil; "Se seu filho se apaixonasse por uma negra, o que você faria?". Ele respondeu: "Oh Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja, não corro este risco, e meus filhos foram muito bem educados, e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu".
Em resposta à polêmica gerada por sua resposta declarou ao jornal Folha de São Paulo que não é racista, também que "minha esposa é afrodescendente e meu sogro é negão"- alegou. Ainda como resposta declarou que compreendeu erroneamente a pergunta, que julgou ser "o que faria sobre a possibilidade de seu filho namorar um gay".
Aqui vale lembrar um ditado popular: "nada está tão ruim que não possa piorar". Também que nosso deputado é representante da classe dos militares, que no nosso tempo de democracia devem observar as mesmíssimas regras a que todos nós estamos submetidos pelo Estado e o Direito.
Este episódio demonstra que uma velha máxima utilizada em aulas de filosofia do direito sempre retorna nestes debates: "devemos tolerar os intolerantes?". Não é nada fácil observar a arrogância de nosso político e pensarmos de maneira positiva, que este deve receber o mesmo tratamento que qualquer brasileiro teria quando faz declaração que ofende negros e homossexuais. O tratamento é ter que explicar-se perante a sociedade e o próprio Estado num processo judicial. Sobre esta possibilidade, o Deputado inclusive alegou que fará sua defesa sozinho, e que talvez peça para algum de seus muitos advogados assinarem.
Me despeço com o argumento de que Bolsonaro é um, apenas um, representante de milhões de brasileiros que concordam com suas posições e idéias, muitos destes integram o Partido Progressista. O mesmo partido que compõe o Ministério das Cidades do Governo Dilma.
Qualquer semelhança entre a impunidade do deputado com suas declarações (que virá com certeza), a demora do Brasil em decidir-se sobre a lei de anistia, e o extermínio de pobres nos morros cariocas, não é mera coincidência.

Luiz Otávio Ribas é professor de Direitos Humanos no curso de Relações Internacionais no Unicuritiba.

Um comentário:

  1. Bolsonaro é uma luz nesse país. A vogal no fim do nome diz tudo.

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