domingo, 11 de setembro de 2011

Guerra ao Terror: a herança que o 11/09 nos lega economicamente

Por Ian Rafael  Flores



O dia 11 de setembro de 2011 é uma data sem precedentes na história mundial. A grande potência atacada no seu seio seja em um marco econômico ou num marco da defesa nacional. Pela primeira vez o terrorismo tem face, na figura de Osama Bin Laden, o inimigo revela-se, a Al-Qaeda e os governos que a ajudam, e as armas tem lugar para apontar, Iraque e Afeganistão, após a queda do rival antigo, a União Soviética. Em nome da paz e segurança mundiais, os EUA, escolhidos pelo destino, formam uma cruzada contra aqueles que ameaçam os valores ocidentais como um todo. A maneira mais clara é declarando guerra ao eixo do mal, ou seja, os Estados que estivessem colaborando com o terrorismo. Hipóteses e conspirações a parte, os americanos entraram novamente no terreno árido do Oriente Médio buscando enfrentar um inimigo, que apesar de ter nome não se apresenta de forma clara como um exército nacional.
 Após sete anos de guerra no Iraque e 10 (e contando) no Afeganistão, o saldo que se revela economicamente para os Estados Unidos é desastroso e faz parte da miríade de problemas que envolvem os Estados Unidos na atual crise, que se desenrola desde 2008. Apesar de não terem sido o estopim da crise, os altos gastos na Guerra Ao Terror com armamentos, logística e assistência médica para combatentes e ex-combatentes feridos revelam-se pesados demais após o fim da Era Bush, que conta ainda com redução de impostos aos mais ricos (cerca de 2 trilhões deixados de arrecadar). Na conta ainda podemos incluir custos internos do próprio 11/9, como a criação do Departamento de Segurança Nacional que consome 55 bilhões de dólares anualmente e tomou 140 bilhões para ser criado e a reconstrução de Nova Iorque, que envolve gastos como a construção de um novo prédio no “Groud Zero” do World Trade Center.
As operações que remetem ao 11/9 requerem um parágrafo especial. Um estudo realizado pelo think tank do Congresso Norte-Americano englobou três operações especiais: Operation Enduring Freedon (OEF), Operation Noble Eagle (ONE) e Operation Iraqi Freedon (OIF). A primeira, no Afeganistão e outras ações contra-terroristas, a segunda providenciando segurança aprimorada nas bases militares e a última, como o próprio nome diz, no Iraque. Desde o ano fiscal de 2001 até o ano fiscal de 2011 a operação afegã já consumiu 444 bilhões de dólares, a segurança a primorada custou 29 bilhões e a operação iraquiana 806 bilhões de dólares. O total é de 1.289 trilhões de dólares em 10 anos.
Como se os números já não assustassem o suficiente em meio à crise, é bom notar que as tropas no Afeganistão continuam a aumentar, elevando o custo em dois bilhões por mês desde os anos fiscais de 2009 e 2010. Esse número tende a aumentar ainda mais, já que o presidente Barack Obama pretende passar de 84.000 soldados para 102.000 no ano fiscal de 2011. Apesar das projeções para além de 2012 serem de reduções nas tropas, o cenário de 45 mil soldados de 2015 até 2021 aumenta os custos da guerra para mais 496 bilhões de dólares, totalizando 1.8 trilhões em 20 anos.
Colocando em temas atuais, como o quase-calote que os Estados Unidos deram devido à dificuldade de aumentar o teto da dívida, durante o interím de 2000 e 2010, ou seja, oito anos da Era Bush mais dois anos de governo de Obama, a dívida americana subiu de 5.7 trilhões de dólares para exorbitantes 14 trilhões atualmente. Durante o governo de George W. Bush, o teto da dívida foi aumentado nove vezes, em cerca de quatro trilhões de dólares no total, de US$ 5,95 tri para US$ 9,8 tri.
Sem dúvidas seria leviano e infantil colocar a culpa da atual crise na administração Bush, ou mais claramente nesse caso na Guerra ao Terror, mas é relevante apontar o tamanho do problema financeiro enfrentado pelos Estados Unidos e que resultou em pouco na reconstrução da área e resolução do problema. Isso sem contar com reputação manchada dos americanos frente ao mundo, a dificuldade de liderar o mundo nesse processo com soluções sistemáticas no campo político e econômico e a própria dificuldade em organizar sua própria política nacional.

Ian Rafael Flores é aluno do quarto período de Relações Internacionais do UNICURITIBA.
           

9 comentários:

  1. Olá Ian,


    Gostei muito seu artigo! É bom ter uma percepção do 9/11 das consequencias economicas. Realmente é incompreensivel o aumento de tropas no Afeganistão, e é mais incompreensivel ainda a justificativa deles ainda estarem lá. O pontapé inicial foi encontrar Bin Laden, mas de acordo com as próprias fontes americanas, ele já está morto, mas as tropas ainda estam lá. O trecho que eu mais gostei do seu artigo foi: "conspirações a parte, os americanos entraram novamente no terreno árido do Oriente Médio buscando enfrentar um inimigo, que apesar de ter nome não se apresenta de forma clara como um exército nacional." E isto é o que mais me assusta, um governo utilizar de sua dor para gerar novo terror em outras terras!

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  2. Parabéns por sua análise, neste viés econômico, do 11/09. E o que me chama mais a atenção nesta situação é a passividade de um povo que sempre se orgulhou de ser uma super potência econômica e que agora, frente a este inimigo oculto, nem questiona gastos financeiros e perdas de vidas humanas.

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  3. Olá Ian, parabéns por mais um texto brilhante. Percebe-se teu trabalho de "garimpagem" para colher dados necessários como a dívida total dos EUA, e o gasto com as guerras da última década. A reflexão que deixou em mim, e acompanho o mesmo pensamento da D. Rita, é a de como o fato do terrorismo cegou a população estadunidense de uma forma patológica. A crença da existência de um "eixo do mal" que deveria ser derrotado a todo custo, e concepção da esperança da guerra como forma de buscar a paz mundial, etc. E logicamente, que há os interesses comerciais e econômicos por trás de toda a celeuma.
    Vou acompanhar mais constantemente este blog, está de parabéns. Abraços.

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  4. Ian, este e outros temas já abordados por ti merecem a tua - e a nossa - atenção. É um assunto que merece tua dedicação e tua preocupação. Outros assuntos, ainda que apaixonantes, acabam nos desviando daquilo que realmente merece o "teu olhar crítico". Interessante a abordagem feita, ainda que o assunto permita outros pontos de vista. A propósito, qualquer assunto que aborde a "vida humana" e o "princípio da dignidade da pessoa humana" merece ser tratado, difundido e debatido.

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  5. É da natureza dos Estados a Proteção e a Defesa do seu Território e dos seus Cidadãos que nele vivem,faz parte da Hegemonia,dos Direitos e das Obrigações dos Chefes de Estados para com o seu povo. Mas não de forma equivocada com que os americanos propuseram,cometeram e ainda continuam a exercitar suas cruzadas no mundo Àrabe,matando supostos "inimigos inocentes",ou mesmo que não são inimigos constatados,e sim é pura hipocrisia espalhar suas hostilidades e extermínios a povos estrangeiros que não são culpados por estes atos de forma alguma,até que prove o contrário. Foram atos isolados por um grupo terrorista,que tem fundamentalistas criminosos,que fazem parte desta facção em praticamente todas as partes do mundo,inclusive no próprio Estados Unidos. Então estes terroristas envolvidos nos ataques contra os USA,é quem deviam ser punidos e sacrificados conforme as leis internacionais de crimes de guerras e atentados contra a soberania dos estados soberanos,e não os estados que supostamente tem indivíduos desta natureza infiltrados em seus territórios a mando da organização criminosa em que faz parte. Quero aqui deixar uma interrogação? por que os Estados Unidos não invadiram a Àrabia Saudita? pois praticamente todos os sequestradores eram de origem saudita,ouvi falar de um que tinha origem libanesa,os outros 18 eram todos terroristas sauditas,muito estranho isto ou não? será que foi por causa das suas relações comerciais com o petroléo saudita? ou foi por causa dos inúmeros títulos americanos em poder de Bancos Sauditas? São questões que deveriam ser explicadas a comunidade internacional. Economicamente isto foi e ainda está sendo uma catástrofe sem um fim pré-destinado,pois ainda irá passar muita água por debaixo desta ponte,porque a guerra ao terror,é uma ação militar infinita,invencível,que requer muitos recursos do Tesouro Nacional,e é um investimento sem retorno,que só traz gastos públicos elevados e muitas complicações aos estados de uma forma geral. Um exemplo disto foi o Estado Romano,que enfraqueceu-se com suas longas guerras,como o foi a Guerra contra Cartago que durou 10 anos,dali por diante as coisas começaram a mudar negativamente para o Império Romano do Ocidente que já não tinha como equilibrar e controlar seus gastos e finanças,pois a guerra contra Cartago tinha lhe consumido boa parte de suas finanças. É claro que isto foi um dos causas da decadência do Estado Romano,houveram outras causas? com certeza sim,entre eles a concessão de terras do Império Romano para os povos Bárbaros Germânicos,que mais para frente se tornaram seus invasores e destituindo-se a fortaleza do Império,e provocando literalmente a queda da Hegemonia Romana no Ocidente,fortalecendo desta maneira a derrocada de Constantinopla e a ascensão do Império Romano do Oriente.

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  6. Tem um outro ponto que gostaria de destacar do "artigo", mais exatamente da parte final dele, quando se refere à dificuldade dos Estados Unidos "de liderar o mundo nesse processo com soluções sistemáticas no campo político e econômico". A questão é: os EUA têm esta legitimidade para se colocar na condição de liderar o mundo seja lá no que for? Reconheço diante mão minha total e absoluta ignorância no que diz respeito às relações internacionais.

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  7. Reconheço tb minha ignorância da língua portuguesa !!! rsrsrs

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