terça-feira, 5 de julho de 2016

Redes e Poder no Sistema Internacional: Engajamento e debate na era do Facebook


A seção Redes e Poder no Sistema Internacional é produzida por integrantes do Grupo de Pesquisa “Redes e Poder no Sistema Internacional”, que desenvolve no ano de 2016 o projeto “Controle, governamentalidade e conflitos em novas territorialidades” no UNICURITIBA, sob a orientação do professor Gustavo Glodes Blum. A seção busca promover o debate a respeito do tema, trazendo análises e descrições de casos que permitam compreender melhor a inter-relação entre redes e poder no SI. As opiniões relatadas no texto pertencem aos seus autores, e não refletem o posicionamento da instituição.

Engajamento e debate na era do Facebook


Luana Feres*


O Facebook é uma rede social lançada em 2004 e que, em 2012, atingiu a marca de um bilhão de usuários ativos, se tornando assim a maior rede social do mundo. O slogan “no Facebook você pode se conectar e compartilhar o que quiser com quem é importante em sua vida” demonstra o propósito da empresa. Dentro da rede social, existem páginas, que funcionam como “comunidades de interesses”, nas quais os usuários podem acompanhar temas de interesse e, assim, receber conteúdos postados por elas, reagir a publicações e se engajar em discussões nos comentários.

Há milhões de páginas na rede social, desde interesses relacionados a filmes, música, livros, personalidades, jogos, empresas, organizações etc. Atualmente, o numero de páginas voltadas à propagação de informações e com cunho social parece ter se expandido. Tais páginas exercem papel significativo ao chamar atenção para questões mundiais – devido ao caráter transnacional da rede social – que talvez não recebessem a devida atenção, caso não fossem compartilhadas exaustivamente.

Essas páginas são importantes também para disseminar informações e conhecimentos, expandir discussões, aumentar a aceitabilidade à algumas causas e propagar, entre os usuários, ideias e objetivos em comum, como uma rede.

Um exemplo se traduz no projeto Humans of New York que começou em 2010, com a ideia do fotógrafo Brandon Stanton de criar uma espécie de “censo de Nova York” ao fotografar pessoas nas ruas e criar, dessa forma, um catálogo dos habitantes da cidade. Juntamente com as fotos, Brandon incluía pequenas histórias sobre a vida de seus protagonistas, o que captou o interesse de pessoas ao redor do mundo e culminou na expansão da página no Facebook.

Atualmente, a Humans of New York reúne mais de dezessete milhões de curtidas, alcançando acessos das mais variadas partes do mundo. Ao divulgar pequenas histórias de estranhos, a iniciativa permite uma forma de propagação de empatia, onde os usuários do Facebook podem se deparar com diversas realidades e enxergar além do que está na superfície. As fotos e relatos pessoais sensibilizam os leitores para questões e preocupações pessoais que talvez não seriam percebidas, sem a divulgação da ferramenta.

Devido ao grande alcance, é possível observar inúmeras tentativas de auxílio oriundas de inciativas privadas, organizações ou mesmo iniciativas individuais, àqueles que precisam. Conforme cresceu, a página passou a não mais abarcar somente histórias dos habitantes da cidade de Nova York, o que proporciona a possibilidade de discussão sobre vivências distintas e realidades complexas.

Em 2014, a Organizações das Nações Unidas escolheu Stanton para viajar ao redor do mundo e participar de uma missão de paz, para contar à seus seguidores a trajetória de vida de pessoas de países como Iraque, Irã, Paquistão, Sudão do Sul, Jordânia, México, Ucrânia, Uganda, Quênia, Republica Democrática do Congo, Índia, Vietnã e Jerusalém, através de suas fotografias e relatos.

Outro exemplo de página do Facebook que possuem efeitos em massa é a AJ+, lançada em 2014, pela Al Jazeera Media Network, uma instituição privada que trabalha com redes de TV a cabo, novos meios de comunicação e educação multicultural. Na rede social, o Aj+ é uma espécie de rede de fonte de notícias – atualmente está entre as três maiores fonte de informações do Facebook -, cujo logo se traduz em “Experimentar. Empoderar. Engajar”.

Sua produção, com foco em questões sociais, é criada tendo em vista a visualização móvel. Levando em conta a forma como o cenário da mídia está mudando constantemente, o Aj+ busca oferecer vídeos curtos, compartilháveis e feita de modo que ele pode ser visto com o som desligado. Essa ultima opção é inovadora do ponto de vista da facilidade de ser assistido em ambientes públicos - de forma mais dinâmica -, tanto quanto de aumentar o escopo do público, possibilitando o acesso para deficientes auditivos.

Com alcance internacional e operando em três línguas, atualmente – inglês, espanhol e árabe -, o AJ+ é uma pagina do Facebook que visa levar novas informações para o maior numero de pessoas possíveis e deixa-las a par das preocupações ao redor do mundo. Um exemplo disso foi sobre a questão dos refugiados Sírios, num poderoso vídeo de um minuto e meio, que mostrava o que os refugiados procuravam no Google.

* Luana Feres é acadêmica do último ano do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA), e membro do Grupo de Pesquisa "Redes e Poder no Sistema Internacional".

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