O Primeiro-Ministro grego Alexis Tsipras,que renunciou esta semana
Por Devlin Biezus*
Eleito em janeiro de 2015, Alexis Tsipras assumiu como primeiro ministro da Grécia, país vítima da crise de 2008 quando sua economia começou a entrar em depressão e assim precisou recorrer a empréstimos tanto do FMI quanto do Banco Europeu para solver suas dívidas.
Para conseguir esses empréstimos o país teve que se submeter a políticas de austeridades de ajuste fiscal as quais influenciam negativamente no bem estar social de sua população como menores investimentos na área da saúde, cortes nos benefícios sociais, diminuição do salário mínimo e restrição à aposentadoria, medidas que são extremamente impopulares e tiveram como consequências protestos e manifestações que criticavam tais políticas.
Quando eleito, Tsipras prometia renegociar a dívida grega e afrouxar as medidas de austeridades que tanto prejudicam a sociedade, assim a vitória do partido Syriza deu esperanças a população grega e também repercutiu negativamente em alguns países da União Europeia, pois receavam que o calote grego abriria possibilidade de que outros países devedores da zona do euro tomassem a mesma ação.
Desde o início do ano se observa diversos encontros e negociações entre Tsipras e Angela Merkel, chanceler da Alemanha, um dos maiores credores da dívida grega. A falta de acordo favoráveis para os dois lados resultou no possível default da Grécia, gerando uma grande especulação se o país declararia moratória e sairia da zona do euro.
No meio de uma agitação popular e bancos de porta fechadas para impedir que muitos saques fossem efetuados, Tsipras convocou um referendo para decidir se o país deveria, ou não, aceitar políticas de austeridades mais severas para obter um novo empréstimo. O lado vencedor foi o NÃO com mais de 60% dos votos, ou seja, a população não estava disposta a acatar um ajuste fiscal mais severo. Apesar desse resultado o primeiro ministro voltou as negociações e aceitou as medidas austeras para obter um novo empréstimo.
Essa atitude criou uma ruptura parlamentar e partidária,além de um grande descontentamento popular,portanto no dia 20 de agosto Tsipras fez seu discurso de renúncia alegando que o acordo esperado antes das eleições de janeiro não fora alcançado. Logo após sua renúncia foi anunciado que insurgentes do partido Syriza romperam com esse e formaram um novo partido chamado União Popular, liderado pelo antigo ministro de energia, Panagiotis Lafazanis.
A renúncia de Tsipras, o pacote de empréstimo recém adquirido e as novas eleições, com tudo isso é difícil prever o futuro econômico político do país, já que os principais partidos gregos se posicionam em diferentes posições do espectro político, como o Syriza, de esquerda, que se encontra dividido, o partido Nova Democracia, de centro-direita, e ainda o partido de extrema direita fascista Golden Dawn. Desse modo o cenário político grego pode mudar completamente o que também pode culminar em novas divergências com os credores de sua dívida.
* Devlin Biezus é graduanda do sexto período de Relações Internacionais do UNICURITIBA.
Referências:
BBC. Greece crisis: PM Alexis
Tsipras quits and calls early polls. Disponível em:
<http://www.bbc.com/news/world-europe-34007859> Acesso em: 22 ago. 2015
MALTEZOU, Renee. KAMBAS, Michele.
Tsipras resigns, paving way for snap Greek election. Reuters.
21 ago 2015. Disponível em: <http://www.reuters.com/article/2015/08/21/us-eurozone-greece-resignation-idUSKCN0QP1Q820150821> Acesso em: 22 ago. 2015.
RATTNER, Henrique. A Grécia e o futuro da
União Européia. Revista Espaço
Acadêmico. São Paulo, n. 123. ago. 2011.
Nenhum comentário:
Postar um comentário