O aluno Guilherme Ovçar é acadêmico de Relações Internacionais do UNICURITIBA e policial militar e, por sua formação e experiência, foi selecionado para participar da Missão Internacional em Darfur, no Sudão, organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com a União Africana (UA).
Em depoimento ao Blog Internacionalize-se, ele contou um pouco de sua experiência.
"Em 19/01/2019 embarquei de Curitiba rumo a Cartum, no Sudão; fazendo escalas em Guarulhos e Addis Abbaba (Etiópia).
Desde 21/01/19 passei a integrar,
oficialmente, a Organização das Nações Unidas como um peacekeeper, sendo
classificado como “Individual Police Officer” (IPO) na função de Police
Advisor da United Nations-African Union Hybrid Operation
in Darfur (UNAMID).
Desde então, até hoje, estou participando do
Induction Training, oportunidade em que o recém chegado é introduzido a
estrutura da missão e tem uma série de instruções em que é apresentado a
situação político-social da região de
Darfur, no Sudão. Além disso, o IPO é capacitado em diversas áreas
técnicas, de tal modo que possa desempenhar com eficiência as suas
funções, contribuindo para a missão.
A previsão para os meus primeiros três meses
na missão é de desempenhar a função de Police Advisor no TEAM SITE de
KABKABYA, realizando patrulhas de observação, coleta de informações e
emissão de relatórios; em áreas onde o acordo
de paz DDPD está em vigor, nos postos policiais da região, e nos campos
de IDPs (pessoas internamente deslocadas) que lá existem.
A missão do componente policial da UNAMID,
previsto no seu Mandato baixado pelo Conselho de Segurança da ONU em
outubro de 2018, consiste em Proteção de Civis; segurança com vistas a
facilitar e garantir a entrega de recursos humanitários
na região; providenciar e preservar um ambiente seguro para a atuação
de órgãos de direitos humanos; e capacitar a polícia e comunidade locais
nas suas atividades, empoderando-as.
A participação de policiais militares brasileiros nas missões de paz da ONU englobam, em linhas gerais, dois processos seletivos. O primeiro deles são testes diversos,
exigidos pela ONU, que são aplicados pelo Exercito Brasileiro,
englobando: proficiência em inglês, informática, direção de veículo 4x4 e
tiro. Vencidos os testes o policial militar passa por
um estágio preparatório no Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB) no Rio de Janeiro, entidade parceira do UNICURITIBA em diversas iniciativas. Após o treinamento, o militar está apto para a missão.
A partir de então o policial figura numa
lista de aptos para indicações para missão de paz. Após disponibilização
de uma vaga pela ONU, o exército brasileiro encaminha a vaga para um
determinado Estado da federação (seguindo uma
ordem de precedência), cuja Polícia Militar indica o policial militar
(apto) para participar. Essa etapa vencida, o policial selecionado é
indicado e passa por uma seleção junto a ONU.
Este segundo processo seletivo, junto à ONU,
engloba encaminhamento de currículo profissional, remessa de formulário
médico e exames requisitados e providência de documentos oficiais. Se
estes documentos estiverem de acordo, o policial
militar é submetido a uma entrevista telefônica realizada por
funcionários da ONU que se encontram na missão. Nesta entrevista o
policial candidato será avaliado quanto a conhecimentos da doutrina da
ONU, informações sobre a missão e o país para o qual está
concorrendo, além de conhecimentos técnicos descritos em seu currículo.
Se aprovado, o policial militar é requisitado
pela ONU ao governo brasileiro e ao seu estado de origem, cujas
autoridades devem aprovar a sua ida para a missão.
No ano de 2017 eu passei nas seleções e
etapas do exército brasileiro e entre janeiro e dezembro de
2018 ocorreu o processo de seleção pela ONU.
Permito-me afirmar que é um privilégio, como
um internacionalista, poder participar de algo tão grande como é a
Organização das Nações Unidas. E mais do que isso, poder de algum modo
contribuir para a promoção da paz em locais de
conflito e facilitar, mesmo que minimamente, a ajuda a grupos e
pessoas tão vulneráveis como é o caso dos IDPs e as vítimas de
conflitos.
Ademais, mesmo em poucos dias como um
peacekeeper, posso afirmar categoricamente que os conhecimentos
adquiridos ao longo do curso de Relações Internacionais tem contribuído
em muito para o desempenho da função e, principalmente,
na vivência em um ambiente tão diversificado, técnico e grandioso que é
uma missão de paz da ONU, onde a Integridade, Profissionalismo e o
Respeito pela Diversidade imperam como os valores principais."
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