terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Depoimento: Guilherme Ovçar, aluno de Relações Internacionais, participa de missão de paz da ONU no Sudão






O aluno Guilherme Ovçar é acadêmico de Relações Internacionais do UNICURITIBA e policial militar e, por sua formação e experiência, foi selecionado para participar da Missão Internacional em Darfur, no Sudão, organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com a União Africana (UA).

Em depoimento ao Blog Internacionalize-se, ele contou um pouco de sua experiência.




"Em 19/01/2019 embarquei de Curitiba rumo a Cartum, no Sudão; fazendo escalas em Guarulhos e Addis Abbaba (Etiópia).



Desde 21/01/19 passei a integrar, oficialmente, a Organização das Nações Unidas como um peacekeeper, sendo classificado como “Individual Police Officer” (IPO) na função de Police Advisor da United Nations-African Union Hybrid Operation in Darfur (UNAMID).


Desde então, até hoje, estou participando do Induction Training, oportunidade em que o recém chegado é introduzido a estrutura da missão e tem uma série de instruções em que é apresentado a situação político-social da região de Darfur, no Sudão. Além disso, o IPO é capacitado em diversas áreas técnicas, de tal modo que possa desempenhar com eficiência as suas funções, contribuindo para a missão.

A previsão para os meus primeiros três meses na missão é de desempenhar a função de Police Advisor no TEAM SITE de KABKABYA, realizando patrulhas de observação, coleta de informações e emissão de relatórios; em áreas onde o acordo de paz DDPD está em vigor, nos postos policiais da região, e nos campos de IDPs (pessoas internamente deslocadas) que lá existem.

A missão do componente policial da UNAMID, previsto no seu Mandato baixado pelo Conselho de Segurança da ONU em outubro de 2018, consiste em Proteção de Civis; segurança com vistas a facilitar e garantir a entrega de recursos humanitários na região; providenciar e preservar um ambiente seguro para a atuação de órgãos de direitos humanos; e capacitar a polícia e comunidade locais nas suas atividades, empoderando-as.
A participação de policiais militares brasileiros nas missões de paz da ONU englobam, em linhas gerais, dois processos seletivos. O primeiro deles são testes diversos, exigidos pela ONU, que são aplicados pelo Exercito Brasileiro, englobando: proficiência em inglês, informática, direção de veículo 4x4 e tiro. Vencidos os testes o policial militar passa por um estágio preparatório no Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB) no Rio de Janeiro, entidade parceira do UNICURITIBA em diversas iniciativas. Após o treinamento, o militar está apto para a missão. 


A partir de então o policial figura numa lista de aptos para indicações para missão de paz. Após disponibilização de uma vaga pela ONU, o exército brasileiro encaminha a vaga para um determinado Estado da federação (seguindo uma ordem de precedência), cuja Polícia Militar indica o policial militar (apto) para participar. Essa etapa vencida, o policial selecionado é indicado e passa por uma seleção junto a ONU. 


Este segundo processo seletivo, junto à ONU, engloba encaminhamento de currículo profissional, remessa de formulário médico e exames requisitados e providência de documentos oficiais. Se estes documentos estiverem de acordo, o policial militar é submetido a uma entrevista telefônica realizada por funcionários da ONU que se encontram na missão. Nesta entrevista o policial candidato será avaliado quanto a conhecimentos da doutrina da ONU, informações sobre a missão e o país para o qual está concorrendo, além de conhecimentos técnicos descritos em seu currículo.



Se aprovado, o policial militar é requisitado pela ONU ao governo brasileiro e ao seu estado de origem, cujas autoridades devem aprovar a sua ida para a missão.

No ano de 2017 eu passei nas seleções e etapas do exército brasileiro e entre janeiro e dezembro de 2018 ocorreu o processo de seleção pela ONU.

Permito-me afirmar que é um privilégio, como um internacionalista, poder participar de algo tão grande como é a Organização das Nações Unidas. E mais do que isso, poder de algum modo contribuir para a promoção da paz em locais de conflito e facilitar, mesmo que minimamente, a ajuda a grupos e pessoas tão vulneráveis como é o caso dos IDPs e as vítimas de conflitos.



Ademais, mesmo em poucos dias como um peacekeeper, posso afirmar categoricamente que os conhecimentos adquiridos ao longo do curso de Relações Internacionais tem contribuído em muito para o desempenho da função e, principalmente, na vivência em um ambiente tão diversificado, técnico e grandioso que é uma missão de paz da ONU, onde a Integridade, Profissionalismo e o Respeito pela Diversidade imperam como os valores principais."


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