sexta-feira, 28 de julho de 2017

Redes e Poder no Sistema Internacional: São os hacktivistas vilões ou mocinhos?



A seção "Redes e Poder no Sistema Internacional" é produzida pelos integrantes do Grupo de Pesquisa Redes e Poder no Sistema Internacional (RPSI), que desenvolve no ano de 2017 o projeto "Redes da guerra e a guerra em rede" no UNICURITIBA, sob a orientação do professor Gustavo Glodes Blum. A seção busca compreender o debate a respeito do tema, trazendo análises e descrições de casos que permitam compreender melhor a relação na atualidade entre guerra, discurso, controle, violência institucionalizada ou não e poder. As opiniões relatadas no texto pertencem aos seus autores, e não refletem o posicionamento da instituição.



São os hacktivistas vilões ou mocinhos?

Letícia Laíse Alves *


Com a crescente importância da Internet, surgiram movimentos, como o hacktivismo, que buscam atingir a promoção dos Direitos Humanos e seus principais preceitos: liberdade de expressão e justiça social. O movimento é famoso por atacar corporações e governos opressores que, por meio da censura ou do sigilo, ocultam informações importantes dos cidadãos.

Esses movimentos são, atualmente, uma das ferramentas mais importantes na área das manifestações, pois a rapidez e praticidade das redes sociais, somadas ao amplo alcance e divulgação, fazem com que a organização de protestos seja extremamente facilitada.

Os avanços relativos à tecnologia da informação ampliaram a capacidade de armazenamento de dados por parte das empresas e autoridades, na mesma medida que incentivou a ocultação de informações por estas instituições.

A fim de desmonopolizar as informações, grupos de hackers atacam constantemente governos e empresas. Neste século, um dos eventos mais marcantes em âmbito internacional foi a exposição do maior esquema de espionagem da história da humanidade realizado pelos Estados Unidos. Através de publicações no site Wikileaks, milhões de informações confidenciais do governo norte-americano foram veiculadas pela primeira vez ao público em geral, o que causou muita turbulência dentro e fora dos EUA.

O Wikileaks é uma organização de ciberativistas que, através de técnicas de invasão virtual de sistemas conhecidas como “hacking”, divulgam documentos, e-mails, imagens e quaisquer arquivos secretos mantidos longe do domínio público, com o intuito de conscientizar e alertar as pessoas sobre as medidas econômicas, sociais e políticas que o Estado toma. Segundo o fundador, Julian Assange, o site tem o propósito de manter uma transparência radical nas informações, mostrar ''como o mundo funciona''. As polêmicas geradas em cima do site só fizeram aumentar a quantidade de colaboradores e apoiadores

Se o conteúdo publicado no site WikiLeaks não agradou as mais poderosas instituições do mundo contemporâneo, por outro lado, houve pessoas e empresas de grande destaque no cenário mundial que prestou apoio e defendeu Julian Assange e o site WikiLeaks como um instrumento que visa promover a transparência e denunciar abusos, principalmente aos direitos humanos, por parte dos Estados-nacionais, como consta em inúmeras denúncias feitas pelo site, principalmente sobre as guerras no médio-oriente.


É nítida a importância e a necessidade de valoração dos Direitos Humanos no âmbito nacional e internacional. Entretanto, talvez pela primeira vez na história, os direitos humanos podem ter posto em risco a própria segurança de seres humanos, caso viesse a desencadear uma guerra real em função dos arquivos diplomáticos secretos que vazaram através do site WikiLeaks. Isso torna nítido o jogo diplomático duplo por parte de alguns países, o que é natural que aconteça na diplomacia entretanto, pode causar ressentimento àquele que ficou em situação desfavorável no “jogo duplo”.


* Letícia Laíse Alves é acadêmica do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA), e pesquisadora do Grupo de Pesquisa "Redes e Poder no Sistema Internacional".

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