quinta-feira, 17 de maio de 2012

Reforma imigratória será decisiva na eleição presidencial dos EUA





Protesto contra as deportações de imigrantes em Los Angeles, na Califórnia. Fonte: Jason Redmond/Reuters



Artigo de Rodolfo Stancki, com a colaboração de Gisele Barão e entrevista com Andréa Benetti, professora do Curso de Relações Internacionais do UniCuritiba.


Obama deixou de cumprir a promessa de rever as leis imigratórias e agora deve retomar o tema durante a disputa com o republicano Romney.

Quando assumiu o posto de presidente dos Estados Unidos, Barack Obama prometeu tirar o país da crise, trabalhar em políticas igualitárias, reformar a saúde e as leis imigratórias. “Sim, nós podemos” era o slogan da campanha. Agora, ele concorre à reeleição carregando consigo algumas pendências.
A economia do país teve um crescimento discreto e o novo sistema de saúde está travado na Suprema Corte. Semana passada, um sinal de mudança nas políticas sociais do presidente veio com seu posicionamento favorável em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. No momento, as dúvidas parecem cair sobre a reforma imigratória: se eleito, Obama vai rever a situação dos 11 milhões de estrangeiros que vivem nos EUA?
Seu oponente, o candidato republicano Mitt Romney, já se manifestou contra a ampliação dos direitos dos imigrantes ilegais no país e disse que vai vetar o Dream Act – projeto que regulariza os estudantes nessas condições.
“Todos os dias em que não temos uma reforma imigratória no país, cerca de duas pessoas morrem. Precisamos arrumar um jeito para essas pessoas entrarem legalmente aqui”, diz Enrique Morones, responsável pela ONG Border Angels, que presta socorro aos imigrantes em San Diego, na Califórnia.
Para a eleição que ocorre no fim do ano, democratas e republicanos buscam o apoio da comunidade latina. Em estados como a Califórnia, ela representa 24% da população. Morones diz que a questão da reforma imigratória será decisiva para o eleitorado latino.
Para o ex-embaixador brasileiro em Washington Rubens Antônio Barbosa, a vitória republicana pode representar uma mudança significativa nas políticas imigratórias no país. “Se ele ganhar, vai haver radicalização interna e a situação dos imigrantes sem visto não será legalizada”, afirma.
Um exemplo da radicalização citada por Barbosa seria a lei do Arizona, proposta pela governadora republicana Jan Brewer em 2010. O projeto, que foi parcialmente vetado, previa a criminalização de todo imigrante ilegal que estivesse no estado. Criticada, a ideia já ganhou versões semelhantes em estados como Utah, Indiana e Alabama.
Diante desse quadro, a professora do curso de Relações Internacionais da UniCuritiba Andrea Benetti defende que a atuação de Obama na questão imigratória foi positiva nos últimos três anos. “[George W.] Bush era bastante fechado para essas discussões. Ele não via os imigrantes com bons olhos. Obama sempre teve uma posição mais social diante do problema”, diz.
Brasileiros
Em março deste ano, o governo americano anunciou o Global Entry, projeto que deve facilitar a entrada de brasileiros nos Estados Unidos. Inicialmente, a proposta quer facilitar a entrada de empresários e profissionais que viajam com frequência ao país.
Na análise de Andrea, essa iniciativa mostra que os norte-americanos deixaram de ver os brasileiros como uma “ameaça imigratória”.
“O crescimento do Brasil nos últimos anos, tanto econômico quanto político, tem mostrado para os EUA que os brasileiros já não estão indo como imigrantes ilegais, mas como turistas. Então, para eles, é vantajoso”, explica.

Publicado no Jornal Gazeta do Povo em 13 de maio de 2012. 
Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/mundo/conteudo.phtml?tl=1&id=1253981&tit=Reforma-imigratoria-sera-decisiva-na-eleicao-presidencial-dos-EUA

Um comentário:

  1. Eu acredito que estas medidas provenientes do governo Obama, são puramente eleitoreiras, características do sistema democrático, em períodos eleitorais. É só passar as eleições presidenciais, que a perseguição aos imigrantes ilegais e ao outros públicos de imigração volta átona. Pois eles ainda vivem em zonas de guerras, estão sempre se protegendo de possíveis ataques terroristas. Tudo bem que imigrantes ilegais, indesejáveis e clandestinos não são bem-vindos em lugar nenhum do mundo. Mas é claro que tem que haver uma seleção, pois todos os imigrantes não são iguais, existem plenas diferenças de capacidades, é só imaginar que somos carentes de mão-de-obra especializada e eles são de mão-de-obra pesada. Pois é simplesmente a oportunidade que eles dão aos imigrantes latinos. Vamos deixar bem claro que o público brasileiro que interessa aos Estados Unidos são os empresários, turistas, estudantes. Público que geralmente não “incomoda” a soberania da nação, em termos de processos imigratórios. Somente público que de certa maneira não vão dividir o pão americano e sim rechear o pão, com impostos e gastos para o tesouro dos EUA. Mas de uma forma ou de outra já estava passando da hora desta facilitação de entrada no território americano. Agora que a nossa economia anda crescendo e adquirindo respeito perante as nações desenvolvidas do mundo ocidental, muitos destes países reconhecem em números o nosso poder de compra.

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