Prof. Dr. Oliver Stuenkel |
Prof. Rafael Pons e Prof. Oliver Stuenkel na Aula Magna |
Por Sophia Zaia*
Na quinta feira, dia 22 de agosto, foi realizada a primeira Aula Magna do Curso de
Relações Internacionais, do segundo semestre, que contou com a participação do
internacionalista convidado, Oliver Stuenkel, proferindo palestra intitulada "Novas
Geometrias de poder: o Brasil no BRICs". Stuenkel é professor no Curso
de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo, onde
ele coordena o Centro de Pesquisa e Documentação
de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) e o programa executivo em Relações Internacionais,
na sede de São Paulo. Em 2012, Stuenkel fez parte da delegação brasileira que
esteve em Nova Délhi (Índia) e Chongqing (China) na preparação para a 4ª e 5ª
Cúpula dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), tema da aula
palestrada no UNICURITIBA.
Oliver
Stuenkel explicou que a distribuição clássica de poder no pós-Segunda Guerra
Mundial permitiu aos países privilegiados moldarem a ordem global que vigora
até os dias de hoje. A criação do BRICS, que surgiu de uma ideia formulada pelo
economista-chefe da Goldman e Sachs, Jim O’Neil, em 2001, trouxe com ela uma
crítica a essa distribuição de poder e intensificou a necessidade de uma
reforma que fortaleça as instituições internacionais e a governança global
tornando assim a agenda de debate global mais equilibrada e democrática, ou
seja, que não se limite ao eixo de discussão/decisão Estados Unidos-Europa. O
BRICS, sendo uma espécie de “anomalia” no cenário internacional, por ser um dos
poucos grupos no mundo que conseguiram articular regiões tão distintas em um só
bloco, têm a oportunidade de assumir a liderança desse debate global ao passo
que novos temas (terrorismo, ameaça ambiental, etc.) da agenda internacional
irão depender de soluções e da ajuda dos países integrantes do bloco. Stuenkel
observa que o progresso do BRICS desperta preocupação por parte dos Estados
Unidos da capacidade do bloco em articular demandas em uníssono desafiando assim
a posição global estadunidense, preocupação essa que é refletida constantemente
pela imprensa norte-americana e europeia quando tratam do BRICS e de suas
atividades com negatividade e ceticismo. O BRICS enfrenta naturalmente alguns
desafios que levantam questionamentos de se e como poderão ser superados,
dentre eles: como o BRICS lidará com novos conceitos e novas crises, pelo fato
de parte dos países do bloco serem potências emergentes usando, dessa forma, conceitos mais tradicionais das Relações Internacionais;
se o BRICS deseja de fato ser um ator mais preponderante no cenário
internacional, ele terá que aumentar substancialmente a capacidade de inovação
e de atração de “cérebros” para o bloco; e a importância de o BRICS
desenvolverem uma visão em comum para áreas de segurança, educação, saúde, etc.,
sendo necessário, por consequência, um intercâmbio de best practices entre Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul.
Oliver
aponta que a própria aceitação de um estrangeiro na delegação brasileira do
BRICS demonstra uma mudança na participação do Itamaraty no bloco o que leva a
uma maior visibilidade do Brasil no plano externo, país que é de longe o mais
aberto e mais atraente face aos outros países do BRICS. O Itamaraty, ao longo
dos anos, logrou uma maior abertura e articulação com a sociedade civil, porém será
crucial ainda diminuir a lacuna entre o mundo acadêmico e os policy makers.
Apesar das divergências e desafios a serem superados dentro e
pelo bloco, Stuenkel mantém-se otimista quanto ao futuro do BRICS, ressaltando
que os custos para os cinco países pertencerem ao bloco são pequenos quando
comparados às vantagens de cooperação, que permitem a diversificação nas
relações entre países e nas reflexões sobre a nova realidade mundial.
Para saber mais sobre Oliver Stuenkel, sua trajetória e seus
projetos, acesse: http://www.postwesternworld.com/
*
Sophia Zaia é aluna do Curso de Relações Internacionais do Centro Universitário
Curitiba.
Uma excelente Aula Magna,excelente escolha do nosso querido coordenador Professor Pons. O tema da palestra/aula magna,nem se fala,foi sensacional. Parabéns ao coordenador e a todos os docentes do curso de RI.
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