Foto: Reuters / Andrew Winning |
Em 2012, muito se especulou sobre o que
aconteceria com o euro, se a moeda comum iria ou não continuar existindo e como
a União Europeia reagiria. Na última semana as apostas mudaram. As dúvidas
sobre a permanência do euro parecem dissipadas, mas a UE tem diante de si uma
nova questão: o Reino Unido permanece ou não no bloco?
O primeiro-ministro britânico David Cameron falou
em Bruxelas sobre a visão mais “flexível” que o Reino Unido tem para a Europa,
o que seria do interesse britânico e, segundo ele, deveria ser do interesse
europeu. Essa divergência, no entanto, vem há algum tempo ganhando peso e,
acontecendo o referendo, pode culminar sim na saída britânica do bloco em
alguns anos.
Ainda que seja cedo para ter qualquer posição
definitiva, a postura do Reino Unido levanta algumas questões fundamentais para
a própria UE, desde o impacto da saída de um membro com o peso do Reino Unido
até as reformas propostas. A primeira questão que vem à mente talvez seja: qual
seria o impacto econômico para ambos os lados, numa eventual separação? Não
existe uma resposta definitiva para essa pergunta. Se por um lado o Reino Unido
deixará de investir bilhões de libras na UE, por outro lado também perderá em
investimentos e vantagens oferecidas pelo bloco. A questão sobre a geração ou
não de empregos também se mantém: por um lado será possível flexibilizar
algumas leis trabalhistas, mas por outro corre-se o risco de algumas empresas
decidirem instalar-se no continente, dentro dos limites do mercado comum. É
evidente que o Reino Unido, se separado da UE, vai manter estreitos laços
comerciais e financeiros com o bloco, como fazem hoje países como a Suíça e a
Noruega — é muito difícil imaginar um cenário em que a Grã Bretanha dê as
costas para a Europa e vice-versa.
A segunda não é de ordem econômica, mas política. Qual
será o significado e o impacto político de tal separação? Na semana em que
França e Alemanha comemoram 50 anos do tratado que selou a amizade entre ambos
e lançou as bases para a UE, o terceiro pé do triângulo de poder europeu dá
mostras de que talvez queira mais espaço. Fosse uma questão de relações humanas
apenas, seria fácil dizer que o Reino Unido ficou com ciúmes e está “fazendo
uma cena”. Não é o caso, e a questão continua: a ambígua mensagem enviada por
esse processo de questionamento da unidade europeia fica entre a possibilidade
ou o eventual desejo britânico de uma “Europa à la carte” e a crítica pela
falta de renovação e flexibilidade do bloco.
Não é a primeira vez que uma autoridade britânica
enfatiza as diferenças entre as expectativas do Reino Unido para a UE e a
realidade. Os próximos anos prometem muitas mudanças (ou pelo menos discussões)
nos rumos da Europa, que vão ajudar a definir a permanência ou não do Reino
Unido. Segundo o Ministro britânico para a Europa, David Lidington, os
principais desafios europeus são a competitividade, o foco na expansão e na
vizinhança europeia, e a responsabilidade democrática (ver detalhes aqui).
Essas e outras questões vão fazer parte dos acordos e discussões dos próximos
anos, antes da reavaliação sobre o referendo britânico, e pode ser uma boa oportunidade
para tratar de temas sensíveis com uma certa pressão em favor de melhorias
concretas no lugar de retóricas.
Não
vão faltar reflexões e artigos sobre o assunto nos próximos dias, mas ficam aqui
algumas sugestões:
Foreign Affairs:
Saving the euro, dividing the Union
BBC: David Cameron speech: UK and the EU,
comparação interessante entre os argumentos de ambos os lados pela saída ou
permanência.
Stratfor: UKmoves away from European project
Social Europe
Journal: Inside out: the EU and the UK
Postado por Gabriela Prado, internacionalista formada pelo Unicuritiba em 2009 e concluiu em 2012 o MSc International Business Negotiation pela École Supérieure du Commerce de Rennes. Atualmente mora em Estocolmo e é membro do Utrikespolitiska Institutet (Swedish Institute of International Affairs).
Para o RU, seria uma decisão arbitrária e contrária aos seus próprios interesses no continente europeu. Acredito que o RU quer ter uma parcela maior nas decisões e participações do Bloco, visto que o país está muito afastado da cúpula que toma e decide os novos rumos do Bloco. Mas a questão é o RU, optou desde a criação do Bloco por estes caminhos e agora com a crise da Zona do Euro sofre as consequências das políticas econômicas e até mesmo exteriores, que foram traçadas e postas por governos anteriores. Em se tratando de economias europeias o RU praticamente fica na lanterna em relação aos demais países do bloco, é a 6ª maior economia global, até perdeu o posto para o Brasil e com a desvalorização do real, voltou ao posto de 6ª economia global, no início deste ano. A verdade é que nesta história toda se caso o RU saia do bloco, que a meu ver o país está com uma perna no Bloco e outra fora, quem vai sair perdendo e muito são eles, coisa que jamais eu especulo aqui não vai acontecer de uma saída do próprio. Pois não é vantajoso para os ingleses em hipótese alguma.
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