quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Entrevista Egressa - Thais Scharfenberg

 


NOME COMPLETO: Thais Scharfenberg


GRADUAÇÃO: Relações Internacionais (Unicuritiba), nos anos de 2009 à 2012. 


QUAL É A SUA OCUPAÇÃO ATUAL?


Eu sou coordenadora de uma escola de economia criativa, faço voluntariado na ONU e sou consultora ESG (Environmental, Social and Governance ) 


PODERIA COMPARTILHAR SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL? 


Então, vamos lá. Eu terminei a faculdade, e, logo em seguida, eu tinha pensado em fazer Rio Branco (CACD), mas acabei optando por ir para o setor privado. Logo que eu saí, fui fazer um MBA em gestão estratégica de empresas na Fundação Getúlio Vargas e comecei a trabalhar com uma empresa alemã de consultoria empresarial. Ia para São Paulo com eles de 15 em 15 dias, mas também atuava em Curitiba. E eu trabalhava junto com a  direção para organizar as equipes de alta performance, inclusive pessoas de outros países e eu fazia a ponte cultural. Então, a adaptação das pessoas que vinham de fora e também para o pessoal daqui que viajava, os auxiliava nesse processo. 

Depois, iniciei uma pós em comunicação em jornalismo, escrevi alguns artigos voltados para relações internacionais, mas continuei na área empresarial. Depois, criei um aplicativo de comida saudável, mudei para a área de tecnologia e nesse período,  acabei entrando no Ponto Business que tinha aqui em Curitiba. Esse grupo estava dentro no centro europeu e daí, me qualifiquei com o Centro Europeu. Eles tinham um grupo de programadores da escola, e eu entrei para fazer um pouco dessa ponte, né? Pedagógico com tecnologia e durante toda a minha trajetória, inclusive na faculdade, dei aulas de inglês e francês. Mais tarde, comecei a dar aula de alemão também e, no Centro Europeu, acabei assumindo a parte de idiomas. 

Recentemente, fui me especializar em ESG. Então, depois de ter me conectado com o voluntariado da ONU, entrei num grupo que se chama ‘ comunidade discriminada por descendência'. Comecei como voluntária com eles e fui para Nova Iorque nos dois últimos fóruns deste ano com eles. Hoje, eu atuo de uma maneira remunerada com eles.  Então eu faço trabalhos comunitários para a ONU, com interpretação simultânea e tradução. Então, são vários potinhos ne? Tem a coordenação no Centro Europeu, a consultoria em ESG para algumas empresas e instituições e, também, esse voluntariado.



EM ESPECIAL NO VOLUNTARIADO?


Foi incrível quando eu entrei no voluntariado no final do ano passado. Quando você entra, não tem muita ideia com quem você vai se conectar, né? Porque há muitas oportunidades. Me conectei com essa, que era a tradução do documento, inicialmente para esse grupo, né? Pois eles  procuram uma resolução da ONU para que sejam reconhecidos e para os Estados que têm esse tipo de discriminação, criar leis, né? Assim, fomos aumentando o relacionamento. Após a tradução,comecei a fazer a interpretação das reuniões online. No primeiro fórum, que aconteceu em julho, eles entraram em contato comigo e falaram: “Você não quer ir junto? Porque vamos precisar de alguém que entenda de vocabulário diplomático, diálogo diplomático”. Lá, tivemos que  entrar dentro das missões permanentes e embaixadas para pedir o apoio para essa resolução acontecer e chegar ao ponto de ser votada na Assembléia Geral. Então, eu trabalhei com eles como intérprete, mas também do diálogo, e a nossa relação foi se intensificando. Fui novamente em setembro, no fórum político de alto nível, focado nas ODS, porque estamos no meio do caminho e agora a nível presidencial. Então, esse diálogo diplomático e a construção do apoio para a causa deles foi incrível. Também atuei como intérprete,mas agora muito mais como uma ‘advocate’, como a gente chama, né, realmente ajudando a levar a causa deles pra frente.


COMO A SUA EXPERIÊNCIA NA ONU INFLUENCIA/ INFLUENCIOU SUA VISÃO DO MUNDO E SOBRE QUESTÕES GLOBAIS? 


Ela influenciou absolutamente, porque às vezes de fora, a gente tem a ideia de que ela é muito grande,uma coisa só.  E lá a gente vê que ela é formada por várias agências, vários programas, cada um com uma finalidade específica e, de certa maneira, ela funciona como uma grande empresa, né? Tem falhas. Foi interessante ver quem tem falhas também, mas é um ambiente muito importante para o diálogo diplomático e de mediação. E isso mudou muito a minha visão de mundo, pois precisamos desse ambiente, ainda mais nesse momento de crise,eu vi como é importante termos empatia, pela questão cultural, religiosa. Além disso, quebrou vários preconceitos em relação ao não funcionamento da ONU, pois a gente precisa sim que ela exista. 



QUAIS APTIDÕES E CONHECIMENTOS DESENVOLVIDOS NO CURSO DE R.I QUE MAIS TE AUXILIARAM NA SUA CARREIRA? 


Eu acredito que na parte de psicologia social, porque foi uma dos conhecimentos mais utilizados na ONU. Eu colocaria de maneira prática a dinâmica econômica internacional, pois para tudo, inclusive para fazermos caridade, precisamos de dinheiro. Então a dinâmica financeira do mundo me ajudou muito a compreender várias questões lá dentro ( na ONU). Hoje eu elencaria esses dois pontos como principais.



PODERIA COMPARTILHAR UMA EXPERIÊNCIA MARCANTE DURANTE A SUA TRAJETÓRIA ACADÊMICA E PROFISSIONAL?


Tem um encontro nacional de relações internacionais, que, com a pandemia, acabou mudando um pouco. Mas nesses encontros, a gente teve palestras muito importantes. Em um ano em específico, tiveram uns diplomatas palestrando, e alí tive uma ideia melhor do que era representar o Brasil lá fora. Então, para mim, foi muito marcante. Ali eu olhei e falei: ‘Eu realmente quero lidar com direitos humanos, em algum momento da minha trajetória’. Até então, eu não tinha muita ideia para onde eu ia; acabei seguindo uma carreira mais para a parte empresarial. Agora que eu estou me reconectando com os Direitos Humanos, mas foi num período desses que realmente ‘virou a chavinha’. 



POR QUE VOCÊ ESCOLHEU O CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS?


Eu escolhi porque eu tive uma vontade muito grande de realizar o curso que ampliasse minha visão de mundo. Eu pensei que se eu entendesse melhor o mundo, depois poderia me direcionar para outra área. Fui para R.I primeiro primeiro para uma visão de mundo, pois era isso que eu queria ter. Queria entender as desigualdades, sobre economia, entre outros, porque pra mim era o curso que me p

roporcionaria uma gama muito maior de possibilidades depois, onde depois eu poderia me direcionar para algo que eu tivesse sucesso. 



QUAIS CONSELHOS VOCÊ DARIA AOS ESTUDANTES DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS QUE POSSUEM INTERESSE EM SEGUIR UMA CARREIRA PROFISSIONAL, EM ESPECIAL, NUM VOLUNTARIADO DA ONU? 


Meu conselho é que tenham em mente que ao escolher relações internacionais,  você tem um leque muito grande depois.Isso pode ser uma bênção, mas também pode ser uma preocupação. Portanto, façam o curso de coração aberto, mas já com um pensamento para onde você vai se direcionar. É pra economia, setor privado, setor público, acadêmico, ou direitos humanos? 


Segundo ponto, sobre a ONU, para aqueles que têm interesse em atuar a nível diplomático. Não é um bicho de 7 cabeças. Não é somente o Itamaraty;  é possível atuar num corpo diplomático, tem a chancelaria de um país e  vários outros círculos de atuação, algo que o Itamaraty considera uma atuação diplomática. Essa era uma ideia que eu não tinha e descobri depois, quando fui pra ONU. Existem  atuações a níveis internacionais tão grandes que podem parecer muito distantes para quem está na faculdade.


Terceiro ponto, para quem quer se desenvolver no cenário internacional, é essencial ter o inglês e francês na ponta da língua. Comece a estudar o quanto antes. Sobre o voluntariado da ONU, se tiver essa disponibilidade, faça. Nem que seja só para ter a experiência de trabalhar com equipes multiculturais, pois se a pessoa deseja trabalhar em ambientes internacionais, é com isso que ela vai precisar lidar. Além disso, não menospreze questões culturais e de psicologia, pois são muito importantes. Hoje, por exemplo, faço parte de um grupo de pesquisa que lida com o Impacto Psicológico de Discriminação nas Crianças, uma coisa tão específica né? Que observamos a nível mundial e percebemos que ainda há muita coisa a ser estudada.


 



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