Artigo apresentado na disciplina de Teoria das Relações Internacionais I, ministrado pelo Profa Dra Janiffer Zarpelon, do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.
Por: * Eron W A Ferreira
O poder pode ser visto e analisado de
diferentes formas, como o poder militar, poder econômico, poder de influencia,
entre outros. Porem é comum nas relações internacionais o poder ser
classificado em duas formas distintas, o “Hard Power” e o “Soft Power”. O
primeiro abrange o poderio militar de um país e a sua eficiência em um combate
armado, enquanto o segundo ocorre através de um poder de influência, persuasão
ou propagação da cultura e valores de um determinado país sobre outra nação.
Embora muitos países utilizem o Soft Power como um meio para alcançar seus
objetivos, não há como negar que quando se trata de uma potencia hegemônica, o
Soft Power deste país tende a ter grande influência no sistema internacional e
por esta razão me proponho a analisar o Soft Power norte americano.
Devido ao fato de ser uma grande potencia econômica, os EUA exercem uma
grande influência sobre os organismos financeiros internacionais, muitas vezes
levando os países subdesenvolvidos a abrirem seus portos, contribuindo para o
interesse norte americano, porem, às vezes o próprio Estado Unidos adota
medidas ou políticas protecionistas em relação à entrada de produtos
estrangeiros em seu país, com a criação de taxas alfandegárias ou exercendo uma
forte dominação sobre o mercado internacional.
Em seu livro “Soft Power: The Means To
Success In World Politics” Joseph S. Ney, criador da expressão “Soft Power”
afirma que esta expressão refere se a “quando um país consegue atrair
investimentos ou parcerias de outros atores pela admiração a sua cultura,
valores, língua, instituições e ações no âmbito internacional“.
A propagação da cultura americana ao redor
do mundo acontece através de veículos de comunicação em massa, como filmes,
seriados, propagandas, musicas, assim como pela expansão de empresas
multinacionais americanas que buscam influenciar nos hábitos alimentares como
as empresas de fast food.
Esta “supervalorização” da cultura norte
americana influenciou e influencia até hoje pessoas ao redor do mundo, seja no
modo de se vestir, no consumo de produtos ou mesmo na forma de pensar. Para uma
hegemonia como os EUA esta grande influência no sistema internacional o permite
fortalecer ainda mais o seu status como potencia hegemônica, pois quanto maior
o seu poder de persuasão maior será a sua influência e liderança no sistema
internacional.
Joseph S. Nye defende a idéia de que o Soft
Power é mais eficiente do que o poder de coerção. Pois é muito mais fácil
conseguir fazer com que o outro coopere pelo uso da persuasão. Nye faz uma
analogia comparando os Estados a empresas das quais tentam por meio de
estratégias buscam atrair e convencer os seus clientes persuadindo-os. O autor
defende que ainda que seja uma hegemonia, nenhuma nação conseguiria se manter completamente
isolada no sistema internacional, dependendo assim de fazer acordos e
cooperações, quando estas forem provenientes aos seus interesses.
A disseminação da cultura norte americana
ganhou força a partir da década de 1920 após a primeira grande guerra mundial,
quando o país se tornou uma potencia mundial aumento consideravelmente a sua
exportação de produtos agrícolas e industrializados para o mundo e
principalmente para o continente europeu. Este aumento na industrialização e na
exportação favoreceu os Estados Unidos, não somente obter lucros, mas também
propagar a sua cultura já naquela época através do cinema, da literatura, da
musica, aproveitando se de uma Europa fragilizada pela crise do pós guerra, e
com grande expertise os norte americanos vendiam não somente produtos aos
outros povos, mas também através de propagandas de carros, refrigerantes,
produtos industrializados “vendiam” a idéia de felicidade vinculada ao consumo
de seus produtos, propagando fortemente naquele momento a cultura e os valores
estadunidenses que ficaram famosos como o “american way of life”.
Este Soft Power norte americano que se
propaga com força desde o século xx contribui para que o país se fortalecesse
se ainda mais e se torna se a grande potencia que é hoje, pois como a
disseminação de sua cultura e valores, o poder econômico gerado pela expansão
de empresas multinacionais americanas e consecutivamente o desenvolvimento
econômico do país influenciaram para que o inglês se tornasse se a principal
língua utilizada em âmbito internacional.
Além disto, o desenvolvimento econômico e a
liderança dos EUA no sistema internacional contribuíram para que o dólar se tornasse
a principal moeda de uso internacional,
aumentando a zona de influência e o poder dos EUA no sistema internacional.
Estes avanços americanos podem reforçar a idéia defendida por Joseph S Nye, de
que o Soft Power é mais efetivo e duradouro do que o poder de coerção (embora
muitas vezes os Estados Unidos exerça sim o poder de coerção sobre alguns
países). Assim, questionamos se os EUA não tivesse usado esse tipo de poder,
será que o mesmo teria conseguido se manter como hegemonia?
O fato é que não há uma resposta simples e
prática que responda esta questão de modo convincente e esclarecedora, mas
devemos ponderar que somente o Soft Power possa não ser efetivo o bastante para
a defesa dos interesses de um país e o seu destaque no sistema internacional. A
partir desta questão podemos perceber que embora uma nação exerça liderança em
sua região e tenha saiba exercer a sua política de Soft Power, a ausência do
poder militar pode ser prejudicial para os interesses de um Estado pela sua
fragilidade ou vulnerabilidade perante o sistema internacional.
Se analisarmos o período da guerra fria, a
tensão entre os Estados Unidos e a União Soviética, só não tomou outros
patamares pelo poder de destruição em massa das duas potencias na época,
levando a disputa a uma guerra armamentista e ideológica. Porém o que teria
acontecido se uma das nações não tivesse uma força de coerção similar à outra? Provavelmente
a nação mais fragilizada não teria como competir e se manter apenas com seu
“Soft Power”.
A partir da reflexão sobre qual a
importância tanto do Soft Power e do Hard Power, podemos chegar à mesma
conclusão que Joseph Ney, de que os dois poderes juntos e combinados geram uma
maior eficiência, tendo a capacidade para usar a força e a coerção quando
necessário, como também a persuasão quando for mais conveniente, o que Nye
chama de “Smart Power”.
Em seu livro “ Soft Power: The Means To
Success in World Politics” Nye defende que a Vitoria dos Estados Unidos na
Guerra Fria ocorreu pelo uso deste “Smart Power”, pois o Hard Power norte
americano segundo o autor serviu como um instrumento de contenção frente a
URSS, enquanto as políticas de Soft Power corroeram o sistema soviético por
dentro, afirmando que seria um erro ignorar toda a atração que cultura pop
americana proporcionou, como por exemplo através do canal da BBC e da musica
como a banda Beatles.
Embora hoje os Estado Unidos tenha uma
grande influência no sistema internacional por conta do seu Soft Power, não
sabemos se este fato garantira aos EUA a mesma influencia com o passar dos
anos, ou se outra nação terá o potencial para rivalizar com os EUA, e propagar
a sua cultura do mesmo modo, mas é fato que com um mundo cada vez mais
globalizado e interdependente, as políticas de Soft Power tendem a ser cada vez
mais utilizadas pelos Estados a fim de garantir os seus interesses e o seu
desenvolvimento, mas enquanto os EUA mantiverem o mesmo poderio econômico e
militar, o seu Soft Power e a sua influencia serão fortes e abrangentes.
Fontes bibliográficas:
Nye, Joseph
S. Soft Power: The means
to success in world politics. 2004. New York: Public affairs.
Nye, Joseph S. Jr. The Paradoxes
of American Power: Why the World’s Only Superpower Can’t Go It Alone. 2002.
New York: Oxford University Press.
http://nationalinterest.org/blog/paul-pillar/the-american-perspective-hard-soft-power-4669
* Eron W A Ferreira é acadêmico do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.
* Eron W A Ferreira é acadêmico do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.
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