segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Volta ao Mundo em 7 Dias - Notícias de 23/08 a 29/08

  • Peru
    Na manhã deste domingo (29), duas embarcações colidiram no rio Huallaga, em Muyuana, localizado na Amazônia peruana. De acordo com o Instituto Nacional de Defesa Civil, há 11 mortos e uma quantidade indeterminada de desaparecidos, até o momento. Uma das embarcações carregava mercadorias, enquanto a outra transportava passageiros de uma comunidade religiosa que voltava à cidade de Yurimaguas, após uma vigília. 
  • Estados Unidos da América
    Exatamente 16 anos depois do Furacão Katrina, que deixou atrás de si um rastro de destruição pela costa sul dos Estados Unidos, os moradores da região temem um arrasamento ainda maior com a chegada do Furacão Ida. Uma intensa evacuação em Nova Orleans e cidades próximas para a procura de abrigo causou congestionamento nas saídas para as estradas, além de lotar aeroportos com a grande procura de voos para locais mais seguros. Infelizmente, a intensidade do furacão impediu que muitas pessoas evacuassem da região, que foram recomendadas a procurar abrigo. 
    De acordo com o Centro Nacional de Furacão dos Estados Unidos, o Ida trará consigo ondas de tempestades "extremamente ameaçadoras para a vida". Na manhã de domingo (29), já haviam sido reportadas algumas áreas sem eletricidade. O alerta é de que o fornecimento de energia elétrica pode ser interrompido por conta dos fortes ventos. 
  • Israel e América Latina
    Apesar dos pedidos da Organização Mundial da Saúde de interromper a aplicação da terceira dose do imunizante contra a Covid-19, Israel e alguns países da América Latina já iniciaram a campanha para a dose de reforço. A preocupação da OMS em relação ao assunto é resultado do fato de que ainda há uma grande disparidade na distribuição de vacinas entre países mais ricos e os menos desenvolvidos. A aplicação da terceira dose significa que países mais pobres não tenham a chance de progredir na imunização da própria população. De acordo com "Our World in Data", Haiti, República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Iêmen, Chade, Guiné-Bissau, Mali e Tanzânia não chegam nem a 0,5% da população totalmente vacinada, enquanto Israel possui 62,2%. 
  • Itália
    A pandemia intensificou a procura de abrigo em outros países. No sábado (28), uma embarcação com 539 passageiros foi encontrada à deriva na costa da Itália. Os passageiros do barco são de origem libanesa e procuram refúgio na Europa. Alida Srrachieri, médica da organização Médico Sem Fronteiras, afirmou que vários resgatados pareciam ter sido agredidos em seu país. 
    A Ilha de Lampedusa, um dos principais pontos de acesso para a Europa, possui um acampamento de refugiados e migrantes, com ocupação para 300 pessoas. Atualmente, esse número quintuplicou, forçando os refugiados a acampar na beira de estradas, correndo o risco de sofrer com a deportação. 
  • Alemanha
    Uma manifestação contra as restrições por conta da pandemia aconteceu em Berlim, no sábado (28). Alguns dos manifestantes tentaram transpor as barricadas que protegiam o distrito governamental ao redor do parlamento Reichstag, o que causou o conflito entre a polícia e os manifestantes. De acordo com a força, 50 pessoas foram detidas, algumas por agredir os agentes. 
    Os protestantes carregavam cartazes com frases como "eu tenho minha própria opinião" e "covid-84", como uma referência ao livro 1984. Poucos manifestantes fazia uso da máscara, tão importante para impedir a propagação do coronavírus. A eleição federal, que acontece no mês que vem, traz candidatos com promessas de que lockdowns rígidos não acontecerão mais.

Referências
COLISÃO entre embarcações deixa ao menos 11 mortos no Peru. G1. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/08/29/colisao-entre-embarcacoes-deixa-ao -menos-11-mortos-no-peru.ghtml.
FURACÃO Ida chega a Louisiana na costa dos EUA e desperta os temores provocados pelo Katrina. El País. Disponível em: https://brasil.elpais.com/internacional/2021-08-29/furacao-ida-chega-a-louisiana-na-c osta-dos-eua-e-desperta-os-temores-provocados-pelo-katrina.html.
NA América Latina, países aplicam a 3 dose enquanto outros dependem de doações. UOL. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2021/08/29/atrasos-falta-de- vacina-e-3-dose-expoem-desigualdades-na-america-latina.htm.
OMS pede interrupção de aplicação de doses de reforço de vacina contra covid-19. G1. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/08/04/oms-pede-interrupcao-de-aplicacao- de-doses-de-reforco-de-vacina-contra-covid-19.ghtml.
Israel começa a aplicar a 3a dose da vacina contra a covid-19 em todos os maiores de 12 anos. G1. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/08/29/israel-comeca-a-aplicar-a-3a-dose-d a-vacina-contra-a-covid-19-em-todos-os-maiores-de-12-anos.ghtml.
A impactante imagem de 500 migrantes transbordando de barco perto da Itália. G1. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/08/29/a-impactante-imagem-de-500-migran tes-transbordando-de-barco-encontrado-perto-da-italia.ghtml.
Polícia e manifestantes entram em conflito em marcha contra restrições de covid em Berlim. UOL. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2021/08/28/policia-e-manifestante s-entram-em-conflito-em-marcha-contra-restricoes-de-covid-em-berlim.htm
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quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Me Indica um Livro: Pequena Abelha, de Chris Cleave

Imagem: Entre Livros e Personagens

Por Bárbara Moraes1 

    Uma matéria sobre refugiados? “Não acho que você está entendendo que as pessoas vão abandonar a leitura logo no começo. Não é um assunto que afete a vida de alguém, o problema é esse”. 
    E essa é uma pitada do mel pelo qual a Pequena Abelha é uma leitura obrigatória não somente para todos os internacionalistas – mas para todas as pessoas. De fato, quando o assunto é refúgio, poucos analisam a situação no detalhe: “somos pessoas trágicas: não nos deixam contar o que teve de bom em nossas vidas, apenas as coisas ruins – é o que cabe em um pedido de refúgio. E se você não pode ler as coisas bonitas que aconteceram na vida de alguém, por que se importaria com as suas tristezas?”.
    As breves nuances destacadas exemplificam a sensibilidade com que Cleave narra a história de duas mulheres entrelaçadas por um infortúnio derivado de conflitos de poder por petróleo na África. Duas mulheres, duas histórias e dois países para retratar o que palavras dificilmente o fariam: a vida de um refugiado, que no caso é a nossa protagonista, a Pequena Abelha, de somente 16 anos. 
    Ao lado da Abelhinha temos Sarah, editora-chefe de uma revista britânica e mãe do Charlie, um menino de 4 anos. O autor traz o retrato da mulher branca de classe média e os desafios inerentes à rotina da mulher (e mãe) empreendedora, com seus dilemas e questionamentos morais. “Exilada da realidade. Refugiada em si mesma”, é a mulher que busca a beleza e o crescimento da vida, mesmo quando através da dor. 
    A fim de evitar os famosos spoilers e ao mesmo tempo querendo contar a história inteira, limito-me a destacar que o paralelo traçado em toda a obra demonstra com maestria a necessidade de repensarmos a forma como enxergamos o refugiado, o apátrida, enfim – o migrante.
    Segundo dados da Acnur (Alto-comissariado das Nações Unidas para Refugiados), são pelo menos 82,4 milhões de pessoas ao redor do mundo que foram forçadas a deixar suas casas². O número representa quase toda a população de países como Turquia, Alemanha e Irã (que estão na média dos 83-84 milhões)³. Entre essas pessoas, cerca de 26,4 são refugiados - metade com menos de 18 anos. 
    E aqui vislumbramos a beleza da obra: é sobre relembrar que esses números que vemos diariamente na mídia, de forma objetiva e distante, na verdade são pessoas reais. São histórias roubadas, exportadas para outros países, de forma abrupta e, em regra, sem dignidade. 
    Assim, em que pese fictícia, a obra foi baseada em relatos de pessoas que passaram entre os mais de dez centros de detenção de imigrantes no Reino Unido. Os conflitos retratados na Nigéria também fazem jus à realidade: no período de redação do livro, o país ocupava a posição de 8o maior exportador de petróleo no mundo4 e o 2o lugar como exportador africano de pleiteantes de asilo político no Reino Unido.
    E mesmo contextualizada, a temática não podia ser mais universal. As crises humanitárias na Síria, Afeganistão e Sudão do Sul – somente 3 países - totalizam 67% dos refugiados do mundo hoje, segundo dados da Acnur. São mais de 11 milhões de pessoas. É pensar na saída de toda a população de países como Cuba e Portugal. No Brasil também não é diferente. Hoje mais de 260.000 refugiados e migrantes venezuelanos vivem no país. 
    Destarte, se um mínimo de empatia não é capaz de ser observada nas opiniões sobre migrantes, como se percebe em manifestações como “a verdade sobre os ‘venecos’? Para mim, poderiam ser eliminados como ratos”, a expectativa é que obras como essa inspirem novas formas de enxergar pessoas que, vítimas de perseguições e conflitos, poucas opções possuem além de ir para outro país. 
    E, por fim: por que o livro se chama Pequena Abelha? Pois paz é quando as pessoas podem contar umas às outras seus nomes de verdade. Conheça a história dela, da menina que não pode contar seu nome em razão da situação do país em que vivia. Deixe-a mostrar como uma história doce e ferroada é capaz de polinizar novos ressignificados sobre você, sobre eles, sobre todos nós. 

¹Bárbara é bacharel em Direito pela Universidade Positivo e Acadêmica de Relações Internacionais pela Unicuritiba. 
²Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/dados-sobre-refugio/. Acesso em Agosto/2021. 
³Dados da Wikipedia, que seguem as estimativas oficiais de cada Estado. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pa%C3%ADses_por_popula%C3%A7%C3%A3o.Acesso em Agosto/2021.
Fonte: US Energy Information Administration, “Top World Oil Net Exporters 2006”. 
Fonte: UK Office for National Statistics, “Applications received for asylum in the United Kingdom, excluding dependants, by nationality, 1994 to 2002”.
Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/2021/04/20/interiorizacao-beneficia-mais-de-50-mil-refugiados-e-migrantes-da-venezuela -no-brasil/. Acesso em Agosto/2021. 
Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2021/05/16/interna_internacional,1267219/odio-aos-migrantes-venezuela nos-toma-conta-da-america-latina.shtml. Acesso em Agosto/2021. 

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segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Volta ao Mundo em 7 Dias - Notícias de 16/08 a 22/08

  • Afeganistão
    Emirado Islâmico do Afeganistão. Esse é o nome que o país assumiu no ano de 1996 quando foi controlado pelo grupo fundamentalista islâmico mais falado dessas últimas semanas que tomou conta das notícias internacionais, o Talibã. Agora, os extremistas voltam ao poder depois de 20 anos de domínio das forças militares dos EUA e aliados, retomando o antigo nome oficial do país. 
    Na quinta-feira (19), o Talibã hasteou sua nova bandeira que retira as cores verde e vermelha e adiciona um ditado em preto escrito em um fundo branco, conhecido como Shahada, que pode ser entendido como: “Não há outro deus além de Alá, e Muhammad é seu mensageiro”, dizer que está estampado também na bandeira da Arábia Saudita.
    Também na quinta-feira, que é o dia da independência do Afeganistão (19/08), alguns afegãos se aventuraram nas ruas de Cabul e em cidades como Jalalabad e Asadabad no extremo leste do país, utilizando a agora antiga bandeira como símbolo de resistência em protesto contra o Talibã, que respondeu de forma violenta com relatos de mortes especialmente fora da capital. 

Corajosos protestos contra o Talibã. Foto: Reuteurs.

    
Inevitavelmente, o Afeganistão roubou a cena das últimas redações dos veículos de imprensa e dos vídeos nas redes sociais e certamente ainda será 
comentado por muito tempo, não somente pelas tristes cenas de afegãos desesperados para tentar deixar o país de qualquer maneira ou pelo menos salvar seus filhos, mas pela importância que as potências mundiais estão dando para a região.
    Apesar dos EUA estarem em foco por conta da retirada deliberada das tropas e civis que trabalharam para o país durante os anos de controle do país, a China e a Rússia em seus discursos, respectivamente, planejam manter relações amistosas com o Talibã e veem uma potencial cooperação com o grupo extremista. A União Europeia, por sua vez, anunciou no sábado (21) que não reconhece o governo Talibã e não mantém negociações políticas com o grupo. 
    O Blog Internacionalize-se ainda vai publicar uma matéria especial sobre o Afeganistão explicando o cenário da região com o professor Andrew Traumann, especialista em Oriente Médio. 
  • Haiti
    Essa foi mais uma semana tenebrosa para o Haiti, agora por conta dos insuperáveis desastres naturais após mais um período de instabilidade política. Após um forte terremoto de magnitude 7,2 atingir a ilha na semana passada, o país foi impactado pela passagem do ciclone Grace na terça-feira (17), além de um segundo terremoto de magnitude 4,9 ter marcado presença um dia depois. Ariel Henry, novo primeiro-ministro do país, declarou estado de emergência por 30 dias. 
    Essa sucessão de eventos catastróficos dificultou muito as ações de resgate na ilha, destruindo aproximadamente três mil propriedades e fazendo mais de duas mil vítimas. Segundo a chilena Consuelo Alzamora que mora no Haiti há dez anos, a cidade de Les Cayes, terceira maior da ilha que foi extremamente danificada pelos tremores, está desabastecida porque muitas pessoas fizeram pequenas malas e debandaram para o campo ou para a capital, Porto Príncipe, com medo de que suas casas desmoronassem.
    De acordo com Alzamora, que tem um centro de reabilitação física que está prestando assistência para hospitais e ajudando as pessoas com o melhor que podem, relatou à BBC que o país “sempre se sente abandonado, em todos os sentidos. As pessoas aqui se sentem solitárias e abandonadas porque, por alguma razão, a ajuda não chega. E não sabemos se vai chegar.” 

Destruição em Les Cayes. Foto: Ralph Tedy Erol/Ap Photo

  • Estados Unidos da América
    O ex-presidente Trump foi protagonista de uma cena inusitada na noite de sábado (21), apesar das notícias acerca do país estarem concentradas nas medidas militares tomadas por Biden no Afeganistão. Em um comício na pequena cidade de Cullman no Alabama, Trump foi vaiado por alguns apoiadores republicanos mais conservadores após discursar recomendando a vacinação, realçando que ele próprio está vacinado. Segundo o republicano, “se ela (a vacina) não funcionar, você será o primeiro a saber. Mas está funcionando.” 
    Ao mesmo tempo, defendeu a liberdade de escolha daqueles que se manifestaram e o vaiaram. O Alabama é o estado com a menor taxa de vacinação do país, correspondendo à 36% de sua população vacinada, o que culminou em um aumento considerável de casos e hospitalizações por conta da variante delta do coronavírus. 
    Ainda em março desse ano, Trump também paradoxalmente chegou a defender a vacinação em uma entrevista à TV após permanecer muito tempo calado sobre o assunto, inclusive depois de ser muito criticado durante seu mandato por minimizar a gravidade da pandemia. 
  • Japão
    A poucos dias do início dos Jogos Paralímpicos de Tóquio que começam dia 24 de agosto, um estudo do Instituto de Doenças Infecciosas do Japão apontou que 98% dos novos casos de coronavírus na capital japonesa são provenientes da nova variante delta, iniciando uma nova onda de infecções no país. A sede dos Jogos Olímpicos registrou o número recorde de 25 mil novos da doença em 24 horas pela primeira vez desde o início da pandemia nessa quarta-feira (18), fazendo com que o governo prolongasse o decreto de estado de emergência para o dia 12 de setembro. Vale lembrar que grande parte da população japonesa protestou contra a realização dos Jogos, especialmente pela lentidão do processo de vacinação na época que antecedia o evento.

Referências
ALEGRETTI, L. Afeganistão: os interesses de EUA, China, Rússia, Irã e Paquistão no futuro do país. BBC News Brasil, 2021. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gfW1IfNtGP0&t=304s>.
CHEE, F. Y. União Europeia diz que não reconhece o Talibã e que não mantém negociações. CNN Brasil, 2021. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/uniao-europeia-diz-que-nao-reconhece-o -taliba-e-que-nao-mantem-negociacoes/>. 
G1. Afegãos protestam no Dia da Independência; há mortos. G1, 2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/08/19/afegaos-protestam-no-dia-da-indep endencia.ghtml>.
G1. Conheça a bandeira Talibã e saiba por que a oficial do Afeganistão pode virar símbolo de resistência. G1, 2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/08/18/conheca-a-bandeira-taliba-e-saiba-p or-que-a-oficial-do-afeganistao-pode-virar-simbolo-de-resistencia.ghtml>. 
G1. Talibã declara Emirado Islâmico do Afeganistão; países aceleram retirada de cidadãos. G1, 2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/08/19/taliba-declara-emirado-islamico-do- afeganistao-paises-aceleram-retirada-de-cidadaos.ghtml>.
GLOBO. Japão registra mais de 25 mil casos de Covid em 24 horas pela primeira vez. Globoplay, 2021. Disponível em: <https://globoplay.globo.com/v/9783504/>. 
PAÚL, F. Terremoto no Haiti: 'Estamos abandonados, e o povo está desesperado por comida, por alguma ajuda'. BBC News Brasil, 2021. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-58267614>. 
SMITH, A. Trump booed at Alabama rally after telling supporters to get vaccinated. NBC News, 2021. Disponível em: <https://www.nbcnews.com/politics/donald-trump/trump-booed-alabama-rally-after-tel ling-supporters-get-vaccinated-n1277404>. 
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quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Cuba é a Faixa de Gaza da América Latina. Haiti é como se não fosse aqui.

    Na Palestina, a Faixa de Gaza compreende um território de 40 quilômetros de comprimento por no máximo 12 de largura. Ali, encostados no Egito ao sul e espremidos por Israel por todos os lados, sobrevivem quase 2 milhões de pessoas num dos espaços mais densamente povoados do planeta. Além disto, a população tem crescido, em média, 3,2% ao ano. Sem espaço para pecuária, Gaza também não tem infraestrutura sequer para uma industrialização básica. 
    Toda esta miséria é cercada por aço. Em 2010, o então premiê israelense Benjamin Netanyahu anunciou a construção de mais de 100 quilômetros de muralhas para bloquear o território palestino. Este cerco por água, terra e ar era justificado pelo caráter “judaico e democrático” do estado de Israel, declarou Netanyahu. Não bastasse a asfixia humanitária e econômica, Gaza sofreu bombardeios israelenses em 2008, 2012, 2014 e 2021. Em 2012, inclusive, uma escola das Nações Unidas na Palestina foi posta em ruínas. 
    Enquanto em Gaza não há como sequer realizar uma transfusão de sangue em um ferido, Cuba goza de um dos melhores sistemas públicos de saúde do mundo. Isto que, há quase 60 anos, a ilha caribenha enfrenta um bloqueio econômico dos Estados Unidos similar – embora mais brando – ao que os palestinos encaram de Israel.
    Em 2021, pela 29o vez, a maioria dos países da ONU foram contra o bloqueio americano a Cuba. Foram 184 votos favoráveis a resolução que condena o embargo e apenas dois contrários: o próprio embargante e, curiosamente, Israel. 
    Cuba está estagnada econômica, cultural, tecnológica e intelectualmente nos anos 1960. É raro ver carros na rua que ainda possuem linha de fabricação e comum observar meninos chutando bola com camisas do Botafogo de Garrincha no Malecon Habanero. O embargo, indiretamente, fez dos mecânicos cubanos os mais criativos do mundo, já que não há sequer uma autopeça made in USA na ilha. Se é difícil para o mundo automotivo, que dirá para as demandas de modernização e acesso à internet, causa dos mais recentes protestos contra o governo de Miguel Díaz-Canel que renderam mais de 400 prisões de manifestantes.
    Engessada, a economia do país é absolutamente dependente do turismo que, pela pandemia do coronavírus, praticamente inexistiu neste um ano e meio. Para piorar a agitação social, o país enfrentou seguidos blecautes em decorrência de acidentes em estações elétricas, que seriam facilmente resolvidos não fosse a dificuldade que o embargo estadunidense impõe na importação de todo e qualquer material.


    São menos de 90 quilômetros que separam as ilhas se considerarmos o ponto mais oriental de Cuba até o extremo ocidente do Haiti. Enquanto Havana lidou relativamente bem com a pandemia e já vacinou mais de 30% da população contra a Covid-19, Porto Príncipe não tem sequer condições de armazenamento resfriado de doses de imunizante, o que torna a vacinação um programa sanitário natimorto. 
    O terremoto do início de 2010 chacoalhou ainda mais a miséria no país mais pobre do continente. Foram mais de 300 mil mortos, 300 mil feridos e 2 milhões de flagelados somente no cismo. Em decorrência dele e da Missão de Paz da ONU liderada pelas Forças Armadas do Brasil, vieram uma epidemia de cólera que chegou a hospitalizar mais de 20 mil pessoas e uma onda de delinquência inédita. 
    Mais de década depois da catástrofe, o Haiti se encontra quiçá pior que há dez anos. O país, desde e por causa da sua fundação na virada do século XVIII para o XIX, não experimentou estabilidade minimamente duradoura. Entre o fim dos anos 1800 e começo do século XX, dos 20 governantes que se sucederam, 16 foram mortos ou depostos. É como, se até hoje, o centro euro-americano não aceitasse que a revolta de escravos descendentes de africanos tenha reivindicado a liberdade, igualdade e fraternidade de Bonaparte para a colônia canavieira tropical de Saint-Domingue, fazendo do Haiti a primeira nação independente da América Latina em 1804, não reconhecida pelos Estados Unidos. 
    Mesmo independente da França, o país recém-nascido teve de compensar financeiramente os donos de escravo da metrópole, o que hipotecou o Haiti aos bancos franceses por todo os anos 1800. Com o declínio dos impérios francês, britânico e espanhol e ascensão dos EUA no século XX, o presidente democrata Woodrow Wilson invadiu a ilha e a tornou um protetorado americano em 1915. Por 18 anos, Porto Príncipe viveu sob a batuta direta de Washington. Já no contexto da Guerra Fria, François Duvallier assume o poder – com apoio dos Estados Unidos - em 1957 após dois pleitos dissolvidos. Papa Doc, como era conhecido, instaurou uma sombria ditadura que se apropriava de estereótipos do vodu para o terror policialesco. Morto, o então presidente vitalício passou o cargo 1972 para Jean-Claude, o Baby Doc, seu filho.
    Enchendo o pai de orgulho, Baby Doc continuou a perseguir a Igreja Católica e decretou estado de sítio em 1986. Entre a queda e exílio na França de Jean-Claude e a eleição do padre Jean-Bertrand Aristide em 1990 houve mais reviravoltas que na última temporada de Game of Thrones. Aristide, inclusive, só foi tomar posse quatro anos depois, quando o Conselho de Segurança da ONU aprovou bloqueio total ao país. Com apoio militar norte-americano, o clérigo finalmente assumiu a presidência.
    Quando tudo parecia se encaminhar para uma aparente normalidade, Aristide foi acusado de fraude eleitoral pela oposição no começo dos anos 2000, que se levantou em grupos paramilitares e milicianos para o depor em 2004. Daí surgiu a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti, comandada pelo brasileiro General Augusto Heleno, hoje Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional do Brasil. 
    A força-tarefa chegou a contar com mais de 30 mil militares de 15 países diferentes, esteve lá durante as catástrofes de 2010 e terminou em 2017. A Missão não somente falhou em trazer estabilidade política ao Haiti, como também é comumente alvo de denúncias de violências e abusos sexuais. Até que em julho de 2021 houve outro magnicídio. Jovenel Moïse, o presidente do país, foi morto na cama de sua residência por mercenários estrangeiros e opositores nacionais. 
    Enquanto notícias da invasão de manifestantes ao Capitólio norte-americano ainda repercutam internacionalmente como um dos maiores ataques a democracia, o assassinato de Moïse já é notícia velha no folhetim de tragédias haitianas. No máximo, há de servir como pretexto para mais uma invasão bélica estrangeira no instável país, tratado como se não merecesse estar cravado no meio do azul do mar caribe. 
    Há mais de meio século, um espichado país cercado de lágrimas por todos os lados sobrevive sob a sombra da maior máquina de guerra da história da humanidade. No oriente médio, outro bocado de oprimidos padece dos mesmos males, exceto que sob procuração. No entanto, os fantasmas de Fidel Castro e do Hamas parecem servir de cortina de fumaça sobre o verdadeiro problema que enfrentam Cuba e Palestina: o bloqueio. 
    No Haiti, a miséria está tão intrinsecamente naturalizada que nada parece dar jeito. E as soluções que a comunidade internacional vislumbra ao país são as mesmas, e erradas, desde a sua independência. 
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segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Os preocupantes extremos climáticos de julho


    Os veículos de imprensa mundiais e as redes sociais foram tomados por notícias, manchetes e vídeos que mostraram os recordes de temperatura, desde o calor extremo no Canadá ao frio intenso no Brasil, realçando a intensidade dos fenômenos climáticos e atmosféricos, como o clima de monções e os chamados El Niño e La Niña, visivelmente alterados pelas consequências das ações do ser humano ao redor do planeta que proporcionaram episódios preocupantes e incomuns no mês de julho. Um dos acontecimentos mais marcantes foi a onda de calor extremo no sudoeste canadense e no noroeste dos EUA, a qual foi nomeada “cúpula de calor” pelos meteorologistas, que levou à cidade de Lytton no Canadá, próxima à metrópole Vancouver, atingir temperaturas impressionantes de 49,6°C depois de dias batendo o recorde de verão mais quente da história do país. 
    Esse fenômeno climático ocasionou centenas de mortes e milhares de incêndios, além de ter cozinhado mais de um bilhão de animais marinhos vivos como mexilhões e outros diferentes tipos de moluscos que prejudicaram totalmente as economias dos pescadores locais. Essa irregularidade de temperaturas observada no Canadá pode ser entendida como um bloqueio atmosférico que impede a chegada de massas de ar frias na região. Juan Antonio Añel, professor de Física da Terra da Universidade de Vigo, alertou que a província da Colúmbia Britânica chegou a 20°C acima do normal, frisando que a situação não é normal mesmo com o forte verão da América do Norte, já que as mudanças climáticas aumentam as chances de mais fenômenos anormais como esse acontecerem.
Mexilhões mortos pelo calor no litoral canadense. Foto via: Getty Images.

    
As ondas de calor foram responsáveis também por mais de 60 focos de incêndio na Turquia, que por conta de fortes ventos acabou espalhando o fogo por diversas florestas, obrigando os habitantes de 34 vilas diferentes a deixarem suas casas e protagonizando cenas catastróficas que mostravam o fogo muito próximo às regiões urbanas. Segundo o Diário Independente da Turquia, após o mês de maio mais quente da história do país, os turcos tiveram seu dia mais quente em mais de 50 anos nesse mês de julho no distrito de Cizre no sudeste do Estado, ultrapassando os 49°C. Foram registrados 133 incêndios na Turquia nesse ano, muito acima dos 43 registrados em média nos anos anteriores, somando mais de 90 mil hectares queimados. O país inteiro está em alerta e recebe ajuda de aviões enviados pela União Europeia para despejarem água e combaterem as chamas que também afetam o sul da vizinha Grécia, porém em menor escala. 
    Para se ter melhor ideia da dimensão das queimadas e da anormalidade das temperaturas que ocorreram em julho, a região de Yakutia, a maior e mais fria da Sibéria russa, enfrentou gigantescos incêndios florestais que queimaram cerca de 1,5 milhão de hectares de permafrost nos últimos três meses e está passando pelo verão mais seco dos últimos 150 anos de acordo com o The Guardian. A cidade de Yakutsk, maior cidade da região de mais de 300 mil habitantes, vive um momento muito semelhante à cidade de São Paulo em 2019: dia encoberto pelas fumaças dos incêndios florestais que mudaram completamente a vida da população local, que foi orientada pelo governo a ficar em casa de janelas fechadas.
Incêndios em Yakutia, Rússia. Foto: The New York Times.

    
Com efeito do aumento das temperaturas, a evaporação da água é acelerada, favorecendo a ocorrência de temporais muito mais fortes que o habitual. As monções, período de chuvas torrenciais que se estende de junho a setembro principalmente no continente asiático, foi uma das protagonistas dos inúmeros episódios de inundações e deslizamentos que acarretaram centenas de mortes e milhares de desabrigados em diferentes partes do mundo, como na província de Henan na China e em diferentes regiões da Índia.
    A metrópole chinesa de Zhengzhou foi colocada em alerta vermelho após volumes recordes de chuvas obrigarem mais de 200 mil habitantes a abandonarem suas casas, impulsionados também pelo rompimento de uma barragem na região. Localizada na bacia do rio Amarelo, segundo mais longo do país, Henan possui uma importante rede fluvial em termos comerciais que atravessa seu território. A província começou a sofrer com transbordamentos e inundações de forma nunca antes vista, principalmente após o aumento generalizado nas construções de novas barragens que interromperam o fluxo natural da água entre o rio Amarelo e os lagos da região.
    Vídeos circulando nas redes sociais mostraram o impacto das chuvas e os problemas enfrentados pelos habitantes por conta desse agravamento climático, como o resgate de mais de 500 pessoas na rede de metrô em Zhengzhou e os efeitos devastadores das monções no estado de Assam, no nordeste da Índia que faz fronteira com o Nepal. Nessa região, aproximadamente quatro milhões de pessoas ficaram desabrigadas e plantações foram devastadas por conta das fortes chuvas. Já no extremo oposto indiano, as monções invadiram uma fábrica de purificação de água em Mumbai, megacidade de mais de 20 milhões de habitantes, paralisando o sistema de abastecimento da cidade. 
Enchente de Zhengzhou, capital da província chinesa de Henan.

    Outro cenário atípico que foi noticiado por semanas pela mídia ocidental foram as notáveis inundações localizadas no continente europeu, causadas por chuvas torrenciais principalmente na Alemanha e na Bélgica, em regiões onde ocorreram deslizamentos e destruições de vilas que somaram aproximadamente 200 mortes e milhares de desaparecidos, o que foi considerado o maior desastre natural da história alemã recente. De acordo com a chanceler Angela Merkel, as adversidades climáticas estão se tornando cada vez mais recorrentes e a comunidade europeia precisa responder a isso rapidamente, descrevendo a situação como “surreal e assustadora” após visitar as áreas mais afetadas do país.
    Em meio a esses acontecimentos, a União Europeia divulgou doze medidas que compõem um novo plano de combate às mudanças climáticas. Estão sendo negociadas entre os países membros, por exemplo, a imposição de limites mais rígidos para as emissões de carbono produzidas por automóveis e um maior incentivo para a produção e venda de carros elétricos, além da criação de um imposto sobre combustíveis utilizados na aviação e tarifas chamadas “fronteiras de carbono”, com o objetivo de proteger a indústria interna da UE de concorrentes estrangeiros que não cumprem os mesmos padrões ambientais impostos pelo bloco.
    Enquanto alguns países alagam, outros passam por uma das maiores crises hídricas de suas histórias. De acordo com o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), em mais de 90 anos o Brasil nunca tinha visto uma escassez nos seus reservatórios em tal intensidade. Devido à irregularidade das chuvas no verão, o abastecimento de água fica realmente ameaçado principalmente na região sul e sudeste do país, além de causar impacto na agricultura e encarecer a energia elétrica no inverno. Nessa época a região é naturalmente mais seca nessas localidades e afeta consideravelmente a Bacia do Paraná, que engloba os rios com maior capacidade de produção elétrica do Brasil. As vegetações novas, como lavouras, por possuírem raízes mais curtas, dificultam a infiltração da água da chuva nos lençóis freáticos, diminuindo a vazão dos rios e o nível dos reservatórios das hidrelétricas, problema que tem sido cada vez mais frequente no cerrado brasileiro, berço das maiores bacias hidrográficas do país, como a do rio Paraná.
Seca no Rio Paraná. Foto: Giovani Zanardi/RPC

    
Acompanhando a seca, a onda de frio extremo que o sul, sudeste e partes do centro-oeste do Brasil estão enfrentando nesse momento é também produto do aumento das temperaturas médias do planeta. Apesar de parecer controverso, é uma realidade muito preocupante que ainda é utilizada incorretamente por negacionistas da ciência como argumento para descredibilizar o aquecimento global e suas consequências. No caso brasileiro por exemplo, o fenômeno da troca de massas de ar quentes para a Antártida e frias para a América do Sul é intensificado significativamente. 
    Nos últimos anos, algumas cidades do centro-sul do Brasil tiveram dias muito quentes em pleno inverno enquanto o continente gelado, por sua vez, não recebe raios solares nessa época do ano. Essa disparidade de temperaturas ao longo do tempo prejudica o fenômeno que era para acontecer naturalmente, fazendo com que as massas de ar mais quentes vindas do continente americano forçassem a entrada na Antártida, que devolve uma massa de ar polar rigorosa que bate os recordes de temperatura abaixo de zero nas serras catarinense e gaúcha e agrada os turistas que vão para Gramado (RS) presenciar a neve. 
    Dito isso, é importante entender que as anomalias climáticas não se limitam apenas à geografia ou às mudanças climáticas, mas também à má gestão dos recursos naturais e ao desmatamento que impulsionam o aquecimento global. Segundo o gerente de água membro da ONG The Nature Conservancy, Samuel Barreto, a perda de vegetação nativa agrava muito a situação, por exemplo, do norte e do nordeste do Brasil que enfrenta o fenômeno das inundações: “(...) as florestas cumprem um serviço importante. Elas ajudam a reter a água da chuva que infiltra no solo e nos lençóis freáticos. Isso atenua os picos de enchente e de seca.”
    Além disso, de acordo com José Marengo, climatologista e coordenador-geral de pesquisa e desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o cenário de muitas chuvas na Amazônia e a falta delas no cerrado “são exemplos de extremos climáticos, que, de certa forma, são consequências de uma variabilidade muito irregular do clima; uma consequência do aquecimento global”.
    Esse foi realmente um mês alarmante e preocupante para o futuro. É preciso sempre destacar que os fenômenos climáticos e suas particularidades, sutis ou extremas, existem e são naturais, porém são agravadas e transtornadas pela ação humana no planeta. Dessa forma, é de se esperar que as autoridades competentes dos Estados priorizem os debates direcionados ao desenvolvimento sustentável em suas agendas e que cooperem em âmbito internacional para combater e amenizar de maneira efetiva os extremos climáticos vivenciados nesse julho de 2021.

Referências
AFP. Fortes chuvas de monção deixam mais de 30 mortos na Índia. G1, 2021. Disponível em:<https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/07/18/fortes-chuvas-de-moncao-deixam-mais-de-30-mortos-na-india.ghtml>. Acesso em: 18 Julho 2021.
BAKER, S. Extreme weather is sweeping the world, with devastating floods and wildfires on 3 continents at once. INSIDER, 2021. Disponível em: <https://www.businessinsider.com/photo-video-europe-china-flooding-oregon-siberia- canada-wildfires-2021-7>. Acesso em: 31 Julho 2021. 
DUVAR. Turkey breaks 1961 record for hottest temperature with 49.1°C. DuvaR English, 2021. Disponível em: <https://www.duvarenglish.com/turkey-breaks-1961-record-for-hottest-temperature-wi th-4910c-news-58257>. Acesso em: 17 Julho 2021.
DW. Enchentes prendem centenas em metrô e deixam mortos na China. DW, 2021. Disponível em: <https://www.dw.com/pt-br/enchentes-prendem-centenas-em-metr%C3%B4-e-deixam-mortos-na-china/a-58574702>. Acesso em: 22 Julho 2021. 
FELLET, J. A crise que deixou cataratas do Iguaçu irreconhecíveis e ameaça país de falta d'água e apagão. BBC News Brasil, 2021. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=qVBYf0bLJE0>. Acesso em: 23 Julho 2021.
FELLET, J. Os preocupantes sinais que unem frio recorde no Brasil a enchentes e calor pelo mundo. BBC News Brasil, 2021. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=5ulPdaIxyvw>. Acesso em: 31 Julho 2021. 
G1. Entenda em 5 pontos o novo plano da União Europeia para combater mudanças climáticas. G1, 2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/07/14/ue-lanca-plano-para-combater-mud ancas-climaticas.ghtml>. Acesso em: 26 Julho 2021. 
G1. Sobe para 196 o no de mortos pelas chuvas na Europa. G1, 2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/07/19/chuvas-na-europa-sobe-o-numero-d e-mortos-na-alemanha-e-na-belgica.ghtml>. Acesso em: 24 Julho 2021. 
JAZEERA, A. Wildfires cause further devastation in Turkey, Greece. Al Jazeera, 2021. Disponível em: <https://www.aljazeera.com/news/2021/8/2/turkey-battles-wildfires-for-sixth-day-deat h-toll-reaches-eight>. Acesso em: 29 Julho 2021. 
PLANELLES, M. Canadá ferve sob 49 graus: entenda o que está por trás das ondas de calor cada vez mais frequentes. El País, 2021. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/ciencia/2021-07-02/canada-49c-entenda-o-que-esta-por-tras-das-ondas-de-calor-cada-vez-mais-frequentes.html>. Acesso em: 17 Julho 2021. 
PONTES, N. O que deixou o Brasil à beira de uma crise hídrica histórica? DW, 2021. Disponível em: <https://www.dw.com/pt-br/o-que-deixou-o-brasil-%C3%A0-beira-de-uma-crise-h%C 3%ADdrica-hist%C3%B3rica/a-57988627>. Acesso em: 27 Julho 2021.
REUTERS. Inundações na Índia e Nepal deixam quase 4 milhões desabrigados. G1, 2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/07/19/inundacoes-na-india-e-nepal-deixa m-quase-4-milhoes-desabrigados.ghtml>. Acesso em: 21 Julho 2021.
ROTH, A. ‘Everything is on fire’: Siberia hit by unprecedented burning. The Guardian, 2021. Disponível em: <https://www.theguardian.com/world/2021/jul/20/everything-is-on-fire-siberia-hit-by-u nprecedented-burning>. Acesso em: 21 Julho 2021.
WATTS, J. ‘Airpocalypse’ hits Siberian city as heatwave sparks forest fires. The Guardian, 2021. Disponível em: <https://www.theguardian.com/environment/2021/jul/20/airpocalypse-hits-siberian-cit y-as-heatwave-sparks-forest-fires>. Acesso em: 21 Julho 2021.
WILLIAMS, D. Extreme heat cooked mussels, clams and other shellfish alive on beaches in Western Canada. CNN, 2021. Disponível em: <https://edition.cnn.com/2021/07/10/weather/heat-sea-life-deaths-trnd-scn/index.html>. Acesso em: 14 Julho 2021.
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sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Equipe Olímpica de Refugiados - a equipe esportiva mais corajosa do mundo

Por Amanda Victória Souza*

    As Olimpíadas de 2020, em Tóquio, marcam a segunda participação da Equipe Olímpica de Refugiados. A primeira,  nas Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro,  foi composta por 10 atletas provenientes de diversos países. Neste ano, a equipe é composta por 29 atletas de 10 países competindo nos mais diversos esportes. 
    Anteriormente, esses atletas que não possuem um país para representar podiam participar dos Jogos Olímpicos como atletas independentes, também sem qualquer tipo de representação do seu país de origem. Nesta categoria, porém, enquadram-se pessoas oriundas de países vetados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) por diversas questões, e não exclusivamente refugiados. 
    A delegação de atletas independentes surgiu em 1992 motivada pelo veto à Iugoslávia em relação ao massacre ocorrido na Guerra da Bósnia. Diferentemente, a Equipe Olímpica de Refugiados foi criada em 2015 durante a Assembléia Geral das Nações Unidas, quando o presidente do COI, Thomas Bach, anunciou a criação em meio a cada vez mais altos números de refugiados pelo mundo inteiro, mas também como uma forma de honrá-los e prover esperança, além de um meio para o combate a xenofobia, afinal, os jogos são uma forma de integração de países e nações para cultivar a paz. Depois disso, diversos eventos esportivos internacionais aderiram a ideia e também criaram uma equipe especialmente para acolher os refugiados. 
    Para selecionar os atletas, o COI criou um programa de bolsas, que, atualmente, beneficia 56 atletas refugiados no mundo todo e a partir desses, baseado no seu desempenho esportivo e no seu antecedente pessoal, são selecionados para participar das Olimpíadas. Este ano, participam 25 atletas que foram selecionados desta forma e mais 4 outros que foram selecionados através da Federação Internacional de Judô. Depois da adesão e do sucesso nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, o COI, com o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), criou a Fundação Olímpica para Refugiados que pretende promover o esporte em comunidades de refúgio em diversos países como um meio de inserção de pessoas na comunidade, uma ajuda na criação de identidade, além de claro, incentivo à prática, o que já é feito em muitos campos de refugiados, como o que Anjelina Nadai Lohalith morou, no Quênia e que a incentivou a praticar corrida. Hoje, ela corre em sua segunda olimpíada. 
    Os atletas, naturalmente, são exemplos de superação. Superação ainda maior é a daqueles que motivados por perseguição devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião política, tiveram que deixar seus países, onde, em alguns casos, já tinham até certo reconhecimento em seu esporte, e migrar para outro país, pelo qual não podiam competir internacionalmente. A paixão pelo esporte, porém, não os deixava parar de treinar. É o caso de Abdullah Sediqi, um atleta olímpico de taekwondo que foi morar na Bélgica em 2017, mas já havia conquistado inúmeros prêmios internacionais competindo pelo Afeganistão; ou, Aker Al Obaidi, lutador de luta livre que pela influência de seu pai, dono de um clube de luta, iniciou seus treinos, mas recebeu proteção na Áustria, em 2016, quando fugiu do Iraque. 
    Representando os refugiados que vivem no Brasil, está o atleta judoca Popole Misenga, que disputa pela segunda vez um prêmio nos Jogos Olímpicos e que vive em terras latinoamericanas desde que disputou o Campeonato Mundial de Judô no Brasil, em 2013. Ele começou a praticar o esporte em um centro para crianças no Congo que o abrigou após a morte da sua mãe e afirma que o judô o ajudou a ter comprometimento e disciplina quando não tinha uma família para lhe apoiar. Popole mostra que o esporte traz esperança de um futuro melhor a todos, não só para refugiados recomeçarem uma nova vida em um local distinto e distante, mas também a quem precisa de inspiração para continuar. Além disso, em um futuro melhor, é essencial que a comunidade de refugiados do mundo se solidifique através da sua inserção na comunidade internacional como verdadeiros cidadãos apoiados por direitos como, inclusive, o de competir. 
    Se quiser acompanhar a equipe competindo, a ACNUR preparou um calendário com horários, atletas e modalidades: 

Referências
SEDA, Vicente. Após sucesso de iniciativa no Rio, COI cria Fundação Olímpica para Refugiados. Globo Esporte, 2019. Disponível em: <https://ge.globo.com/olimpiadas/noticia/apos-sucesso-de-iniciativa-no-rio-coi-cria-fundacao-olimpica-para-refugiados.ghtml>. Acesso em: 30 de jul de 2021.
GIANOLLA, Giulia. Tóquio 2020: 4 curiosidades sobre a abertura das Olimpíadas. Guia do Estudante, 2021. Disponível em: <https://guiadoestudante.abril.com.br/noticia/abertura-das-olimpiadas-de-toquio-2020/>. Acesso em: 30 de jul de 2021.
NETO, Virgílio Francesch. Atleta Olímpico refugiado acolhido pelo Brasil, Popole Misenga dá o recado: é preciso acreditar. Olympics, 2021. Disponível em: <https://olympics.com/pt/noticias/atleta-olimpico-refugiado-acolhido-pelo-brasil-popole-misenga-da-o-recado-e-prec>. Acesso em: 30 de jul de 2021.
Conheça os atletas refugiados que competem nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio 2020. ACNUR, 2021. Disponível em: <https://www.acnur.org/portugues/2021/07/09/conheca-os-atletas-refugiados-que-competem-nos-jogos-olimpicos-e-paralimpicos-de-toquio-2020/>. Acesso em: 30 de jul de 2021.
Página Oficial Time de Refugiados no Site da ACNUR. ACNUR, 2021. Disponível em: <https://www.acnur.org/portugues/timederefugiados/#_ga=2.267201870.1322478843.1627673431-1536856287.1621289205> Acesso em: 30 de jul de 2021.

*Amanda é estudante do curso de Relações Internacionais no UniCuritiba e faz parte da Cátedra Sérgio Vieira de Mello.


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