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quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Sistema Eleitoral dos EUA: para entender de vez!

 


Por Pedro Henrique Oliveira*

  Durante as apurações dos votos para decidir qual será o próximo presidente norte-americano, notei movimentação nas redes sociais sobre o quão complexo o sistema eleitoral dos Estados Unidos da América pode parecer. Com isso, segue abaixo um guia básico do processo com o qual os norte-americanos escolhem seu presidente e a função do tão falado colégio eleitoral.

 

 

  Diferente da maioria dos países, onde o voto popular escolhe diretamente o presidente, as eleições americanas possuem, entre o voto popular e o novo eleito, o colégio eleitoral. A explicação começa no Congresso, que é formado por duas partes: a Câmara dos Representantes, onde cada estado pode eleger uma quantidade de representantes equivalente à sua população, e o Senado, onde cada estado elege dois senadores. 


  O colégio eleitoral é baseado em como as pessoas são representadas no Congresso. Por exemplo, o Estado da Califórnia, com 39 milhões de habitantes, possui 53 cadeiras na Câmara dos Representantes e combinando com os dois senadores, a Califórnia tem 55 votos eleitorais. O Alaska, por sua vez, possui apenas uma cadeira na Câmara dos Representantes, dando-lhe apenas 3 votos eleitorais. Dessa maneira, quando um americano vota, está, na verdade, escolhendo em quem seu estado votará. Para vencer, um candidato à presidência precisa conquistar a maioria dos votos eleitorais: 270 de 538.    É este sistema que explica a perca de Hillary Clinton nas eleições de 2016, a candidata venceu em votos populares, mas não venceu em estados chaves para garantir a maioria dos votos do Colégio Eleitoral. 

 

  O colégio eleitoral é formado por membros republicanos ou democratas. Em um estado, se o candidato à presidência ganhar em votos populares, ele recebe todos os votos do colégio independente da formação partidária. Por exemplo, este ano, Joe Biden venceu na Califórnia em votos populares, desta maneira, todos os delegados entregam seus votos ao candidato democrata, mesmo se houver republicanos na formação. Mas Biden, com certeza, não estava preocupado com os resultados na Califórnia, estado com histórico que mostra favoritismo por candidatos democratas. E nem Donald Trump pensou em intensificar sua campanha no Estado de Wyoming, considerado um “Red State”, que costuma eleger candidatos republicanos. Os estados determinantes e onde as campanhas realmente tomam força são os “Swing States”.


  Swing State, ou estado pendular, é o termo utilizado para o estado em que nenhum candidato, republicano e democrata, pode garantir sua vitória, ou seja, não possui a maioria das intenções de voto. Um estado pendular geralmente não tem um padrão de vitórias nas eleições passadas que beneficia regularmente mais o partido republicano ou o democrata, o histórico mostra uma instabilidade na escolha de partido. Em 2016, por exemplo, Hillary Clinton não fez um único evento de campanha na Califórnia, e Donald Trump visitou o Texas somente uma vez, mas ambos os candidatos fizeram mais de 30 eventos de campanha na Flórida, que foi um “Swing State”, ou seja, estado decisivo no resultado da eleição do presidente. Este ano, os estados de concentração de campanhas são Arizona, Iowa, Ohio, North Carolina, Georgia, Florida e Pennsylvania.


  Com o decorrer dos anos, muitos contestaram e fizeram esforços para mudar o sistema eleitoral e banir o Colégio Eleitoral dos Estados Unidos, mas defensores afirmam que esse sistema entrega resultados mais precisos e se encontra enraizado na constituição. 

  

*Pedro Henrique Oliveira é aluno do 4 período do curso de Relações Internacionais do UniCuritiba. 


REFERÊNCIAS:

United States Presidential Election of 2016. Britannica. 2016. https://www.britannica.com/topic/United-States-presidential-election-of-2016


US election 2020: What is the electoral college?. BBC. 2020.

https://www.bbc.com/news/amp/world-us-canada-53558176

Constitution of the United States. United States Senate. https://www.senate.gov/civics/constitution_item/constitution.htm

 

2020    Election. Vox. 2020. https://www.vox.com/2020-presidential-election


WHY does the United States use the electoral college. Kare 11. https://www.kare11.com/amp/article/news/nation-world/how-many-electoral-votes-does-each-state-have-for-2020-presidential-election/507-7b3d52f4-ea66-4bbd-bfcf-3eb29f17586c


13 battleground states to watch in the 2020 election. CBS News2020.https://www.cbsnews.com/amp/news/swing-states-2020-presidential-election/


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terça-feira, 1 de setembro de 2020

Redação Internacional: o Brasil nas manchetes do mundo da semana de 23/08 a 30/08

                                           

Por Fernando Yazbek

        Talvez nem nas olimpíadas do Rio, em 2016, os fluminenses foram tão noticiados na mídia internacional quanto nesta última semana. As manchetes esportivas, no entanto, deram lugar aos cadernos policiais. O estado se aproxima das 16 mil mortes pela pandemia do novo coronavírus imerso numa crise política que parece não cessar. Do ano de 1987 para hoje, apenas os governadores Leonel Brizola (PDT) e Benedita da Silva (PT) não foram afastados do Palácio Guanabara. Só nos últimos quatro anos, 6 governadores foram presos ou descontinuados no Rio de Janeiro. 

            Apartado do governo por 180 dias pela decisão do Superior Tribunal de Justiça, Wilson Witzel (PSC) é tratado no Clarín da Argentina como um “ex-juiz ultradireitista” eleito governador na onda do bolsonarismo em 2018. Helena Witzel, primeira dama do estado, foi denunciada por “levar adiante as fraudes em serviços médicos” através de seu escritório de advocacia. Foram pesas outras 17 pessoas, ressaltou o argentino.

Em Washington, o governador Witzel é tido como o “topo da pirâmide” no caso de corrupção pelo Post. O jornal ainda classifica a gestão carioca frente à pandemia como “desastrosa e caótica”, onde integrantes do governo se valeram do surto da covid-19 para “encher os próprios bolsos”.


Também foi preso o Pastor Everaldo Pereira, presidente do partido de Witzel e ex-presidenciável em 2014. O Diário de Notícias português frisou que a operação Tris in Idem, um desdobramento da Lava-Jato, chegou ao religioso que batizou o presidente Jair Bolsonaro pela delação premiada do ex-secretário de saúde do RJ, Edmar Santos, anteriormente preso por corrupção. Everaldo também foi candidato ao Senado e é um dos líderes da Assembleia de Deus, maior igreja evangélica do país. O Partido Social Cristão, presidido por Everaldo, foi onde todos os filhos de Bolsonaro militaram nos últimos anos, sublinha o Diário. O pastor está envolvido no grande esquema de fraudes nas áreas de educação e de saúde no governo do Rio. 


O Pastor Everaldo dividiu as notícias com a correligionária Flordelis (PSD). A deputada federal – também pelo Rio de Janeiro – é acusada de ser a mandante do assassinato “bárbaro” do marido, diz o The Guardian. A matéria elenca as seis vezes em que a cantora gospel tentou matar Anderson do Carmo envenenado antes de ser finalmente morto a tiros em junho de 2019. Com detalhes do crime e do funcionamento da família na política e na religião, o jornal menciona “bizarrices”, “fraudes”, “privilégios” e relações “sinistras”. Guardian ainda repercute “alegações sensacionalistas” vinculadas na mídia brasileira de que a deputada evangélica frequentava clubes de sexo grupal, embora fora eleita na luta “pela família e por Deus” com quase 200 mil votos. 


       Posteriormente, o jornal inglês se aprofundou no organograma familiar de Flordelis. Antes de se casar e mandar matar Anderson, a deputada o adotou como filho em 1991 quando ela tinha 30 anos e ele 14. Em 1998, Anderson e Flordelis se casaram depois de Anderson ter se envolvido com outra filha adotiva da congressista. O The Guardian sublinha que, “dada a avalanche de evidências contra Flordelis”, até deputados evangélicos pedem a cassação do mandato da investigada, que já tem contra si um processo de expulsão do partido.

       O Jornal de Angola destaca que o presidente Jair Bolsonaro está envolvido em “nova polêmica depois de ter pegado no colo um adulto anão julgando que se tratava de uma criança”. A mídia em Luanda replica a ameaça do presidente a um repórter da Rede Globo que o questionava sobre os repasses de Fabrício Queiroz, “amigo da família”, para as contas da primeira-dama Michele Bolsonaro. 

            Em Londres, as bravatas do presidente são tidas como um “tiro que saiu pela culatra”. Bolsonaro enfrenta, para o The Guardian, uma “severa enxurrada de mensagens negativas” nas redes sociais. Jornalistas, celebridades e cidadãos comuns “flodaram” os canais presidenciais perguntando dos depósitos de quase 100 mil reais do ex-assessor Queiroz para os fundos da família. Um especialista em mídias sociais ouvido pelo jornal afirmou que o presidente sofreu um “contra-ataque” de mais de 3 mil publicações por minuto que perguntavam pelo repórter ameaçado.


O caso também repercutiu em Nova Iorque, onde o Times chamou os suspeitos depósitos de Fabrício Queiroz para Flávio e Michele Bolsonaro de “negócio de família”. Para o nova-iorquino, “a maior economia do hemisfério sul” que passou recentemente por uma “crusada anticorrupção” hoje tem postas em xeque as credibilidades e independências das instituições de justiça sob Bolsonaro. A reportagem perpassa pelas supostas interferências políticas na Polícia Federal do Rio de Janeiro, nas mudanças de comando no Ministério da Justiça e nas promessas presidenciais de ideologizar a Suprema Corte brasileira. 


       Uma semana depois de a China ter detectado coronavírus em frangos importados do Brasil, o jornal oficial Xinhua noticiou que mais de 11 mil brasileiros trabalhadores de frigoríferos foram infectados pela covid-19. Utilizando-se de dados do Ministério Público do Trabalho, a mídia estatal chinesa repercute que 104 frigoríferos no sul do Brasil tiveram funcionários contagiados. Apesar disto, o diretor executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal afirmou que o setor não pode ser demonizado e que tem tomado todas as medidas sanitárias para garantir a segurança alimentar. 

      Quando aparece nas manchetes dos principais jornais do mundo, o Brasil figura como um pária. Nem o nome de Deus escapa. São tantas maledicências que é difícil contar se há mais más notícias ou mais mortes pelo coronavírus em um só dia. E contando...

 

 

 

Referências:

ANDREONI, Manuela. ‘A Family Business:’ Graft Investigation Threatens Brazil’s Bolsonaro. The New York Times. Rio de Janeiro. 28 ago. 2020. Disponível em <<https://www.nytimes.com/2020/08/28/world/americas/brazil-bosonaro-corruption.html>>

CORRUPCIÓN en Brasil. La Justicia suspende al gobernador de Rio de Janeiro por hacer negocios com el coronavírus. Clarín. 28 ago. 2020. Disponível em <https://www.clarin.com/mundo/justicia-suspende-gobernador-rio-janeiro-hacer-negocios-coronavirus_0_BM-RcSfGy.html>

JAIR Bolsonaro acata jornalista da Globo. Jornal de Angola. Luanda, 25 ago. 2020. Disponível em <<http://jornaldeangola.sapo.ao/mundo/jair-bolsonaro-ataca-jornalista-da-globo>> 

MAIS de 11 mil trabalhadores de frigoríficos se contagiaram pela COVID-19 no Brasil. XINHUA. São Paulo, 24 ago. 2020. Disponível em << http://portuguese.xinhuanet.com/2020-08/25/c_139316730.htm>> 

MCCOY, Terrence. Rio’s governor suspended amid widening corruption probe involving Brazil’s pandemic response. The Washington Post. Rio de Janeiro, 28 ago. 2020. Disponível em <https://www.washingtonpost.com/world/americas/?itid=nb_hp_world_americas>

MOREIRA, João A. Pastor que batizou Bolsonaro é preso na Lava-Jato. Diário de Notícias. São Paulo, 28 ago. 2020. Disponível em <https://www.dn.pt/mundo/pastor-que-batizou-bolsonaro-e-preso-na-lava-jato-12561313.html>

PHILLIPS, Tom. Bolsonaro attempt to shut down debate over mistery payments backfires. The Guardian. 24 ago. 2020. Disponível em << https://www.theguardian.com/world/2020/aug/24/jair-bolsonaro-threat-journalist-backfires-social-media>>

______. Brazilian evangelical politican accused of masterminding husband’s ‘barbaric’ murder. The Guardian. 24 ago. 2020. Disponível em <https://www.theguardian.com/world/2020/aug/24/flordelis-case-brazil-evangelical-preacher-politician-accusations>

______. Gospel-singing Brazilian politician may be expelled from congress to face murder charges. The Guardian. 26 ago. 2020. Disponível em << https://www.theguardian.com/world/2020/aug/26/brazil-flordelis-dos-santos-de-souza-calls-congress-husband-murder-charges>>



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terça-feira, 25 de agosto de 2020

Volta ao mundo em 7 dias- notícias de 17/08 a 24/08

 

Por Alecia Alves

·      CRISE NA BIELORÚSSIA

Um dos grandes destaques nos principais portais de notícias internacionais foi a crise na Bielorrúsia, onde o presidente Aleksandr Lukashenko - considerado o último ditador europeu e que está no poder há mais de 26 anos - foi eleito novamente com aproximadamente 80% dos votos. A eleição é considerada por muitos Estados e pela população como fraudulenta. De acordo com o alto representante europeu para Relações Exteriores, Josep Borrell, a União Europeia não o reconhece como presidente legítimo, assim como parte da comunidade internacional. 

A população se manifestou em protestos massivos que reuniu na capital Minsk e em outras cidades, dezenas de milhares de pessoas, mesmo com ameaças de retaliação por parte do governo. Além disso houveram greves nas principais empresas estatais, um dos grandes pilares da economia da Bielorrússia. De acordo com diversas organizações de direitos humanos, as manifestações foram duramente reprimidas, com até mesmo torturas e mortes.

Na campanha de oposição, Aleksandr Lukashenko enfrentava um trio de mulheres composto por Veronika Zepkalo, Svetlana Tikhanovskaya e Maria Kolesnikov. Apenas Maria Kolesnikov permanece no país, Zepkalo foi forçada a fugir para Moscow e Svetlana Tikhanovskaya, negou-se a aceitar os resultados e exilou-se na Lituânia- temendo pela sua segurança e de sua família. Tijanovskaya publicou um vídeo no YouTube no qual se disponibiliza a liderar a Bielorrussia em um processo de transição e de uma nova eleição democrática que seja reconhecida internacionalmente. 

                          


                                          Veronika Zepkalo, Svetlana Tikhanovskaya and Maria Kolesnikov


·      USA

      Nos Estados Unidos as notícias inflamaram o cenário em que as eleições presidenciais estão prestes a ocorrer. Steven Bannon, ex conselheiro da Casa Branca e guia da campanha eleitoral de Donald Trump 4 anos atrás, foi acusado de estelionato por desviar recursos doados para a construção do muro que separaria os Estados Unidos do México. A campanha We Build the Wall (Nós construímos o muro) foi um dos elementos mais importantes e simbólicos prometido na campanha do atual presidente, como uma tentativa de impedir a imigração ilegal. A campanha conseguiu arrecadar cerca de 25 milhões dólares, dos quais uma parte teria sido desviada por Bannon e outros investigados. Bannon é um líder da extrema direita e do nacionalismo branco, foi escolhido em 2016 como chefe da campanha eleitoral de Donald Trump e tornou-se estrategista-chefe do governo durante seu mandato, sendo demitido em 2017. Bannon foi preso e depois liberado após pagar uma fiança de 5 milhões de dólares. Trump nega ter qualquer envolvimento com o caso e alega não ter conhecimento sobre o projeto, nem ter contato com Bannon há anos.



     Além disso, ainda essa semana, Donald Trump acusou o orgão FDA (Food and Drug Administration), a agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, de retardar o processo de vacinação contra o Coronavírus, com o intuito de prejudicar seus planos de reeleição. Trump, no entanto, não apresentou evidências para corroborar a acusação. O órgão nega e garante que o processo de liberação da vacina está ocorrendo o mais rápido possível, mas dentro do que a ciência permite. 


       Ainda no contexto Norte Americano, a lei “Delivering for America” foi aprovada, garantindo a liberação de 25 bilhões de dólares, destinados a socorrer os Correios, que vinham passando por uma crise. Esta se tornou uma questão urgente, uma vez que a votação por correspondência deverá crescer nas eleições de novembro, devido a pandemia. Donald Trump é hostil à ideia, pois acredita que seja um meio suscetível a fraudes. Não obstante, o próprio presidente está habituado a utilizar esse sistema de votação. 



·      POSSÍVEL ENVENENAMENTO DO PRINCIPAL OPOSITOR POLÍTICO DE VLADIMIR PUTIN 

        O ativista político Alexéi Navalni, principal opositor e crítico ferrenho de Vladimir Putin foi internado em estado grave após passar mal em um voo com destino a Moscow. Os médicos russos que o atenderam na Sibéria diagnosticaram uma doença metabólica causada por baixas taxas de glicose. A assessoria e partidários de Navalni, no entanto, estão convencidos de que ele tenha sido vítima de envenenamento e as provas, ocultadas. Também acusam o Kremlin de tentar impedir que Navalni fosse tratado no exterior e transportado da Sibéria para a Alemanha, o que colocava sua vida em risco. 

       O incidente ocorreu na quinta-feira (20), mas a transferência só ocorreu no sábado (22) após pressões internacionais. Já na Alemanha, o político permanece em coma, novos exames foram feitos e espera-se um novo relatório médico. Não obstante, a equipe alemã solicitou ao governo Russo a ficha médica do seu primeiro atendimento. Existem várias versões a respeito do caso: relatos de que uma substância perigosa havia sido encontrada no corpo do ativista; acusações de negligência; golpe e perseguição política. Tudo isso deixando a entender que muito precisa ser esclarecido. 

      Alexéi Nalvani é o opositor mais carismático de Putin, tendo forte atuação contra o regime do atual governo Russo. Em 2012 e 2014, sofreu detenções que foram consideradas pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos como violações a seus direitos humanos, por terem motivação política. Atualmente, o político se preparava para as eleições que vão ocorrer em setembro e eram motivo de sua viagem. As informações continuam sendo contraditórias, mas o estado de saúde de Nalvani é estável e os médicos afirmam que sua vida não está mais em perigo.  




·      ONDA DE MASSACRES NA COLÔMBIA

       Em apenas uma semana a Colômbia registrou quatro massacres em diversas regiões do sudoeste do país e que foram supostamente cometidos por grupos financiados pelo narcotráfico. O último massacre, registrado no dia 22, deixou pelo menos seis mortos no município de Tumaco, La Guayacana e soma-se aos ocorridos na mesma semana, nos dias 21 e 18 de agosto. Trata-se da pior onda de ataques que já ocorreu no país desde a assinatura do acordo de paz com as FARC, em 2016. Acredita-se que os envolvidos sejam membros de grupos dissidentes do acordo de paz com as FARC e de quadrilhas de narcotráfico.

       De acordo com a Organização das Nações Unidas, no ano de 2020 já foram registrados 33 massacres, dos quais quatro ocorreram nesta semana e  deixaram 17 mortos, e cinco nas últimas duas semanas. Homens armados assassinaram cinco indígenas da comunidade Awá; jovens entre 19 e 25 anos em Santa Catalina; menores com idades entre 14 e 15 anos em Cali, capital do Valle Del Cauca, e uma mulher de 26 anos horas antes na mesma região. O presidente Iván Duque deverá se reunir com autoridades do sudoeste do país, onde se agravou a violência, para avaliar esta nova onda de terror.




·      GOLPE DE ESTADO NO MALI

       O presidente da República do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, teve que renunciar o seu cargo e dissolver seu governo após um grupo de militares invadir a base militar próxima a sua residência. Na base, foram mantidos em cativeiro Keita e seu primeiro ministro. A junta militar que tomou o poder do país teve grande apoio da população, que protestava pela renúncia do presidente devido a insatisfação com a administração do governo de Keita em meio à crise econômica que o país passa há anos.

      Os militares afirmam não terem intenção de se manter no poder e sim, de liderar o país durante três anos, num processo de transição para um governo civil estável e com instituições fortalecidas. Também afirmam terem completado o trabalho dos protestos da população.  A transição será liderada por uma cúpula militar comandada por um soldado que também será o chefe de Estado, a promessa é que haja eleições em um período de tempo razoável. O grupo também concordou em libertar Keita e os outros líderes políticos detidos desde o golpe. O atual líder, Coronel Assimi Goita e os mediadores da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental(CEDEAO) -bloco regional comandado pelo atual presidente da Nigéria- reuniram-se para discutir os rumos do país, mas não deram detalhes do que foi acordado. 

     A notícia do golpe de Estado foi mal recebida no Sistema Internacional. A União Africana retirou Mali do bloco, a CEDEAO  fechou as fronteiras do Mali e pediu sanções por parte da União Europeia. A chanceler Angela Merkel espera que haja estabilidade e condições pacíficas no Mali e os Estados Unidos e a ONU condenaram o golpe, pedindo a libertação imediata dos presos políticos.





Referências:

CUÉ, Carlos E. El País. Chanceler da UE: “Lukashenko é como Maduro. Não o reconhecemos, mas é preciso lidar com ele”. Brasil, 23 de agosto de 2020. Disponível em: https://brasil.elpais.com/internacional/2020-08-23/borrell-lukashenko-e-como-maduro-nao-o-reconhecemos-mas-e-preciso-lidar-com-ele.html

WALTER, Jean D.  Maria Kolesnikova: The Belarus opposition leader eyeing fair elections. DW BRASIL. Europe, 20 de agosto de 2020. Disponível em: https://www.dw.com/en/maria-kolesnikova-the-belarus-opposition-leader-eyeing-fair-elections/a-54639775

GUIMÓN, Pablo. Acusado de fraude, Steve Bannon deixa prisão após pagar fiança milionária. El País. Washington. 20 de agosto de 2020. Disponível em: https://brasil.elpais.com/internacional/2020-08-20/acusado-de-fraude-steve-bannon-deixa-prisao-apos-pagar-fianca-milionaria.html

D’ANTONIO, Michael. What Steve Bannon arrest reveals about 'building the wall'. CNN USA. Honk Kong. 22 de agosto de 2020. Disponível em: https://edition.cnn.com/2020/08/21/opinions/steve-bannon-build-the-wall-fraud-dantonio/index.html

STRACQUALURSI, Veronica. Trump, without evidence, accuses FDA of delaying coronavirus vaccine trials and pressures agency chief. CNN USA. 23 de agosto de 2020. Disponível em: https://edition.cnn.com/2020/08/22/politics/trump-fda-coronavirus-vaccine/index.html

G1. Câmara dos EUA aprova verba bilionária para Correios em meio à debate sobre voto por correspondência. Brasil. 22 de agosto de 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/08/22/camara-dos-eua-aprova-verba-bilionaria-para-correios-em-meio-a-debate-sobre-voto-por-correspondencia.ghtml

DW MUNDO. Médicos russos vetam transferência de Navalny para Alemanha. Brasil. 21 de agosto de 2020. Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/m%C3%A9dicos-russos-vetam-transfer%C3%AAncia-de-navalny-para-alemanha/a-54647140

ALJAZEERA NEWS. German hospital: Clinical findings point to Navalny's poisoning. Rússia. 24 de agosto de 2020. Disponível em: https://www.aljazeera.com/news/2020/08/german-government-navalny-poisoned-200824105845407.html

G1 MUNDO. Massacres na Colômbia deixam mais de 10 mortos. Brasil. 22 de agosto de 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/08/22/massacres-na-colombia-deixam-mais-de-10-mortos.ghtml

RAMPIETTE, Alessandro. Colombia: 17 youth dead in attacks by armed groups in 24 hoursAljazeera. Colômbia. 23 de agosto de 2020. Disponível em: https://www.aljazeera.com/news/2020/08/colombia-17-youth-dead-attacks-armed-groups-24-hours-200823093123607.html

NARANJO, José. Golpe de Estado no Mali força presidente a renunciar após meses de instabilidade. El País. Dacar. 19 de agosto de 2020. Disponível em:  https://brasil.elpais.com/internacional/2020-08-19/golpe-de-estado-no-mali-forca-presidente-a-renunciar-apos-meses-de-instabilidade.html

AFP, Reuters. Comunidade internacional condena golpe de Estado no Mali. DW Internacional. 20 de agosto de 2020. Disponível em: https://www.dw.com/pt-002/comunidade-internacional-condena-golpe-de-estado-no-mali/a-54629822

Aljazeera. Mali's president resigns amid military mutiny. Mali. 24 de agosto de 2020. Disponível em: https://www.aljazeera.com/programmes/newsfeed/2020/08/mali-president-resigns-military-mutiny-200824075801523.html

Aljazeera. Mali: Military want three year transition, Keita to be freedMali. 24 de agosto de 2020. Disponível em: https://www.aljazeera.com/news/2020/08/mali-military-year-transition-keita-freed-200823235345682.html


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