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quarta-feira, 7 de abril de 2021

Por Onde Anda: Jaqueline Ferronato, Customer Experience Lead em Barcelona



Nome Completo: Jaqueline Ananias Ferronato
Ano de ingresso no curso de Relações Internacionais: 2012
Ano de conclusão do curso de Relações Internacionais: 2015 
Ocupação atual: Costumer Experience Lead
Cidade em que reside: Barcelona, Espanha

Blog internacionalize-se: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional.
Jaqueline: Assim como todo adolescente, quando terminei o ensino médio me sentia muito despreparada para decidir uma carreira profissional. Por conta disso, busquei uma alternativa para adiar os futuros aninhos de faculdade e assim acabei conquistando a minha primeira experiência profissional. Alguns anos antes eu já tinha feito um intercâmbio estudantil na Tailândia, mas trabalhar na Alemanha me trouxe novos conhecimentos e habilidades, ali também foi o meu primeiro contato com o ramo da logística internacional. Foi um ano e meio intenso com muito aprendizado, que me incentivaram mais tarde a cursar Relações Internacionais.
Em 2012, no meu primeiro ano de faculdade comecei a procurar por estágios e logo percebi que de fato o mercado de trabalho para alunos de RI em Curitiba era mais voltado para o ramo empresarial. Eu ainda não sabia o que um Internacionalista fazia, mas estava sempre aberta às oportunidades que me apareciam. Por conta disso, acabei outra vez entrando no ramo da logística internacional em uma empresa de agenciamento de carga e trabalhei por quase quatro anos (não consecutivos) lá. Durante esse percurso participei de trabalhos de curta duração, iniciação científica, fiz cursos em diversas áreas e fui monitora, essas experiências foram essenciais para minha formação profissional.
Com um perfil profissional com amplo conhecimento internacional e experiência em logística, hoje trabalho em uma multinacional no mesmo ramo com a internacionalização de um projeto dos EUA para a União Europeia e Reino Unido e me sinto realizada profissionalmente.

Blog internacionalize-se: Quando tomou a decisão de seguir a sua atual carreira? Como se preparou durante a graduação em Relações Internacionais para essa escolha?
Jaqueline: Foram muito fatores que determinaram as minhas escolhas, inicialmente queria me focar em uma carreira em Organizações Internacionais e posteriormente tive o desejo de seguir no ramo de empresas sociais, no entanto percebi que ao acolher as oportunidades que nos aparecem, nem sempre vamos trabalhar no que escolhemos a princípio, e isso é muito comum principalmente em momentos de crise como o cenário atual. Contudo, o que eu não entendia é que a logística é um ramo em que eu posso atuar em qualquer tipo de organização, seja governamental, seja empresarial ou seja no terceiro setor. No fim das contas, a minha experiência em logística se tornou minha porta de entrada para qualquer realização profissional. 

Blog internacionalize-se: Como é o dia a dia no teu trabalho?
Jaqueline: Atuo em um projeto na Central de Operações da Amazon Logistics da União Europeia e Reino Unido, em um departamento de comunicação. Como é um projeto novo e em fase de adaptação ao mercado europeu, o dinamismo e flexibilidade fazem parte da minha rotina. Através de diversos mecanismos, temos a possibilidade de receber Feedbacks e a partir disso implementar melhorias no projeto, considerando assim a cultura de cada país. As diferenças culturais são um desafio diário, mas ao mesmo tempo muito motivadoras, é um aprendizado contínuo.

Blog internacionalize-se: Quais as aptidões e conhecimentos desenvolvidos no curso de Relações Internacionais que mais o ajudam na sua carreira atualmente?
Jaqueline: A faculdade de Relações Internacionais foi fundamental durante todo esse processo de evolução acadêmica e profissional. Acredito que os internacionalistas são profissionais com alto desempenho, pois diferentemente de outras profissões, além de exercer suas funções práticas, têm alta adaptabilidade cultural e ampla visão de mercado.

Blog internacionalize-se: Qual a lembrança mais marcante do período de faculdade?
Jaqueline: Para mim o primeiro ano foi o período mais marcante em termos de conhecimento, acredito que é por ter sido o primeiro contato acadêmico com a área de RI.

Blog internacionalize-se: Qual conselho deixaria para os nossos alunos, em especial para aqueles que ainda estão em dúvida quanto ao futuro profissional?
Jaqueline: Diria que abracem todas as oportunidades possíveis de estudos e trabalhos, qualquer experiência é muito válida durante a graduação, pois acrescenta muito na formação profissional. Busquem falar fluentemente as línguas mais básicas para depois priorizar outras línguas (vale mais um inglês/ espanhol fluente que anos de alemão intermináveis...). Mas principalmente gostaria dizer, que independentemente de suas escolhas, se lembrem que vocês sempre têm tempo de mudar tudo de novo e começar outra vez, a gente tem bastante tempo nessa vida e está tudo bem. 
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quarta-feira, 31 de março de 2021

Por Onde Anda: Bruno Quadros, diplomata na Embaixada em Moscou


Nome Completo: Bruno Quadros e Quadros
Ano de ingresso no curso de Relações Internacionais: 2005
Ano de conclusão do curso de Relações Internacionais: 2008 
Ocupação atual: Diplomata
Cidade em que reside: Moscou, Rússia

Blog Internacionalize-se: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional.
Bruno: Ser diplomata era meu sonho desde os 15 anos, quando li um livrinho chamado “Diplomacia” (coleção Primeiros Passos), do diplomata Sérgio Bath. Fiquei encantado e sabia que era isso o que queria para mim. Tudo o que fiz desde então foi com o objetivo de longo prazo de me preparar para o difícil Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD). Além de ter feito RI no Unicuritiba, estudei alguns anos no curso de História na UFPR, sem, contudo, concluí-lo. Trabalhei como estagiário durante dois anos no departamento de Relações Internacionais da filial de Curitiba da Amcham Brasil. Após graduar-me em RI no Unicuritiba, decidi dedicar-me exclusivamente à preparação para o CACD. Fui aprovado na minha quinta tentativa, em 2012. Olhando em retrospectiva, tudo o que vivenciei foi importante para realizar o meu sonho de me tornar diplomata. Aprovado no CACD, estudei por um ano e meio no Instituto Rio Branco (2012-2013) e, depois disso, trabalhei por quase quatro anos no Departamento da África do Itamaraty (2013-2017), período em que tive a oportunidade de realizar missões transitórias à Líbia (2014), à Guiné Equatorial (2014) e ao Senegal (2015). Em outubro de 2017, fui transferido para a Embaixada em Moscou, onde atualmente trabalho. Além disso, estou concluindo Mestrado em Governança e Assuntos Globais no Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou (MGIMO). 

Blog Internacionalize-se: Como é o dia a dia no seu trabalho, em especial em seu posto atual?
Bruno: Eu trabalho no setor político da Embaixada em Moscou e sou responsável pelos seguintes temas: política interna russa e relações parlamentares e entre as unidades da federação. Cuido, também, das nossas relações com o Uzbequistão, já que não temos Embaixada residente em Tashkent. No meu trabalho, tenho que estar sempre antenado: além de ler as comunicações oficiais que chegam de Brasília, devo acompanhar as declarações das autoridades e da imprensa local, assim como o que dizem pesquisadores, especialistas e colegas de outras Embaixadas estrangeiras em Moscou, com quem ocasionalmente me reúno. Tudo isso visa a construir uma perspectiva mais completa de todos os processos políticos envolvendo a Rússia e relatá-los de forma analítica ao Itamaraty.

Blog Internacionalize-se: Quais as aptidões e conhecimentos desenvolvidos no curso de Relações Internacionais que mais o ajudam na sua carreira atualmente?
Bruno: O nosso curso é, por natureza, multidisciplinar e transdisciplinar. A aptidão que mais me ajuda na carreira é a flexibilidade de transitar entre diferentes áreas do conhecimento, como História, Direito e Economia. Os estudantes de RI somos treinados a ter esse olhar multidisciplinar, o que creio ser uma grande vantagem em um mundo em que as áreas de conhecimento não são mais divididas de forma tão estanque. 

Blog Internacionalize-se: Qual foi a experiência mais desafiadora que já teve profissionalmente?
Bruno: Trabalhar como Encarregado de Negócios (chefe da Embaixada na ausência do Embaixador) na Embaixada do Brasil em Trípoli, em abril de 2014, em meio à guerra civil e a sequestros de diplomatas estrangeiros na Líbia. Minha segurança pessoal foi garantida por um destacamento de fuzileiros navais brasileiros, a quem sou grato até hoje. Os deslocamentos entre a Residência do Embaixador e a sede da Embaixada eram feitos com muito planejamento, sempre com a escolta dos fuzileiros navais. Percebia-se a tensão no ar: o aeroporto internacional de Trípoli era controlado por uma das milícias locais, escutavam-se tiros à noite. Apenas dois meses após a minha partida recomeçaram os combates em larga escala na capital líbia. 

Blog Internacionalize-se: Qual a lembrança mais marcante do período de faculdade?
Bruno: A experiência mais marcante foi, sem dúvida, ter logrado, então como presidente do Centro Acadêmico (CARI), mobilizar a maioria dos alunos na organização da Semana Acadêmica de 2007. Sem a massiva participação dos meus colegas, veteranos e calouros, não teríamos obtido êxito naquele evento. Foi, realmente, um aprendizado sobre como trabalhar sob intensa pressão.

Blog Internacionalize-se: Qual conselho deixaria para os nossos alunos, em especial para aqueles que ainda estão em dúvida quanto ao futuro profissional?
Bruno: Busquem ter o máximo de experiências. Estágios, monitorias, pesquisas, eventos acadêmico-profissionais, cursos de extensão e viagens podem ajudar aqueles com dúvidas quanto ao futuro profissional sobre qual caminho seguir. Mas se, mesmo assim, não houver definição, não tem problema. A sociedade espera que o egresso da faculdade já saiba o que vai fazer depois de formado. Acho isso prejudicial, porque só gera ansiedade e preocupação. Mais importante do que saber o que você quer, é saber o que você não quer. Cada um tem seu ritmo na descoberta do sentido das coisas. Além disso, hoje em dia há maior flexibilidade quanto à mudança de carreira do que antes, quando a escolha do curso de graduação meio que determinava o seu futuro profissional.

Blog Internacionalize-se: Gostaria de acrescentar mais alguma informação?
Bruno: Sim. Nunca deixem de estudar! Estudem não só aquilo que vai ajudar na carreira, como línguas e competências adicionais, mas também conteúdos que tragam satisfação pessoal para vocês. Isso enriquece a alma e os tornaseres humanos mais completos. Afinal, o aspecto pessoal do que fazemos tem sempre que prevalecer sobre o aspecto profissional.
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segunda-feira, 22 de março de 2021

Por Onde Anda: Luan Jofre, Sales Executive na BO Paper

        


Nome Completo: Luan Jofre
Ano de ingresso no curso de Relações Internacionais: 2008
Ano de conclusão do curso de Relações Internacionais: 2013 
Ocupação atual: Sales Executive na BO Paper 
Cidade em que reside: Curitiba, Paraná

Blog Internacionalize-se: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional. 
Luan: Entrei na faculdade em 2008 e para ajudar nos custos trabalhava como auxiliar administrativo em um despachante veicular, emprego que não tinha nada a ver com Relações Internacionais, porém era importante pela necessidade. A partir do momento que comecei a me aprofundar no curso percebi que precisava de algum trabalho que minimamente me desse oportunidade de seguir a carreira em RI pós formado. Iniciei a busca por estágios sem muito critério, me recordo que fiz entrevistas para estágio em embaixadas, grandes empresas e, claro, também fui para o caminho de comércio exterior buscando agentes de carga. Após algumas entrevistas fui chamado para estagiar em um pequeno agente de cargas, o grande problema é que o salário era a metade que eu ganhava como auxiliar administrativos e os auxílios também não chegavam nem perto, foi uma decisão difícil no momento já que o salário contava muito na época, porém com o apoio da família pensei no futuro e fui para o novo desafio. Iniciei como estagiário cuidando de alguns embarques marítimos e aéreos, mas com mais enfoque em ajudas administrativas do escritório, me esforcei bastante e com 3 meses de empresa fui contratado como Auxiliar de Analista de Comex e com mais 3 meses me tornei Analista Jr. Aprendi todas as rotinas de embarque de todos os modais, particularidades e impostos. Ainda na faculdade e com a experiência no agente de cargas fui convidado a assumir a posição de analista pleno na Ingersoll Rand, multinacional americana com representatividade no mundo todo. Trabalhei por 5 anos, comecei em importação até que assumi a exportação da fábrica do Brasil e assim consegui me desenvolver muito, tanto em negociação e reuniões com os clientes pelo mundo como nas línguas, essa experiência agregou muito na minha carreira e abriu as portas da BO Paper. A BO Paper sempre foi uma empresa muito focada no mercado interno e com o declínio da demanda de papel iniciou a busca pela internacionalização. Foi aí que eu entrei abrindo o setor de exportação e estruturando todos os processos necessários para uma operação eficiente e rentável, tive muito apoio e subsídio da empresa, graças a isso a implementação foi um sucesso e até hoje a operação funciona muito bem. Com 9 meses de empresa e a operação já rodando bem, meu diretor na época me chamou e me ofereceu uma posição completamente diferente de tudo que eu já havia feito, ele viu em mim um perfil comercial e ofereceu a posição de Executivo de Vendas, no primeiro momento cuidando de contas nacionais para no futuro fazer a transição para as contas de exportação. Foi uma decisão desafiadora, sair de uma área que já dominava e estava consolidado, para aprender algo novo. Sempre gostei da área de Comércio Exterior, mas achava monótona, todo dia a mesma coisa, os mesmos procedimentos, mesmos documentos, essa vontade de mudar e ter uma carreira e um dia a dia mais agitado me fez aceitar sem pensar muito.

Blog Internacionalize-se: Como é o dia a dia do trabalho na BO Paper? Que atividades desempenha?
Luan: As atividades mudaram muito por conta da pandemia, mas em geral é o atendimento a clientes do Brasil todo. Antes eu tinha uma rotina de viagem de terça a quinta todas as semanas do ano em um lugar diferente. No começo a rotina de viagens é interessante, mas com o passar do tempo a falta de rotina incomoda e é preciso se adequar. Agora trabalhamos remoto por telefone e reuniões por videoconferência, tem funcionado bem, mas após um ano sem viagens já sinto muita falta. Como não faço a venda para o cliente final acabo tendo que lidar com as dores do distribuidor e trabalhar para viabilizar a venda dele, apenas dessa forma eu vou conseguir aumentar a minha venda. A BO Paper é uma empresa muito boa de se trabalhar, temos uma gestão humana que não busca apenas o resultado, dessa forma conseguimos ter um dia a dia confortável, sendo mais fácil atingir o resultado.

Blog Internacionalize-se: Quais as aptidões e conhecimentos desenvolvidos no curso de Relações Internacionais que mais o ajudam na sua carreira atualmente?
Luan: Creio que a aptidão de debate e negociação é o que eu mais levo nesse momento da minha carreira, mas tenho certeza que no futuro quando realmente entrar na parte de negociação internacional os aprendizados do curso vão aflorar ainda mais.

Blog Internacionalize-se: Qual foi a experiência mais desafiadora que já teve profissionalmente?
Luan: Creio que posso destacar duas experiências. A primeira foi sair de uma empresa que estava estável para outra com um negócio totalmente diferente para iniciar o setor de exportação quase que do zero, parceiros, controles, relatórios, custos. Tudo isso foi muito trabalhoso, mas é muito gratificante olhar e ver que o que você idealizou hoje funciona muito bem e traz um grande lucro para a empresa. A segunda é a abertura do canal de distribuição na empresa, coisa que não existia e eu, auxiliando meu gerente, conseguimos buscar e implementar uma nova forma de venda e negócio que a empresa não tinha. Nunca é fácil sair da zona de conforto e, mais difícil que isso, é tirar uma fábrica inteira da zona de conforto e fazer acreditar no seu projeto. Hoje temos um negócio estruturado e já buscamos novos desafios para maximizar ainda mais os lucros da companhia.

Blog Internacionalize-se: Qual a lembrança mais marcante do período de faculdade?
Luan: Nunca fui um aluno exemplar e dei algumas escapadas durante o período da faculdade, acredito que um fato que me traz lembranças boas foi quando eu por descuido ou preguiça acabei pegando DP em economia com a Patricia. Bem, sabendo que a dependência não tinha sido fruto de falta de capacidade, lá fui eu fazer novamente a matéria junto com uma turma de administração, que eu não conhecia ninguém (talvez isso tenha me ajudado a manter o foco), estudei bastante e acabei sendo a melhor nota da matéria com aquela turma e até hoje eu e a Patrícia brincamos que eu sou/fui o melhor aluno dela. E claro que outra lembrança boa foram as amizades boas e verdadeiras que eu fiz na faculdade e que perduram até hoje, cada um seguiu seu caminho, mas a amizade se mantém igual à quando ainda estávamos na Unicuritiba.

Blog Internacionalize-se: Qual conselho deixaria para os nossos alunos, em especial para aqueles que ainda estão em dúvida quanto ao futuro profissional?
Luan: Creio que um ponto muito importante que eu vejo hoje na formação profissional é de procurar o mercado de trabalho durante a faculdade, buscar um estágio, alguma coisa que se aproxime do que você busca para sua carreira. Entendo que também é importante se qualificar, fazer línguas, entretanto sair da formatura sem nenhuma experiência profissional dificulta muito a entrada no mercado de trabalho. Claro que tudo depende de qual área você quer seguir, mas se for na área de business, esse é meu conselho: as empresas hoje levam muito mais em consideração o que você tem de experiência e vivência profissional do que os diplomas que você tem.

Blog Internacionalize-se: Gostaria de acrescentar mais alguma informação?
Luan: Hoje recebi uma lembrança do Facebook dos 7 anos da minha formatura, para mim é muito gratificante poder contar um pouco da minha curta história profissional nesse blog que eu sempre acompanhei, agradeço muito aos professores pelas vivências, aprendizados e puxões de orelhas, sem isso com certeza eu não seria o profissional que sou hoje. Obrigado. 

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quarta-feira, 17 de março de 2021

Por Onde Anda: Elis Winter, Accounts Payable Accountant na KWS Group


Nome Completo: Elis Winter
Ano de ingresso no curso de Relações Internacionais: 2013 
Ano de conclusão do curso de Relações Internacionais: 2017 
Ocupação atual: Accounts Payable Accountant na KWS Group 
Cidade em que reside: Berlim, Alemanha 

Blog Internacionalize-se: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional. 
Elis: Eu comecei a trabalhar no terceiro período de RI, comecei como estagiária no Grupo Solvay em 2014. As principais atividades eram voltadas ao atendimento de clientes dos Estados Unidos e Brasil referente a questões de pagamentos e reconciliações; depois me foi oferecido uma vaga para efetivação na empresa onde comecei a focar mais na parte prática do setor de contas a pagar. Permaneci na empresa por 3 anos e meio, entre o setor de Accounts Payable/Provisioning e foi ali que tive um molde do que buscava ser como profissional; no fim do ano de 2017 optei por encerrar meu ciclo. Em Janeiro de 2018 estava buscando realocação e fui convidada para uma entrevista na CBRE, onde eles estavam iniciando o modelo de shared services no Brasil. Fui contratada para a área financeira atuando com a migração de contas dos Estados Unidos: tinha contato diário com a equipe em Memphis para a transição das contas, reuniões semanais com nossos clientes para ver o desempenho, análise de KPI's, performance, etc. Foi uma experiência incrível, cheia de desafios e responsabilidades que levo com muito carinho até hoje, mas em 2019, precisei deixar a empresa para me mudar para a Alemanha. Me mudei para Berlim em Abril de 2019 e desde Agosto de 2020 trabalho como Accounts Payable Accountant na KWS Group, uma multinacional agrícola alemã, presente em mais de 70 países e há mais de 100 anos no mercado. Atuo no momento atendendo clientes da Inglaterra e Espanha referente a questões do setor de contas a pagar em geral e despesas de viagens; vou atuar também na transição do shared services dos EUA e Brasil para Berlim até o fim do ano que vem.

Blog Internacionalize-se: Como é o dia a dia no teu trabalho?
Elis: Na minha equipe, basicamente, cada pessoa é de uma parte do mundo, temos pessoas da Índia, Rússia, Espanha, Argentina, EUA e muitos outros lugares, sendo incrível ter esse contato multicultural! Eu trabalho atendendo três entidades: duas na Espanha e uma na Inglaterra; além de prestar suporte a todas as entidades quando o tópico é relacionado a despesas de viagens. Basicamente sou a responsável por quase todas as tarefas relacionadas a contas a pagar: rodadas de pagamento semanais, processamento de notas, reconciliações, negociações com clientes, atendimento aos clientes internos/externos, aprovação e pagamento de despesas de viagem, fechamento trimestral e implementação de melhorias no sistema. Nos próximos meses, começo a trabalhar na migração da entidade dos Estados Unidos para Berlim. 

Blog Internacionalize-se: Quais as aptidões e conhecimentos desenvolvidos no curso de Relações Internacionais que mais o ajudam na sua carreira atualmente?
Elis: Em aptidões, eu diria com certeza: comunicação e negociação, quando você opta por trabalhar em um ambiente com pessoas de culturas muito diferentes da sua, isso é importante no dia a dia. Ter um diálogo claro e saber argumentar/sustentar sua opinião em determinados momentos (especialmente nos mais estressantes/complexos) auxilia muito. Em conhecimentos, na área em que eu atuo, as aulas de comex, economia e sistema financeiro internacional serviram de base para muito do que aprendi na prática. 

Blog Internacionalize-se: Qual foi a experiência mais desafiadora que já teve profissionalmente?
Elis: Sinceramente, cada novo emprego foi uma experiência desafiadora, mesmo sendo no mesmo setor. São modelos de negócios, culturas empresariais e processos diferentes. Mas acredito que fora isso, o maior desafio foi no meu penúltimo ano no Grupo Solvay, onde fui responsável por um projeto de fraude referente aos EUA. A coordenação do projeto era feita pelo site de Portugal; então precisava criar métricas, análises de causa raiz, feedback com toda a liderança semanalmente, relatórios de atualizações; além de ser a responsável pelo contato direto com clientes para solicitar os reembolsos e correções internas, foi um grande desafio! 

Blog Internacionalize-se: Qual a lembrança mais marcante do período de faculdade? 
Elis: Eu diria que a entrega do meu TCC, foi um marco e tanto para mim, ter conseguido fazer algo com tanta determinação enquanto trabalhava integralmente. Todo o esforço e dedicação valeu a pena quando descobri pela banca que meu TCC foi aprovado com 9.5! E com certeza, todas as amizades que fiz e que levo comigo até hoje. 

Blog Internacionalize-se: Qual conselho deixaria para os nossos alunos, em especial para aqueles que ainda estão em dúvida quanto ao futuro profissional? 
Elis: No primeiro período da faculdade, meu pai me deu uma carona para aula e no caminho, eu lembro ter escutado uma entrevista em que o entrevistado falava sobre o curso de RI e eu lembro ele dizendo que RI não deveria ser considerado um curso de bacharelado, e sim uma pós-graduação, porque no Brasil não existia campo de atuação na nossa área. Na época que eu escutei aquilo, fiquei muito insegura pensando no meu futuro como profissional, mas logo nos primeiros meses de curso eu tive a certeza que escolhi a profissão certa para mim (e que no fim, tem um amplo campo de trabalho no Brasil e fora dele quando você vai descobrindo mais sobre as diferentes vertentes que o curso oferece). 
Em geral, o curso de RI me fez crescer muito em vários aspectos: através das pautas que estudamos, das amizades que construímos, dos professores e da sua dedicação com o curso e com nós alunos; isso ficou muito marcado em mim. Meu conselho, além de aproveitar esse período, é encontrar dentro do curso a área que você mais se identifica e buscar aprofundamento nela; existem muitos exemplos de ex-alunos que conquistaram espaços incríveis em vários setores, servindo de motivação para quem ainda não sabe qual área seguir. 

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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Por Onde Anda: Henrique Santos de Albuquerque, Analista de Produtos e Serviços na Amcham Curitiba e Joinville


Nome Completo: Henrique Santos de Albuquerque 

Ano de ingresso no curso de Relações Internacionais: 2013

Ano de conclusão do curso de Relações Internacionais: 2018 (2 anos trancado)

Ocupação atual: Analista de Produtos e Serviços na Amcham Curitiba

Cidade em que reside: Curitiba


Blog Internacionalize-se: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional.

Henrique: Minha trajetória profissional começou em 2015, quando morava nos EUA, logo após trancar a faculdade entre 2015 e 2016. Lá tive a oportunidade de trabalhar em uma ONG, o Hispanic Center Lehigh Valley, que prestava serviços aos imigrantes latinos perto da região em que eu morava na Pensilvânia. Foi uma experiência profissional bem enriquecedora, já que tive contato com culturas e realidades totalmente diferentes da minha. As atividades do trabalho eram basicamente de operacional administrativo e também de relacionamento e apoio direto aos imigrantes da região.

Ao voltar pro Brasil, em 2016, consegui um estágio no departamento de Contas a Pagar de uma multinacional química, a Solvay, onde trabalhava na área de suporte aos fornecedores dos Estados Unidos. Esse emprego foi extremamente importante para a minha carreira profissional, já que tive a vivência da realidade operacional de uma multinacional, além de ter consolidado meu inglês e desenvolvido habilidades profissionais essenciais como agilidade, comunicação efetiva e resiliência.

Depois disso, acabei migrando mais para perto da área de RI, e entrei na Hussein KS, consultoria especializada em processos de imigração e realocação. Nessa oportunidade tive contato com expatriados de diversas nacionalidades - executivos de alto escalão de grandes empresas - e pude entender mais sobre a realidade do ambiente executivo. Ao trabalhar com o apoio no processo documental de imigração, também pude aprender muito sobre alguns órgãos federais do governo e suas especificidades.

Após isto, e logo no fim da faculdade, tive a grande oportunidade de trabalhar na agência de promoção de investimentos do estado do Paraná, a Paraná Invest. Lá foi onde tive minha maior experiência trabalhando com Relações Internacionais, já que apoiava diretamente a presidência da agência com projetos especiais, análises de mercado e articulação estratégica com as demais agências.

Por fim, após me formar, entrei na Câmara Americana de Comércio, a Amcham, pra trabalhar na área de Produtos e Serviços. A Amcham é o principal ‘clube de empresas’ do Brasil, reunindo mais de 5 mil organizações por 15 regionais do Brasil. Meu trabalho é voltado para a região Sul, mais especificamente Paraná e Santa Catarina, desenvolvendo projetos especiais, atividades estratégicas e conteúdos corporativos que auxiliem diretamente pela melhora do ambiente de negócios da região. Além disso, sou o responsável das regionais pelas Relações Governamentais, realizando projetos com entes governamentais e outras instituições relevantes. Ao longo dessa jornada que já dura 2 anos, pude liderar eventos com Cônsul Geral dos EUA, Governador do PR, CEOs de multinacionais como Intel, Microsoft e Bayer, além de compor a gestão do maior festival de inovação da Amcham Curitiba.

Blog Internacionalize-se: Como é o dia a dia no teu trabalho?

Henrique: O dia de trabalho na Amcham é extremamente dinâmico, algo que sempre prezei muito no meu plano profissional. A área de Produtos e Serviços é responsável por conectar estrategicamente os associados da Câmara através de iniciativas e projetos especiais que focam no networking de qualidade e capacitação empresarial. Assim, meu trabalho diário é dividido em várias atividades de planejamento e execução de projetos em conjunto com outras regionais, com demais áreas do escritório e com as empresas associadas. Em épocas de eventos presenciais, essas atividades se tornam ainda mais emocionantes, já que temos que fazer todo o processo de desenho e montagem de atividades grandes que envolvem até 1500 pessoas. Para conseguir gerir tantas atividades é muito importante ter uma organização efetiva, agilidade nas ações e muita energia pra fazer sempre melhor.  bastante agilidade, flexibilidade para saber organizar bem, priorizar bem as. Além disso, é uma realidade de trabalho muito colaborativa já que trabalho diretamente com meus colegas da equipe de P&S e das demais áreas que estão sempre envolvidos nos projetos que desenvolvemos. Por fim, um ponto de destaque do dia-a-dia do trabalho é o constante relacionamento écom executivos C-Level, Diretores, Gerentes e executivos estratégicos de grandes empresas da região. Como trabalhamos diretamente com os executivos associados, temos que construir boas redes de networking.

Blog Internacionalize-se: Quais as aptidões e conhecimentos desenvolvidos no curso de Relações Internacionais que mais o ajudam na sua carreira atualmente?

Henrique: Primeiro de tudo, as habilidades de relacionamento interpessoal eque desenvolvi com vivências do curso foram essenciais para minha trajetória. No curso de RI temos um cuidado muito grande em estudar não só as pautas mais conceituais, mas também a importância do relacionamento, da comunicação, do entendimento cultural nessa dinâmica para negociações efetivas e construção de relacionamentos e de redes fortes e estratégicas. Dou hoje muito valor para esse conhecimento adquirido na faculdade. Além disso, hoje meu trabalho depende muito de pesquisas técnicas, e estudos de contexto e de tendências, algo que aprendi muito no curso de Relações Internacionais. Ter a habilidade de entender e analisar  de forma abrangente o contexto, seja ele político, social, econômico ou internacional foi algo que me foi muito ensinado durante a formação acadêmica. Por fim, hoje dentro da minha atuação com Relações Governamentais e Institucionais tenho a oportunidade de desenvolver projetos com o governo, consulados, embaixadas e instituições relevantes. Grande parte do conhecimento técnico que tenho sobre essas instituições, suas especificidades e operações internas, vieram da época de faculdade e foram cruciais para a assertividade do relacionamento e projetos que construí.


Blog Internacionalize-se: Qual foi a experiência mais desafiadora que já teve profissionalmente?

Henrique: ​Bom, já tive algumas experiências bem desafiadoras dentro dessa trajetória profissional, especialmente na Amcham. Acredito que o mais desafiador de todos foi o Amcham Talks. Esse foi o maior festival já criado pela Amcham Curitiba e reuniu mais de 1200 pessoas, dezenas de atrações espalhadas por vários pontos do Shopping Pátio batel para dialogarem sobre Inovação. Esse projeto foi idealizado pelo meu líder (e grande amigo), Bruno, e ‘tocado’ por ele e por mim. O projeto inteiro foi extremamente desafiador, mas destataco especialmente o planejamento organizacional e a montagem física do evento como os principais. Organizar e planejar uma iniciativa gigantesca, com mais de 20 convidados especiais, dezenas de fornecedores, gestão da equipe interna foi um daqueles desafios gigantescos. A montagem do evento foi ainda mais desafiadora, já que tivemos que executar tudo em uma madrugada (já que os shoppings permitem esse tipo de atividade apenas nesse horário). Lidamos com diversas adversidades, inúmeros fornecedores e com um tempo curtíssimo. Mas no fim tudo deu certo e fizemos a iniciativa mais histórica da regional.

Mas deixo aqui algumas menções honrosas de desafios profissionais: ser o responsável por áudio e vídeo em um evento para mais de 700 pessoas na Ópera de Arame; idealizar e liderar o Reset PR, projeto que auxiliou executivos no processo de retomada durante a pandemia do covid-19; e liderar o encontro estratégico entre o Cônsul Geral dos EUA no Brasil e C-levels das principais empresas de Curitiba. 

Blog Internacionalize-se: ​Qual a lembrança mais marcante do período de faculdade?

Henrique: ​É bem complicado escolher apenas uma lembrança mais marcante da faculdade que foram anos e períodos importantes na minha vida que eu passei na UNICURITBA fazendo curso de RI. Uma das principais e mais marcantes foram os primeiros dias de faculdade. Sair do colégio e entrar em um outro ambiente, com outras pessoas, uma dinâmica de vida diferente foi muito especial. Mas acredito que o principal momento foi da minha aprovação com 10 na banca de monografia. Me entreguei por completo para a construção da pesquisa, foi um período extremamente desafiador mas que foi muito recompensador no final. Ser aprovado e com muitos elogios por uma banca de peso (Violeta e Marlus) e finalizar com chave-de-ouro junto do meu orientador Gustavo foi um dos momentos mais marcantes da minha vida.

Blog Internacionalize-se: ​Qual conselho deixaria para os nossos alunos, em especial para aqueles que ainda estão em dúvida quanto ao futuro profissional?

Henrique:Acho que eu tenho dois principais conselhos para os estudantes de R.I. O primeiro é: não deixem de aproveitar as oportunidades que vocês tem, seja Universidade como fora dela. Aproveite os grupos especiais, semanas acadêmicas, iniciações científicas e aulas eletivas. Isso vai fazer muita diferença no profissional que você será no futuro. Mas não deixe de aproveitar também a oportunidade de fazer bons amigos, se divertir nas festas e no bar e viver uma fase muito importante e especial da vida. 

Segundo, e não menos importante, é: não deixem de olhar para dentro, de se conhecer mais, de se curar mais. Acredito que aproveitamos ao máximo as oportunidades das nossas vidas e os momentos que vivemos quando nos conhecemos e entendemos de verdade nosso propósito e objetivos de vida. Então, além do importante estudo de RI que vivenciam na faculdade, não deixem de conhecer vocês mesmos. Eu costumo dizer que o mundo e as suas histórias seriam muito diferentes (e melhores!) se muitos dos líderes que já viveram e ainda vivem (as pessoas que estão à frente das tomadas de decisão e que influenciam diretamente a sociedade) cuidassem mais de si, conhecessem mais a si.


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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Por Onde Anda: Bruno Hendler, professor adjunto e coordenador do curso de Relações Internacionais na Universidade Federal de Santa Maria

 


Nome Completo: Bruno Hendler
Ano de ingresso no curso de Relações Internacionais: 2007
Ano de conclusão do curso de Relações Internacionais: 2010
Ocupação atual: Professor adjunto e coordenador do curso de Relações Internacionais na Universidade Federal de Santa Maria
Cidade em que reside: Santa Maria/RS

Blog Internacionalize-se: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional.
Bruno: “Sou graduado em Relações Internacionais pelo Unicuritiba, mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e Doutor em Economia Política pela UFRJ. Durante o mestrado eu passei um mês como pesquisador visitante na Johns Hopkins University, no departamento de sociologia e no doutorado fiquei quatro meses na Renmin University, que é uma das principais universidades em Pequim, na China. Atualmente eu sou professor da graduação e da pós-graduação da Universidade Federal de Santa Maria, e eu também coordeno o curso de Relações Internacionais nesta instituição. É também relevante lembrar que passei dois anos no Unicuritiba como professor da casa.”

Blog Internacionalize-se: Quando tomou a decisão de seguir a carreira acadêmica? Como se preparou durante a graduação em Relações Internacionais para essa escolha?
Bruno: “Antes de decidir pela carreira acadêmica eu fui experimentando outras coisas, acho que esse é o segredo para os alunos de graduação: você ampliar o máximo possível o leque de oportunidades e de experiências que você tem, e com o passar do tempo você vai descobrindo suas principais afinidades e aquilo que você é bom e o que você não é tão bom.

Durante a graduação eu fiz estágio numa Trading de exportação de madeira, trabalhei na Câmara Americana de Comércio, e aí eu fui gradualmente sentindo que tinha vocação para a carreira acadêmica. Ao longo da graduação eu passei dois anos dando aula num cursinho beneficente, chamado Creação e vinculado ao CREA, onde eu dei aula de história moderna e contemporânea, ali eu tive certeza que trabalhar com ensino e sala de aula era o que eu queria - no cursinho eu descobri e senti um pouco da importância social que o professor tem, para preparar os alunos, não só para o mercado de trabalho, mas como seres humanos, como seres pensantes. Eu também trabalhei em eventos internacionais que aconteceram em Curitiba na época que eu estava na graduação, eventos do Mercosul, da ONU, a COP.

Eu também cursei um ano de história da UFPR junto com a graduação de RI, e isso foi bem importante para minha pesquisa que viria depois. Assim fui me preparando, me envolvi em grupos de iniciação científica, o tema de TCC que construí já fiz pensando em como amarrar para uma possível pesquisa de mestrado, e participei de eventos acadêmicos - quando você vai amadurecendo você vai vendo, eu hoje que sou doutor vejo que publicações escritas valem muito mais que eventos acadêmicos, em termos profissionais, porém quando você está construindo seu caminho de pesquisa, participar de encontros acadêmicos é fundamental, inclusive de ser cara de pau e entrar em contato com os grandes pesquisadores da tua linha de pesquisa, pedir dicas, indicações, falar sobre sua própria pesquisa, ouvir críticas. Então eu diria que me preparei ao buscar coisas diferentes do que eu imaginava, fazendo testes e buscando nos diversos campos de atuação em RI, e quando eu decidi pela carreira acadêmica, fui construindo o caminho com iniciação científica, eventos.”

Blog Internacionalize-se: Como é o dia a dia no teu trabalho?
Bruno: “Bom, existe o antes e o depois da pandemia, né? As atividades como coordenador tem um lado burocrático e um lado de pensar em longo prazo. O lado burocrático é despacho, processo, revalidação de diplomas do exterior, assinaturas de certificados de alunos - não é nada muito emocionante. Mas o segundo aspecto é interessante, que é pensar na reestruturação das disciplinas com base nas diretrizes do MEC, fazer o rastreamento dos egressos, para entender como os nossos alunos estão se inserindo no mercado de trabalho, pensar também em mecanismo de auto-avaliação das disciplinas.
Além da gestão, tem também os trabalhos mais convencionais da docência (que são o ensino, a pesquisa e a extensão): eu leciono duas disciplinas por semestre na graduação e alterno com uma disciplina no mestrado em RI, também faço a orientação (que gosto muito) de TCC e dissertações de mestrado, e relativo com o TCC tenho também um grupo de pesquisa em Ásia Pacífico, que estuda a ascensão da China, ou do Ásia Oriental, a partir de uma perspectiva da economia internacional - e os grupos de pesquisas são muito interessantes e muito valiosos para quem tá começando, e a ideia é essa escadinha, de colocar para trabalhar graduandos, mestrandos, doutorandos, e professores para orientar os trabalhos de pesquisa.

E também temos a parte de extensão, com a comunidade, de cursos beneficentes (que os alunos aqui tocam), projeto de carreiras internacionais - que é exatamente para trazer profissionais de RI para conversas com nossos alunos - tem também o pessoal que faz o trabalho com a região de fronteira, e trabalha com comunidades locais e humildes nessa região de fronteira. Enfim, o dia a dia, ainda que as atividades de gestão sejam mais burocráticas, as atividades de pesquisa e de ensino principalmente, me agradam muito e eu me sinto muito realizado pela carreira em que segui.” 

Blog Internacionalize-se: Quais as aptidões e conhecimentos desenvolvidos no curso de Relações Internacionais que mais o ajudam na sua carreira atualmente?
Bruno: “Em primeiro lugar eu acho que é pensar os problemas de forma sistêmica e multidisciplinar, que é a vocação do curso de Relações Internacionais. Junto com isso são bem importantes as atividades de simulação de organismos internacionais, que trazem as habilidades de negociação, de busca de consenso, de empatia, de entender os interesses e as posições da sua contraparte de negociação - essas foram as habilidades que eu desenvolvi ao longo do curso, né? 
E além disso, o pensamento crítico e científico. Os professores que eu tive aí no Unicuritiba e depois nas pós-graduações foram muito importantes para pensar a realidade de uma forma mais objetiva possível e de forma crítica a origem das RIs como disciplina é essencialmente norte-americana, então é muito interessante como a gente do Sul global tem que subverter um pouco os princípios que a gente aprende a partir do viés norte-americano e trazer para a nossa realidade.” 

Blog Internacionalize-se: Qual foi a experiência mais desafiadora que já teve profissionalmente?
Bruno: “Acho que o primeiro grande desafio para mim foi na graduação mesmo, identificar que a minha vocação era a carreira acadêmica. Há muitos preconceitos em relação a isso, a desvalorização, tanto salarial como social da carreira do professor, e todos os desafios que envolvem a pesquisa no Brasil, né? A falta de condições de trabalho, o pesquisador e pós-graduando não ser visto como trabalhador, mas como um estudante - como se ser cientista não fosse uma carreira, não fosse uma profissão. Então no final da graduação para o mestrado, em termos pessoais, foi muito desafiante isso de reconhecer e estar seguro dessa opção acadêmica, mas com o passar do tempo fui vendo como é maravilhoso, e que os perrengues são muito poucos, ainda que a gente precise avançar em muitos setores, é uma carreira maravilhosa.
Em termos profissionais, de pesquisa, o principal desafio que eu tive foi fazer a minha pesquisa e cumprir com o que eu me propus, que foi estudar a ascensão da China e compreender a sociedade chinesa. É muito desafiante você conseguir penetrar na academia chinesa, nos principais centros de pesquisas, com os pesquisadores, é tudo muito diferente. Até hoje é um desafio que eu não superei totalmente, mas viver na China por quatro meses, como estudante, entendendo a cultura e os meandros da política e da economia da China, com professores chineses, e estando imerso na cultura chinesa foi, e continua sendo, um dos grandes desafios da minha carreira - principalmente para tentar trazer um pouco dessa experiência, dos contatos e da minha pesquisa para gestar aqui no Brasil o pensamento crítico sobre como lidar com a ascensão da China.” 

Blog Internacionalize-se: Qual a lembrança mais marcante do período de faculdade?
Bruno: “A primeira lembrança, que não é bem uma lembrança em si, mas é o convívio com os colegas e os professores, e o ótimo nível das aulas e de conteúdo que a gente teve - você sabe bem que no começo tinha algumas lacunas na grade, mas ao longo do tempo as coisas foram melhorando bastante e eu acho que me marcou muito essa fase das aulas mesmo. Como eu já sabia que queria ser professor, eu sempre buscava entender os pontos fortes dos professores, quais métodos deles estavam sendo bem utilizados e bem aproveitados pela turma, quais não eram tão legais, e eu pensava: ‘quando eu for professor, acho que eu mudaria isso, ou me inspiraria nisso, naquilo’. Enfim, a lembrança mais marcante é essa, eu podendo entender o jeito de cada professor e utilizando aquilo pro momento em que eu me tornasse professor.
Mas um segundo momento, de forma mais objetiva, foi a participação nas simulações. Eu adora as simulações de organismos internacionais - eu já representei a Rússia, a Venezuela, os Estados Unidos, enfim... Eram momentos de confraternização e de aprendizado na prática, de como as coisas funcionam.” 

Blog Internacionalize-se: Qual conselho deixaria para os nossos alunos, em especial para aqueles que ainda estão em dúvida quanto ao futuro profissional?
Bruno: “Eu diria que não é uma forma tão objetiva e clara, mas aproveite os dois primeiros anos da faculdade para experimentar de tudo em termos acadêmicos. Não diga não a nada, tudo que aparecer tope, abrace, vá e faça, experimente, que então aos poucos você começa a se descobrir e a entender quais são as suas aptidões, suas vocações, suas habilidades, inclusive seus defeitos, suas lacunas. 
Então eu diria que aproveitem o começo da faculdade para isso, para experimentar todas as possibilidades que aparecerem dentro da carreira de RI, e quando você for chegando mais para o final da faculdade, aí é a hora de começar a afunilar, a se dedicar, não só no TCC, mas àquilo que você foi acumulando ao longos dos anos na faculdade. Se dedicar ao estágio numa área que você descobriu que você tem mais afinidade, fazer um intercâmbio pela Universidade mesmo, ou não - e no caso da carreira acadêmica, que é o meu caso, se você tem interesse, se você participou de grupo de pesquisa, de iniciação científica ou mesmo de simulações e acha que tem vocação para pesquisa, comece já a utilizar o que você estudou nas disciplinas para pensar num tema de TCC que seja também útil, válido e apto para continuar como um projeto de mestrado. Vá atrás dos professores, tente descobrir quais são as correntes de debate de pesquisa dentro do tema que você tá estudando, entre em contato com os professores medalhões - porque às vezes a cara de pau compensa, foi assim que eu consegui estágio na Johns Hopkins, consegui ir pra China, é você dando a cara a tapa, você entrando em contato com as pessoas que estão mais a sua frente.” 

Blog Internacionalize-se: Gostaria de acrescentar mais alguma informação?
Bruno: “Sobre ser acadêmico, eu diria que é muito gratificante. Eu no começo tinha esse dilema, essa coisa de ‘um engenheiro constrói uma ponte, um médico salva uma vida, e professor, faz o quê?’ Mas o legado do professor não é material, ele é imaterial. Então eu acho que talvez seja a carreira mais importante, porque você molda a forma como outras carreiras são, e o internacionalista molda a forma como as pessoas vão ver o mundo, e é um legado imaterial essa coisa de pensar a partir de uma forma científica, de pensar a partir de um viés crítico, e isso é o que molda a cabeça das pessoas. Por isso eu acho que essa carreira é tão importante e precisa tanto de pessoas preocupadas e até um pouco idealistas, para tornar o mundo um lugar melhor.” 
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terça-feira, 19 de maio de 2020

Por Onde Anda: Andreia Barcellos, consultora no Banco Interamericano de Desenvolvimento




Nome Completo: Andreia C. Barcellos

Ano de ingresso no curso de Relações Internacionais:  2008

Ano de conclusão do curso de Relações Internacionais: 2011

Ocupação atual:  Consultora no Banco Interamericano de Desenvolvimento

Blog Internacionalize-se: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional.
Andreia: Ao terminar a graduação, realizei um voluntariado no Egito e após, ingressei na American University School of International Service para um mestrado em Paz e Resolução de Conflito. Durante o mestrado, participei de um projeto com imigrantes Africanos em Israel, e passei um período no Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) na Malásia. Após concluir o Mestrado, continuei nos Estados Unidos e estagiei na Organização dos Estados Americanos (OEA) e trabalhei para uma pequena ONG prestando auxílio humanitário para refugiados Sírios. Depois realizei trabalhos “em campo”, primeiro em uma ONG no interior do Equador prestando assistência médica para comunidades em situação de vulnerabilidade, e posteriormente para a prefeitura de minha cidade (Medianeira) onde desenvolvi um projeto para Imigrantes Haitianos. Durante esse período, iniciei algumas consultorias para a OEA, o que me permitiram trabalhar em diversos países do continente, e posteriormente retornar a Washington ainda trabalhando na OEA. Depois de um período, iniciei um novo trabalho no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Blog Internacionalize-se: Você fez mestrado em Washington, o que te levou a buscar um aprofundamento de conhecimentos em outro país? Pode nos contar um pouco mais sobre a área escolhida? 
Andreia: Fazer um mestrado é muito mais que aulas e escolher um tópico de seu interesse, temos que considerar o que vem depois, seus objetivos e como esse mestrado nos ajudará a chegar lá. Ou seja, que tipo de técnica, conhecimento e especializações você irá tirar do curso. Pensando nisso eu resolvi olhar as opções fora do Brasil. Escolhi vir para os Estados Unidos pois, no geral, os Mestrados adotam um viés menos acadêmico e mais focado em desenvolver capacidades necessárias para trabalhar em áreas específicas. Escolhi Washington porque é importante estudar onde queremos trabalhar, e Washington é cercado de ONGs, Think Tanks e Organizações internacionais. A cidade oferta inúmeros eventos, workshops, e possibilidades de você explorar diversas áreas e conhecer pessoas de diferentes lugares, e isso agrega muito conhecimento durante processo educacional. Finalmente, escolhi a American University pelo curso em Paz e Resolução de Conflito, que me aperfeiçoou em técnicas de mediação e negociação, pelo seu grande reconhecimento nos Estados Unidos como uma das melhores faculdades na área, e pela flexibilidade em unir o mundo acadêmico com o mercado de trabalho. 

Blog Internacionalize-se: Vimos que você atuou em algumas Organizações Internacionais, pode nos dizer como você começou neste meio e porque? 
Andreia: Comecei a atuar nessa área já durante o mestrado, quando durante as férias de “verão” fui desenvolver um projeto no Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) na Malásia. Durante esses meses, recebi uma oferta para permanecer e continuei na Malásia por mais 5 meses. Quando retornei a Washington entrei para uma equipe de alunos escolhidos pelo BID para desenvolver uma analise que serviria de base para um de seus informes. Essa “consultoria” acabou também se tornando a base do meu projeto de conclusão de curso, que apresentei na Universidade e também para o BID. Depois fiz uma estagio na OEA, que posteriormente levou a uma consultoria com a Organização, durante a qual fui para variados países e participei de diversas missões ao redor do continente, até retornar a Washington. Esse foi mais ou menos a trajetória, mas também trabalhei em pequenas ONGs e para o governo. É muito válido ter uma variedade de experiências profissionais para saber como navegar entre as diversas opções que temos como internacionalistas. 

Eu retornei para os Organismos Internacionais pois acredito no poder dessas organizações em apoiar países e pessoas, foi o que me fez procurar essas oportunidades em 2014, e é o que me faz continuar nessa área. Além disso é um trabalho super dinâmico, a variedade de projetos que desenvolvemos, nos mais variados países, faz com que o dia-a-dia seja diferente um do outro e, consequentemente, você tem que estar constantemente se adequando a diversas situações.

Blog Internacionalize-se: De que forma as aptidões e conhecimentos desenvolvidos no curso de Relações Internacionais do UNICURITIBA a ajudam em seu trabalho/trajetória atual?
Andreia: O curso de Relações Internacionais nos da aptidão para analisar situações pelo aspecto social, politico, econômico e de direito. Ele nos prepara para analisar uma grande diversidade de cenários, e desperta o nosso senso critico e de reposta. Essa visão mais ampla, esse senso de olhar o problema já pensando em uma solução e suas possíveis consequências, é primordial no nosso trabalho e são poucos os cursos que te preparam para isso.

Blog Internacionalize-se: Qual a sua lembrança mais marcante da época da faculdade?
Andreia: A minha banca da Monografia, quando sai da sala e olhei para o meu orientador (Marlus Forigo) e falei toda contente “tirei 9.5” e ele respondeu “era para ter tirado 10, sua pesquisa valia um 10”. Isso ficou tão marcado que quando apresentei minha tese de mestrado estava certa que não aceitaria nada menos que a nota máxima, e deu certo. 
Além desse momento, tenho lembranças maravilhosas com os professores e colegas. Tenho profunda admiração pelos professores da época de faculdade. Levo com muito carinho todas as aulas e aprendizados, e sou muito grata pela paciência deles. Iniciamos a universidade ainda muito jovens, e muitas vezes nos falta maturidade para apreciar a oportunidade que temos, e o comprometimento dos professores nos faz crescer e ter confiança no caminho que decidimos seguir. E os colegas que se transformam em amigos e que digo com total segurança que são amigos para uma vida toda.

Blog Internacionalize-se: Deixe um conselho para os nossos leitores.
Andreia: Descubra o que você quer fazer e não desista. Relações Internacionais não é uma profissão fácil. É lotado de altos e baixos e incertezas. E por isso é importante saber o que quer, e ter confiança nas suas escolhas. Procure se especializar, estudar, ler e aproveitar todas as oportunidades que tenha. E principalmente, ajude seus colegas de profissão!

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