Artigo apresentado na disciplina de Teoria das Relações Internacionais I, ministrado pelo Profa Dra Janiffer Zarpelon, do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.
* Dominique Cubis
Nacionalismo
tem como definição ser o sentimento de pertencimento á um grupo com aspectos
semelhantes, ou seja, uma nação. Segundo Morgenthau, estudioso das Relações
Internacionais e autor do livro A
Política Entre As Nações, destaca que a política externa de um país não é
feita de acordo com os interesses de todos os cidadãos, e que alguns atos dessa
política atingem diretamente apenas os que estão por trás dela, além do mais,
são estes que firmam tratados, negociam acordos e os planejam.
Nisso podemos inserir as medidas do governo de
Kim Jong Un em relação à Coréia do Sul nesses últimos meses, ou seja, uma
atitude agressiva e de ameaças, que representa apenas benefícios para o ditador
e seus aliados, pois a população norte coreana e do sul se veem ainda como uma
mesma nação, uma mesma família, no qual foram separadas de seus familiares
durante a guerra e não os viram mais.
Morgenthau ao analisar o nacionalismo moderno
faz a seguinte pergunta "se as relações externas não são compatíveis com
os interesses dos indivíduos, o que causa então o sentimento de identificação e
apego com o poder exibido pelo seu país?" Ele explica que para a sociedade
o alcance do poder é por meio de ações imorais, e que como maneira de suprimir
esses atos ela cria normas morais, éticas e também emprega instituições e
arranjos sociais como corridas eleitorais e organizações comunitárias. O efeito
dessa tática é de que poucas pessoas obtém o poder, então a maioria quando não
o conseguem no âmbito interno projetam no externo.
Sendo assim,
os indivíduos tornam-se cidadãos satisfeitos com as conquistas
nacionais, com orgulho coletivo que os faz sentir como membros da mesma nação,
e o triunfo da pátria torna-se como se fosse deles, escurecendo as falhas de
cada um. Logo, as regras morais que restringem o ser comum no seu cotidiano,
engrandece as conquistas nacionais. O autor ainda expõe, que é tido que o
poder, quando concentrado no bem da nação torna-se algo bom para o qual os cidadãos
devem batalhar. Ainda dentro do Estado é dividido dois grupos de pessoas: os
que advogam as aspirações nacionais, que são normalmente a classe média e
classe trabalhadora, ou os que não se identificam com as aspirações nacionais.
O Japão,
que tem em sua constituição a renúncia a guerra, ou seja ao armamento e
exército, tomou a atitude de revisar e tentar mudar essa cláusula devido à
insegurança em que está exposto por ter como vizinho a Coréia do Norte, e
também a China no qual possui o maior exercito do mundo. A busca por esta
mudança da Constituição no Japão é liderada pelo primeiro-ministro, Shinzo Abe,
mas é repudiada por uma grande parte da população japonesa.
Hans Morgenthau encontra as raízes do
Nacionalismo moderno na Era Napoleônica, que com suas guerras nacionais e a
política externa conseguiu que a população se identifica-se com a causa, o que
foi acentuado com a Primeira Guerra Mundial. Porém, na segunda grande guerra, o
autor pontua que esse sentimento nacional foi se degradando e as pessoas já não
mais identificavam-se com seus países.
Um dos problemas era que quando o Estado
encontrava-se aliado a outro Estado que detinha características similares ao do
indivíduo, segundo Morgenthau essa situação era vista como uma
"desintegração da solidariedade nacional", que é colocada como não
sendo um risco ao nacionalismo, pois há apenas uma transferência de lealdade de
uma nação para a outra, e acima de tudo, algo efêmero e que desvaneceu com o
tempo e mudança na conjuntura internacional.
Contudo, o autor afirma que depois do final da
Segunda Guerra Mundial houve uma retração do nacionalismo em prol da unificação
da Europa, em que ele cita os precedentes da União Europeia, ademais, ele cita
que os precedentes para a integração é a destruição, causada pela guerra dos
países europeus e o declínio do poder político, militar e econômico, o que
causaram o sentimento de insegurança nos cidadãos que ali viviam.
Morgenthau então explica que há uma corrente de
estudiosos os quais aceitam que em decorrência dos novos meios de comunicações,
transporte e armamentos não existe modo de apenas uma nação ter capacidade de
solucioná-los, o principal assunto de preocupação é as armas nucleares, as
quais o estudioso afirma não poderem ser paradas por qualquer nação que esteja
competindo com outra, estão esse objeto de apreensão, sendo de responsabilidade
de todas as nações, transcendendo os interesses individuais e refletindo nas
politicas internas e externas.
Morgenthau parte para outra de suas teses,
afirmando que quanto mais segura e estável a população sentir-se, menor são as
chances desta se interessar por um nacionalismo intenso e agressivo. Ele segue
a ideia de que ao transcorrer dos últimos séculos, muitos foram os momentos de
instabilidades geradas pela desagregação das pessoas pelas tradições, religião,
bem como a racionalização da vida e do trabalho. Ao passar do tempo essas
ideologias tornaram-se mais fervorosas, e "as politicas externas
transformaram-se em missões sagradas". Além disso, o autor cita que novas ameaças
surgiram, como a atomização da sociedade e o perigo de uma guerra nuclear, o
que gera uma tendência de maior intensidade da identificação do indivíduo com a
nação. E é com isso que Morgenthau explica as tendências modernas de cruéis
politicas externas visando o poder do Estado, apoiadas pela população,
chocando-se umas com as outras.
Hans Morgenthau discorre também sobre o
equilíbrio de poder, ou seja, as aspirações de uma nação para manter ou alterar
seu status quo. O autor afirma que
mesmo que o senso comum relate sobre a balança de poder ser opcional, na
verdade, ela é inevitável e necessária para a estabilidade de um Estado
soberano. O equilíbrio é tido com dois pressupostos em sua base: os componentes
equilibrados são essenciais ou necessários à existência, e que, sem um dos
componentes um deles se tornará de maior poder, não tendo respeito pelos
direitos do outro e, por fim, o destruirá. Ou seja, o autor coloca que o
objetivo de todo equilíbrio é o de manter a estabilidade do sistema, sem destruir
os seus membros, evitando que um conquiste uma supremacia sobre os outros.
Morgenthau ainda demonstra como a balança de
poder tornou-se importante nos governos e órgãos políticos. Ele cita que em
Estados multipartidários, um partido conseguiria, talvez com apoio de outros,
contrabalancear o adversário; ou também a divisão dos poderes, evitando que um
prepondere-se ante outros.
Morgenthau expõe dois principais padrões no
equilíbrio de poder: - Padrão da oposição: em que a nação A toma ações
imperialistas em relação a nação B, e esta última responde com uma medida
imperialista ou de manutenção do status
quo, então A quer também dominar C, enquanto B pode ou ter os mesmos
objetivos ou respeitar C, sendo assim, a competição entre A e B não é direta, e
sim, molda-se ao redor do domínio de C, sendo este o intermediário da disputa.
Uns dos exemplos dados pelo autor sobre esse padrão é a disputa dos Estados
Unidos contra China pelo controle dos países do Sudeste Asiático. Essa política
têm como característica ver o poder de seu Estado suplantar o do rival, o que
gera oscilações de poder entre os participantes. É adicionado que enquanto esse
equilíbrio de poder funcione ele manterá uma estabilidade precária, pois ela
está em risco de ser importunada, além de que assegura a liberdade de uma das
nações em relação a outra. Ademais, pelo equilíbrio de poder ser instável e
dinâmico, a independência dos países são precárias; - Padrão da competição:
nele a mecânica entre os Estados A e B é igual a anterior, porém, a função adicional
é garantir a liberdade de C em relação a invasões e A e B, que torna-se mero
objeto das relações de poder dos países envolvidos na balança. Se a balança
virar-se a favor de um dos países imperialistas a liberdade de C corre perigo;
se a nação do status quo estiver a
frente, C pode ter a oportunidade de manter sua independência; ou se a nação
imperialista desistir ou encontrar outro objeto para seus desejos, então, a
independência de C está a salvo.
Morgenthau diz que as pequenas nações devem sua
independência ao equilíbrio de poder, à vitória de um poder protetor ou à falta
de atrativos, e que esses mesmo motivos são responsáveis pela existência de
Estados-Tampões como é o caso da Bélgica.
A Coréia
é citada como proveniente desses fatores. O Estado fica entre a China e o
Japão, e esses sempre foram os influenciadores do país, ficando este ou entre a
proteção da China ou a dominação do Japão. Esse status mudou depois da Segunda
Guerra Mundial, quando as tropas japonesas retiraram-se da Península Coreana e
os Estados Unidos substituíram a proteção chinesa pela sua. Sendo assim, a
Coréia, que fora dividida em dois países, é exemplo de como a balança de poder
afeta a história e as relações de países terceiros.
Bibliografia:
UOL
Notícias. Nacionalistas do Japão pressionam por fim de Constituição pacifista
pós-Segunda Guerra. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2017/05/03/constituicao-pacifista-do-japao-esta-sob-pressao.htm
Acesso em: 03/04/2018
MORGENTHAU,
Hans. A Política Entre As Nações. São Paulo: Editora Universidade de Brasília,
2003.