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sexta-feira, 12 de agosto de 2022

CÁTEDRA: Direito Internacional à reunião familiar

Por Eduardo Pimentel dos Santos Peres*

    Podemos dizer que as primeiras décadas do século XXI estão sendo marcadas por sucessivas crises migratórias e estas não estão restritas a uma única região. Nas Américas, os principais fluxos migratórios encontram-se na fronteira México/Estados Unidos e na imigração de venezuelanos e haitianos ao Brasil. 
    Já no continente europeu, os fluxos migratórios estão espalhados pelas diversas nações que compõem a Europa, sendo os imigrantes vindos de diversos países, e como principais, advindos da Síria, Afeganistão, dos diversos países africanos e agora também da Ucrânia.
    Pode-se dizer que existe uma causa comum para que estas pessoas saiam de seus países, e em resumo, as crises migratórias são causadas por uma séria crise institucional ou econômica que está ocorrendo no país de origem. Por consequência, aqueles que imigram se deslocam em busca de oportunidades e de condições melhores para suas vidas, ou até mesmo, para permanecerem vivos.
    Infelizmente, nem todos os imigrantes conseguem trazer toda família consigo, sendo um dos objetivos, após se estabelecerem, a busca de meios e capital para trazerem os entes queridos que ficaram para trás.
    Entretanto, além da dificuldade na mudança de paradigmas (por conta da cultura e oportunidades diferentes em relação ao país que tem origem) e no arrecadar do capital necessário para custear a viagem de seus familiares ao novo país, ocorre que as solicitações de refúgio podem, muitas vezes, serem morosas e ou excessivamente complicadas. 
    O direito à reunião familiar, direito considerado fundamental, está previsto no Pacto de San José da Costa Rica em seu Artigo 17, referente à proteção da família, no Artigo 16 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, no Artigo 8 da Convenção Europeia de Direitos Humanos e também no Artigo 18 da Carta de Banjul

Artigo 17 da CADH A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado. 
Artigo 16 da DUDH A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado. 
Artigo 8 da CEDH Qualquer pessoa tem direito ao respeito da sua vida privada e familiar, do seu domicílio e da sua correspondência. 
Artigo 18 da Carta de Banjul A família é o elemento natural e a base da sociedade. Ela tem que ser protegida pelo Estado, que deve zelar pela sua saúde física e moral. 

    Verificado nas normas internacionais supracitadas, o direito de família, e em específico, o direito de reunião familiar é fundamental para a dignidade da pessoa humana, sendo o núcleo da sociedade, e deve ser respeitado pelos Estados, principalmente aqueles que são signatários destes tratados. 
    Isso significa que os Estados que dificultam a reunião familiar por morosidade, complexidade excessiva ou omissão na prestação de serviços relacionados com este direito seriam passíveis de responsabilização internacional.
         No entanto, frequentemente são visíveis desrespeitos ao direito;

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/06/criancas-morrem-no-haiti-enq uanto-esperam-visto-para-morar-com-os-pais-no-brasil.shtml


    No início de 2022, Raynju Riguelme, uma criança de apenas 2 anos acabou morrendo no Haiti enquanto esperava com sua mãe o processo de Reunião Familiar para o Brasil. O pai da criança, Jameson Blanc, mal conheceu seu filho, migrou ao Brasil em 2019 em busca de oportunidades para proporcionar melhores condições de vida para sua esposa e filho, lamentavelmente, este objetivo não poderá ser atingido. 
    A morte da criança não foi causada pela demora no processo, mas poderia ter sido evitada se este fosse célere. O Haiti se encontra em uma crise sócio-política gravíssima e, em razão disso, não possui um sistema de saúde abastado, se a reunião familiar tivesse sido concretizada, Raynju Riguelme, poderia ter tido um destino diferente, uma vez que o Brasil possui um sistema único de saúde, que é gratuito, universal e dispõem de mais recursos para o tratamento de doenças de forma geral, os quais poderiam ter sido usados para salvá-lo. 
    Ainda, segundo a matéria da FOLHA DE SÃO PAULO, a dificuldade para obter um visto no Haiti é crítica, pode levar até 1 ano e meio ou mais para que seja expedido; além da dificuldade em conseguir a documentação necessária, há um problema logístico para viajar do Haiti para o Brasil.
    Inobstante, o Brasil é um dos principais destinos do povo haitiano (a partir de 2010 em decorrência ao terremoto que atingiu o país e mais recentemente em 2021, com assassinato do presidente haitiano Jovenel Moïse) visto os procedimentos de acolhidas brasileiros e o conhecimento geral da crise. Considerando que houve um movimento empático na adoção de medidas para auxiliar a aflição humanitária utilizando de ferramentas específicas de acolhimento e o reconhecimento de longa duração para os processos, é no mínimo questionável que medidas de solução ainda não tenham sido levantadas. 
    No dia 20 de abril de 2022, foi publicado a decisão do Presidente Ministro Humberto Martins, quanto a suspensão da liminar e de sentença ajuizada pela União e Outros contra diversas decisões proferidas pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em que é notório a consciência de dificuldades, como a) há uma crise humanitária, b) as vagas para agendamento para solicitação de visto na Embaixada brasileira em Porto Príncipe estão indisponíveis; c) haveria um esquema de corrupção na embaixada no processo de concessão de vistos; d) e que tentando ingressar no Brasil, os haitianos buscam pela via judicial (ultrapassando a etapa consular), em detrimento à garantia da reunião familiar e à acolhida humanitária, insculpidas nos art. 3º, incisos VI e VIII, da Lei de Migração e que por isso caberia ao Poder Judiciário assegurar o ingresso desses migrantes em território brasileiro. Na decisão em questão, em preservação da soberania e protocolos da União, não foram estendidas as exceções ao povo haitiano. 
    Lastimavelmente, em consideração as exposições, as situações como as ocorridas pela família de Raynju e outras são frequentes, por este e outros motivos é indispensável que seja exigido aos Estados o fornecimento de condições dignas para a realização da Reunião familiar, fazendo o possível para garantir a fruição deste direito humano e possibilitando a conservação da dignidade da pessoa humana. 

*Graduando em Direito pelo Centro Universitário Curitiba

REFERÊNCIAS 
CONSELHO DA EUROPA. Convenção Europeia dos Direitos dos Homens, 1950; 
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS. Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), 1969; 
MANTOVANI, Flávia. Haiti: Crianças morrem esperando vistos para o Brasil. Folha de São Paulo, 26 de junho 2022; 
Assembleia Geral da ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos, (1948); 
CONSELHO DA EUROPA. Recomendação 1686 - Human mobility and the right to family reunion.






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quarta-feira, 6 de julho de 2022

CÁTEDRA: A vacinação contra Covid-19 para imigrantes, refugiados e apátridas

Foto tirada no dia 17 de novembro mostra seringa e frasco com etiqueta 'vacina Covid-19' escrita em inglês. — Foto: Joel Saget/AFP 

Por Ana Cristina Cercal dos Santos*

    Com o início da pandemia, muitos países voltaram suas preocupações a um objetivo: o fechamento das fronteiras. Com a limitação do trânsito de pessoas, assim também limitariam a transmissão do vírus. Viagens à trabalho foram canceladas, férias foram adiadas. Para alguns, foram mudanças de planos, para outros, mudanças de vida, infelizmente, no mau sentido da expressão. 
    A vida ficou suspensa no tempo, todos na espera da vacina que fosse mudar a situação. Porém, há situações em que a espera não tem lugar no tempo-espaço, como é o caso dos refugiados. Diante das restrições impostas pelos países, os deslocamentos de refugiados foram prejudicados e muitos foram impedidos de ultrapassar as linhas imaginárias. Aqueles que já estavam em abrigos encontraram condições de isolamento inadequadas, falta de acesso a água e serviços de saúde, bem como a falta de orientações sobre a prevenção de contágio, o que levou o risco de infecção entre migrantes a ser duas vezes maior do que entre os nacionais em alguns países. 
    A partir da criação da vacina muito se esperou por todos ao redor do mundo por uma melhora, uma salvação. No entanto, a salvação não deu a volta de 360o pelo globo. A primeira desigualdade escancarada foi entre países com maiores rendas e países de renda baixa, onde a distribuição de vacinas atrasou e não foi suficiente. Dados mostram que até agosto de 2021, os países de alta renda possuíam quase 60% da população vacinada, enquanto que nos de baixa renda a porcentagem não chegava a três. Agora, quase um ano depois, os primeiros contam com mais de 200% de doses aplicadas na população, ao passo que boa parte dos últimos têm apenas 20% de sua população vacinada. 
    Essa situação afetou diretamente os refugiados. Dados colhidos pela Oxfam Internacional em novembro de 2021 mostram que em torno de 85% dos refugiados se encontram nos países de média e baixa renda. Logo, a não distribuição de doses nos países com poucos recursos financeiros significa, também, a não proteção desses migrantes. 
    Por outro lado, ter a vacina no país não foi sinônimo de ter as suas doses disponíveis. Outra desigualdade que imigrantes e apátridas tiveram que enfrentar foi o resultado das campanhas de vacinação dos países, que, por muitas vezes, deixaram de fora da prioridade ou nem mencionaram aqueles que mais estavam vulneráveis pela situação. 
    Essa vulnerabilidade decorreu principalmente da falta de documentação legal, o que impediu a vacinação em alguns casos. As restrições e exigências sanitárias nas fronteiras impossibilitaram muitos imigrantes de entrarem nos países pela via regular. Por estarem como irregulares no território, muitos imigrantes não procuraram as autoridades de saúde por medo de uma possível deportação. 
    Diante da ausência de documentos, também foram afetados por questões administrativas que condicionaram a vacinação àqueles com registro no sistema de saúde do país ou com permissão de residência, por exemplo, de forma que muitos não puderam tomar a dose. Esse foi o caso de refugiados em Marrocos, dos quais apenas 35% haviam sido vacinados até setembro de 2021. 
    Além disso, questões como barreiras linguísticas e desinformação sobre a segurança das vacinas também foram um empecilho para as campanhas de vacinação. Essa conjuntura acarretou na impossibilidade, demora ou dificuldade da vacinação, o que levou a prejuízos para além das questões de saúde. Sem estarem vacinados, as empresas não estavam os aceitando para trabalhar, e, para piorar, em alguns lugares não foi fornecida a certificação das doses, prejudicando também seu deslocamento. 
    Esses problemas evidenciaram que a frase propagada pela Organização Mundial da Saúde “ninguém está seguro até que todo mundo esteja” não estava tendo efeitos na prática. Logo, organizações internacionais e sociedades civis formularam diversas recomendações a fim de apontar as falhas e dar diretrizes de como superá-las. Com a pressão internacional, vários países alteraram suas campanhas de vacinação para incluir os migrantes e refugiados e fazer valer a máxima contra o Covid-19. 
    Documentos internacionais sobre a distribuição de vacinas reforçam os princípios de equidade global e bem-estar humano, estes que, conectados ao princípio de solidariedade, lembram o ensinamento do escritor africano Mia Couto de que “encheram a terra de fronteiras, carregaram o céu de bandeiras, mas só há duas nações - a dos vivos e dos mortos”. Afinal, o vírus desconhece as divisas do homem. 

*Ana é advogada, pós-graduanda em direitos humanos e voluntária na Cátedra Sérgio Vieira de Mello - Unicuritiba.

Referências
OXFAM International. A people’s vaccine for refugees: ensuring access to covid-19 vaccines for refugees and other displaced people. Disponível em: <https://oxfamilibrary.openrepository.com/bitstream/handle/10546/621312/bp-peoples-vaccin e-refugees-301121-en.pdf;jsessionid=BB8762A5921B6791882CCFAF589BD85E?sequence =4>. Acesso em 19/06/2022.
OPAS. Imunização contra COVID-19 em refugiados e migrantes: princípios e principais considerações Orientação provisória 31 de agosto de 2021. Disponível em: <https://iris.paho.org/handle/10665.2/55674>. Acesso em: 16/06/2022.
UNDP Covid-19 Vaccine Equity Dashboard. Vaccine doses receiveid (% of population). Disponível em: <https://data.undp.org/vaccine-equity/explore-data/>. Acesso em 16/06/2022.
UNHCR Covid-19 vaccine access report 2021. Disponível <https://www.unhcr.org/623b18244/unhcr-covid-19-vaccine-access-report-2021>. Acesso em 12/06/2022.
HOWARD, Sally. KRISHNA, Geetanjali. The world’s refugees remain last in line for covid-19 vaccines. Publicado em 29/03/2022. Disponível em: <https://www.bmj.com/content/376/bmj.o703>. Acesso em 12/06/2022. 


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quinta-feira, 2 de junho de 2022

CÁTEDRA: Entre desesperos e esperanças - a atual situação dos refugiados afegãos no Brasil

Afegãos que moram em São Paulo durante protesto na porta do escritório do Itamaraty - Eduardo Anizelli/Folhapress. Disponível aqui.
Por Ana Cristina Cercal dos Santos*

    Em agosto de 2021, o grupo extremista Talibã retornou ao poder no Afeganistão logo após a saída da ocupação estadunidense do território. A potência ocidental havia se instalado lá 20 anos atrás com o propósito de retirar do poder o grupo que havia permitido a ocultação de Osama Bin Laden, responsável pelo ataque terrorista de 11 de setembro de 2001.
    Com a retirada do exército norteamericano, os fundamentalistas viram a oportunidade de recuperar o território afegão. Logo nas primeiras horas após o anúncio da volta do Talibã, muitos tentaram sair do país pelo aeroporto, gerando imagens de desespero que impactaram o mundo todo. Para os que ali estavam, o retorno dos extremistas significou o retorno de restrições e supressões de direitos, além de perseguições contra opositores. 
    Não bastasse essa conjuntura, o povo afegão ainda está pagando por um crime que não cometeu. No ano passado, os Estados Unidos anunciaram o confisco de 7 bilhões de dólares das contas do Afeganistão, alegando que o dinheiro seria redirecionado para compensar as vítimas do ataque de 11 de setembro. Com isso, a crise humanitária afegã aumenta ainda mais, uma vez que esse posicionamento contribui para o declínio econômico do país. Tais fatos combinados com desastres naturais, pobreza e insegurança alimentar ocasionaram a migração de 2,6 milhões de pessoas apenas em 2021. 
    Aqueles que permanecem no território afegão enfrentam agora o resultado de interferências do mundo exterior, além das medidas forçadas pelo Talibã. Dentre as restrições impostas pelo grupo, as mais conhecidas são as direcionadas às mulheres. Em um primeiro momento, os extremistas haviam declarado que não iriam interferir nos seus direitos como antigamente, a fim de tentar amenizar a imagem perante à comunidade internacional. Contudo, recentemente as mulheres foram proibidas de viajar sem a companhia de um homem, e o uso da burca tornou-se mais uma vez obrigatório, inclusive para as apresentadoras de televisão que agora devem cobrir o rosto durante a transmissão do programa. 
    No meio de um conjunto de medidas que vêm para suprimir direitos e liberdade de escolha, a restrição que pode trazer consequências mais duradouras talvez seja a proibição de estudar. Foi nesse contexto que a paquistanesa Malala foi alvo de um atentado quando estava retornando da escola em 2012 e, desde então, tornou-se uma defensora assídua do direito à educação das meninas, tendo demonstrado sua preocupação pela volta do regime ao poder no Afeganistão. Após falsas promessas de que não haveriam restrições nesse sentido, os temores de Malala foram confirmados pela não abertura das escolas de meninas, que deveria ter ocorrido em março deste ano. 
    Diante deste cenário de restrições, ameaças e perseguições, para muitos não há alternativa senão migrar do território afegão. Dada as circunstâncias, o Brasil passou a conceder vistos para acolhida humanitária de afegãos, que é uma das modalidades de visto temporário dirigido aos apátridas ou estrangeiros de países que se encontram em instabilidade institucional, conforme Lei no 13.445/2017, conhecida como Lei de Migrações. O visto humanitário abarca questões de conflito armado, calamidades ambientais, violações de direito humanitário e grave violação de direitos humanos, sendo neste caso um meio para depois requerer o reconhecimento como refugiado. 
    Em dezembro do ano passado, o governo brasileiro concedeu mais de 300 vistos humanitários para a acolhida dos afegãos. Infelizmente, afegãos relatam dificuldades com burocracias inoportunas das embaixadas brasileiras em países próximos ao Afeganistão, o que ocasionou atrasos para a concessão do visto, crítica plausível uma vez que a ideia desse visto é justamente possibilitar a acolhida daqueles que precisam mudar de localização com urgência e que muitas vezes não portam consigo documentos básicos. 
    Além da permissão legal para ingressar no território brasileiro, os refugiados podem encontrar outras barreiras no caminho, como por exemplo o deslocamento por terra e o cuidado que devem ter para não serem abordados pelo Talibã. Para alguns, o trajeto desde a saída do Afeganistão até a chegada no Brasil durou mais de dois meses. Ainda, alguns refugiados relataram dificuldades ao usarem uma rota de passagem pelo Paquistão, onde quase foram deportados ao passarem pela migração do país, circunstância em que seriam enviados de volta ao Afeganistão. 
    Após tantas dificuldades e sofrimentos, a chegada ao Brasil representa um momento de esperança. Em outubro de 2021, um grupo de juízas afegãs e seus familiares foram acolhidos em Brasília, totalizando 27 pessoas. Esse primeiro acolhimento foi realizado com apoio de psicólogos e assistentes sociais do programa de apoio ao migrante do Distrito Federal (Getpam - Programa Pró-Vítima e servidores da Gerência de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Apoio ao Migrante), momento em que foi viabilizado a vacinação contra a Covid-19, a matrícula de crianças em escolas e a emissão de documentos para a regularização dos refugiados em território nacional, conforme esclarecido em contato com a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus/DF). 
    Desde então, vários outros grupos de afegãos chegaram ao Brasil. Depois dos protocolos iniciais mencionados, as famílias de refugiados estão sendo acolhidas por grupos de igrejas que se comprometeram a ajudar com despesas até que eles sejam devidamente inseridos na sociedade e no mercado de trabalho brasileiro. Os refugiados também contam com a ajuda da Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados com parcerias com a sociedade civil, ONGs e centros acadêmicos, como é o caso da Cátedra Sérgio Vieira de Mello do Centro Universitário Curitiba. 
    Não obstante a acolhida pelo governo brasileiro, há ainda o desafio da adaptação em uma nova cultura, do aprendizado do português, da validação de suas profissões, e também, dentre outros, o desafio de superar o que ficou para trás. Nesse contexto, cabe às instituições e à população a contribuição para que a esperança de um futuro melhor e digno se concretize para os refugiados. 

*Ana é advogada, pós-graduanda em direitos humanos e voluntária na Cátedra Sérgio Vieira de Mello - Unicuritiba.

Referências
G1. Afegãos desesperados invadem aeroporto de Cabul e se agarram a avião para fugir do Talibã. 16/08/2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/08/16/afegaos-desesperados-inva dem-aeroporto-de-cabul-e-se-agarram-a-aviao-para-fugir-do-taliba.ghtml>. Acesso em: 24/05/2022.
The Intercept Brasil. EUA cometem equivalente a ‘assassinato em massa’ ao congelar dinheiro do Afeganistão. 18/02/2022. Disponível em: <https://theintercept.com/2022/02/18/eua-bloqueio-dinheiro-afeganistao/>. Acesso em: 25/05/2022.
Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados Brasil. Afeganistão. Disponível em: <https://www.acnur.org/portugues/afeganistao/#:~:text=O%20Afeganist%C3%A3o% 20est%C3%A1%20passando%20por,pobreza%20cr%C3%B4nica%20e%20insegur an%C3%A7a%20alimentar>.
CNN. Taliban decree orders women in Afghanistan to cover their faces. Disponivel em: <https://edition.cnn.com/2022/05/07/asia/afghanistan-taliban-decree-women-intl/inde x.html?utm_source=thenewscc&utm_medium=email&utm_campaign=referral>. Acesso em: 15/05/2022.
G1 Mundo. Talibã ordena que apresentadoras de TV cubram o rosto. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/05/19/taliba-ordena-que-apresentadoras- de-tv-cubram-o-rosto.ghtml>. Acesso em: 19/05/2022.
G1 Mundo. ‘Estou profundamente preocupada com as mulheres afegãs’, diz Malala enquanto o Talibã cerca Cabul. 15/08/2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/08/15/estou-profundamente-preocupada- com-as-mulheres-afegas-diz-malala-enquanto-o-taliba-cerca-cabul.ghtml>. Acesso em: 16/05/2022.
RFI Mundo. Em dia de volta às aulas, Talibã fecha escolas e manda alunas afegãs para casa. Disponível em: <https://www.rfi.fr/br/mundo/20220323-em-dia-de-volta-%C3%A0s-aulas-talib%C3% A3-fecha-escolas-e-manda-alunas-afeg%C3%A3s-para-casa>. Acesso em: 20/05/2022.
BRASIL. Lei 13.445 de 24 de maio de 2017. Lei de Migração. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13445.htm>. Acesso em: 17/05/2022.
Governo Federal. Ministério das Relações Exteriores. Vistos humanitários para afegãos. Nota à imprensa no 164, publicado em 01/12/2021. Disponível em: <https://www.gov.br/mre/pt-br/canais_atendimento/imprensa/notas-a-imprensa/vistos -humanitarios-para-afegaos-1deg-de-dezembro-de-2021>. Acesso em: 15/05/2022. Agência Senado. Em comissão, afegãos se queixam de burocracia excessiva do itamaraty para acolher refugiados. Senado Notícias, 19/11/2021. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/11/19/em-comissao-afegaos-s e-queixam-de-burocracia-excessiva-do-itamaraty-para-acolher-refugiados>. Acesso em: 15/05/2022.
G1 Globonews. Filhos afegãos reencontram pais no Brasil após seis meses de fuga do Talibã. São Paulo, 13/02/2022. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/02/13/filhos-afegaos-reencontram-p ais-no-brasil-apos-seis-meses-de-fuga-do-taliba.ghtml>. Acesso em: 16/05/2022. CNN Brasil. Em fuga do regime Talibã, grupo de afegãos chega ao Brasil. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/em-fuga-do-regime-taliba-grupo-de-afeg aos-chega-ao-brasil/>. Acesso em: 15/05/2022.
G1. Juízas afegãs ameaçadas pelo Talibã e recebidas em Brasília fazem CPF. Distrito Federal, 28/10/2021. Disponível em: <https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2021/10/28/juizas-afegas-ameacadas -pelo-taliba-e-recebidas-em-brasilia-fazem-cpf.ghtml>. Acesso em: 18/05/2022.
CNN Brasil. Em fuga do regime Talibã, grupo de afegãos chega ao Brasil. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/em-fuga-do-regime-taliba-grupo-de-afeg aos-chega-ao-brasil/>. Acesso em: 15/05/2022. 
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quarta-feira, 1 de junho de 2022

CÁTEDRA: Lançamento da Cartilha sobre os Direitos dos Ucranianos no Brasil

Por Mariane Silverio

    No dia 29 de Maio de 2022, a Cátedra Sérgio Vieira de Mello do Unicuritiba protagonizou a aplicação de mais um projeto: o lançamento da Cartilha sobre os Direitos dos Ucranianos no Brasil, disponível atualmente em português e inglês (em breve também em ucraniano). O material tem o objetivo de informar a população ucraniana que vive ou pretende vir para o Brasil sobre o panorama geral da imigração, considerações sobre o visto humanitário e alguns procedimentos padrões. 
    O material tem como base a publicação de março do Diário Oficial da União do Brasil, que notifica sobre a concessão de visto e autorização de residência para fins de acolhida humanitária para nacionais ucranianos e apátridas afetados ou deslocados pela situação de conflito armado na Ucrânia. Essa condição de visto foi possibilitada com o objetivo de permitir o ingresso no território brasileiro e facilitar o refúgio para os ucranianos, sem desconsiderar que ucranianos e apátridas afetadas ou deslocadas pela situação de conflito armado na Ucrânia também podem solicitar a condição de refugiado adequadamente. A partir disso, a Cátedra Sérgio Vieira de Mello do Unicuritiba, frente a necessidade e urgência da situação, se mobilizou para o lançamento da Cartilha dos Direitos dos Ucranianos, em português, inglês e ucraniano.
    Essa cartilha e outros já materiais produzidos pelo projeto são resultado de um longo processo de sistematização de informações por estudantes e professores engajados na causa migratória. Para acessar o conteúdo, clique aqui
Vídeo promocional: https://youtu.be/IjpyhdT-djw.



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sexta-feira, 20 de maio de 2022

CÁTEDRA: Crise humanitária e imigratória - reflexões sobre a chegada de imigrantes ucranianos no Brasil

Um soldado acompanha uma criança enquanto refugiados da Ucrânia chegam a uma estação de trem em 27 de fevereiro de 2022, em Przemysl, Polônia. (Czarek Sokolowski/Associated Press) 

Por Vítor Isac Gomes*

    Duas das questões mais complexas que vem como consequência de qualquer conflito é a crise humanitária e imigratória. Entre os anos de 2014 e 2015, o velho continente passou por momentos de elevadas taxas de imigrantes vindos principalmente da África e Oriente Médio, mas este momento não se compara ao atual conflito entre Rússia e Ucrânia envolvendo a OTAN. 
    A comunidade internacional testemunha um momento de alta tensão no leste europeu com números alarmantes. A Organização das Nações Unidas calcula que ao todo 5,2 milhões de ucranianos já tiveram de fugir do território em direção à países fronteiriços, principalmente a Polônia, Hungria e Moldávia. Ainda segundo a ONU, este ano o número de imigrantes pode chegar até 8,3 milhões. Isso só reforça a importância que a União Europeia terá na gestão dessas pessoas e como lidará com isso no curto e médio prazo. 
    Por outro lado, o Brasil vem ganhando destaque no acolhimento desses imigrantes na América do Sul. Segundo a Polícia Federal, pouco mais de 1.100 ucranianos chegaram ao Brasil, e de acordo com o ministério das relações exteriores, 141 vistos humanitários já foram concedidos. Grande parte dos imigrantes recém-chegados são direcionados à cidade de Prudentópolis - PR, que detém a maior comunidade ucraniana do Brasil, recebendo apoio e acolhimento de outros ucranianos pré-estabelecidos lá. Organizações religiosas, filantrópicas e não governamentais, como a ACNUR, também contribuem arrecadando doações e orientando-os. 
    É importante destacar três pontos principais de reflexão sobre a chegada desses imigrantes ao Brasil. O primeiro é a adaptação em relação à cultura e idioma e como isso se dará ao longo do tempo, visto as grandes diferenças estruturais no processo de formação da identidade cultural ucraniana. O segundo é a realocação ao mercado de trabalho, principalmente das mulheres, já que homens entre 18 e 60 anos foram orientados a ficarem no país para servirem na guerra, o que leva ao terceiro último ponto que diz respeito aos familiares que continuam na Ucrânia ou tiveram de se separar lidando com a distância e o medo de não terem outra oportunidade de reencontro com suas famílias. 
    Na atual conjuntura, o conflito ainda não dá sinais de um desfecho. Pelo contrário, as incursões continuarão severas com a Rússia controlando regiões separatistas ao leste, e a Ucrânia no controle do restante do território. Enquanto as tensões persistirem, pessoas continuarão morrendo no campo de batalha e outras centenas de milhares irão fugir para outros países em busca de uma vida mais estável. Que o Brasil possa continuar a ser destaque na América do Sul e atuar como âncora desses imigrantes acolhendo-os nesse momento crucial. 

*Vítor faz parte da Cátedra Sérgio Vieira de Mello - UniCuritiba e escreveu o presente texto através da parceria entre o Internacionalize-se e a CSVM.

Referências
Nações Unidas no Brasil. Brasil concede 74 vistos humanitários e 62 autorizações de residência a ucranianos. 11 abr. 2022. Disponível em: <https://brasil.un.org/pt-br/177363-brasil-concede-74-vistos-humanitarios-e-62-autorizacoes-de-residencia-ucranianos>. 
AFP. Exame. ONU calcula que número de refugiados ucranianos pode alcançar 8,3 milhões. 26 abr. 2022. Disponível em: <https://exame.com/mundo/onu-calcula-que-numero-de-refugiados-ucranianos-pode-alcancar-83-milhoes/>. 
SCARPINELLI, Lujan. Uol notícias. Refugiados ucranianos se adaptam ao Brasil: 'Nos sentimos bem e seguros'. 10 mai. 2022. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2022/05/10/refugiados-ucranianos-no-brasil.htm>. 
BBC News Brasil. Brasil concede 74 vistos a ucranianos afetados pela guerra. 11 abr. 2022. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-61061309>. 
FIGUEIREDO, Carolina. OSORIO, Pedro. TORTELLA, Tiago. CNN, Brasil. Mais de 1.100 ucranianos desembarcaram no Brasil desde o início da guerra, diz PF. 22 mar. 2022. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/mais-de-1-100-ucranianos-desembarcaram-no-brasil-desde-o-inicio-da-guerra-diz-pf/>. 



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segunda-feira, 19 de julho de 2021

Projeto Integrador do Curso de Marketing ajuda empreendedores imigrantes


    O curso de Marketing do Unicuritiba lançou o Projeto Integrador para auxiliar imigrantes empreendedores no Brasil, neste ano de 2021. O projeto tem como objetivo contribuir com o processo de integração dos imigrantes empreendedores no Brasil. Os alunos do módulo C do curso de Marketing participam da ação voluntária “Primeira Consultoria Gratuita de Marketing para Imigrantes e Refugiados”, conduzida pelo Professor Marcelo Ludvich. Na disciplina do Projeto Integrador no primeiro semestre de 2021, sob a orientação dos professores da casa, as atividades foram direcionadas para o aprimoramento da experiência da marca. Além disso, a equipe que obteve o melhor projeto na disciplina ganhou a premiação ao final do semestre. O Internacionalize-se conversou com Sean Basso, participante do grupo vencedor.

Internacionalize-se: Como foi participar do Projeto Integrador e o contato com os imigrantes?
Sean: Este é meu terceiro Projeto Integrador do curso de Marketing, e tenho certeza que de todos até agora foi a experiência mais completa. Tivemos um grande desafio, pois se já é difícil para nós brasileiros desenvolvermos um projeto empreendedor, agora imagine para quem não conhece o ambiente, está longe de casa, de seus conhecidos e tudo mais, a dificuldade é ainda maior. É extremamente gratificante você sentir que o seu processo evolutivo academicamente e profissionalmente, também está produzindo frutos para essas pessoas extremamente corajosas.
Internacionalize-se: A sua equipe venceu a premiação do Projeto Integrador. Conte-nos um pouco sobre o seu projeto, suas motivações e os resultados.
Sean: Além de fornecer um estudo de qualidade para o empreendedor e poder ajudá-lo a se desenvolver no meio das dificuldades impostas pelo momento, nós tínhamos desde o começo em mente o objetivo de sair com essa premiação e foi muito recompensador todo o esforço, estudo e a trajetória resultar no prêmio para a equipe. Nós trabalhamos com Paraskeví Kotta, imigrante grega, que chegou ao Brasil pela primeira vez como turista e se apaixonou pelo nosso país, o que ascendeu nela a vontade de vir para cá, e após alguns anos de pesquisa conseguiu encontrar uma forma de emigrar com seu marido. Uma pessoa incrível e com diversas histórias para contar, tivemos a oportunidade de desenvolver o projeto para sua empresa, Delícias Gregas, uma doceira que trabalha com a tradição e originalidade dos doces da Grécia. Realizamos diversos estudos para entender mais sobre a empresa, como ela trabalha e principalmente descobrir quem é Paraskeví e a sua essência que é a cara da empresa. Fizemos também diversas análises ambientais, estudando todo o mercado para compreender como podemos encaixá-la de forma a desenvolver o seu potencial e atingir seu público alvo. O projeto foi construído com base em criar e fortalecer a marca da empresa, trabalhando aspectos como a identidade visual e todo o planejamento integrado de comunicação. Embora seja muito gratificante a premiação, a recompensa maior acabou por ser a experiência proporcionada a nós, além de contribuir para a história de uma pessoa, pudemos abrir nossos olhares sobre algumas realidades que fogem das que conhecemos. Alguns integrantes da equipe até se voluntariaram para o projeto da UniCuritiba de ensinar o nosso idioma aos imigrantes, então com certeza os frutos desenvolvidos aqui ainda estarão rendendo para muitas outras pessoas.
Internacionalize-se: Qual a importância desse projeto na vida dos imigrantes e sua integração em um novo país através do empreendedorismo?
Sean: O empreendedorismo para muitos imigrantes sempre é a forma que a maioria encontra no país, quando o mercado não os oferece uma oportunidade, seja ela por conta da dificuldade do idioma ou preconceito com pessoas vindas de países que alguns consideram menos qualificados que o Brasil, empreender acaba sendo um recurso valioso e os permitem trabalhar naquilo que gostam e melhoram sua qualidade de vida. Paraskeví, por ter vindo de um país europeu, não encontrou tanta dificuldade quanto a outros casos de pessoas da Venezuela, Haiti e entre outros. 

    O professor que conduziu o projeto, Marcelo Ludvich, também expressou seu orgulho com os resultados da iniciativa.

Internacionalize-se: Qual foi a inspiração- ou motivação - que levou ao início do Projeto Integrador?
Professor Marcelo: A motivação para a temática partiu da necessidade de promover um ambiente de experimentação prática, integrado com uma perspectiva de inserção social da comunidade acadêmica. Em uma análise preliminar, os principais desafios envolvendo a atuação dos empreendedores imigrantes/refugiados no País foram compreendidos. Também é importante ressaltar que os professores do módulo foram convidados a participar da condução do projeto. Orientados ao objetivo comum de contribuir com propostas de soluções para aprimorar a experiência da marca, os alunos foram engajados na condução de uma consultoria voluntária. Os resultados do grupo superaram as expectativas e a qualidade das entregas reconhecida pelo cliente final. 
Internacionalize-se: qual a importância de auxiliar os imigrantes na questão do empreendedorismo?
Professor Marcelo: Entendo que os imigrantes desempenham um papel fundamental no incremento da economia brasileira. É notável a participação ativa desta comunidade em aspectos culturais, acadêmicos, políticos e sociais. Adicionalmente, o momento atual é propício para que sejam iniciadas discussões e reflexões sobre o empreendedorismo inclusivo. Novos negócios são vitais para a prosperidade dos centros urbanos. 
Internacionalize-se: nos conte um pouco sobre os resultados mais significativos do Projeto.
Professor Marcelo: Ao término do Projeto, as equipes compartilharam os materiais desenvolvidos com os clientes imigrantes, que absorveram e implementaram as melhorias nas suas empresas. Os depoimentos dos alunos indicam o sentimento de realização pessoal e a motivação que sentiram ao participar do Projeto. Em relação a entrega, destaco os pontos mais significativos: aprimoramento da experiência da marca do empreendedor imigrante/refugiado; valor agregado para os alunos que tiveram a oportunidade de participar de um laboratório teórico/prático; aplicação de técnicas e ferramentas de consultoria; integração acadêmica com a comunidade em época de isolamento social; promoção de um ambiente favorável ao aprendizado coletivo. 

    Os resultados obtidos enfatizam os valores teóricos e práticos agregados ao negócio, a imersão em análises dos processos estratégicos e os apontamentos de possíveis oportunidades para confirmação dos propósitos empresariais. O Internacionalize-se deixa aqui seu parabéns aos alunos e professores do projeto pela iniciativa em tornar o mundo um lugar melhor. 



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domingo, 20 de junho de 2021

Lançamento de Cartilha sobre o Direito dos Venezuelanos marca o Dia Mundial dos Refugiados

Por Cátedra Sérgio Vieira de Mello - UniCuritiba

    A Cátedra Sergio Vieira de Mello do UNICURITIBA lançou - em comemoração ao Dia Mundial do Refugiado que se celebra neste domingo, dia 20 de junho de 2021  - uma cartilha bilíngue sobre o direito de Venezuelanos no Brasil. O material foi produzido em português e espanhol, por alunos voluntários da Cátedra e estudantes do terceiro período de Relações Internacionais, sob a supervisão da professora de Direito Internacional Público e coordenadora da Cátedra, Michele Hastreiter.
    O material contém informações sobre a situação de entrada no Brasil durante a pandemia, possibilidades para os venezuelanos de regularização documental e detalha alguns direitos básicos, dentre outras informações. Para acessar o material, clique aqui.

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quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Acontece no UniCuritiba: Aulas de português para imigrantes e refugiados


Por Manuela Paola 


A pandemia trouxe muitas privações e uma delas foi o acesso às aulas de português para os não-falantes da língua que residem aqui no Brasil. Levando isso em consideração, o Núcleo de Migrações do Laboratório de Relações Internacionais - coordenado pela professora Michele Hastreiter - desenvolveu um curso para lecionar português para imigrantes e refugiados que querem aprender nossa língua. Quem trouxe a ideia para o LABRI foi a aluna de Relações Internacionais do Unicuritiba, Yara Hamandosh, que veio da Síria. As aulas foram todas baseadas na apostila Pode Entrar, desenvolvida pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. O livro é dividido em 12 capítulos, assim como cada classe do curso. Os professores são os alunos de Relações Internacionais que participam do Núcleo de Migrações. 

            O início das inscrições foi no dia 12 de setembro e até o encerramento, em meados de outubro, recebeu mais de 180 respostas(!) no formulário disponibilizado. Através do formulário, o Núcleo de Migrações ficou sabendo que os alunos do curso de português pertencem a variados países e regiões do mundo: Egito, Venezuela, Iêmen, Haiti, Paraguai, Palestina, Líbia, Síria, Peru, Cuba, México e até mesmo Grécia. Na inscrição, foi perguntado o nível de português e a maioria dos alunos disse que não fala a língua ou possui um nível básico de conhecimento. Pensando nisso, os alunos passaram a ser divididos entre aqueles que falam espanhol e aqueles que falam inglês, mesmo como segunda língua. Dessa forma, a aula é mais proveitosa para os alunos e os professores.

            Além das aulas, os integrantes do LABRI criaram uma conta no Instagram com o objetivo de auxiliar ainda mais os alunos de português a aprender a língua. O perfil conta com curiosidades sobre o Brasil, dicas de filmes e explicações sobre detalhes da língua portuguesa. Para encontrar o perfil, é só procurar por @labri_unicuritiba.

O curso se encontra, atualmente, em sua oitava aula. O feedback dos alunos, que é feito através de um formulário disponibilizado ao final de cada classe, conta com muita satisfação e elogios aos professores e professoras que ministram as aulas. Aos sábados de manhã, como forma de reforço, acontecem as mentorias. Nessas aulas, onde não é passado conteúdo, os alunos podem conversar mais com os professores. Nesse momento, a troca de experiência e culturalidade se faz muito presente, além de ser uma excelente forma de praticar o português.

Internacionalize-se conversou com uma das professoras do projeto e estudante de Relações Internacionais, Maria Eduarda Bortoni. Ela nos contou como é a experiência de ser professora. "Participar do LABRI tem sido uma experiência única. Logo no primeiro semestre, quando montamos a cartilha de informações, vimos que trabalhamos muito bem com a equipe e que podíamos e queríamos ir além. Ainda sem poder realizar os atendimentos presenciais, surgiu a ideia de aulas online de português. A experiência tem sido maravilhosa, todos estamos aprendendo muito com o grupo de alunos. Na primeira aula estávamos todos bem travados, sem saber muito bem como lecionar e como o projeto iria se desenrolar na prática. Ao longo das semanas fomos ficando mais confiantes, entendemos as necessidades em relação ao idioma e nos aproximamos dos alunos. A maior beleza do projeto não é o curso de português em si, e sim o que aprendemos como seres humanos ao longo dele. Acho que falo por todos quando digo que comecei esse projeto como uma aluna perdida mas atrás de um propósito, e vou terminá-lo com o coração quentinho por saber que fizemos a diferença na vida de várias pessoas e que elas também fizeram a diferença na minha."

A idealizadora do curso, Yara, também deu seu depoimento. "Sempre quis ter a oportunidade de apoiar os imigrantes e refugiados de forma a tornarem a sua experiência mais fácil e sem muitos desafios, pois eles já têm uma vida difícil e tiveram muitos obstáculos na sua vida. Para tornar a sua difícil jornada mais fácil, pensei nas aulas de português depois que minha amiga me contou sobre suas dificuldades, e como sou refugiada e tive muitas dificuldades quando cheguei ao Brasil principalmente no idioma (era minha terceira língua a aprender), era tão diferente do árabe e do inglês e isso foi uma barreira para se comunicar com o brasileiro. Pude entender que quando você conhece a língua do país, começa a sentir que está em casa. Para que os imigrantes e refugiados se sintam em casa, nós criamos essas aulas. Essas aulas nunca aconteceriam sem o LABRI, a Professora Michele e cada aluno ajudando na criação de aulas incríveis a cada semana. As aulas são extraordinárias! Eu queria que minha primeira aula de português fosse a mesma quando cheguei ao Brasil. Com a colaboração de cada um, fizemos um jeito simples de ensinar português e temos facilitado tudo com a tradução das aulas para cinco idiomas. Este projeto é a melhor oportunidade e experiência da minha vida onde pude ver que temos potencial para ajudar, temos um novo propósito nesta vida, histórias importantes para ouvir e que as vozes importam, contando com outros sonhos a realizar e que nós estamos fazendo este projeto para impactar e fazer a diferença na vida de outras pessoas."

            As aulas deste ano já estão chegando ao fim, mas em 2021 as Aulas de Português do LABRI voltarão! Fique atento às nossas redes sociais!

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sábado, 12 de setembro de 2020

Acontece no UNICURITIBA: Alunos de Relações Internacionais e Pedagogia oferecem curso de português gratuito para imigrantes e refugiados

 


Os alunos dos Cursos de Relações Internacionais e de Pedagogia do UNICURITIBA estão oferecendo um Curso Online gratuito de Língua Portuguesa para imigrantes e refugiados. A iniciativa é parte do Laboratório de Relações Internacionais da instituição. 

As aulas serão realizadas utilizando o material elaborado pelo ACNUR intitulado "Pode Entrar", especialmente pensado para as necessidades de imigrantes e refugiados que chegam ao Brasil. 

É possível acompanhar as aulas ao vivo ou após a sua realização assistir às aulas gravadas.


Clique aqui e preencha o formulário para receber maiores informações. 


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quarta-feira, 10 de junho de 2020

Acontece no UNICURITIBA: Laboratório de Relações Internacionais lança cartilha para imigrantes e refugiados





O Laboratório de Relações Internacionais lançou, na última terça feira, dia 9, a cartilha "Direitos dos Imigrantes e Refugiados em tempos de COVID-19". 

O documento contém informações sobre acesso aos serviços públicos e assistenciais durante a pandemia e foi elaborado e traduzido para o Inglês, Espanhol, Francês e Árabe pelos acadêmicos integrantes do projeto, sob a supervisão da Professora Michele Hastreiter - que o coordena.

Contribuíram para a criação da cartilha os seguintes estudantes: 

Brenda Kauane das Neves Ferreira 
Giseli Turmina Menegatt
 Isabel Letícia Iurk Canestraro 
Manuela Paola Batista Barbosa 
Maria Eduarda Bortoni 
Marina Nascimento 
Mariane Silverio 
Pedro Henrique Boguszewski
Yara Mohammed Hamandosh


Clique aqui para baixar a cartilha “Direitos dos Imigrantes e Refugiados em Tempos de COVID-19”

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domingo, 3 de maio de 2020

Direito Migratório: como ficam os imigrantes venezuelanos em meio à pandemia?



Imagem de André Coelho



Pedro Henrique de Oliveira da Costa e Maria Emília Vaz Cavet**


A situação recente da Venezuelana tem sido complicada e mundialmente conhecida. Desde 2013, quando o atual presidente Nicolás Maduro tomou posse, o país tem enfrentado uma crescente crise econômica, que acarretou decadência dos serviços básicos, aumento dos casos de violência e grande movimentação popular nas ruas, em protesto contra a situação política e social.

Com a crise econômica se transformando também em uma alarmante crise humanitária, muitos venezuelanos optaram por deixar o país, migrando em busca de ofertas de emprego e principalmente melhores condições de vida para suas famílias. Contudo, agora os imigrantes se deparam com um novo contexto mundial: a pandemia do Coronavírus.



O COVID-19 (novo coronavírus), que teve seus primeiros registros no final de 2019 na China, ganhou status de pandemia mundial nos primeiros meses de 2020. A doença é de fácil transmissão, com apresentação de sintomas graves, que podem inclusive levar à morte e que apresenta riscos ainda maiores para as populações idosas, portadores de doenças crônicas e de deficiência no sistema imunológico.

Com esse panorama, chefes de Estado de todo o mundo mobilizaram-se para agir contra o avanço desta crise sanitária, fechando fronteiras, pedindo isolamento da população, fechamento de estabelecimentos e proibindo temporariamente voos internacionais. Os índices de infectados pela doença são assustadores na Europa, Ásia e na América do Norte.

Em meio à crise econômica, humanitária e agora sanitária, o Brasil continua sendo um dos principais destinos dos venezuelanos. O território brasileiro recebeu, segundo dados da Folha (10/2019), quase 455 mil imigrantes venezuelanos entre 2017 e 2019. Entretanto, diante da pandemia, a situação é mais delicada. O governo brasileiro publicou no dia 18 de março, através do Diário Oficial da União, a decisão de fechar parcialmente as fronteiras do Brasil com Venezuela e Guiana.

Encontramos então algumas questões: A Venezuela está preparada para lidar com uma pandemia? Como ficam os venezuelanos que já estão em território brasileiro?

 De certa forma, a crise econômica vivida na Venezuela pode afetar as recomendações das autoridades de saúde. Segundo dados da BBC, existem muitas comunidades sem acesso à água corrente, o que dificulta a lavagem frequente das mãos. Além disso, muitos venezuelanos não podem comprar sabão.

Entretanto, a Venezuela também mostra dados positivos em meio a pandemia: devido ao bom relacionamento com a China, os venezuelanos recebem carregamentos com itens hospitalares, como equipamentos e remédios, que são ainda distribuídos para países vizinhos. Também é a Venezuela a líder latina em números de exames, conforme dados do RBA, até 11/04 foram feitos mais de 180 mil testes rápidos. O presidente russo, Vladimir Putin, também garantiu o envio de suplementos à Venezuela.

Segundo notícias recentes do portal de notícias do Uol, Juan Guaidó, presidente autoproclamado, propôs um “governo de emergência” para conter Covid-19 no país. O plano seria unir todos os setores políticos do país para estudar as necessidades e agir em prol da população.

Porém, apesar do reconhecimento de governo por mais 50 países, ainda é Maduro quem está efetivamente no controle do país. Este, que já ordenou quarentena no Estado, suspendendo atividades escolares e de trabalho não essenciais, defendeu que 100% dos casos confirmados de COVID-19 devem ser internados. Ele segue dizendo que contam com mais de 20 mil leitos para o isolamento, mas segundo especialistas independentes há apenas 206 leitos para cuidados intensivos em toda a Venezuela.

Já do lado de cá da fronteira, a Operação Acolhida (apoiada pela Agência da ONU para Refugiados) continua no trabalho de apoio a refugiados e migrantes. A resposta para a pandemia foi a construção de um Hospital Temporário (Área de Proteção e Cuidados) em Boa Vista, com capacidade de 1.200 leitos hospitalares para o tratamento de infectados e mais 1.000 vagas para observação de casos suspeitos. Esta obra está trazendo oportunidades para trabalhadores venezuelanos que aguardavam encaminhamento.

 O ACNUR, agência da ONU para refugiados, também presta papel importante em meio a pandemia, a instituição vem pedindo aos governos atenção para com as fronteiras, para que as mesmas recebam restrições, mas que também seja mantido o respeito para com os padrões internacionais de direitos humanos e proteção de refugiados. A limitação da circulação, a quarentena, e a promoção de exames de saúdes são medidas necessárias na recepção dos refugiados.

 Diante de tempos difíceis como o que estamos vivendo, é importante que sejamos cuidadosos: lavar as mãos com frequência, utilizar álcool gel, evitar aglomerações e respeitar o distanciamento social. Mas é importante também que lembremos daqueles que não podem seguir essas recomendações, por não terem uma casa para se isolarem, por não terem acesso à higiene básica ou por não estarem em seus países e culturas de origem. Também é pela empatia para com estas pessoas em situação frágil, que devemos ter cuidado para não sermos um transmissor do vírus. Juntos, podemos vencer o coronavírus.

O ACNUR está recolhendo doações para enviar insumos de grande importância como remédios, artigos de higiene, água potável e kits de proteção pessoal para famílias de refugiados em situação de vulnerabilidade.

Doe através do link:






Fontes:




ACNUR  





REDE BRASIL ATUAL - https://www.redebrasilatual.com.br/mundo/2020/04/venezuela-cuba-coronavirus/

** Pedro e Maria Emília são alunos do terceiro período de Relações Internacionais e escreveram este texto a convite da Professora Michele Hastreiter, com quem cursam a disciplina de Direito Internacional Público, na qual manifestaram interesse sobre o tema ora analisado. 
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