quinta-feira, 13 de maio de 2010

Crise na Grécia – Será o fim da União Europeia?

Por Deborah Donato de Souza e Mariana Inácio

Ao analisar as medidas de política econômica contracionista da Grécia no atual contexto das relações internacionais, torna-se pertinente refletir acerca dos impactos que a instabilidade financeira gera perante a integração regional da União Europeia. Deste modo, é importante entender a origem da crise na Grécia, bem como suas conseqüências no cenário internacional.



O fato é que a Grécia tomou um grande número de empréstimos na última década, o que acarretou em uma crescente dívida e afastou os investidores do país. Além disso, os gastos públicos e os salários do funcionalismo aumentaram em grandes proporções.
Diante de uma situação insustentável de endividamento da Grécia nos últimos anos e dada a crise internacional que levou a medidas fiscais expansionistas como forma de reestruturação econômica, verificou-se que a recuperação financeira do país somente seria possível por meio do corte nos gastos públicos e aumento de impostos para conseguir a aprovação de um pacote econômico bilionário proveniente da União Europeia e do FMI. Essa combinação de ações pode (mas não garante) ajudar o governo grego a saldar suas dívidas de curto prazo e evitaria uma possível suspensão de pagamentos da dívida externa.
Nesse contexto, nota-se que o governo anunciou recentemente uma rigorosa política fiscal contracionista, por meio de redução dos gastos públicos com cortes salariais e aumento dos impostos resultante da aprovação pelo Parlamento Grego de medidas econômicas para a reestruturação do déficit orçamentário.
Entretanto, a situação tem se tornado complexa na medida em que se verificam as conseqüências sociais desta ajuda financeira à Grécia, uma vez que há uma enorme reação da população diante das manifestações de protesto e greves ocorridas na primeira semana de maio, considerando o caráter anti-popular do pacote econômico.
Além disso, nota-se que há uma grande preocupação de que a crise econômica grega desestabilize a zona do euro, tendo em vista que há um temor de que a crise se espalhe pela Europa, principalmente quando se analisam os outros países do PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia, e Espanha), cuja situação econômica também revela certa instabilidade.
Nesse sentido, a complexidade da crise financeira na Grécia tem desencadeado rumores de que pode ocorrer um desequilíbrio na integração europeia, principalmente em relação à credibilidade monetária do Euro e consequentemente uma gradativa dissolução da união econômica e monetária, o que seria um agravante para a manutenção do bloco europeu.
Afirmar a existência de um caminho que levaria ao fim da União Europeia diante da desintegração econômica seria demasiado precoce, uma vez que há de se considerar a importância de todos os fatos inseridos na evolução histórica do bloco europeu e de sua consolidação, bem como os aspectos políticos, institucionais, sociais e culturais da integração europeia.
Além disso, a dissolução da União Européia apresentaria desvantagens econômicas e diplomáticas no que se refere à busca pela estabilidade entre os Estados europeus. Acrescente-se ainda que, em um momento de crise, é importante manter a integridade da União Europeia para que não se perca sua credibilidade internacional.
Nesse contexto, ao se constatar a intensificação dos mecanismos e cooperação por parte dos Estados Membros da União Europeia diante da crise financeira na Grécia, acredita-se que o fim da integração da União Europeia não designa um fato iminente no âmbito das relações internacionais, pois considerando as instituições intergovernamentais de caráter supranacional, torna-se inegável o fato de a União Europeia ainda constituir o melhor modelo de análise.

6 período - Relações Internacionais  - UNICURITIBA
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