sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Acontece no UNICURITIBA: Laboratório de Relações Internacionais lança cartilha sobre os Direitos de Imigrantes e Refugiados em 6 idiomas

 



Hoje, dia 18 de dezembro, comemora-se o Dia Internacional do Imigrante. Para celebrar a data, o Núcleo de Migrações do Laboratório de Relações Internacionais lança a segunda edição de sua cartilha informativa sobre os direitos de imigrantes e refugiados durante a pandemia de covid-19. 

A nova edição do material atualiza as informações já contidas na primeira cartilha sobre o funcionamento de serviços emergenciais, de ONGs e da Polícia Federal durante este período de isolamento social, além de trazer informações sobre a abertura e o fechamento de fronteiras durante a pandemia, mecanismos de prevenção e enfrentamento à xenofobia e orientações específicas para facilitar o acesso de imigrantes a serviços bancários. 

O material está disponível em português, inglês, espanhol, francês, árabe e na língua crioula
haitiana, e pode ser encontrado para download aqui. 

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segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Volta ao mundo em 7 dias - Notícias de 06/12 a 13/12

    Essa semana foi marcada por notícias a respeito do maior desejo de 2020: a vacina contra o COVID-19. A corrida pelo desenvolvimento do imunizante chegou ao fim e os países se preparam para iniciar ou continuar seus procedimentos de vacinação. Soma-se à euforia pelo início da vacinação, o aumento exponencial de casos de COVID, com índices semelhantes, e até mesmo superiores, aos do início da primeira onda da pandemia. Mais uma vez, a mídia internacional volta-se para os acontecimentos relacionados ao Coronavírus, que passados um ano da notificação de seu primeiro caso, parece finalmente ter uma esperança de encerramento.

  • Reino Unido

    O Reino Unido iniciou no dia 8 a primeira etapa de sua campanha de vacinação e é o primeiro país do mundo a imunizar sua população. A princípio, esta primeira fase será destinada a vacinação de pessoas que compõem grupos de risco e trabalhadores da linha de frente, o que irá incluir idosos residentes de asilos e cuidadores e idosos com idade acima de 80 anos. A princípio, o Reino Unido estima vacina 1/3 de seus cidadãos em um primeiro momento. 

  • Itália

    A Itália registrou no dia 12 o maior número de óbitos por Covid-19 da Europa, superando os índices do Reino Unido. Desde o outono no continente europeu, o número de casos no país vem aumentando, aponta-se que como consequência do verão. A Itália já havia sido o primeiro país a adotar restrições de viagem durante o período das festas do final, com intuito de diminuir a circulação de pessoas dentro do país e conter o novo avanço do vírus. 

  • Canadá e EUA

    Seguindo a onda da imunização, os EUA iniciará sua campanha de vacinação com as doses da vacina da Pfizer nesta segunda feira (14). A estimativa é que aproximadamente 145 regiões do país recebam as doses para distribuição da vacina.

    O Canadá também dará início à vacinações nesta segunda com doses do imunizante produzido pela Pfizer, dando prioridade a pessoas do grupo de risco e a profissionais de saúde. Além disso, o país pretende aprovar em breve a vacina produzida pela farmacêutica Moderna Inc, de forma a aumentar as doses que serão disponibilizadas no país.  

  • Nigéria

    Na Nigéria, um ataque armado teve por alvo uma escola secundária. Após o ataque, centenas de estudantes foram reportados como desaparecidos. De acordo com as testemunhas, o ataque teve duração de aproximadamente uma hora e até agora as autoridades conseguiram deixar em segurança cerca de 200 alunos, mas a busca pelos demais continua. Alguns dos alunos desaparecidos foram vistos fugindo dos arredores da escola no momento do ataque, enquanto outros foram vistos sendo levados por membros do grupo que realizou o ataque. 

  • Belarus

    Em Belarus, tem continuidade os protestos contra a continuidade no poder do Presidente Alexander Lukashenko. Desta vez, mais de 130 manifestantes foram presos, após sofrerem ataques com veículos com jatos de água. A cidade de Minsk tem sido o principal palco das manifestações contra o atual presidente, no poder há seis mandatos consecutivos. Desde sua eleição, em agosto, o governo autoritário de Lukashenko vem sofrendo repressões e sanções da União Europeia por conta das denuncias de fraude eleitoral e repressão política no país.

  • Índia

    Além da atual luta contra o Coronavírus, a Índia passa a lidar com uma nova doença. A doença, que ainda não possui um nome, começou a ser propagada no sul do país e já ocasionou uma morte e 227 hospitalizações. Dentre os sintomas, inclui-se náuseas, convulsões e perda de consciência. Em um comunicado, a ministra da saúde da Índia afirmou que todos os afetados por esta nova doença testaram negativo para COVID-19, o que exclui a doença como causa dos sintomas. Ainda serão realizados testes laboratoriais para apontar a causa desta doença. 

  • Meio ambiente

    O Meio ambiente ganhou destaque especial esta semana, mas não por razões positivas. Durante a Cúpula do Clima, o secretário-geral da ONU, Antônio Guterres alertou que além das alterações climáticas deste ano, o mundo pode enfrentar um novo aumento de até 3 graus durante este século. Por esta razão, o secretário-geral solicitou que os países neutralizem suas emissões e declarem um estado de emergência climática. O evento ocorreu para que os países revessem seus compromissos frente ao Acordo de Paris. Além disso, o Brasil foi deixado de fora da lista dos países que discursariam, já que suas novas metas foram consideradas insuficientes para honrar com seu compromisso climático. 

REFERÊNCIAS:

VACINAÇÃO da Pfizer começa por 50 hospitais em todas as regiões da Inglaterra. Época. 12 dez. 2020. Disponível em <https://epoca.globo.com/mundo/vacinacao-da-pfizer-comeca-por-50-hospitais-em-todas-as-regioes-da-inglaterra-24785621>.

FIRST Britons receive Covid-19 vaccine, a landmark moment in the pandemic. CNN World. 8 dez. 2020. Disponível em < https://edition.cnn.com/2020/12/08/europe/uk-pfizer-biontech-covid-vaccination-intl/index.html>.

ITÁLIA registra o maior número de mortes na Europa por Covid-19 e supera Reino Unido. G1. 12 dez. 2020. Disponível em <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/12/12/italia-registra-o-maior-numero-de-mortes-na-europa-por-covid-19-e-supera-o-reino-unido.ghtml>.

EUA aplicarão primeiras doses da vacina contra Covid-19 na segunda feira, diz exército. G1. 12 dez. 2020. Disponível em <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/12/12/eua-aplicarao-primeiras-doses-da-vacina-contra-covid-19-na-segunda-feira-diz-exercito.ghtml.

PRIMEIRAS doses da vacina Pfizer para Covid-19 chegam ao Canadá neste domingo. G1. 13 dez. 2020. Disponível em < https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/12/13/primeiras-doses-da-vacina-pfizer-para-covid-19-chegam-ao-canada-neste-domingo.ghtml>.

ATAQUE armado a colégio interno na Nigéria deixa centenas de meninos desaparecidos. G1. 12 dez. 2020. Disponível em <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/12/12/ataque-armado-a-colegio-interno-na-nigeria-deixa-centenas-de-meninos-desaparecidos.ghtml>.

MAIS de 130 manifestantes anti-Lukashenko são presos em Belarus. G1. 13 dez. 2020. Disponível em <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/12/13/mais-de-130-manifestantes-anti-lukashenko-sao-presos-em-belarus.ghtml>.

DOENCA misteriosa na Índia leva centenas de pessoas a hospitais. Canaltech. 08 dez. 2020. Disponível em <https://canaltech.com.br/saude/doenca-misteriosa-na-india-175847/>.

SECRETÁRIO-GERAL da ONU pede que o mundo declare estado de emergência climática. G1. 12 de dez. 2020. Disponível em <https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/12/12/secretario-geral-da-onu-pede-que-o-mundo-declare-estado-de-emergencia-climatica.ghtml>.




 

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Redação Internacional: o Brasil nas manchetes do mundo no mês de novembro

 

Por Fernando Yazbek

                   A desaceleração da pandemia do novo coronavírus no Brasil durante o último mês se mostrou apenas aparente. Passadas as eleições de 15 de novembro, o número de casos e de mortes disparou em quase todo o país. Dezembro se inicia superando a marca dos 170 mil mortos pela covid-19. Dentre as mais de dez mil vidas brasileiras que se foram pelo vírus nos últimos 30 dias, a do argentino Diego Armando Maradona foi a que mais repercutiu. 




                  Foi isto o que notou o jornal La Nacion. A mídia portenha frisou que, no dia em que houve o acidente de trânsito mais grave do ano – quando 41 morreram no interior de SP – só se falava de Dieguito no Brasil. A colisão na Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho e a morte violenta de Beto Freitas “amargaram injusto segundo plano” quando a notícia do falecimento do astro argentino chegou ao Brasil.

            Tratado como o “inimigo mais amado” na terra de Pelé, Nacion sublinhou que o brasileiro “primou pelo respeito a morte de Maradona”. A matéria elenca a série de homenagens feitas ao algoz da amarelinha na Copa de 90 pela própria Confederação Brasileira de Futebol. Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenômeno, Careca, Casagrande, Renato Gaúcho e Pelé também foram lembrados pelo jornal como amigos e influenciados por Maradona que prestaram condolências emocionadas. Até o colorado Sport Club Internacional de Porto Alegre iluminou o Gigante da Beira-Rio de azul – cor do maior rival Grêmio – para chorar a partida do pibe, finalizou La Nacion



                  Já o Clarín deu destaque ao lançamento do livro “Um paciente chamado Brasil” do ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM). Segundo o jornal, o médico “abriu uma janela indiscreta” sobre a “psicologia paranoica” de Jair Bolsonaro no texto “imprescindível” para quem quer entender o negacionismo da pandemia. As bravatas do presidente não eram somente políticas ideológicas. Para Mandetta, Bolsonaro quis desvincular a imagem do governo com o inevitável impacto econômico negativo que a pandemia traria. 

            No mais, a reportagem mostra trechos de conversas entre o então ministro e o presidente que batiam cabeça sobre obviedades como o uso de máscara e a ajuda chinesa. Passando por Nelson Teich, Clarín diz que Eduardo Pazuello “reconheceu que não tina preparação alguma” para assumir a pasta sanitária. 



          O The Guardian puxa pela mesma toada do desgaste do bolsonarismo. Considerado um dos piores prefeitos da história do Rio de Janeiro, a não reeleição “humilhante” de Marcelo Crivella representa, para o jornal inglês, o enfraquecimento da retórica extremista. O texto enumera as candidaturas municipais apoiadas pelo presidente Bolsonaro que fracassaram. No entanto, reforça o crescimento de uma direita moderada e do fisiologismo concomitantes a desidratação do PT e a ascensão do PSOL

            Belém, Fortaleza, Manaus, Recife e Belo Horizonte, para o jornal, também elegeram a moderação. Em São Paulo, Guardian trata a vitória do tucano Bruno Covas como a continuidade de “uma das mais famosas dinastias políticas”. 



             Na maior mídia da arabofonia, Bolsonaro é apresentado como um dançarino conduzido “passo a passo” pelo presidente norte-americano Donald Trump. Al Jazeera faz um exercício de antecipação ao tentar prever a posição política internacional do brasileiro confirmada a derrota do republicano. Já isolado na América Latina, o Brasil – em constante troca de farpas com a China – terá como apoiador apenas Israel de Benjamin Netanyahu se não mudar a postura diplomática, avalia o jornal. 

            Joe Biden, que assumirá o Salão Oval da Casa Branca em 20 de janeiro, já se mostrou um crítico da política ambiental brasileira. Sua vitória é “um golpe” para o “nacional populismo” que ganhou as eleições de 2018 em Brasília e pode representar uma reviravolta para o próximo pleito. 



           Na BBC News, a fala do deputado federal Eduardo Bolsonaro (REP) – em que o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara acusa a tecnologia 5G chinesa de espionagem – repercutiu como danosa a imagem brasileira. Ouvindo o diplomata aposentado Roberto Abdenur, que foi embaixador em Pequim nos anos 90 e em Washington nos anos 2000, BBC destaca que o governo de Xi Jinping não está deixando barato declarações anti-China. Quando a Austrália pediu investigações internacionais sobre a origem do coronavírus, Jinping elevou barreiras comerciais sobre a carne e a cevada australianas. Ademais, Pequim desencorajou chineses de visitarem o país na Oceania. 

            Para Abdenur, o filho do presidente “é de imensa irresponsabilidade” quando acusa o Partido Comunista Chinês e classifica de “hipocrisia” o ataque a Pequim pela suposta espionagem, uma vez que “o país que mais faz espionagem dos outros são os EUA”. 

            “No pior dos mundos”, situação brasileira é tensa e as falas de Bolsonaro júnior põe o Brasil ao lado de Coreia do Norte como páreas internacionais, concluiu o entrevistado pela BBC. 



             Novembro foi “um mês horrível” para Bolsonaro, sentenciou o Le Figaro. Fragilizado pela gestão sanitária e econômica na crise da covid-19, o “presidente populista” viu seus candidatos “definharem” ao longo da campanha municipal. Para a mídia francesa, os bolsonaristas postulantes a prefeituras levaram uma “bofetada” das urnas dois anos depois do “maremoto conservador” de 2018. 

            Assim como outros jornais da imprensa estrangeira, Figaro observa a mudança dos ventos para a centro-direita tradicional e o aparecimento de novas figuras pela via da esquerda. O que destaca o francês são os tempos difíceis que o governo federal terá nos dois anos que restam de mandato. Para além da derrocada de Trump, a nova onda de contágios na pandemia tende a ser determinante para a popularidade palaciana, uma vez que o auxílio emergencial – que sustentou o governo – não deve ser prorrogada. Toda a logística da eventual vacina para o ano que vem somado ao novo realojamento das forças políticas locais “anunciam dias difíceis para a presidência”. 



              Perdendo em São Paulo com Russomano e no Rio com Crivella, Bolsonaro perdeu em Washington e apareceu na imprensa de Lisboa. “A imprensa não divulga, mas eu tenho as minhas informações”, disse o presidente do Brasil se justificando por ainda não parabenizar o eleito Joe Biden. Acusando inclusive as urnas eletrônicas brasileiras de fraudulentas, Bolsonaro disse haver injustiças nas apurações de votos manuais nos EUA. 

            Mesmo que os estados de Winsconsin e Pennsylvania tenham confirmado – depois de imbróglios na contagem – a vitória democrata, Bolsonaro ainda não reconheceu a passagem de bastão na Casa Branca. Apesar da confusão na apuração estadunidense, o presidente brasileiro defendeu a substituição das urnas eletrônicas pela cédula impressa de votação. 



       O El País espanhol abriu espaço para a coluna de Juan Arias. Nela, é explícita a organização social que começa a se formar por uma frente plural que bata de frente com um presidente “que ataca a cada dia a essência do Brasil”. As recentes declarações do vice-presidente Hamilton Mourão de que não há racismo no Brasil são confrontadas, na mídia espanhola, com o caso de espancamento e assassinato de um homem negro em uma rede de supermercados em Porto Alegre. Nos protestos ocasionados por esta barbárie, se ouviram cânticos contra o governo brasileiro. Isto, segundo Arias, é um indício do descontentamento populacional contra os delírios do presidente. 

            Perto do fim do ano, o Brasil está cada vez mais longe do bom-senso e do mundo. 

            

 

 

Referências:

ARIAS, Juan. Se está creando um frente contra los delírios kafkianos de Bolsonaro. El País. 24 nov. 2020. Disponível em <https://elpais.com/opinion/2020-11-24/se-esta-creando-un-frente-contra-los-delirios-kafkianos-de-bolsonaro.html>

BOLSONARO: houve fraude nas eleições dos EUA. Diz que tem informações. Diário de Notícias. 29 nov. 2020. Disponível em <https://www.dn.pt/mundo/bolsonaro-houve-fraude-nas-eleicoes-dos-eua-diz-que-tem-informacoes-13089967.html

CORNALI, Federico. Adiós a Diego Maradona: el colorido respeto de Brasil por el enemigo más amado. La Nacion. San Pablo, 27 nov. 2020. Disponível em <https://www.lanacion.com.ar/deportes/futbol/diego-maradona-brasil-amado-nid2522788

LECLERCQ, Michel. Â mi-mandat, Jair Bolsonaro reçoit un severe avertisement à l’occasion des municipals. Le Figaro. Rio de Janeiro, 30 nov. 2020. Disponível em <https://www.lefigaro.fr/international/a-mi-mandat-jair-bolsonaro-recoit-un-severe-avertissement-a-l-occasion-des-municipales-20201130>

ROBINSON, Andy. Negación, rabia y fantasia: las reacines de Bolsonaro frente al coronavírus, em um nuevo libro. Clarín. Rio de Janeiro, 30 nov. 2020. Disponível em <https://www.clarin.com/mundo/-negacion-rabia-fantasia-revelador-libro-describe-reacciones-bolsonaro-frente-pandemia-coronavirus_0_qdvdC2y3q.html>

SCHREIBER, Mariana. Brasil esta metendo os pés pelas mãos com a China, diz ex-embaixador em Pequim após nova polêmica de Eduardo Bolsonaro. BBC. Brasília, 26 nov. 2020. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-55081541>

YANAKIEW, Monica. Tropical Trump: where will Brazil’s Bolsonaro stande with Biden? Al Jazeera. Rio de Janeiro, 27 nov 2020. Disponível em: https://www.aljazeera.com/economy/2020/11/27/tropical-trump-where-will-brazils-bolsonaro-stand-with-biden>>

 



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sábado, 28 de novembro de 2020

O diplomata Diego Armando Maradona



    Em 30 de outubro de 1998, no 38o aniversário de Diego Armando Maradona Franco, era fundada a Igreja Maradoniana, em Rosário, que comemora o Natal naquela data. O calendário móvel da Sexta-Feira Santa, da Igreja Católica, se cravou na quinta-feira 25 de novembro de 2020 para os fiéis de Don Diego de la gente.Em respeito aos seguidores del Dios, esperei o terceiro dia da morte para escrever este obituário.

    O único consenso sobre Maradona é de que ele está no panteão dos deuses do futebol. Há quem diga que foi melhor que Pelé e Garrincha e quem não o considere nem o melhor dos argentinos – atrás de Alfredo Di Stéfano e Lionel Messi. As dicotomias deram o tom da vida do menino que nasceu pobre em Villa Fiorito, conquistou o mundo e morreu decadente num milionário condomínio na grande Buenos Aires. A discussão de quem foi mais craque é – para lá de apaixonada – anacrônica e fora de propósito. Mas Maradona fez, só com a perna esquerda, o que quase ninguém fez com os dois pés. E foi pela esquerda que Diego foi o mais político dos jogadores de futebol.

    Como nada acerca de Maradona é preto no branco, não assusta lembrar que o camisa 10 fez campanha para Carlos Menem, o presidente neoliberal argentino que concedeu indulto ao ditador Jorge Rafael Videla, que organizara a tumultuada Copa de 1978 em meio ao regime militar do país. O jovem Maradona não jogou aquele primeiro Mundial conquistado pela seleção albiceleste,mas já seria convocado para a Copa seguinte na Espanha em 1982, ano em que se transferia do Boca Jrs ao Barcelona e no qual estourava a Guerra das Malvinas.

    Como recorrentemente acontece com seleções campeãs do mundo, a entressafra argentina de 82 ofuscou o brilho de Maradona, que foi expulso de campo ao chutar os testículos de Batista, quando o Brasil de Zico e Sócrates eliminava a Argentina. Quatro anos mais tarde, já vestindo as cores do Napoli, Maradona gozava de tanta moral no selecionado argentino que – além de usar a braçadeira de capitão – vetou a convocação de Daniel Passarella, quem havia erguido a taça de 1978. E foi justamente no México em 1896 o auge de Maradona, como jogador, e de Diego, como símbolo militante.

    É ingênuo tratar a vitória da Argentina sobre a Inglaterra nas quartas-de-final daquela copa como uma vingança pelas Malvinas. No entanto, Maradona lavou a alma dos argentinos humilhados e dos enviados à morte por Galtieri e mortos por Tatcher no arquipélago. De mão – de Deus ou de Diego, o primeiro gol é quase acessório perto do segundo. Maradona jogou para inglês ver, já que nenhum dos onze adversários parou o gol mais bonito da história das Copas. Ali se consagrava um herói de guerra. Na final, contra a Alemanha, virava um Deus.

    Do apoio a Menem nos anos 90, cujo governo pretendia ter “relações carnais” com os Estados Unidos, o já aposentado Maradona protestou contra a presença do presidente norte-americano na Cúpula das Américas de 2005. Em Mar del Plata, ao lado de Evo Morales, Diego trocou a camisa argentina por uma mensagem a George W. Bush, a quem se referia como “lixo humano”. 


    No mesmo ano, Maradona foi recebido por Hugo Chávez no Palácio Miraflores com honrarias de um chefe de estado. O craque se dizia chavista e, após a morte do venezuelano, o argentino fez campanha em 2013 para que Nicolás Maduro seguisse o legado do antecessor. Em 2018, Maradona participou de comícios para reeleição de Maduro e, no ano seguinte, dedicou a vitória do Dorados de Sinaloa, time mexicano que treinava, a Caracas. 


    Às vésperas do impeachment de Dilma em 2016, Maradona se dizia um soldado da presidenta e de Lula. Comemorou como um gol aos 45 do segundo tempo a soltura do ex-presidente brasileiro da prisão em 2019: “Lula querido, Diego está com você”. 


    Na Argentina, foi um ferrenho defensor do kirchnerismo. Apoiou Néstor, Cristina e, recentemente, o presidente Alberto Fernández. Era tão próximo da Casa Rosada que esteve presente no velório íntimo de Néstor em 2010. Quando ainda era senadora, cogitou-se que Cristina concorreria a presidência em 2019 com Maradona de vice na chapa. 



    Mas foi em Cuba que este argentino, assim como Che, mais se envolveu politicamente. Foi parar na ilha na virada do século para se tratar da dependência química que o assolava desde a época na Espanha. O que facilitou a internação de Maradona em Havana foi sua admiração pelo socialismo cubano, disse o médico Alfredo Cahe, que cuidava do craque. Na época, Diego estava afundado na cocaína e teve uma overdose no Uruguai. O cardiologista Carlos Alvarez chegou a antecipar a morte de Maradona, cujo coração funcionava com apenas 38% da capacidade em 2000.

    Fidel Castro estendeu a mão ao jogador quando ele mais precisava. Maradona, sempre exagerado, agradeceu a altura. A autobiografia que escreveu,“Yo soy el Diego de la genteé dedicada a Castro e ao povo cubano. Nele, Maradona conta que ensinou Fidel – que, como bom caribenho, preferia o beisebol ao futebol – a trocar alguns passes no Palácio da Revolução. E a gratidão não parou aí. Além da tatuagem de Che Guevara que carrega no braço direito, Maradona marcou o rosto de Castro na perna esquerda mais famosa do mundo. 

    A inspiração guevarista sempre acompanhou o craque. Leu o livro “A Guerra de Guerrilhas” – escrito por Che em 1960 – e desde então passou a usar um relógio em casa pulso. Embrenhado na selva da Sierra Maestra cubana, Ernesto Guevara de la Sierna se preocupava demais com a passagem do tempo e com o fuso horário. É quase impossível achar uma foto de Maradona em que ele não esteja empunhando quatro ponteiros. Foi, inclusive, garoto de propaganda de uma famosa joalheria. 

Outro argentino modelo para Maradona foi o Papa Francisco. Na autobiografia, Diego criticou o Vaticano e o pontífice João Paulo II pelas luxuosas instalações banhadas a ouro na Praça São Pedro. Bergoglio operou o milagre de reaproximarel Diez de Deus. Em uma das visitas ao Papa, Maradona disse ser fã número um e capitão do time de Francisco. 

Assim como o compatriota Padre Santo, Diego foi um grande militante da causa palestina. Na Copa da Rússia, em 2018, Maradona se encontrou com o presidente Mahmoud Abbas e disse ser palestino de coração. Dieguito condenou bombardeios israelenses em territórios árabes e foi contra amistosos entre as seleções da Argentina e de Israel em assentamentos sionistas ilegais. Em 2014, chegou-se a especular o nome do argentino como treinador do selecionado palestino que pela primeira vez se classificou para a Copa da Ásia. Apesar de ter ganhado um kufiyya e de bradar “viva Palestina”, acabou por não assinar com a seleção.  


    Diego Armando Maradona também foi um político dos bastidores do futebol. Nunca poupou críticas a corrupção da FIFA e a omissão de Pelé e Beckenbauer. Foi desafeto público dos dirigentes da federação João Havelange e Joseph Blatter e do ex-presidente da UEFA Michel Platini. Talvez nenhum jogador tenha tantas vezes batido de frente com os grandes interesses econômicos do esporte. 

    Pode-se dizer, com certa precisão, que o pugilista Muhammad Ali foi, na luta contra o racismo, tão ativista quanto Maradona. Ayrton Senna, no automobilismo, também levantou bandeiras importantes para além do esporte. Pelé, quando marcou o milésimo gol, clamou pelas crianças. Wladimir, Zenon, Sócrates e Casagrande pediam democracia em plena ditadura militar brasileira. 

    Nenhum deles, porém, impactou tantos seguidores quanto El Pibe de Oro de Fiorito. Maradona perdeu a luta para Diego. Mas Diego Maradona lutou por tantos. Político algum militou por tantos povos e países como ele. Foi embaixador das causas justas e sempre advogou por quem acreditava ser o mais fraco. De Buenos Aires a Jerusalém e de Sinaloa a Nápoles, atraiu multidões de rebeldes apaixonados como dificilmente outra celebridade aglomeraria. A idolatria é tanta – até fora da Igreja Maradoniana – que, no país mais católico do mundo, o Estádio São Paulo passará a se chamar Diego Armando Maradona: El D10S desbancou até o Apóstolo. 

    Maradona inspirou como Guevara e envaideceu-se como Fidel. Emocionou como Piazzolla e discursou como Perón. Desvirtuou-se como Escobar e amou como Neruda. Militou como García Márquez e morreu, de certo modo, como Getúlio. Com paixões, contradições, virtudes e vícios: Diego Armando Maradona é um grito latino-americano. 

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quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Acontece no UniCuritiba: Aulas de português para imigrantes e refugiados


Por Manuela Paola 


A pandemia trouxe muitas privações e uma delas foi o acesso às aulas de português para os não-falantes da língua que residem aqui no Brasil. Levando isso em consideração, o Núcleo de Migrações do Laboratório de Relações Internacionais - coordenado pela professora Michele Hastreiter - desenvolveu um curso para lecionar português para imigrantes e refugiados que querem aprender nossa língua. Quem trouxe a ideia para o LABRI foi a aluna de Relações Internacionais do Unicuritiba, Yara Hamandosh, que veio da Síria. As aulas foram todas baseadas na apostila Pode Entrar, desenvolvida pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. O livro é dividido em 12 capítulos, assim como cada classe do curso. Os professores são os alunos de Relações Internacionais que participam do Núcleo de Migrações. 

            O início das inscrições foi no dia 12 de setembro e até o encerramento, em meados de outubro, recebeu mais de 180 respostas(!) no formulário disponibilizado. Através do formulário, o Núcleo de Migrações ficou sabendo que os alunos do curso de português pertencem a variados países e regiões do mundo: Egito, Venezuela, Iêmen, Haiti, Paraguai, Palestina, Líbia, Síria, Peru, Cuba, México e até mesmo Grécia. Na inscrição, foi perguntado o nível de português e a maioria dos alunos disse que não fala a língua ou possui um nível básico de conhecimento. Pensando nisso, os alunos passaram a ser divididos entre aqueles que falam espanhol e aqueles que falam inglês, mesmo como segunda língua. Dessa forma, a aula é mais proveitosa para os alunos e os professores.

            Além das aulas, os integrantes do LABRI criaram uma conta no Instagram com o objetivo de auxiliar ainda mais os alunos de português a aprender a língua. O perfil conta com curiosidades sobre o Brasil, dicas de filmes e explicações sobre detalhes da língua portuguesa. Para encontrar o perfil, é só procurar por @labri_unicuritiba.

O curso se encontra, atualmente, em sua oitava aula. O feedback dos alunos, que é feito através de um formulário disponibilizado ao final de cada classe, conta com muita satisfação e elogios aos professores e professoras que ministram as aulas. Aos sábados de manhã, como forma de reforço, acontecem as mentorias. Nessas aulas, onde não é passado conteúdo, os alunos podem conversar mais com os professores. Nesse momento, a troca de experiência e culturalidade se faz muito presente, além de ser uma excelente forma de praticar o português.

Internacionalize-se conversou com uma das professoras do projeto e estudante de Relações Internacionais, Maria Eduarda Bortoni. Ela nos contou como é a experiência de ser professora. "Participar do LABRI tem sido uma experiência única. Logo no primeiro semestre, quando montamos a cartilha de informações, vimos que trabalhamos muito bem com a equipe e que podíamos e queríamos ir além. Ainda sem poder realizar os atendimentos presenciais, surgiu a ideia de aulas online de português. A experiência tem sido maravilhosa, todos estamos aprendendo muito com o grupo de alunos. Na primeira aula estávamos todos bem travados, sem saber muito bem como lecionar e como o projeto iria se desenrolar na prática. Ao longo das semanas fomos ficando mais confiantes, entendemos as necessidades em relação ao idioma e nos aproximamos dos alunos. A maior beleza do projeto não é o curso de português em si, e sim o que aprendemos como seres humanos ao longo dele. Acho que falo por todos quando digo que comecei esse projeto como uma aluna perdida mas atrás de um propósito, e vou terminá-lo com o coração quentinho por saber que fizemos a diferença na vida de várias pessoas e que elas também fizeram a diferença na minha."

A idealizadora do curso, Yara, também deu seu depoimento. "Sempre quis ter a oportunidade de apoiar os imigrantes e refugiados de forma a tornarem a sua experiência mais fácil e sem muitos desafios, pois eles já têm uma vida difícil e tiveram muitos obstáculos na sua vida. Para tornar a sua difícil jornada mais fácil, pensei nas aulas de português depois que minha amiga me contou sobre suas dificuldades, e como sou refugiada e tive muitas dificuldades quando cheguei ao Brasil principalmente no idioma (era minha terceira língua a aprender), era tão diferente do árabe e do inglês e isso foi uma barreira para se comunicar com o brasileiro. Pude entender que quando você conhece a língua do país, começa a sentir que está em casa. Para que os imigrantes e refugiados se sintam em casa, nós criamos essas aulas. Essas aulas nunca aconteceriam sem o LABRI, a Professora Michele e cada aluno ajudando na criação de aulas incríveis a cada semana. As aulas são extraordinárias! Eu queria que minha primeira aula de português fosse a mesma quando cheguei ao Brasil. Com a colaboração de cada um, fizemos um jeito simples de ensinar português e temos facilitado tudo com a tradução das aulas para cinco idiomas. Este projeto é a melhor oportunidade e experiência da minha vida onde pude ver que temos potencial para ajudar, temos um novo propósito nesta vida, histórias importantes para ouvir e que as vozes importam, contando com outros sonhos a realizar e que nós estamos fazendo este projeto para impactar e fazer a diferença na vida de outras pessoas."

            As aulas deste ano já estão chegando ao fim, mas em 2021 as Aulas de Português do LABRI voltarão! Fique atento às nossas redes sociais!

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segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Volta ao mundo em 7 dias - Notícias de 08/11 a 14/11


  • BRASIL
    Desde o dia 3 de novembro, o estado do Amapá está sofrendo com uma crise energética motivada por uma forte chuva que ocasionou um incêndio na subestação de energia, na capital Macapá. O apagão afetou 13 dos 16 municípios do estado. Além da privação da eletricidade, os amapaenses sofreram com falta de água e de comunicação, além de dificuldades em encontrar produtos essenciais no comércio. A população foi às ruas protestar contra a situação. A energia no Amapá é providenciada por uma empresa privada Gemini Energy e pela Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). A distribuição, por outro lado, é feita pela Companhia de Eletricidade do Amapá. O restabelecimento na região está, aos poucos, voltando através do sistema do rodízio. No entanto, um dos motivos que levou os manifestantes às ruas foram as falhas no rodízio prometido pelo governo do estado. O religamento da energia no Amapá foi prometido para esse último fim de semana.

  • ARMÊNIA X AZERBAIJÃO

    A região fronteiriça de Nagorno-Karabakh é alvo de disputa entre armênios e azeris há mais de 90 anos. A Artsakh (República de Nagorno-Karabakh) declarou-se independente em 1991 - mas nenhum país da ONU a reconheceu. O território possui uma população de 150 milhões de pessoas, sendo 95% de origem armênia, de acordo com dados do governo da Armênia. Por ser maioria étnica, esse povo acredita ter o direito à região. Os azeris, por outro lado, consideram Nagorno-Karabakh parte de seu território histórico. Em 1994, foi assinado um cessar-fogo entre as partes, mediado pela Rússia. A paz mediada 30 anos atrás durou até 2016, quando novos conflitos surgiram. Em julho de 2020, os confrontos foram retomados e as tensões entre os dois países aumentaram. No último sábado (14), o governo da Armênia anunciou que mais de 2 mil soldados morreram no conflito. O anúncio chegou alguns dias depois da assinatura de um acordo de paz, novamente mediado pela Rússia. Os moradores armênio da região incendiaram suas casas em forma de protesto. 


  • PERU

    No sábado (14), dois manifestantes morreram em razão dos intensos protestos que vêm ocorrendo por conta da destituição do ex-presidente Martín Vizcarra, no dia 9 de novembro. Após o ocorrido, 13 ministros renunciaram aos seus cargos. De acordo com a Secretaria dos Direitos Humanos, mais de 90 pessoas foram feridas, além do desaparecimento de 20 outras. O presidente interino, Manuel Merino, também renunciou no domingo após pressão dos congressistas. Merino deixou seu cargo apenas 5 dias depois de assumir. 


  • EGITO

    No sítio arqueológico de Saqqara, no Egito, foram encontrados mais de 100 sarcófagos selados, além de 40 estátuas. Os itens foram enterrados há mais de 2.500 anos e, de acordo com o Ministro do Turismo e Antiguidades, Khaled el-Anany, pertencem à dinastia ptolomaica, que governou o país por volta de 320 a.C até 30 a.C. O Ministro ainda afirmou que as escavações não estão finalizadas e que ainda há mais cemitérios de sarcófagos a serem encontrados. O Saqqara abriga a primeira pirâmide da era faraônica, Djoser, além de ser uma vasta necrópole (como um cemitério antigo). Os itens encontrados serão levados para diferentes museus do Cairo. 


  • TAILÂNDIA

    Bangcoc recebeu, neste sábado, uma série de manifestações pedindo a renúncia do primeiro-ministro Prayut Chan O Cha. Os opositores afirmam que Prayut assumiu, em 2014, após um golpe; no ano passado, ele foi legitimado através de eleições polêmicas. Além das reivindicações em relação ao primeiro-ministro, os protestantes também pedem uma reforma no que tange o poder da monarquia no país, como a abolição da lei de lesa majestade, o controle da fortuna real e a não-interferência real nos assuntos políticos. Apesar da afirmação de que os protestos não seriam recebidos com violência, a polícia usou canhões de água contra os manifestantes. 




Referências

AMAPÁ completa 8 dias de caos: falha no rodízio de energia, protestos e insegurança. Brasil de Fato. 11 nov. 2020. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2020/11/11/amapa-completa-8-dias-de-caos-falha-no-rodizi o-de-energia-protestos-e-inseguranca.

APAGÃO no Amapá chega ao 11o dia com prazo judicial para restabelecimento esgotado. G1. 13 nov. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2020/11/13/apagao-prazo-judicial-encerra-e-empresa -nao-cumpre-100percent-de-fornecimento-de-energia-no-ap.ghtml.

APAGÃO no AP chega ao 8o dia com luz 'parcelada' e improviso na rotina. G1. 10 nov. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2020/11/10/apagao-no-amapa-chega-ao-8o-dia-com-l uz-parcelada-e-improviso-na-rotina.ghtml.

APAGÃO: operadora de subestação incendiada do AP fala em danos 'complexos' e volta da energia 'o quanto antes'. G1. 09 nov. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2020/11/09/apagao-operadora-de-subestacao-incend iada-do-ap-fala-em-danos-complexos-e-volta-da-energia-o-quanto-antes.ghtml.

EM crise financeira, espanhola vendeu concessão de energia no Amapá em 2019. UOL. 11 nov. 2020. Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/11/11/apagao-amapa-isolux-gemini.htm? cmpid=copiaecola.

ARMÊNIA diz que mais de 2,3 mil soldados foram mortos nos confrontos de Nagorno-Karabakh. G1. 14 nov. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/11/14/armenia-diz-que-mais-de-23-mil-soldados-fo ram-mortos-nos-confrontos-de-nagorno-karabakh.ghtml.

CONFRONTOS entre Armênia e Azerbaijão envolvem disputa territorial antiga no Cáucaso. G1. 28 set. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/09/28/confrontos-entre-armenia-e-azerbaijao-envol vem-disputa-territorial-antiga-no-caucaso-saiba-mais.ghtml.

APÓS 2 mortos em protesto contra impeachment, 13 ministros renunciam no Peru. F. de São Paulo. 15 nov. 2020. Disponível em:

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/11/tres-pessoas-morrem-no-peru-em-protestos-c ontra-impeachment-de-vizcarra.shtml.
PRESIDENTE interino do Peru renuncia com menos de uma semana no cargo.
G1. 15 nov. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/11/15/presidente-interino-do-peru-renuncia-com-m enos-de-uma-semana-no-cargo.ghtml.

EGITO anuncia descoberta de mais de 100 sarcófagos com cerca de 2,5 mil anos. G1. 14 nov. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/11/14/egito-anuncia-descoberta-de-mais-de-100-s arcofagos-com-cerca-de-25-mil-anos-fotos.ghtml.

MILHARES de manifestantes pedem a saída de primeiro-ministro da Tailândia. G1. 14 nov. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/11/14/milhares-de-manifestantes-pedem-a-saida-d e-primeiro-ministro-da-tailandia.ghtml









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quarta-feira, 11 de novembro de 2020

#ENDSARS - os protestos na Nigéria contra a violência policial

 



No mês de outubro, a Nigéria presenciou uma série de protestos em seu território, pedindo o fim da SARS - Special Anti-Robbery Squad, uma unidade especial da polícia nigeriana para combater roubos e assaltos, como o próprio nome sugere, que existe desde 1992. Os protestos que demandam o fim dessa unidade têm como base múltiplas denúncias: detenções arbitrárias, extorsões e até mesmo assassinatos. A ONG Anistia Internacional, já em 2016, alertava para os métodos brutos que a SARS utilizava como meio de obter informações. Em junho, a organização lançou outro relatório, que continha 82 casos de tortura e execuções extra-judiciais e aconteceram entre janeiro de 2017 e maio de 2020. Em 11 de outubro deste ano, o presidente nigeriano Muhammadu Buhari anunciou a dissolução da SARS, prometendo reformar a unidade. Os membros serão realocados e uma nova legislação para investigar os crimes cometidos será promulgada, de acordo com uma diretiva presidencial.

No entanto, a situação política e econômica da Nigéria fez com que os protestantes continuassem nas ruas. Além disso, a SARS já passou por algumas reformas, com promessas de melhorias, mas para os nigerianos, a unidade policial não se alterou. Por isso, as manifestações pedem a reforma de toda a força policial. A Nigéria, sendo a maior economia da África, ainda depende enormemente da produção de petróleo. No entanto, o país está a beira de enfrentar a pior recessão em 30 anos, com a inflação em 13%. A pandemia, a economia precarizada e o setor petrolífero em crise são combustíveis para as manifestações nas ruas nigerianas. Os protestos que resultaram na paralisação da capital da Nigéria, Abuja, e em sua maior cidade, Lagos, certamente influenciaram na piora da economia, mesmo que em menor escala.

Em 2017, uma campanha no twitter com a #EndSARS fez efeito para que as autoridades policiais aceitassem reorganizar a unidade policial. Em 2020, o movimento voltou com força depois da divulgação de um vídeo em que os policiais da SARS atiraram em um nigeriano no estado de Delta. O movimento novamente tomou as redes sociais, atraindo a atenção de celebridades, como John Boyega, Beyoncé, Kanye West e o fundador do Twitter Jack Dorsey. As manifestações pacíficas foram recebidas com violência pela polícia, e de acordo com a Anistia Internacional, 10 pessoas morreram, além de milhares de feridos. Além dos protestos na própria Nigéria, manifestações por parte de nigerianos aconteceram no Canadá, Alemanha, EUA e Inglaterra, em solidariedade a seus conterrâneos. 

Internacionalize-se conversou com Samuel Glorious Akhabue, um nigeriano de 24 anos que mora em São Paulo. Samuel é jogador de futebol e faz parte do time J. Malucelli. 

Como era o sentimento de estar na rua e ver algo relacionado ao SARS?

Ver ou vivenciar uma situação relacionada à SARS é assustador, é uma situação que não se pode controlar por mais educado que seja a pessoa. Esses oficiais da SARS oprimem e extorquem dinheiro de cidadãos inocentes; imagine ser preso porque você tem um iPhone ou um bom carro. Eles intimidam as pessoas a abrirem seus celulares para que possam acessar aplicativos e conversas no WhatsApp sem mandado de busca e apreensão. Ouvimos e vimos casos em vídeos de oficiais da SARS extorquindo dinheiro de cidadãos inocentes com máquinas POS, às vezes eles os levam ao caixa eletrônico do banco para que a vítima retire dinheiro para eles. Em novembro do ano passado, meu irmão, que mora no estado do Delta de Ughelli, Nigéria, foi pego em uma noite de domingo por oficiais da SARS sem uniforme e com um ônibus sem placa. Eles o seguraram por horas porque ele não poderia dar-lhes dinheiro, até que eles concordaram em receber o depósito de minha mãe em outra cidade próxima na conta de outra pessoa que também o segurou naquela noite, então não pode ser rastreado até eles. Então imagine o nível de corrupção e opressão que o povo da Nigéria está sofrendo diariamente por tantos anos."

 

Quais resultados você acha que as manifestações podem trazer?

O governo é tão corrupto e eles se preocupam menos com o bem-estar dos cidadãos, então a manifestação foi uma demonstração da frustração de todos, especialmente dos jovens, que são caçados por esses oficiais da SARS, que querem viver e não serem mortos e detidos diariamente por este setor da polícia. Basicamente, o movimento #EndSARS começou online por jovens nigerianos antes de se tornar um protesto pacífico em quase todas as cidades em todos os estados da Nigéria. Foi enorme a paz no início, até que a polícia e os militares começaram a usar força como gás lacrimogêneo e canhões de água contra os pacíficos manifestantes e, em seguida, algumas pessoas no governo começaram a contratar bandidos para atrapalhar o protesto pacífico. O único resultado que posso dizer que conseguimos agora será a consciência que nós, os jovens nigerianos, criamos para que a comunidade internacional saiba o que estamos passando, pelo menos organizações como Anistia Internacional e outros organismos agora estão cientes do crime de violação dos direitos humanos do povo da Nigéria pela administração Buhari (atual presidente da Nigéria).

 

O que você acha do engajamento dos famosos na situação da Nigéria?

Esta foi uma das poucas vezes na história da Nigéria em que vimos o famoso e o nigeriano médio marcharem solidariamente lado a lado, sem ninguém ter sido tão elevado, foi uma visão gloriosa e um momento muito compatriota em nossa história, nós teve a famosa caminhada sem guarda-costas na rua de lagos lado a lado com os pobres e médios nigerianos na luta pelo direito e liberdade do povo. Muitas pessoas estavam doando alimentos, água, cuidados médicos, segurança e muito mais para os manifestantes dispostos sem que fossem solicitados a fazê-lo. O protesto #EndSARS foi uma demonstração também de unidade na diversidade.

 

O que você sugere que as pessoas aqui no Brasil façam para ajudar a conscientizar sobre o assunto?

Nós, nigerianos, aqui em São Paulo, já realizamos duas manifestações pacíficas no centro da cidade, conscientizando a comunidade brasileira sobre a luta do nosso povo na Nigéria. No dia 20 de outubro o governo nigeriano enviou o exército para atirar em manifestantes pacíficos na praça de pedágio de Lekki, muitas pessoas foram mortas e muitas outras ficaram feridas com tiros, foi um massacre de nigerianos agitando bandeiras da Nigéria e cantando o hino nacional enquanto era tocado pelos militares da Nigéria que supostamente os protegiam. Chorei sem parar ao vê-lo ao vivo no Instagram. Foi uma visão desumana. Acredito que o governo brasileiro tem laços culturais e econômicos com a Nigéria, eles poderiam ajudar, envolvendo por meio de perguntas o atual governo sobre essas mortes sem sentido e violações dos direitos humanos do governo nigeriano contra seu povo.

            Samuel concedeu ao Internacionalize-se fotos do protesto feito em São Paulo por parte da população nigeriana.




O depoimento de Samuel deixa muito claro que a situação na Nigéria não pode ser ignorada, especialmente pela comunidade internacional. Nas palavras do jovem nigeriano sobre a matéria no nosso blog, "isso ajudará a criar mais consciência para a comunidade internacional em relação à nossa luta". 

 

 

END SARS: Why Nigeria's anti-police brutality protests have gone global. Sky News. 21 out. 2020. Disponível em: https://news.sky.com/story/end-sars-why-nigerias-anti-police-brutality-protests-have-gone-global-12107555.

NIGÉRIA dissolve unidade de elite da polícia acusada de torturas. Mundo ao Minuto. 11 out. 2020. Disponível em: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/1602243/nigeria-dissolve-unidade-de-elite-da-policia-acusada-de-torturas.

AS Nigeria’s SARS protests swell, its economic recovery hangs in the balance. CNBC. 2 nov. 2020. Dusponível em: https://www.cnbc.com/2020/11/02/as-nigerias-sars-protests-swell-its-economic-recovery-hangs-in-the-balance.html.

CENTENAS protestam contra violência policial na Nigéria; polícia dispersa  manifestantes a tiros, diz agência. G1. 20 out 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/10/20/centenas-protestam-contra-violencia-policial-na-nigeria-policia-dispersa-manifestantes-a-tiros-diz-agencia.ghtml.

KANYE West and other stars join global protests over police brutality in Nigeria. CNN. 13 out. 2020. Disponível em: https://edition.cnn.com/2020/10/13/africa/global-end-sars-protests-nigeria-intl/index.html.

TIROS contra manifestantes geram onda de indignação na Nigéria. Deutsche Welle. 21 out. 2020. Disponível em: https://www.dw.com/pt-002/tiros-contra-manifestantes-geram-onda-de-indigna%C3%A7%C3%A3o-na-nig%C3%A9ria/a-55346120.

 

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