Por Alécia Alves
- Escócia
Após quase duas semanas de negociações na Conferência das Partes
(COP26) em Glasgow, a reunião dos líderes mundiais acabou por resultar em
alguns acordos firmados no sábado (13). Na convenção foram discutidas diversas
questões dentro do tema Meio Ambiente, inclusive promessas que haviam sido
feitas na COP25, os temas mais caros eram: os meios para conter o rápido avanço
do aquecimento global; o uso de combustíveis fósseis, a redução da emissão de
gases do efeito estufa e como compensar ou ressarcir os países mais vulneráveis
pelos danos sofridos até então.
Uma das partes do acordo considerada mais importante versa a respeito do uso de combustíveis fósseis, esse tema não havia sequer sido abordado nas COPs
anteriores. A proposta inicial seria eliminar o uso dos combustíveis fósseis
gradativamente, mas por pressão da Índia, China e Irã e para que o texto não fosse
descartado por completo, no lugar de “eliminar” o uso do carvão passou-se usar-se
a palavra “reduzir”, permitindo, dessa forma o seu uso contínuo.
As grandes críticas a respeito da conferência e dos acordos firmados se dão
em cima do fato de que mais uma vez os Estados mais vulneráveis, aqueles que
menos poluem e ainda assim mais sofrem com as mudanças climáticas, seguem
sendo ignorados e sem receber nenhum tipo de ressarcimento pelos danos
causados pelas grandes potências durante séculos. Uma promessa havia sido feita
na COP25 em Paris a respeito da criação de um fundo de 100 bilhões anuais para financiar as nações em desenvolvimento a partir de 2020, mas a promessa não foi
cumprida, o que deixou os representantes desses países indignados.
Segundo Rachel Cleetus do Programa de Clima e Energia da União de
Cientistas Preocupados: “A decisão final da COP26 está esmagadoramente
comprometida pelos países que mais contribuíram para a crise climática e mais uma
vez negam justiça para os países em desenvolvimento vulneráveis ao clima”.
Além disso, não houve grandes avanços na ambiciosa meta também
proposta na COP25 de Paris em limitar o aquecimento global a até 1,5C, sendo
postergado para COP27 no Egito. Na prática, o que ficou acordado (sendo acatado
de forma variável pelos países) foi: o apoio ao desenvolvimento de tecnologia limpa
através do financiamento das indústrias de queima de combustíveis fósseis; a
redução e até mesmo eliminação do uso de combustíveis fósseis e o manifesto da
soja do Reino Unido por parte das empresas da região em não utilizar soja de
proveniente de desmatamentos a partir de jan. de 2020.
- Belarus
Cresce a crise migratória na fronteira entre Belarus e União Européia,
trazendo muita tensão entre os governos de MInsk, Moscou, Varsóvia e
representantes da UE. Já foram mais de 30 mil tentativas de cruzar as fronteiras de Belarus para o território Europeu desde segunda-feira (8). Lukashenko, atual
presidente de Belarus, tem sido acusado de fomentar esse processo ajudando a
promover o tráfico de pessoas como uma forma de pressionar o bloco europeu, a
Russia também tem sido acusada de participar.
As autoridades polonesas afirmam que os imigrantes chegaram preparados
para o frio e escoltados por agentes do regime de Minsk, os imigrantes não são dos
países fronteiriços, mas em sua maioria do Oriente Médio, especialmente do Iraque e da Síria. Não é a primeira vez que Lukashenko é acusado de tirar proveito da
fragilidade dos imigrantes para causar inquietação nas fronteiras, dessa vez, essa
seria uma forma de retaliação pelas sanções mais recentes que Belarus vem
sofrendo pela UE.
A União Europeia pretende impor novas sanções, desta vez incluindo as
companhias aéreas que têm colaborado com o governo de Minsk no tráfico aéreo
de pessoas ativamente ou por omissão. Lukashenko por sua vez ameaça cortar o
trânsito de gás natural e de outros bens exportados pelo país para a UE caso haja
novas sanções. Enquanto tudo isso ocorre, os imigrantes passam por situações de
miséria, dependendo de ajuda de moradores locais e ONGs para sobreviver.
- China
Foi publicado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos na
quarta-feira (10) o relatório anual a respeito dos investimentos feitos pela China no
desenvolvimento das forças armadas. A partir dos dados oferecidos pelo relatório é
possível observar que Pequim está em um processo fervoroso de expansão, foram
observados diversas novas bases nucleares e testes de mísseis hipersônicos com
capacidade nuclear, estima-se que até 2027 o Estado obtenha em torno de 700
ogivas nucleares, e pelo menos 1000 até 2030, atualmente a China possui em torno
de 250 a 300 ogivas. Não há muita transparência por parte do governo Chinês
relativamente a seu programa atômico, mas os especialistas concordam em apontar
que esta é uma projeção iminente. Pequim respondeu ao relatório acusando-o de
ser manipulativo.
Na prática, o receio internacional é que haja um desequilíbrio da Nova Ordem
Mundial e um incentivo de mais investimento por parte das demais potências
nucleares em um contexto de tensões entre Washington sobre taiwan e o mar da
China Meridional. Embora os Estados Unidos e a Rússia estejam tecnicamente
bloqueados pelo acordo New Start, que estabelece um limite de mobilização de até
1550 ogivas, eles ainda obtém um arsenal muito superior às demais potências
nucleares e é essa diferença que a China aparentemente busca diminuir ou eliminar.
- Áustria
Devido a uma nova onda de infecção pelo COVID19 em pessoas não
vacinadas, o governo austríaco optou por impor lockdown àqueles que ainda não
tiverem tomado as doses da vacina. O lockdown deve iniciar na segunda-feira (15),
os não vacinados não poderam sair de casa a não ser para serviços essenciais
como trabalhar, ir ao mercado ou vacinar. Apenas 65% da população está vacinada
e as autoridades temem que haja novas mortes e novo colapso dos serviços de
saúde. O controle será feito por fiscalização não anunciada previamente. A medida
foi recebida com protestos pelos ativistas do movimento antivacinas.
Referências
COP26 termina com acordo climático; veja o que deu certo e as falhas nas
negociações. CNN INTERNATIONAL. 14 de nov. de 2021. Disponível em:
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/cop26-termina-com-acordo-climatico-veja
-o-que-deu-certo-e-as-falhas-nas-negociacoes/.
“Passo importante, mas não o suficiente”, afirma Guterres sobre acordo da COP26.
ONU NEWS. 13 de nov. de 2021. Disponível em:
https://news.un.org/pt/story/2021/11/1770432.
EU agrees new sanctions on Belarus over border crisis. ALJAZEERA. 15 de nov. de
2021. Disponível em:
https://www.aljazeera.com/news/2021/11/15/eu-agrees-new-sanctions-on-belarus-a
mid-border-crisis.
O que ocorre na fronteira de Belarus com a Polônia? Entenda o que está em jogo no
conflito migratório. EL PAÍS. 11 de nov. de 2021. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/internacional/2021-11-11/o-que-ocorre-na-fronteira-de-belar
us-com-a-polonia-entenda-o-que-esta-em-jogo-no-conflito-imigratorio.html.
Os poloneses que optam por não olhar para o outro lado: “Os imigrantes bebem
água como se fosse o fim do mundo”. EL PAIS. 14 de nov. de 2021. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/internacional/2021-11-14/os-poloneses-que-optam-por-nao-
olhar-para-o-outro-lado-os-imigrantes-bebem-agua-como-se-fosse-o-fim-do-mundo.
html.
Fome, frio e morte na fronteira entre a Polônia e Belarus. EL PAÍS. 12 de nov. de
2021. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/internacional/2021-11-12/fome-frio-e-morte-na-fronteira-entr
e-a-polonia-e-belarus.html.
China sacode a velha ordem nuclear mundial. EL PAÍS. 08 de nov. de 2021.
Disponível em:
https://brasil.elpais.com/internacional/2021-11-08/china-sacode-a-velha-ordem-nucle
ar-mundial.html
China diz que relatório dos EUA sobre arsenal nuclear é 'manipulação'. ESTADO DE
MINAS INTERNACIONAL. 05 de nov. de 2021. Disponível em:
https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2021/11/05/interna_internacional,13
20158/china-diz-que-relatorio-dos-eua-sobre-arsenal-nuclear-e-manipulacao.shtml.
Austria orders nationwide lockdown for unvaccinated. ALJAZEERA. 14 de nov. de
2021. Disponível em:
https://www.aljazeera.com/news/2021/11/14/austria-orders-nationwide-lockdown-for-
unvaccinated.
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