Thiago de Oliveira Gonçalves
Quando se trata dos mercados financeiros que integram os mais diversos países por meio de fluxos de capital, envolvendo agentes investidores e instituições reguladoras, qualquer mudança nos índices e regimes econômicos referentes ao ganho que se pode ter com os mais diversos tipos de aplicação financeira tem implicações sérias e é tratada de maneira delicada, com muita prudência na gestão das autoridades de política econômica – envolvendo até mesmo a injeção de bilhões de dólares na economia pelo Estado para conter uma crise. Mas quando uma alteração é demandada a um agente financeiro devido a demandas da sociedade moralmente motivada, a situação também é tratada com urgência e delicadeza?
Aparentemente, não. É o que mostra um dos esforços de recolhimento de assinaturas on-line da organização da sociedade civil Avaaz a respeito das exorbitantes taxas cobradas de imigrantes em diversos países para transferir quantias a suas famílias em seus países de origem, que chegam a até 20% do total enviado. O apelo da petição da Avaaz atenta para o fato de serem pessoas necessitadas (pessoas que desempenham as mais diversas tarefa$) que sofrem com o elevado valor do serviço enquanto a Western Union, empresa responsável por quase 20% dos depósitos de trabalhadores imigrantes no mundo, fatura muito alto[1].
A Avaaz informa ao signatário potencial da petição que países chave do G8 já se pronunciaram sobre a necessidade de taxas menores, não ultrapassando 5%, incitando-o a tomar parte nesta campanha, pois a Western Union nunca foi pressionada. Segundo os militantes, quando a petição atingir um número considerável de signatários ela chamará a atenção da empresa, pois esta preza por sua imagem.
Realmente, quem visitar o portal da Western Union verá que a empresa se importa com sua imagem pública. Há até mesmo uma sessão que trata do conceito de cidadania corporativa, na qual a equipe da WU admite ser “orgulhosa por ajudar migrantes em sua jornada rumo a melhores oportunidades econômicas” (Western Union, 2011) e ter um “compromisso com o enriquecimento de cidadãos globais” (Idem).
Porém, [que fique esta dúvida no ar!] até que ponto os gestores da Western Union se colocarão à disposição da sociedade civil organizada e mesmo das burocracias estatais quando a pauta é a diminuição de seu faturamento?
Certo, aqui cabe reconhecer que os sistemas financeiros não possuem entre suas características a distribuição de renda para a sociedade, mas prestar serviços permitindo que haja a transação de ativos financeiros intra e trans-fronteiras e também que a agente financeiro algum interessa ter uma imagem pública negativa. Entretanto, a Western Union obtém um faturamento abusivo à custa de trabalhadores primários e representa-se como exemplo de responsabilidade social. Isto nos revela um [mais um] discurso corporativo paradoxal, ao qual não se pode acostumar.
Thiago de Oliveira Gonçalves é formado em Relações Internacionais pelo Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba).
Referências:
Avaaz. Manifesto contra as taxas exorbitantes da Western Union, ASSINE AQUI: https://secure.avaaz.org/po/make_giving_powerful/?cl=894517718&v=8095
ROBERT, Anne-Cécile; SERVANT, Robert e Jean-Christophe. De olho nas remessas africanas. Le Monde Diplomatique Brasil. Janeiro de 2009. Disponível em: http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=431&PHPSESSID=7344ed5e82e51d5534f731688bd39468
Western Union. Cidadania Corporativa e migração global. Disponível em :http://corporate.westernunion.com/global_migration.html
[1] Para se ter uma idéia destes ganhos é interessante consultar um relatório de 2005 do Banco Africano de Desenvolvimento e do governo francês que atesta: €449 milhões teriam sido transferidos para o Senegal (19% do PIB); €295 milhões para o Mali (11% do PIB) e 70 milhões de euros para as Ilhas Comores (24% do PIB) (ROBERT; SERVANT, 2009).
Realmente um absurdo,esta alta taxa cobrada para o envio de recursos financeiros dos imigrantes para seus países de origem,mas é óbvio que existe uma intervenção dos governos destes países de onde saem estes recursos,talvez uma das hipóteses sejam uma proteção acirrada dos empregos locais,pois muito se lêem artigos e comentários em tablóides publicados nestes países,que os imigrantes só tomam os empregos deles e empobrecem os mesmos,que ao meu ver é uma pura mentira e falsidade por parte das potências desenvolvidas,isto não condiz com a verdade,não passa de um comentário preconceituoso e racista. Outra questão poderemos citar aqui seria uma forma de não deixar os recursos sairem de seus países e ao mesmo tempo os mesmos serem gastos lá,consequentemente renderá impostos e aquece a economia interna,mas o que temos conhecimento é que esta política está em expansão,boa parte dos países do mundo implantam isto como medida de proteção as suas economias domésticas,o que poderá ser feito é um acordo comum,entre as partes envolvidas por um organismo internacional competente,mas para que isto de fato fosse acontecer,deveríamos muito bem pensar nas empresas multicionais,se seria uma ideia boa ou não,para a economia de uma nação,pois como sabemos esta prática é muito comum nestas empresas,enviarem recursos financeiros as suas matrizes,em seus países de origem,apesar que elas compram títulos dos países onde estão instaladas,mas isto não significa tudo.é um caso a ser analisado....
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