Há 50 anos a Confederação Brasileira de Desportos (atual CBF)
anunciava a criação do Campeonato Nacional de Clubes, o popular Brasileirão.
Não é como se antes, nos áureos anos 50 e 60 do futebol brasileiro, não
houvesse time campeão nacional. Na prática, e numa explicação bastante
simplória, em 1971 unificou-se as competições do Torneio Roberto Gomes
Pedrosa, o “Robertão”, e da Taça de Prata.
A seleção canarinha acabara de ser tricampeã mundial no México.
Enquanto o capitão Carlos Alberto Torres levantava a Jules Rimet no Estádio
Azteca, o General Médici redigia o Plano de Integração Nacional em Brasília. O
Decreto-Lei do regime militar cunhou o lema “integrar para não entregar”, em
referência ao plano de ocupação e colonização dos estados do centro-oeste da
e Amazônia. O principal vetor desta integração proposta pela ditadura era a
construção da Rodovia Transamazônica. Remota, inóspita, destrutiva e
inacabada, os mais de quatro mil quilômetros da BR-230 não lograram os objetivos do presidente, que viu nas quatro linhas do estádio um aglutinador
nacional mais relevante que as retas da estrada.
Médici, além de ditador, foi um interventor atuante no futebol brasileiro.
Quando assumiu a presidência em 1969, o treinador da seleção brasileira era o
famoso comunista João Saldanha. Demitido menos de 2 meses antes da
vitoriosa Copa de 70, Saldanha denunciou perseguição política e até
interferência da ditadura nas convocações e escalações do escrete brasileiro.
Boicotado e cobrado pela escalação de Dadá Maravilha, o técnico professou
uma das frases mais icônicas do nosso futebol: “Quando Médici formou o
Ministério não me pediu opinião. Por isso não quero a opinião dele para formar
o meu time”.
O esquadrão de 70 foi recebido com pompa no Planalto. Mas contar
com uma vitória nacional a cada Mundial, de quatro em quatro anos, não era
instrumento suficiente para a Ditadura.
Com a unificação do Campeonato Brasileiro, federações de estados
pouco relevantes para o futebol ganharam espaço na competição, cada vez
mais inchada. À época, virou ditado popular dizer que “onde a Arena vai mal,
mais um time no nacional”, em referência a popularidade do partido do regime
militar.
O atual presidente Jair Bolsonaro, seguindo a linha de 1964, consegue
se apropriar razoavelmente bem do futebol. É desafiador achar uma camisa de
qualquer clube que Bolsonaro ainda não tenha fardado. Tem preferências
óbvias por times de massa recentemente vencedores, como Flamengo e
Palmeiras – aparecendo inclusive em cerimônias de títulos –, mas não se
envergonha em virar a casaca como quem troca de cueca.
Não podendo aparecer no Estádio Nacional Mané Garrincha vestido de
azul num domingo e de amarelo no outro devido à pandemia, Bolsonaro viu na
Copa América um subterfúgio. Na falta de um Plano Nacional de Imunização, o
presidente tenta ressuscitar um Plano de Integração Nacional vetorizado pelas
camisas amarelas da seleção.
A Colômbia desistiu de sediar a já marcada Copa América em seu
território por enfrentar uma crise política e social. Já a Argentina, que também
receberia metade dos jogos, se recusou a receber as delegações devido ao
avanço da pandemia no país. A Confederação Sul-americana de Futebol, depois das negativas de Chile e Estados Unidos, decidiu, portanto, levar a
competição para um país que atravessa as três crises - política, social e sanitária - ao mesmo tempo.
O presidente da CBF Rogério Caboclo viu no aceite à CONMEBOL e no
bom trânsito com o governo federal uma moeda de troca para aliviar suas
possíveis condenações na justiça desportiva. Não adiantou. Afastado por
denúncias de assédio moral e sexual, a saída de Caboclo amenizou o clima de
boicote a Copa América que pairava sobre os jogadores e a comissão técnica
brasileiros. Davam a entender – muito nas entrelinhas – que estavam
insatisfeitos com a realização de última hora da competição num país que sofre
mais de milhar de vidas perdidas pela covid-19 diariamente.
Como Saldanha por Médici, a cabeça do técnico Tite chegou a ser
oferecida por Caboclo a pedido de Bolsonaro caso a amarelinha não entrasse
em campo. O Zagallo, substituto da vez, seria o bolsonarista Renato Gaúcho.
Instaurou-se uma aura de motim, rebelião. Enfim o futebol, tão
maltratado e mal interpretado como ópio do povo, daria um recado firme aos
poderosos e aos donos do dinheiro. Os que sentem falta de abraçar um
desconhecido na arquibancada na hora do gol quase comemoraram o oposto:
não teria jogo nenhum. Nos acréscimos do segundo tempo, gol de mão de
Bolsonaro impedido. Na cabine VAR, a regra é clara: as instituições brasileiras
estão funcionando.
Os grandes clubes brasileiros, de uns 5 anos pra cá, são altivos em
campanhas contra o racismo, o machismo, a misoginia e a homofobia quando
convém nas mídias sociais. Mas na semana em que são revelados áudios
canalhas do presidente da instituição mãe do futebol brasileiro abusando de
uma funcionária, não há sequer um asterisco numa nota de repúdio de
qualquer time. Os jogadores da seleção, que pareciam tão preocupados com a
saúde do brasileiro, mais se importam com as próprias férias e com a
pré-temporada no calendário europeu do esporte.
Essa será a quarta Copa América em seis anos. Necessidade esportiva
não há. Mas é relevantíssima se observada pela ótica da geopolítica. Sem
Donald Trump nos EUA e com Benjamin Netanyahu na corda bamba em Israel,
a política externa brasileira se vê cada vez mais isolada. Fujimori perdeu para a
esquerda no Peru e o Chile vai superando a constituição de Pinochet. Prova de sua fraqueza no continente é a discreta visita de Bolsonaro –
surpreendentemente mascarado - à posse do presidente equatoriano Guillermo
Lasso.
O esforço de sediar às pressas uma fúnebre Copa América em estádios
que há meses serviam de hospital de campanha é uma costura política.
Demonstrar clima de hospitalidade e normalidade no país sul-americano mais
afetado pela pandemia. E, considerando o histórico da relação entre futebol e
política no Brasil, de fato, está tudo normal.
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