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sábado, 31 de dezembro de 2011

Entrevista do Professor George Sturaro no jornal O Estado RJ


Por que é tão difícil intervir na Síria?

Comunidade internacional esbarra no papel geopolítico da Síria na região e na ausência de legitimidade para agir em nome de todos


Pressionada pelos ventos da primavera árabe, que já derrubou governos na Líbia, na Tunísia e no Egito, o governo da Síria vem tentando conter sua revolta popular desde março de 2011. As constantes denúncias de violação dos direitos humanos por parte do governo central de Bashar al–Assad contra a população civil têm mantido este país no centro das discussões políticas mundiais.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O Papa no Reichstag: o verdadeiro fundamento do Estado de Direito


EX.FACTO.ORITVR.IVS


Por Fernando Belmonte Archetti*

Imaginemos o sistema solar. Naturalmente, no centro está sol; orbitam derredor deste os outros planetas e seus respectivos satélites, além de outros corpos celestiais. O sol deste artigo é a visita do Papa Bento XVI à Alemanha, mais particularmente ao Reichstag, o parlamento alemão, e o discurso ali feito no dia 22 de setembro de 2011, em que o Pontífice Romano falou sobre o verdadeiro fundamento do Estado de Direito, dentre outros assuntos que não dizem respeito a este texto. Entre os planetas na órbita solar deste artigo, temos o eminente jurista espanhol Javier Hervada, dentro outros, como Luc Ferry e o próprio Hans Kelsen, além de outros que porventura poderão ser mencionados.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A evolução do Sistema Financeiro Brasileiro até o Plano Real

André Braga Carneiro
Guilherme Procópio Merlin





Sistema financeiro pode ser definido como um conjunto de instituições responsáveis por normatizar, supervisionar e executar as operações relativas à circulação da moeda e do crédito.
Há algumas décadas tem-se acreditado que um sistema financeiro forte e bem estruturado, capaz de cumprir com a sua finalidade, é fundamental para o desenvolvimento de um país, uma vez que afeta diretamente a renda e o emprego das famílias. No Brasil, o sistema financeiro cresceu e se desenvolveu num contexto de constante escalada de preços e instabilidade econômica, o que pode ajudar a explicar a falta de desenvolvimento econômico brasileiro por décadas.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Uma nova Guerra Fria? A China como alvo principal da nova ofensiva imperialista dos Estados Unidos


Fernando Marcelino

Com a retirada das guerras no Oriente Médio, agora o alvo estratégico dos Estados Unidos é a Ásia, em particular a China. Recentemente Obama afirmou que os cortes orçamentários do Pentágono não vão atingir a zona asiática: "Disse à minha equipe de segurança nacional que encerradas as guerras atuais, ou seja, a saída do Iraque e do Afeganistão, as missões na região Ásia Pacífico serão nossa prioridade". Hillary Clinton declarou que na seqüência do Iraque e do Afeganistão, "o centro de gravidade estratégico e econômico do mundo está se mudando para o leste, e que [os EUA] estão se focando mais na região da Ásia e Oceania". Um dos focos de tensão é o Mar da China Meridional que abriga as ilhas Spratly e Paracel que se acredita ser uma das maiores reservas mundiais de petróleo ainda não exploradas. Os EUA também deslocaram a maior parte de seus porta-aviões do Atlântico para Pacífico, que recentemente fortaleceram acordos militares com Cingapura e Austrália. Está mudança do alvo estratégico dos Estados Unidos provavelmente marcará profundamente os conflitos geopolíticos da próxima década representando não apenas uma enorme drenagem dos recursos imperialistas, mas também uma potencial carga explosiva extremamente instável para as relações internacionais contemporâneas.    

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Entrevista do Professor Marlus Forigo ao Programa Atualidades



Giórgia Gschwendtner conversa com o cientista político Marlus Forigo sobre as quedas de ministros na gestão de Dilma Rousseff na presidência do Brasil.


Entrevista disponível na íntegra em: http://www.youtube.com/watch?v=PfhOcywKJj8&feature=related

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Entrevista do Professor George Sturaro no Tela Mundo


O Tela Mundo desta semana entrevistou George Sturaro, Mestre em Relações Internacionais pela UFRGS. O tema da entrevista foi a respeito da inserção do Brasil nas relações exteriores ao longo do ano de 2011.

Entrevista disponível na íntegra em: http://www.youtube.com/watch?v=-BlIFA-Zdqw

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A falência do Estado brasileiro: as implicações do processo de privatizações

Ana Carolina Malucelli Berger



Historicamente, durante a maior parte do processo de fortalecimento econômico nacional, a personificação do Estado em um governante se mostrou presente durante muitas décadas. Após a crise de 1929 o país entrou no que se denomina Processo de Substituição de Importações, ou seja, uma rota para o abandono de uma economia essencialmente agrária rumo a uma industrialização que possibilitaria a produção interna de bens antes importados; no entanto, o domínio estatal se articulou principalmente entre os anos 40 até o início dos anos 90 devido a diversos fatores, tais como o controle do capital estrangeiro, crises econômicas e exploração dos recursos produtivos internos. Nesse recorte temporal as empresas estatais, principalmente no setor da indústria pesada, se articularam com capital e produção multinacional, bem como colaborações setoriais de empresas privadas nacionais para formar o tripé motor do crescimento brasileiro, característico de nosso impulso econômico.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Fundação da CELAC em Caracas


Lideres de 33 nações fundam a CELAC. em Caracas, 2011. Foto: Nelson Gonzalez Leal

Caracas, 2 de dezembro de 2011 (imprensa CELAC) - com alegria e fervor os chefes e as chefes de Estado e de Governo das trinta e três nações que conformam o nascente mecanismo de integração regional CELAC, posam para retratar o momento histórico que vive a região. A fotografia oficial se realiza ao término da primeira sessão de marco da fundação da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos, diante da estátua eqüestre do Libertador Simón Bolívar, na academia militar de Caracas.
Fonte: FIN / Oriana Peña

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Matéria de Robson Valdez sobre a política externa brasileira no primeiro ano do governo Dilma

A esta época, começam a aparecer as primeiras avaliações sobre as relações internacionais do Brasil no primeiro ano do governo Dilma. Para Robson Valdez, autor da matéria abaixo transcrita, a política externa brasileira sofreu uma "correção de rumos" logo no início do novo governo, e a diplomacia brasileira converteu-se plenamente numa "diplomacia de resultados".

Disponível em: http://www.oestadorj.com.br/?pg=noticia&id=8137&editoria=Mundo&tipoEditoria


Um balanço da política externa brasileira no primeiro ano do Governo Dilma

Discrição, cautela e manutenção de “espaços” conquistados dão o tom da diplomacia sob o comando da Presidenta

Valter Campanato/ ABR
Há pouco mais de um mês para o fim do primeiro ano de mandato da Presidente Dilma Rousseff, já é possível fazer as primeiras e costumeiras análises sobre a formulação e implementação de várias das políticas públicas lançadas pelos governos. Nesse sentido, a avaliação da política externa do país não foge a essa regra, ainda que, neste caso, este tipo de avaliação demande um pouco mais de cautela pelo fato da política externa brasileira contemplar estratégias de estado que estão acima das disputas políticas domésticas.

Em seu discurso de posse no Congresso Nacional, a Presidenta Dilma reafirmou seu compromisso com os vetores clássicos da política externa brasileira: “promoção da paz, respeito ao princípio de não-intervenção, defesa dos Direitos Humanos e fortalecimento do multilateralismo.” Até aí, discurso comum a todos os mandatários brasileiros. Entretanto, a Presidenta afirma seguir com a luta pela erradicação da fome no mundo - tema que ajudou a catapultar a imagem do ex-presidente Lula no cenário mundial.

Adicionalmente, a Presidenta Dilma tem-se comprometido com outros vetores da política externa brasileira que se consolidaram nos últimos vinte anos como, por exemplo, a integração regional sul-americana a partir do aprofundamento do MERCOSUL; maior participação brasileira nos organismos multilaterais (reforma do Conselho de Segurança da ONU); aprofundamento das relações com os Estados Unidos e Europa, além do contínuo processo de diversificação de parcerias na África, Ásia e no Oriente Médio.

“Diplomacia de Resultados” – como é conhecida a política externa do Governo Dilma – tem buscado dar continuidade às iniciativas de aproximação com os novos parceiros do sul, assim como o aprofundamento das relações tradicionais com os Estados Unidos e a Europa. A consolidação da América do Sul e da África como áreas prioritárias de investimentos brasileiros, além do papel da China como principal país importador de produtos nacionais, ainda que de commodities na sua maior parte, são apontados como grandes resultados obtidos na administração anterior.

Porém, apesar das personalidades de Lula e Dilma serem destacadas, dentre outros motivos, como o eixo diferenciador de suas políticas externas, especialistas concordam que apesar da diferença de estilos, a política da Presidenta Dilma tem sido marcada, em linhas gerais, pela continuidade.

Mais discrição e menos ênfase

No início de seu governo, a política externa brasileira aprovou o envio de um relator especial da Comissão de Direitos Humanos da ONU ao Irã. O voto brasileiro marcou, para muitos, o início da correção de rumos empreendida pelo Itamaraty. No entanto, para Clarissa Dri, professora do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina, o Governo Dilma “segue a mesma linha do governo anterior, porém sua personalidade transmite uma imagem mais técnica e discreta de seu governo”.

No que diz respeito à defesa dos direitos humanos, a professora argumenta que, “apesar do discurso, a linha se mantém próxima do governo Lula”, pois o Brasil não estaria disposto a sacrificar a política de diversificação de parcerias. Adicionalmente, Clarissa acredita em uma melhora nas relações com os Estados Unidos; na consolidação da UNASUL (União de Nações Sul-Americanas), dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia e China) e de outros arranjos internacionais em detrimento de um distanciamento em relação aos temas pertinentes ao MERCOSUL.

O ativismo externo do país nos dois mandatos do ex-presidente Lula e os problemas domésticos explicam, em parte, a discrição da política externa brasileira no primeiro ano de governo da Presidenta Dilma. Leonardo Miguel Alles, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, observa que não houve mudanças na política externa.

“O país segue na busca por resultados, no entanto, muda-se o estilo”, diz Leonardo, que lembra, ainda, que um dos motivos para a discrição do novo governo respalda-se no fato de que muitos dos espaços cobiçados pela nossa diplomacia já haviam sido conquistados na gestão anterior. Além das diferenças de estilo, Leonardo ressalta os sucessivos escândalos de corrupção como sendo um dos motivos pelo baixo ativismo da Presidenta Dilma à frente da política externa do país nesse primeiro ano de mandato.

domingo, 27 de novembro de 2011

A novela da crise: até quando discutir?

Cintia Rubim de Souza Netto

Ao lado do ministro da Fazenda, Guido Mantega, a presidente Dilma Rousseff conversa com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, durante reunião do G20, em Cannes; encontro foi marcado por discussões sobre a crise na zona do euro. (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)


Mais do que discussão, os países precisam olhar para a crise na Europa como algo não longe da sua janela e com cautela e responsabilidade pensarem em ações concretas urgentes.

Na última reunião do G20, que se realizou no dia quatro de novembro de 2011 em Cannes, na França, o tema central continuou sendo a crise das economias da zona do euro e a discussão sobre a viabilidade da ajuda por parte dos países emergentes. Os dados sobre a economia desses países continuam alarmantes. Conforme relatório da Comissão Europeia, não há perspectiva de melhora no emprego nem nos investimentos das empresas, o consumo continua em queda e os bancos estão reduzindo seus empréstimos, ou seja, recessão à vista no ano que vem. E uma vez que o mundo dificilmente escapará ileso da recessão europeia, resta discutir a ajuda financeira.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Itália sem Berlusconi, Tela Mundo 17.11.11


O Tela Mundo dessa semana traz para perto de você uma conversa a respeito do polêmico e contraditório primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi, que deixou o cargo depois de uma década no poder. Simona de Santis, Coordenadora do Centro de Cultura Italiana, foi entrevistada por Thomas Mayer.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O petróleo é nosso, e o pré-sal?

Kathia Festa e Fernanda Mendes


Pré-sal é o nome dado às reservas de hidrocarbonetos em rochas calcárias que se localizam abaixo das camadas de sal. Para a extração do petróleo e gás lá existentes, precisa-se descer de cinco mil a sete mil metros de profundidade abaixo do nível do mar, ultrapassar uma lâmina de água de mais de dois mil metros, uma camada de mil metros de sedimentos e outra de dois mil metros de sal, o que obviamente demanda tempo e dinheiro.

Estratégias Imperialistas Contemporâneas: ciberguerra e empresas militares privadas


Fernando Marcelino

As questões relativas à “segurança” tomam uma dimensão cada vez mais central na resolução dos conflitos nacionais e internacionais em nossos dias. Desde o início do contexto pós-Guerra Fria, no final dos anos 1980, a noção de “segurança” tomou uma maior proporção cada vez maior ao englobar uma enorme diversidade de processos além da clássica preocupação com a soberania das nações: segurança energética, segurança migratória, segurança urbana, segurança alimentar, biossegurança, segurança humanitária, cibersegurança, segurança ecológica, segurança das propriedades intelectuais e genéticas, segurança privada, etc. É possível dizer que uma das principais marcas deste período é uma generalizada securitização desigual do sistema mundial da dimensão mais micro (biogenética e cibernética) a macro (órgãos de defesa e segurança internacional, atividades extra-militares em diversos países, satélites de segurança).

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Pass the Flame, Unite the World.


Thiago Lopes

O título deste texto remete ao tema do revezamento da tocha olímpica para os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. Mas afinal, o fogo olímpico tem este poder?

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

José Artigas e a Luta por Terra e Liberdade



Por Mário Maestri*

O nascimento de José Gervasio Artigas Arnal, terceiro de seis filhos, foi registrado em Montevidéu, em 19 de junho de 1764, por seus pais, descendentes dos fundadores da vila e proprietários de algumas terras no interior. José Artigas viveu sua infância em Montevidéu e na chácara paterna, junto ao arroio Carrasco, estudando as primeiras letras com os franciscanos. Aos doze anos, partiu para a campanha onde, em terras familiares, viveu entre os gaúchos, como gaúcho. Aos dezesseis anos participava de partidas de changadoras e de contrabandistas, que vendiam ilegalmente gados e couros nos territórios lusitanos. Por esses anos, teria vivido com os charruas, com toldo, mulher e filho.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Na contramão do discurso uníssono sobre o “Brasil potência”




Por Clarissa Dri*

Nos últimos anos, as análises sobre a política externa brasileira fazem cada vez mais referência ao Brasil como “país emergente”, “nova potência”, “potência solidária”. A autoestima brasileira cresceu muito no âmbito internacional. Os cidadãos parecem mais confiantes na economia e nos rumos do Brasil, onde a crise financeira mundial ainda não conseguiu aportar. Sustenta-se que nossos diplomatas superaram a “síndrome de vira-lata”, que historicamente conduziu o Brasil a se subordinar a decisões tomadas pelos países centrais. As alianças sul-sul, a defesa da solução de conflitos pelo diálogo e as tentativas inovadoras de mediação caracterizam esse novo período da política externa do Brasil e legitimariam a nova forma do país encarar a si mesmo: como uma potência.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Lançamento do livro do Professor Renato Carneiro


No dia 23 de novembro, na Universidade Cândido Mendes (UCAM), Rio de Janeiro-RJ, será lançado o livro "Amor em Tempos de Ressentimento: Alceu Amoroso Lima, Política e Resistência à Ditadura Militar de 1964", da autoria do Prof. Dr. Renato Carneiro.

Análise sobre barreiras comerciais no Mercosul



Por Othon Feliciano*

MERCOSUL: BARREIRAS COMERCIAIS, BRASIL E ARGENTINA  SOB O PRISMA DA TEORIA DA INTERDEPENDÊNCIA.

O ano de 2011 trouxe felicitações para a comunidade Latino-Americana, comemorando o vigésimo aniversário do MERCOSUL - Mercado Comum do Sul - no mês de Março de 1991 fora realizado a ratificação do Tratado de Assunção, o qual constituía um mercado comum entre a República Argentina, a República Federativa do Brasil, a República do Paraguai e a República Oriental do Uruguai, porém os encontros entre esses estados mostravam-se presente – sendo de cunho flexível, em questões do embasamento nacional do produto – no ano de 1960 e 1980, pela Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC) e associação Latino-Americana de Integração (ALADI) respectivamente, visando paulatinamente a criação de um mercado comum.
No entanto, de forma mais robusta, é criado o MERCOSUL, entendendo o bom resultado da aplicação de recursos disponíveis para o melhoramento das interconexões e do equilíbrio, modernizando a economia para o aumento da oferta, qualidade dos bens de serviços e demais.

sábado, 5 de novembro de 2011

Entrevista com o Professor Andrew Traumann no Tela Mundo, em 03 nov. 2011


Dois territórios instáveis receberam uma carga de mudanças recentemente: a Líbia perdeu seu ditador e a Palestina foi aceita como membro pleno da UNESCO. E quem tem papel importante nessas duas situações é outro país: Estados Unidos.

No Tela Mundo de 03 de novembro de 2011 temos a participação do Professor Andrew Traumann comentando sobre a Líbia sem Khaddafi e a Palestina na Unesco. A apresentação é de Thomas Mayer. Para assistir ao programa acesse o seguinte link: http://www.youtube.com/watch?v=sefsioRC6Oc

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Entrevista do Prof. MSc. Rafael Pons Reis


As posições do Brasil diante dos conflitos internos da Síria e da Líbia são posições de um país em ascensão que almeja jogar um papel relevante no campo da segurança internacional e, associado a esse objetivo, ocupar um assento permanente no CSNU. Eis a análise do Prof. MSc. Rafael Pons Reis, em entrevista ao The Rio Times.

Disponível em: http://riotimesonline.com/brazil-news/rio-politics/brazil-offers-alternative-voice-on-syria/#


terça-feira, 1 de novembro de 2011

LÍBIA SEM KADAFI

Luan Oliveira
Geissa Franco
Maivi Ramalho

Alunos do Prof. Marlus Forigo
na disciplina de Teoria Política
do 2º per. de Relações Internacionais



          Durante os anos 1970 e 1980, o líbio Muammar Kadafi foi um dos principais defensores do nacionalismo árabe, nos últimos anos, porém, o ditador se tornou uma caricatura de si mesmo pela falta de sentido de suas ações. O nacionalismo ficou no passado e o país se converteu em uma extensão das potências europeias. O país se transformou na última década no paraíso das grandes multinacionais do petróleo e empreiteiras, que vão da Shell e BP, da brasileira Odebrecht às construtoras turcas. Não é à toa que o levante contra a ditadura de Kadafi tenha levado pânico aos grandes executivos e conseqüentemente elevado o preço do petróleo no mercado internacional.
          Muammar Kadafi subiu ao poder após um golpe militar em 1969. Dez anos depois de o país árabe ter descoberto petróleo em seu subsolo, o que o tornou um dos países mais ricos da região. Hoje, a Líbia é o terceiro maior produtor de petróleo do continente africano, responsável por 2% da produção mundial que tornara o sistema político do país um meio termo entre o capitalismo e o socialismo, influenciado pelo islamismo.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

América Latina: integrar ou entregar?




Por Camila Hoshino e Larissa Mehl*

Soy... soy lo que dejaron
Soy toda la sobra de lo que se robaron
Un pueblo escondido en la cima
Mi piel es de cuero, por eso aguanta cualquier clima
Soy una fábrica de humo
Mano de obra campesina para tu consumo
frente de frío en el medio del verano […]
Soy lo que me enseñó mi padre
El que no quiere a su patría, no quiere a su madre
Soy américa Latina, un pueblo sin piernas, pero que camina 

  Simon Bolívar, José Martí, Bernardo O’higgins, José de San Martín, Ernesto Che Guevara e Augusto C. Sandino: o sonho da integração latino-americana é acompanhado por uma genealogia extensa. Mas esta seria a integração de quem exatamente? Dos colonizados pelos espanhóis e portugueses? Dos povos da América do Sul? Ou seria dos povos da América Central? O México estaria incluído nessa “Pátria Grande”? E os imigrantes puros, também? Todos estes questionamentos para sanar uma única dúvida: existe mesmo um “povo latino”?

  A verdade é que mais teríamos motivos para acreditar na ficção de tal termo do que em sua existência de fato. Isto, graças ao tipo de colonização que tivemos e a mentalidade que construímos, ou melhor, que nos foi imposta. Mas, se por um lado, parecemos um bando de identidades dispersas em um território heterogêneo e nossas diferenças nos afastam cada vez mais a ponto de não podermos nos denominar um “povo”, por outro, razões ocultadas na nossa história dependente nos mostram o contrário. Portanto, o que esses chamados libertadores da América, citados no começo do artigo, reivindicavam é algo exposto para as pessoas que estão abertas a enxergar a riqueza e as similaridades existentes entre as diversas comunidades étnicas latinoamericanas, desde as que sobreviveram e trouxeram seus descendentes até as que foram covardemente exterminadas.

A América Latina surge principalmente a partir do sangue mestiço. Para explicar esta afirmação, podemos começar com a população nativa, uma vez que havia muitas tribos diferentes desde a gélida ilha da Terra do Fogo até as Pirâmides Astecas do México. Todas elas com traços indígenas típicos de sua região. Algumas etnias e suas respectivas religiões são bem conhecidas como, por exemplo, os Incas e o culto ao Deus Sol. Já outras, como os Selknam, da Terra do fogo, tiveram sua cultura inteiramente destruída. A chegada dos ibéricos- portugueses e espanhóis- trouxe consigo um grande fator de diferenciação para os habitantes do Novo Mundo. Mesmo com idiomas diferentes e disputas de terras entre eles, a colonização por parte destes europeus surgiu de maneira violenta, exploratória e pré-moldada. Fomos misturados com esta gente, criando uma nova raça. Fomos obrigados a esquecer nossos moldes culturais e criados para trabalhar sem receber muito ou até mesmo nada em troca, já que também éramos fonte de trabalho forçado. Mas éramos, sobretudo, diferentes. Tanto, que as próprias doenças trazidas pelos estrangeiros acabaram dizimando a população indígena da região, o que resultou em falta de mão de obra necessária para garantir os interesses dos colonizadores.

O contrabando de escravos trazidos da África havia se tornado um negócio muito lucrativo, portanto, logo os africanos chegaram ao continente para cobrir esse déficit de mão-de-obra.  Este povo foi oprimido mesmo antes de sair de sua terra. Aqui, se tornaram força de trabalho ainda mais explorado. Na América do Sul, principalmente na Colômbia e no Brasil, o contingente de mulheres negras que vieram para a região foi muito menor se comparado ao de homens. Sabe-se que foram muitos os casos de senhores – muitos deles já com traços mestiços - que tiveram relações sexuais, forçadas ou não, com suas escravas, dando origem a uma população mulata. E o fato de os negros também serem obrigados a falar o idioma de seus senhores ou patrões foi importante para o estabelecimento do português e do espanhol como idiomas predominantes.

Por último, temos mais uma massa de imigrantes: os novos europeus. Pobres e infelizes nos seus países de origem, esses brancos vieram para cá com a esperança de trabalhar com a terra e enriquecer. Acabaram sendo essenciais para dois fatores: a modernização da América Latina e a branquização de nossos mestiços. Ambos impulsionadores da desigualdade em vários âmbitos que se faz presente até os dias de hoje. O Etnocentrismo – que insiste em apagar a nossa história ao trazer a perspectiva dos “vencedores”- fez com que muito crioulo se orgulhasse de suas matrizes européias, tentando estabelecer uma superioridade perante o resto do povo negro e índio explorado. Esse ainda parece ser um ideal dominante que segue nos dividindo e criando, em muitos ignorantes, uma sensação de superioridade que assolam os continentes de racismo. Posteriormente, a vinda dos árabes e asiáticos também contribuiu para o enriquecimento da nossa mestiçagem.

  Tanto os colonizados pelos espanhóis como os colonizados pelos portugueses tiveram o mesmo tipo de colonização exploratória. Dessa forma, nos tornamos, etnicamente, diferentes dos americanos do norte, que transladaram suas populações e não se misturaram significantemente com outras raças. Sempre fomos dependentes dos povos que nos colonizaram, mas ao mesmo tempo, alheios. Somos neolatinos.  São essas duas características principalmente – mestiçagem e exploração- que são responsáveis por agrupar países como Brasil e México, Cuba e Chile, por exemplo, dentro do que entendemos por América Latina.

  Sempre vivemos para as vontades e interesses externos. Depois da colonização, nos curvamos às multinacionais e aos norte-americanos, simplesmente porque nossa mentalidade nos levou a isso. Muitos podem usar este argumento para desclassificar a credibilidade e a possível integração de nosso povo. Mas podemos ver de outra maneira, como o antropólogo Darcy Ribeiro em seu artigo “Consciência Alienada”. Ele diz: (...) eu prefiro nossa pobreza inaugural à sua opulência terminal, de quem já acabou de fazer o que tinha a fazer no mundo e agora, usufrui do criado. Nós temos um mundo a refazer.

Atualmente, o maior desafio de nosso povo é alcançar a própria emancipação, é construir uma América latina forte e, acima de tudo, independente. Temos que exorcizar nossos fantasmas exploradores e criar nossa nova auto-estima, de um povo não superior aos outros, porém mais humano, justamente por trazermos no sangue a herança de quase todas as raças possíveis (asiática, africana, européia e indígena). Trazemos na nossa história a marca da mais nobre resistência, da mais singela força – que inclusive nos caracterizou como um povo que não desiste nunca - e das mais diversas culturas deixadas por nossos ancestrais. Isso faz com que a América Latina integrada seja um sonho ainda vivo. No entanto, essa integração não deve estar voltada essencialmente à eliminação das barreiras do livre comércio, tampouco ao capital especulativo. Esse modelo de integração deve se firmar por meio das raízes da soberania popular, visando primordialmente a eliminação das barreiras sociais existentes.

  A definição trazida pelo escritor e jornalista uruguaio, Eduardo Galeano (1976), no livro “As veias abertas da América Latina”, é bem crítica em relação a essa integração: “’Nossa’ união faz a ‘sua’ força, na medida em que os países, ao não romperem previamente com os moldes do subdesenvolvimento e da dependência, integram suas respectivas servidões.” (grifos do autor)

  Ou seja, priorizando apenas o incremento do comércio por meio da troca de benefícios entre os países da região, só estaremos reproduzindo as mesmas relações de desigualdade que têm nos acompanhado por séculos. Não estamos integrando, mas entregando. A libertação econômica, social e cultural, junto com o reconhecimento das raízes identitárias locais, é que pode alavancar o velho sonho de união. Mas para isso, para que possamos escrever nossa própria história, também precisamos valorizar nossa mestiçagem e ter orgulho do que somos para destruir de uma vez por todas essa imagem de inferioridade e dependência.

Referências Bibliográficas:
1- GALEANO, Eduardo. As veias Abertas da América Latina.Tradução de Galeano de Freitas.Edição nº 45.(2005) Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976
2- RIBEIRO,Darcy. A América Latina existe?.1ª Edição. Brasília: Editora Unb, 2010
3 - PÉREZ, Rene; MARTÍNEZ, Eduardo. América Latina. Puerto Rico: Sony Latina, 2010

*Camila Hoshino e Larissa Mehl são estudantes do quarto período do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.

Resenha do filme Cisne Negro


Cisne Negro - “Black Swan”, de Darren Aranofsky, estrelado por Natalie Portman e Winona Ryder, EUA, 2010.

Por Luiz Otávio Ribas*

Nina Sayers (Natalie Portman) é uma dedicada bailarina em Nova Iorque. Mora com sua mãe, Erica (Barbara Hershey), bailarina aposentada desde a gravidez. O diretor da companhia de balé, Thomaz Leroy (Vincent Cassel), decide substituir a bailarina principal, Beth MacIntyre (Winona Ryder), por Nina para a abertura da temporada com uma releitura do espetáculo “O lago dos cisnes”, de Tchaikovsky. Mas o papel não está garantido, pois ela tem dificuldades em representar o cisne negro, que é melhor interpretado por sua principal concorrente e amiga, a bailarina Lily (Mila Kunis). Enquanto o papel do cisne branco requer inocência e graça – características naturais em Nina -, o cisne negro requer malícia e sensualidade – características naturais em Lily -, mas ambos devem ser assumidos pela mesma bailarina.
A atriz Natalie Portman está em grande atuação e declarou que este papel mexeu com ela. Foi premiada como melhor atriz nos principais concursos de 2011, por exemplo, Globo de Ouro e Oscar.
Este belíssimo filme é exceção na indústria cultural de massas de Hollywood, acostumada a produzir enlatados que tomam conta das salas de cinema, das vídeolocadoras e das reproduções nos canais de televisão dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento – como o Brasil. Se temos muitos filmes sendo produzidos no nosso país, ainda possuem pouco espaço comparado àquele conferido aos estadounidenses.
A obra é uma oportunidade de repensar a tragédia como catarse. Ou seja, a representação teatral de uma certa realidade – mesmo que filmada – pode despertar nos espectadores a catarse/libertação como uma idéia de não repetição. É como se ao vermos a representação desta realidade passada e compreendendo a tragédia envolvida, tivéssemos as mesmas conclusões de que não podemos mais repetir esta experiência na realidade futura. Mas qual seria a tragédia envolvida no filme “O cisne negro”, de Darren Aronofsky?
A bailarina Nina está envolvida num trajeto de autolibertação. Sua atuação como protagonista do espetáculo representa, além de uma  realização pessoal, a superação da opressão que sofre de sua mãe – que projeta nela todas suas frustrações por ter se aposentado quando engravidou dela -, também do diretor – que cobra dela um desempenho que a transforma como pessoa -, e da plateia – que representaria toda a sociedade, no melhor modelo de auditório.
Uma das mensagens possíveis do filme é a comparação das relações entre os personagens e nossa sociedade atual. Pode-se encarar como crítica ao discurso da dominação pela competência e eficiência. Nina é levada aos seus limites do corpo para representar seu papel. A bailarina entra em surto psicótico, não conseguindo mais distinguir o que é real e o que é alucinação, esta é a sua tragédia. Nina se machuca de propósito, os limites do seu corpo são levados até a fronteira. Ela tem momentos de puro delírio – como quando tem falsas idéias sobre a relação sexual com Lily – e de alucinação – como quando tem percepções fantasiosas de que feriu Lily e se autoferiu.
O que a leva a estas situações extremas é a exigência de que incorpore os personagens do cisne branco e o negro. Ambos possuem características de bem e de mal, razão e emoção, são distinguidos no filme em diversos momentos, muitos deles estereotipados.  O cisne branco representa a perfeição, disciplina, técnica e precisão na expressão da bailarina. Nina teria facilidade de sê-lo por sua frigidez, por ser fraca, covarde e ter dificuldade de seduzir – espaço do estereótipo. O cisne negro representa a ousadia, surpresa. Lily teria facilidade de sê-lo por sua malícia, por ser sensual e agressiva, ter pouca precisão, mas fazer os movimentos sem esforço, sem fingimento. O espaço no estereótipo está na sexualização da personagem que se envolve, mesmo que em fantasia, com vários outros personagens, sempre com uma linguagem sexualizada, beirando o vulgar. O sexo é um elemento essencial no filme. Ele representa o desejo de libertação de Nina, quando fantasia a relação com Lily é quando se transmuta em cisne negro. Representa também a opressão da relação sexual que a gerou e aposentou sua mãe – trazendo o risco da repetição e a conseqüente frigidez de Nina. Representa, por fim, a opressão de um diretor que a assedia e molesta sem pudores. A opressão generalizada coloca a personagem numa encruzilhada, em que “a única pessoa no seu caminho é ela mesma”, conforme a fala do diretor. Para encontrar o amor do público, do diretor e da mãe ela está disposta a morrer. Tal qual na obra original de “O lago dos cisnes”, o cisne “mata a si mesmo e encontra a liberdade”.
O final do filme não deixa claro o destino de Nina, mas sinaliza para uma morte gloriosa, já que ela confessa: “eu senti, perfeito”. A protagonista alcança seu objetivo negando a tod@s, num individualismo e alucinação exacerbados, próprios do imperativo de nossa sociedade atual. Vejo o caminho trágico da bailarina como tragédia, o qual não devemos repetir, pois é o caminho da autodestruição e do totalitarismo. Para ser o que todos esperam que ela seja, Nina precisa se autodestruir, corporalmente e psicologicamente. Ser uma bailarina dedicada, expressiva, brilhante na sua doçura, não era suficiente. Ela deveria ser perfeita e imprecisa ao mesmo tempo, ser disciplinada e se deixar levar. Foram exigidos dela comportamentos antagônicos, inconciliáveis, que a levaram a beira da loucura e a transformar-se no próprio cisne negro, que provocou sua morte, em vida, como cisne branco – exigências como esta sintetizam um ideal totalitário. Mas há espaço para um elogio a estética do filme, pois em diferentes atos, a personagem é tudo isto, brilhantemente.
Por fim, deixo uma menção a dois poemas musicados por seus autores, que podem dialogar com - “O cisne negro” e sua mensagem da autodestruição pelo caminho do individualismo e da competência absoluta – uma das muitas interpretações possíveis desta obra. Os cariocas Marcelo Camelo e Marcelo Amarante dizem em “O vencedor”:

olha lá, quem vem do lado oposto/ vem sem gosto de viver/ olha lá, que os bravos são escravos sãos e salvos de sofrer/ olha lá, quem acha que perder é ser menor na vida/ olha lá, quem sempre quer vitória e perde a glória de chorar”.

Por fim, a mensagem do pernambucano Belchior em “Alucinação”:

Eu não estou interessado em nenhuma teoria/ em nenhuma fantasia nem no algo mais/ [...] A minha alucinação é suportar o dia-a-dia/ e meu delírio é a experiência com coisas reais/ [...] Amar e mudar as coisas/ me interessa mais”.

Luiz Otávio Ribas é professor no Curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.

domingo, 30 de outubro de 2011

MERCOSUL: uma crítica construtiva.

Por Carlos-Magno Esteves Vasconcellos

A integração econômica, política, social e cultural dos países latinoamericanos é uma necessidade incontornável para o desenvolvimento dos países da região. A integração a que me refiro tem de se realizar como um processo agregador, incorporador, solidário. Nessa perspectiva, a integração deve ser construída a partir de consensos regionais, nascidos e costurados pela grande massa das populações e trabalhadores dos países nela envolvidos.  A integração dos países latinoamericanos deve, também, servir para fortalecer e efetivar o potencial criativo dos homens e mulheres que aí vivem, assim como fomentar o seu desenvolvimento sócio-econômico e cultural. Unidos e solidários talvez consigamos realizar o sonho de prosperidade social que acalentamos desde nossa “independência política” e que até hoje não alcançamos pelo caminho do individualismo.
Mas essa não é a integração que está em curso no momento. A integração atual, lançada por iniciativa dos presidentes Sarney (Brasil) e Alfonsín (Argentina) nos anos de 1985 e 1986, e selada com a assinatura do Tratado de Assunção de 1991, nasceu – assim como as demais experiências frustradas do passado – como um projeto das elites econômicas e políticas carcomidas de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Além disso, como o próprio nome indica (MERCOSUL – Mercado Comum do Sul), trata-se de uma iniciativa meramente econômica, cujo objetivo principal é arrancar as economias da região de uma crise estrutural de grandes proporções que as persegue desde o início da década de 1980. As populações dos países envolvidos estão completamente marginalizadas do “processo integracionista”.
O Brasil, com a maior e mais sofisticada economia da região, é o país mais interessado no avanço e sucesso do processo integracionista tal como vem sendo conduzido há pouco mais de vinte anos. O país vem empenhando grandes esforços financeiros e políticos para sustentar o processo. É, de longe, o país mais ativo e propositivo na construção do Mercosul. Mas as elites econômicas dos demais países integrantes desse projeto também estão engajadas em sua construção, porque é um projeto conservador, e não transformador. Vinte e poucos anos após seus primeiros passos, a integração latinoamericana não conseguiu modificar em nada a posição dos países da região na divisão internacional capitalista do trabalho.
As avaliações sobre a integração latinoamericana são meramente quantitativas. Fala-se muito do aumento do comércio e dos investimentos intra-regionais. O planos e realizações de alargamento e melhoria das infra-estruturas econômicas, principalmente dos sistemas de transporte, também são tidos como uma grande conquista da integração. Mas tudo isso é de inspiração burguesa, projetos cujo objetivo é o revigoramento econômico dos países da região. Projetos que visam dar sustentação ao modelo econômico excludente que prevalece desde sempre na região.  
As populações latinoamericanas não se pensam, não se conversam, não dialogam. Por isso, estão marginalizadas do processo de integração ora em andamento. Quem as dirige são as elites econômicas, autóctones e estrangeiras. Mas essas têm um olhar enviesado, de classe, excludente. Os trabalhadores e suas condições de trabalho e de vida, os jovens e seus sonhos de lazer e cultura, os artistas e os intelectuais inundados de criatividade são pouco relevantes em seus planos.
As relações de produção e a superestrutura da sociedade burguesa contemporânea – sobretudo a democracia burguesa tal como a conhecemos – tornaram-se estreitas demais para responderem aos anseios de desenvolvimento das forças produtivas que ajudaram criar. Elas terão de ceder, mas não cederão pela mecânica do acaso. Da mesma forma que um dia foram erigidas, hoje terão de ser desconstruídas pela ação dos homens e mulheres da região. É esse o grande desafio que se apresenta diante dos povos latinoamericanos, e disso dependerá o futuro de sua integração.        

Carlos-Magno Esteves Vasconcellos é doutor em Economia pela Escola Superior de Economia de Varsóvia, Polônia, professor das disciplinas de Economia Política Internacional e Empresas Transnacionais do Curso de Relações Internacionais do UniCuritiba.

sábado, 29 de outubro de 2011

Entrevista do Prof. Dr. Carlos-Magno Vasconcellos

Os protestos que ora ocorrem nas "cidades globais" (Nova Yorque, Londres, Tóquio etc.) expressam a crescente insatisfação popular com um sistema econômico posto a serviço não do ser humano, mas do lucro pelo lucro. Eis o diagnóstico do Prof. Dr. Carlos-Magno Vasconcellos, em entrevista ao Tela Mundo.


Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=DrShBVFDmZ0

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

América Latina


Depois de uma década de 90 francamente liberal, a América Latina flertou perigosamente com teses ideológicas na década seguinte. Felizmente, o final da década mostrou que os exemplos deveras à esquerda não se mostraram as melhores opções. Os países que decidiram passar por um caminho de reformas hoje ganham os louros por as ter seguido. Didaticamente, vale separar a América Latina em três conjuntos.

Biblioteca digital latino-americana


Conheçam a biblioteca digital da filosofia latino-americana, criada pelo grupo de discussão "Filosofia no Brasil".
Contribuam com sugestões de autores e textos para alimentar esta importante ferramenta de consulta.
Os textos estão hospedados no Portal de Filosofia - iPHi.

Contribuição essencial para a história da filosofia de nosso continente. Importante lembrar que existem outros grupos no Brasil preocupados com este tema, entre outros, oInstituto de Estudos Latino-americanos, e o Núcleo de Estudos e Práticas Emancipatórias, ambos da UFSC.

Destaque para os textos de
Simón Bolívar (Doctrina del libertador),
Enrique Dussel (1492 - El encubrimento del otro),
Paulo Freire (Pedagogia do Oprimido),
Roberto Gomes (Crítica da razão Tupiniquim) e
José Martí (Nuestra América).

Imagens: José Martí e Simón Bolívar.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Formação social na América Latina e identidades


Nesta semana de debate sobre a integração na América Latina, gostaria de abordar o tema da formação social e a nossa identidade.

Por Luiz Otávio Ribas


Os povos guarani, caygangue, mapuche, quechua, inca, maia, azteca, entre muitos outros, foram os primeiros habitantes deste continente. A experiência colonial marca profundamente a história da América, por suas características de encobrimento e etnocídio. Os povos africanos que foram trazidos para serem escravizados também sofreram com o processo colonial.
Refletir sobre a América Latina (e o Caribe) é uma dificuldade quando estamos diante de tantas diferenças culturais. Antes que José Martí pudesse referir-se a "nuestra América", os povos que aqui vivem já tinham suas próprias denominações. O encontro entre mundos - como os espanhóis e os mapuche, e os portugueses e os guarani, significou um encobrimento. A cultura anterior é encoberta, negada, destruída, por uma outra, a qual a desconsidera - é o colonialismo.
No nosso caso brasileiro, a própria denominação pelos portugueses "Ilha de Vera Cruz", já significou um encobrimento, que insere-se no conceito de etnocídio. Uma vez que um povo é dizimado, corporalmente, fisicamente - pelo enfrentamento armado, doenças ou outras consequências do contato - existe ainda, o "culturicídio" - quando as etnias são desconsideradas para dar origem ao mito fundador da mestiçagem.
Todos os povos desta terra foram desconsiderados para nascer o mestiço - o brasileiro. Neste processo, a língua oficial escolhida foi o português, não o tupi.
O etnocídio existe enquanto experiência histórico antropológica, ainda, no caso dos povos africanos. Diferentemente daqueles que já aqui habitavam antes da chegada dos europeus, os africanos foram trazidos por aqueles para aqui trabalharem como escravos. O encobrimento da cultura negra iniciou desta maneira e seguiu mesmo após a suposta abolição da escravatura.
Hoje, os povos que aqui já estavam - primeiros viventes - e os povos que foram trazidos como escravos - primeiros trabalhadores - enfrentaram inúmeras dificuldades para conviver com os povos que para aqui vieram - primeiros migrantes. Estes diferenciam-se dos anteriores em razão de sua predisposição para aqui viver após uma longa viagem.
É necessário diferenciar, ainda, o migrante português das grandes navegações, do português da política de povoamento. Enquanto que o primeiro estava tomado por sentimentos de conquista, "descobrimento", heroísmo; o segundo por sentimentos de esperança por uma terra em que sua sobrevivência fosse possível.
Este pensamento de conquista vai determinar a histórica da América, conforme Enrique Dussel. O encobrimento do outro será o momento histórico mais importante para nós americanos, e deixará marcar profundas em nossa filosofia.
Por fim, resta manifestar o sentimento de grande respeito e admiração pelos primeiros habitantes de nossa terra - viventes, trabalhadores e migrantes - na utopia de que um dia nossa convivência seja livre.

Referências:

DUSSEL, Enrique Domingo. 1492: o encobrimento do outro. Petrópolis: Vozes, 1993.
FIABANI, Adelmir. Mato, palhoça e pilão: o quilombo, da escravidão as comunidades remanescentes (1532-2004). São Paulo: Expressão Popular, 2005.
FREITAS, Décio. O escravismo brasileiro. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982
KAYSER, Hartmut-Emanuel. Os direitos dos povos indígenas do Brasil: desenvolvimento histórico e estágio atual. Porto Alegre:Sérgio Antonio Fabris, 2010.
MARÉS, Carlos Frederico. O renascer dos povos indígenas para o direito. Curitiba: Juruá, 2009.
MARTÍ, José. Nuestra América. México: UNAM, 2004.


Luiz Otávio Ribas é professor de Direitos Humanos no Curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O processo de integração na América do Sul: algumas considerações sobre a UNASUL


Carlos Ricardo Becker

O processo de integração sul americana ganhou novo fôlego com a recente criação da UNASUL (União de Nações Sul-Americanas), mas até que ponto esta nova organização será capaz de nos levar? E o que será do MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) e da CAN (Comunidade Andina de Nações), que observam o surgimento de uma nova Organização Internacional na região com os mesmos objetivos que os seus?